doença epiteliocística em tilápia-do-nilo criadas em tanques

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I CONGRESSO BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA AGROPECUÁRIA,
AGRÍCOLA E AMBIENTAL (CBMAAA)
09 a 12 de maio de 2016 - Centro de Convenções da UNESP,
Câmpus de Jaboticabal, SP
DOENÇA
EPITELIOCÍSTICA
EM
TILÁPIA-DO-NILO
CRIADAS EM TANQUES-REDE
CYSTIC EPITHELIAL DISEASE IN NILE TILAPIA REARED IN
CAGES
Gabriela Pala (1)
Jaqueline Custódio da Costa (2)
Suzana Kotzent (3)
Thaís Heloísa Vaz Farias (4)
Fabiana Pilarski (5)
Resumo
O estudo tem como objetivo relacionar o aparecimento de infecções por bactérias da Ordem
Chlamydiales com os ectoparasitos da Classe Monogenoidea em tilápia-do-Nilo, criadas em
tanques-rede. Para isso, os parasitos dos peixes foram coletados e quantificados. Foram
realizadas análises histopatológicas das brânquias com maior e menor grau de infestação. As
maiores abundâncias e intensidades de infestação pelos monogenóideos nos peixes
aconteceram concomitantemente com o aparecimento das lesões decorrentes da doença
epiteliocística. As brânquias estavam hipertrofiadas e hiperplasiadas, com a presença de cistos
basofílicos e material amorfo em seu interior. O método de Gram detectou a presença de
bactérias gram-negativas. Estes resultados sugerem que os monogenóideos possam participar
como vetores na transmissão desta bactéria às tilápias.
Palavras-chave: Bactérias. Ectoparasitos. Prevenção.
Abstract
The study aims to relate the appearance of bacterial infections of the Order Chlamydiales
with ectoparasites Class Monogenoidea in Nile tilapia, raised in cages. Thus, fish parasites
were collected and quantified. Histopathological analysis of the gills with greater and lesser
degree of infestation were carried out. The greatest abundance and intensity of infestation by
Monogenoidea in fish occurred in conjunction with the appearance of the lesions arising from
epiteliocística disease. The gills were hypertrophic and hyperplastic, with the presence of
cysts and basophilic amorphous material inside. The Gram detected the presence of gram-
1
Doutoranda em Medicina Veterinária pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP, Jaboticabal. [email protected]
Mestranda em Aquicultura pelo Centro de Aquicultura da UNESP, Jaboticabal. [email protected]
3
Mestranda em Microbiologia Agropecuária pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP, Jaboticabal.
su_kotzent@hotmail,com
4
Doutora em Aquicultura pelo Centro de Aquicultura da UNESP, Jaboticabal. [email protected]
5
Pesquisadora do Centro de Aquicultura da UNESP, Jaboticabal. [email protected]
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negative bacteria. The results suggest that Monogenoidea can participate as vectors in the
transmission of this bacteria to fish.
Keywords: Bacteria. Ectoparasites. Prevention.
1 Introdução
A doença epiteliocística em peixes é causada por bactérias gram-negativas
intracelulares da Ordem Chlamydiales (MITCHELL et al., 2010), sendo responsável por
surtos de mortalidade na criação de peixes (GRAU et al., 2003). O sítio preferencial de
infecção são as brânquias, provocando assim, um quadro crônico com hipertrofia e hiperplasia
do epitélio lamelar formando cistos com material basofílico em seu interior, ocasionando
distúrbios circulatórios, inflamação e necrose nos animais infectados (PÁDUA et al., 2015),
sendo as lesões histopatológicas utilizadas como diagnóstico definitivo da doença (NOWAK
e LAPATRA 2006). Em pisciculturas, as infecções bacterianas estão relacionadas com
infestações parasitárias (MORI et al., 2015).
Diante disso, o objetivo deste estudo é
relacionar se ectoparasitos da Classe Monogenoidea predispõem o aparecimento/agravamento
de infecções por bactérias clamidiais na criação de tilápia.
2 Material e Métodos
Foram coletados 30 peixes por mês entre setembro de 2013 a agosto de 2014, em uma
produção de tilápias (Oreochromis niloticus) em tanque-rede no estado de São Paulo. Após a
captura dos animais, os peixes foram abatidos por secção da medula espinhal. As brânquias
foram removidas (in loco) e colocadas em frascos plásticos contendo formalina (1:4000)
(RAWSON e ROGERS, 1972). O material foi transportado ao Laboratório de Microbiologia e
Parasitologia de Organismos Aquáticos do Centro de Aquicultura da UNESP e as brânquias
raspadas suavemente com bisturi e o conteúdo analisado em placas de petri no
estereomicroscópio binocular Coleman® XTB/2B. Os parasitos encontrados foram coletados,
quantificados e armazenados em microtubos com álcool 70%. A prevalência, intensidade
média e abundância média de infestação foi calculada como proposto por Bush et al. (1997).
As brânquias com maiores e menores níveis de parasitismo foram armazenadas em frascos
contendo formalina 10% tamponada para a análise histopatológica. O método de Gram foi
realizado sob a lâmina histológica para evidenciar a presença das bactérias no tecido
branquial. Os dados foram analisados usando teste-Z para verificar diferenças entre a
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prevalência parasitária nos diferentes meses de coleta. A abundância e a intensidade média de
parasitismo foram comparadas pelo teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis, seguido pelo
método de Dunn.
3 Resultados e Discussão
Foi alta a prevalência parasitária por monogenóideos em todo período do estudo
(93,33%-100%), não ocorrendo diferença estatística entre os meses avaliados (p>0,05).
Diferentemente aconteceu com a abundância média e intensidade média de parasitismo
(Figura 1). Nos meses de dezembro de 2013 e janeiro de 2014, assim como nos meses de abril
e maio de 2014 foram observadas as maiores taxas de parasitismo, diferindo estatisticamente
dos demais meses (p<0,05).
Figura 1 – Abundância média e Intensidade média do parasitismo por monogenóideos em
tilápia-do-Nilo analisadas no período setembro de 2013 a agosto de 2014.
As brânquias dos peixes menos parasitados apresentaram hiperplasia do epitélio
branquial e fusão das lamelas secundárias, decorrente das alterações causadas pela fixação do
monogenóideo na lamela branquial. Em aproximadamente 90% das brânquias que
apresentaram maiores infestação por monogenóideos, foram observados de 1 a 20 cistos bem
delimitados, de coloração basofílica nas lamelas secundárias, além das alterações
histopatológicas causadas pela infestação parasitárias (Figura 2).
Diversos estudos relatam a ocorrência de infecções mistas entre bactérias da Ordem
Chlamydiales e helmintos da Classe Monogenoidea como Microcotyle sp. e Lamellodiscus sp.
(PADRÓS e CRESPO, 1995) e Zeuxapta seriolae (MONTERO et al., 2004) e com
protozoários
ciliados
como
Chilodonella
hexastica,
Trichodina
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Paratrichodina africana (PÁDUA et al., 2015), sugerindo que os monogenóideos atuam
como vetores das bactérias causadoras da doença epiteliocística (PILLOUX et al., 2015).
Figura 2 – (a) Brânquia de tilápia corada com HE sem alterações. Barra de escala: 50µm. (b)
Dois monogenóideos fixados na parte basal do epitélio lamelar, com área com total fusão
interlamelar (cabeça de seta). Barra de escala: 100µm (c) Monogenóideo parasitando o
filamento branquial, hipertrofia do epitélio basal (seta pontilhada), intenso infiltrado de
células inflamatórias eosinofílicas e mononucleares (asteriscos), debris celulares (ponta de
seta vazia) ao redor do parasito. Barra de escala: 50µm. (d) Fusão parcial do epitélio lamelar
(cabeça de seta) e um cisto (seta curta). Barra de escala: 50µm. (e) Diversos cistos nas lamelas
secundárias, com proliferação do epitélio em diferentes graus. Barra de escala: 100µm. (f)
Detalhe para um cisto basofílico com material amorfo no interior presente na lamela
secundária. Barra de escala: 100µm.
4 Conclusões
Altos níveis de parasitismo por monogenóideos estão associados ao aparecimento da
doença epiteliocística branquial em tilápia-do-Nilo criada em sistema de produção intensivo,
tornando estes animais mais suscetíveis a surtos de mortalidade.
5 Agradecimentos/ Apoio financeiro
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A piscicultura pelo fornecimento dos peixes e a empresa Trouw Nutrition pelo apoio
logístico.
Referências
BUSH, A.O.; LAFFERTY, K.D.; LOTZ, J. M. & SHOSTAK, A.W. Parasitology meets
ecology on its own terms: Margolis et al. revisited. The Journal of parasitology, v. 83., n. 4.,
p.575-583., 1997.
GRAU, A.; CRESPO, S.; PASTOR, E.; GONZALEZ, P.; & CARBONELL, E. High infection
by Zeuxapta seriolae (Monogenea: Heteraxinidae) associated with mass mortalities of
amberjack Seriola dumerili Risso reared in sea cages in the Balearic Islands (western
Mediterranean). Bull Eur Assoc Fish Pathol, v. 23., n. 3., p. 139-142., 2003.
NOWAK, B. F.; LAPATRA, S. E. Epitheliocystis in fish. Journal of fish diseases, v. 29., n.
10., p. 573-588., 2006.
MITCHELL, S. O.; STEINUM, T.; RODGER, H.; HOLLAND, C.; FALK, K.; &
COLQUHOUN, D. J. (2010). Epitheliocystis in Atlantic salmon, Salmo salar L., farmed in
fresh water in Ireland is associated with ‘Candidatus Clavochlamydia salmonicola’infection.
Journal of fish diseases, v.33., n.8., p.665-673., 2010.
MONTERO, F. E. CRESPO, S. PADRÓS, F. DE LA GÁNDARA, F. GARCÍ, A.; &
RAGA, J. A. Effects of the gill parasite Zeuxapta seriolae (Monogenea: Heteraxinidae) on the
amberjack Seriola dumerili Risso (Teleostei: Carangidae). Aquaculture, v. 232., n. 1., p.
153-163., 2004.
MORI, R. H.; CHEDID, R. A.; BRACCINI, G. L.; RIBEIRO, R. P.; DE OLIVEIRA, C. A.
L.; PRETTO-GIORDANO, L. G.; & VARGAS, L. Prevalence of ectoparasites and
bacteriological diagnosis in Nile tilapia bred in net-tanks in the Corvo’s river, Paraná, Brazil.
Semina: Ciências Agrárias, v. 36., n. 2., p. 1145-1154., 2015.
PÁDUA, S. B.; MENEZES FILHO, R. N., MARTINS, M. L., BELO, M. A. A., ISHIKAWA,
M. M., NASCIMENTO, C. A., & CARRIJO MAUAD, J. R. A survey of epitheliocystis
disease in farmed Nile tilapia (Oreochromis niloticus Linnaeus, 1758) in Brazil. Journal of
Applied Ichthyology, v. 31., n. 5., p. 927-930., 2015.
PILLOUX, L.; AEBY, S.; GAÜMANN, R.; BURRI, C.; BEURET, C.; & GREUB, G. (2015).
The high prevalence and diversity of Chlamydiales DNA within Ixodes ricinus ticks suggest a
role for ticks as reservoirs and vectors of Chlamydia-related bacteria. Applied and
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RAWSON, M.V., & ROGERS, W.A. Seasonal abundance of ancyrocephalinaen
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diseases, v.8., n.3., p. 255-260., 1972.
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