Biologia do coracao

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Texto de apoio ao curso de Especialização
Atividade física adaptada e saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
Distúrbios do Coração e dos Vasos Sangüíneos
Capítulo14 - Biologia do Coração e dos Vasos Sangüíneos (Manual Merck)
O coração é um órgão muscular oco localizado no centro do tórax. Os lados direito e esquerdo do
coração possuem uma câmara superior (átrio), que coleta o sangue, e uma câmara inferior
(ventrículo), que o ejeta. Para assegurar que o sangue flua em uma só direção, os ventrículos
possuem uma válvula de entrada e uma de saída.
As principais funções do coração são: o fornecimento de oxigênio ao organismo e a eliminação
de produtos metabólicos (dióxido de carbono) do organismo. Em resumo, o coração realiza essas
funções através da coleta do sangue com baixa concentração de oxigênio do organismo e do seu
bombeamento para os pulmões, onde ele capta oxigênio e elimina o dióxido de carbono. Em
seguida, o coração recebe o sangue rico em oxigênio dos pulmões e o bombeia para os tecidos
do organismo.
FUNÇÃO DO CORAÇÃO
Durante o batimento cardíaco, as câmaras cardíacas dilatam ao encherem-se de sangue –
período denominado diástole – e, em seguida, elas contraem quando o coração bombeia o
sangue – período denominado sístole. Os dois átrios relaxam e contraem concomitantemente,
assim como os dois ventrículos.
A seguir, descreveremos como o sangue move-se através do coração. Inicialmente, o sangue
proveniente do corpo, pobre em oxigênio e rico em dióxido de carbono, flui através das duas
veias de maior diâmetro (as veias cavas) até o átrio direito. Ao encher, essa câmara impulsiona o
sangue até o ventrículo direito. Quando este se torna repleto, ele bombeia o sangue, através da
válvula pulmonar, até as artérias pulmonares, as quais suprem os pulmões.
Em seguida, o sangue flui pelos diminutos capilares que circundam os sacos aéreos (alvéolos)
dos pulmões, absorvendo oxigênio e eliminando dióxido de carbono, o qual é, em seguida, é
expirado. O sangue então rico em oxigênio flui através das veias pulmonares até o átrio
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esquerdo. Esse circuito entre o lado direito do coração, os pulmões e o átrio esquerdo é
denominado circulação pulmonar.
Ao encher, o átrio esquerdo impulsiona o sangue rico em oxigênio até o ventrículo esquerdo.
Quando este se torna repleto, ele bombeia o sangue, através da válvula aórtica, até a aorta, a
maior artéria do corpo. Esse sangue rico em oxigênio irriga todo o organismo, exceto os pulmões.
VASOS SANGÜÍNEOS
O restante do sistema circulatório (cardiovascular) é composto por artérias, arteríolas, capilares,
vênulas e veias. As artérias, fortes e flexíveis, transportam o sangue do coração e suportam
pressões sangüíneas mais elevadas. Sua elasticidade auxilia na manutenção de uma pressão
arterial durante os batimentos.
As artérias menores e as arteríolas possuem paredes musculares que ajustam seu diâmetro a fim
de aumentar ou diminuir o fluxo sangüíneo em uma determinada área. Os capilares são vasos
diminutos e de paredes extremamente delgadas, os quais atuam como pontes entre as artérias e
transportam o sangue para longe do coração; as veias transportam o sangue de volta para o
coração.
Os capilares permitem que o oxigênio e os nutrientes passem do sangue para os tecidos e que
produtos da degradação metabólica passem dos tecidos para o sangue. Eles drenam o sangue
para as vênulas, as quais, por sua vez, drenam nas veias que se dirigem ao coração. Pelo fato de
possuírem paredes mais finas e, em geral, de maior diâmetro que as artérias, as veias conduzem
o mesmo volume de sangue com menor velocidade e sob uma pressão muito mais baixa.
SUPRIMENTO SANGÜÍNEO DO CORAÇÃO
O músculo cardíaco (miocárdio) também recebe uma parte do grande volume de sangue que flui
através dos átrios e ventrículos. Um sistema de artérias e veias (circulação coronariana) irriga o
miocárdio com sangue rico em oxigênio e, em seguida, retorna o sangue com baixo conteúdo de
oxigênio para o átrio direito.
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A artéria coronária direita e a artéria coronária esquerda originam-se da aorta para fornecer o
sangue ao coração; as veias cardíacas drenam no seio coronariano, que retorna o sangue ao
átrio direito. Em razão da grande pressão exercida no coração quando o órgão contrai, a maior
parte do fluxo sangüíneo da circulação coronariana ocorre durante o relaxamento cardíaco entre
os batimentos (durante a diástole ventricular).
Um Olhar Dentro do Coração
A incidência em secção transversal do coração mostra a direção do fluxo sangüíneo normal.
SINTOMAS DAS CARDIOPATIAS
Não existe um sintoma isolado que identifique de maneira inequívoca uma doença do coração
(cardiopatia), mas determinados sintomas sugerem a possibilidade, e um conjunto de sintomas
faz com que um diagnóstico seja estabelecido. O médico inicia o processo do diagnóstico com
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uma entrevista (história clínica) e um exame físico. Freqüentemente, são solicitados exames para
a confirmação do diagnóstico, para a avaliação da gravidade do problema ou como auxílio no
planejamento do tratamento.
Contudo, algumas vezes, mesmo uma cardiopatia grave não apresenta sintomas até atingir um
estágio avançado. Check-ups de rotina ou uma consulta ao médico por qualquer outro motivo
podem revelar essa cardiopatia assintomática. Os sintomas de uma cardiopatia incluem
determinados tipos de dor, dificuldade respiratória, fadiga, palpitações (percepção de batimentos
cardíacos lentos, rápidos ou irregulares), tontura e desmaios. Contudo, esses sintomas não
indicam necessariamente uma cardiopatia: uma dor torácica pode indicar uma cardiopatia, mas
pode ser também sinal de uma doença respiratória ou gastrointestinal.
Irrigação Sangüínea do Coração
Como qualquer outro tecido do corpo, o músculo do coração deve receber sangue rico em
oxigênio e eliminar o sangue exaurido de oxigênio. A artéria coronária direita e a artéria coronária
esquerda com seus dois ramos (a artéria circunflexa e a artéria descendente anterior esquerda)
fornecem sangue ao músculo cardíaco (miocárdio). As veias cardíacas retornam o sangue ao
átrio direito.
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Dor
Quando a quantidade de sangue que chega aos músculos é insuficiente (condição conhecida
como isquemia), a quantidade inadequada de oxigênio e o excesso de produtos da degradação
metabólica causam câimbras. A angina – uma sensação de aperto ou de compressão torácica –
é decorrente da insuficiência do suprimento de sangue ao coração.
Entretanto, o tipo e o grau de dor ou de desconforto variam enormemente entre as pessoas.
Alguns indivíduos com suprimento sangüíneo inadequado não apresentam dor (condição
conhecida como isquemia silenciosa). Se a quantidade de sangue que flui aos outros músculos é
muito pequena, particularmente aos músculos da panturrilha, o indivíduo costuma sentir uma dor
tipo compressiva e fadiga na região durante a realização de exercícios (claudicação).
A pericardite – inflamação ou lesão da membrana que envolve o coração – causa uma dor que
aumenta de intensidade quando o indivíduo deita e diminui na posição sentada ou reclinada para
a frente. Nesse caso, o exercício não aumenta a dor e a inspiração ou a expiração pode reduzi-la
ou aumentá-la, pois pode ocorrer concomitantemente uma pleurite – inflamação da membrana
que envolve os pulmões.
Quando uma artéria sofre uma laceração ou ruptura, o indivíduo geralmente apresenta uma dor
aguda que surge e desaparece rapidamente e pode não ter relação com a atividade física. Às
vezes, as artérias principais, especialmente a aorta, são lesadas. Uma parte dilatada e saliente
da aorta (aneurisma) pode apresentar um extravasamento súbito ou o seu revestimento pode
apresentar uma discreta laceração, permitindo que o sangue penetre entre as camadas da aorta
(dissecção da aorta).
Esses eventos produzem dor súbita e intensa intermitente, com a ocorrência de novas lesões
(p.ex., lacerações) ou mesmo com o movimento do sangue fora de seu canal normal.
Geralmente, a dor originária da aorta é sentida na região posterior do pescoço, entre as
escápulas, ao longo das costas ou no abdômen.
A válvula localizada entre o átrio e o ventrículo esquerdos pode protruir em direção ao átrio
esquerdo quando o ventrículo esquerdo contrai (prolapso da válvula mitral). Às vezes, os
indivíduos com esse distúrbio apresentam episódios curtos de dor lancinante, tipo punhalada ou
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picada de agulha. Em geral, a dor é localizada abaixo da mama esquerda, independentemente da
posição ou da atividade física da pessoa.
Dificuldade Respiratória
A dificuldade respiratória, conhecida como falta de ar, é um sintoma comum da insuficiência
cardíaca. Ela é decorrente do líquido que drena para os espaços aéreos do pulmão – um
distúrbio denominado congestão pulmonar ou edema pulmonar –, resultando em um processo
similar ao afogamento. Nos primeiros estágios da insuficiência cardíaca, a pessoa apresenta
dispnéia apenas durante o esforço físico.
À medida que a insuficiência cardíaca progride, a dispnéia ocorre em atividades cada vez menos
intensas, até ocorrer mesmo em repouso. As pessoas apresentam dispnéia sobretudo ao se
deitar porque o líquido espalha-se por todo o tecido pulmonar. Na posição sentada, a força da
gravidade faz com que o líquido se acumule na base dos pulmões, o que não produz tanto
incômodo. A dispnéia noturna é a falta de ar que ocorre à noite com o indivíduo deitado e que é
aliviada pela posição sentada.
A dispnéia não é limitada às cardiopatias, podendo afetar também os indivíduos com doenças
pulmonares, doenças dos músculos respiratórios ou doenças do sistema nervoso central que
interferem na respiração. Qualquer distúrbio que comprometa o delicado equilíbrio normal entre o
fornecimento e o consumo de oxigênio – por exemplo, a capacidade inadequada de transporte de
oxigênio pelo sangue em decorrência de uma anemia ou o incremento do metabolismo geral do
organismo em decorrência de uma tireóide hiperativa – pode fazer com que um indivíduo
apresente dispnéia.
Fadiga
Quando o coração bombeia de forma ineficaz, o fluxo sangüíneo aos músculos pode ser
inadequado durante a realização de exercícios, fazendo com que o indivíduo apresente fraqueza
e cansaço. Em geral, os sintomas são sutis. Os indivíduos costumam compensar essa situação
diminuindo gradualmente as atividades ou consideram os sintomam como decorrentes do
envelhecimento.
Palpitação
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As pessoas frequentemente não percebem o batimento cardíaco. Entretanto, em determinadas
circunstâncias – por exemplo, durante o exercício vigoroso ou uma experiência emocional
dramática –, mesmo os indivíduos saudáveis percebem seus batimentos cardíacos. Eles podem
sentir o coração batendo forte ou rapidamente ou detectam um batimento irregular.
O médico pode confirmar esses sintomas examinando o pulso e auscultando os batimentos
cardíacos com o auxílio de um estetoscópio colocado sobre o tórax. As palpitações serão
consideradas anormais de acordo com as respostas a diversas questões: se elas ocorrem frente
a determinados fatores ou situações, se o seu início é súbito ou gradual, qual a rapidez dos
batimentos cardíacos e quanto eles parecem ser irregulares.
É mais provável que palpitações que ocorrem concomitantemente a outros sintomas (p.ex.,
dispnéia, dor, fraqueza e fadiga ou desmaios) sejam decorrentes de um ritmo cardíaco anormal
ou de uma doença subjacente grave.
Tontura e Desmaio
O fluxo sangüíneo inadequado resultante da freqüência cardíaca ou de ritmos cardíacos
anormais ou da deficiência da capacidade de bombeamento cardíaco pode causar tontura,
fraqueza e desmaio. Esses sintomas também podem ser decorrentes de alguma doença cerebral
ou da medula espinhal ou sua causa pode não ser grave.
Por exemplo, muitos soldados podem ter uma sensação de desmaio ao permanecerem em
posição de sentido durante longos períodos, pois os músculos das pernas devem permanecer
ativos para auxiliar o retorno sangüíneo ao coração. Uma emoção ou uma dor intensa, a qual
ativa parte do sistema nervoso, também pode causar desmaio. Os médicos devem diferenciar o
desmaio provocado por uma cardiopatia da epilepsia, na qual a perda de consciência é devida a
um distúrbio cerebral.
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