GEOGRAFIA E ONTOLOGIA EM CHARLES DARWIN

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GEOGRAFIA E ONTOLOGIA EM CHARLES DARWIN:
APORTES À EPISTEMOLOGIA DA BIOGEOGRAFIA
CARLOS FRANCISCO GERENCSEZ GERALDINO
Doutorando em Geografia pela Universidade
Estadual de Campinas - UNICAMP, sob a
orientação do Prof. Dr. Antonio Carlos Vitte.
RESUMO: Sob o intuito de contribuir para os fundamentos teóricos da Geografia e, mais
especificamente, da epistemologia da Biogeografia, a pesquisa de doutorado ora em andamento
procura compreender a dimensão que os fatores geográficos da realidade adquirem junto ao
processo de elaboração teórica da evolução variacional dos seres vivos sistematizado pelo
naturalista britânico Charles Robert Darwin (1809-1882). Para isso, questiona-se em que medida
o princípio de seleção natural assume o estar dos seres como razão de suas diversas formas.
Ou seja, busca-se pelo entendimento da inserção da categoria espaço como fator explicativo da
multiplicação das espécies. Bem como, pergunta-se pelo necessário rearranjo teleológico, que
envolveu também o teológico, que Darwin veio a fazer para sustentar suas asserções. Para o
cumprimento desses objetivos a pesquisa está se direcionando no estudo aprofundado das
bases teóricas da Biogeografia no contexto amplo de formação do paradigma wallacedarwiniano, intencionando uma clarificação ontológica dos eixos conectivos entre os viventes e a
geografia, principalmente, no tocante ao papel desempenhado pela ação do meio. Também vem
esquadrinhando o jogo de influências teóricas de diversos ramos do conhecimento ao qual
Darwin esteve envolto, tendo, muitas vezes, a tarefa de resolver suas contradições a fim de
compor sua proposta inovadora; contudo, sem também esquivar-se plenamente de certos pontos
hoje considerados objetáveis. Nesse sentido, a pesquisa se debruça na compreensão do quanto
o idealismo alemão, via Alexander von Humboldt, da geologia uniformitarista, via Charles Lyell,
da metodologia newtoniana pautada na vera causa, via John Herschel, da concepção de
natureza belicosa, via Thomas Malthus, participaram pontualmente na fundamentação do
mecanismo de seleção natural contra o então hegemônico essencialismo biológico baseado na
teologia natural de William Paley e William Whewell fundada na ontologia aristotélica. Outro
tópico de interesse encontra-se na questão espacial inerente à teoria de diversificação dos seres
por meio dos avanços e reveses no debate realizado entre Darwin e o naturalista alemão Moritz
Wagner sobre a amplitude explicativa que o isolamento geográfico teria no processo de
formação das novas espécies; questão essa que inaugura e fundamenta as atuais, e ainda com
certas controversas, teorias de especiação simpátrica e alopátrica. Um último movimento ao qual
esta pesquisa se presta dá-se em prol do resgate do debate realizado entre os geógrafos a
2
respeito das reverberações do trabalho de Darwin nos fundamentos teórico-metodológicos de
nossa disciplina, particularmente, da Biogeografia, mas também da Geomorfologia e da própria
Geografia Humana. A análise está sendo realizada a partir de um recorte temático aplicado em
suas obras por meio de fontes primárias como o epistolário, os livros e os manuscritos,
principalmente, entre o período logo após a sua chegada do H.M.S. Beagle até a publicação de
seu revolucionário livro On the origins of species by means of natural selection; portanto, 18371859. A base metodológica para a leitura das fontes seguirá o entendimento de ciência e do
fazer científico que vem sendo proposto por Timothy Lenoir e pelo conceito de “campo científico”
de Pierre Bourdieu.
PALAVRAS-CHAVE: Darwin; biogeografia; epistemologia; ontologia; espaço.
INTRODUÇÃO
Em 1966, o geógrafo, não por acaso, da Universidade de Cambridge, David Stoddart em um
artigo intitulado Darwin´s impact on geography mostra-se surpreso com o silêncio resguardado
por parte da comunidade geográfica a respeito das influências do pensamento do naturalista
britânico Charles Robert Darwin (1809-1882) em nossa disciplina, principalmente no contexto do
então centenário de publicação de sua paradigmática obra On the origin of species by means of
natural selection, editada em 1859, junto às comemorações dos 150 anos de seu nascimento;
em suas palavras, expunha que:
No momento em que muitas ciências estão reexaminando o impacto do pensamento
biológico, e particularmente da obra de Charles Darwin, em seus métodos e em seus
fundamentos teóricos, os geógrafos mantêm um estranho silêncio, e o centenário de Darwin
nos círculos geográficos passou quase despercebido 1 (p. 683).
Como que numa tentativa de reparar tal falta epistêmica, Stoddart desenvolve no
referido artigo – “que até aqui se constata como um dos raros exames aprofundados do impacto
de Darwin para a história da geografia2” (1991, p. 618), segundo a ótica de Vincent Berdoulay e
Olivier Soubeyran – quatro temas que crê serem as mais significantes contribuições que a
biologia darwiniana deu à fundamentação do pensamento geográfico, a saber: i. a ideia de
mudança através do tempo; ii. a ideia de organização; iii. a ideia de luta e seleção; iv. o caráter
“At a time when many sciences ate reexamining the impact of biological thinking, and particularly of Charles
Darwin´s writings, on their methods and theoretical foundations, geographers have been strangely silent, and the
Darwin centenary in geographical circles passed almost unremarked”.
1
“C´est ce qui a été constaté dans un des rares examens approfundis de l´impact de Darwin sur l´histore de la
géographie”.
2
3
de variabilidade ou mudança das variações na natureza3. Sem aqui intencionarmos uma
avaliação da apreciação do autor por tais contribuições enumeradas, essa nos serve, no
momento, tão somente como mostra da abertura de um caminho investigativo já palmilhado por
um ainda restrito número de geógrafos que interessados nas fundamentações teóricas de nossa
disciplina não puderam deixar de prestar a devida atenção à ampla importância da figura desse
naturalista inglês na constituição das bases da ciência geográfica moderna. Dentre tais
trabalhos, podemos lembrar os aportes erigidos por BARROS (2007), BERDOULAY &
SOUBEYRAN (1991), CAMARGO & TROPPMAIR (2002), CAPEL (1981), CASTREE (2009),
CLAVAL (1974), DRIVER (2010), GOMES (1996), LEE (2004), LIVINGSTONE (2006),
SOUBEYRAN (1984), STODDART (1986), SUMMERFIELD (2010), VITTE (2009).
Na direção apontada por Stoddart e endossada pelos demais geógrafos citados, esta
pesquisa emoldura-se numa investigação dos fundamentos teóricos da ciência geográfica
centrando-se na obra de Charles Darwin. Busca-se, com isso, esmiuçar suas teorias no intento
de esquadrinhar e clarificar os eixos conectivos com a metodologia e a estrutura conceitual
própria de nossa disciplina. Parte-se do pressuposto que um estudo sobre a influência de Darwin
no arcabouço da ciência geográfica envolve antes de tudo o estudo da influência da distribuição
das espécies em sua obra; ou seja, o intento aqui não se trata apenas da apreensão da
influência de Darwin na Geografia, mas também, e principalmente, da participação da geografia
em Darwin. Haja vista que tão-só com o metódico reconhecimento do que há de geográfico na
obra de Darwin poderemos bem avaliar o processo epistêmico de apropriação da teoria
darwiniana pelos geógrafos, sobretudo no que concerne às contribuições ontológicas de
conceitos caros a nós como de meio, paisagem, natureza e espaço.
Daí cumpre-se, desde já, sustentar que a geografia – entendida aqui não enquanto
corpo acadêmico, como ciência geográfica, mas como dado presente na constituição da
realidade, portanto, enquanto ordenamento da distribuição espacial dos fenômenos dispostos na
superfície terrestre – impende um papel preponderante na elucidação da diversidade dos seres
vivos dentro da ótica darwiniana. Isso, no tocante ao fator causativo que o isolamento espacial
desempenha no processo de especiação4. Afinal, já nos dois ensaios de 1842 e 1844 –
“In this paper four themes are taken to be especially significant contributions to geographical thought from biology
and, particularly, from Darwin. They are: 1) the idea of change through time; 2) the idea of organization; 3) the idea of
struggle and selection; 4) the randomness or change character of variations in nature” (idem, p. 684)
3
Especiação, segundo Ernst Mayr, é “o processo pelo qual as espécies se multiplicam; a aquisição de isolamento
reprodutivo entre as populações” (2006, p. 179). Hoje, os quatro modelos teóricos de especiação são: alopátrica,
peripátrica, parapátrica e simpátrica. A especiação do tipo alopátrica (do grego allos, outro, e patrã, pátria), também
conhecida como geográfica, acontece quando a população inicial é dividida por uma barreira geográfica. Essa
divisão pode ser efetuada por dois modos: dispersão e vicariância. Como nos explica Jéssica Gillung: “No caso da
dispersão, partimos de uma população ancestral de um dado grupo de organismo que originalmente ocorria em
4
4
publicados posteriormente pelo seu filho Francis (F. DARWIN, 1887) – Darwin inicia uma
sistematização de suas ideias sobre a origem da diversidade apresentando a importância que as
barreiras geográficas teriam na divisão de uma população em dois nichos diferentes. Isso
resultaria, no dizer do pesquisador brasileiro, especialista em teoria da evolução, Nelio Bizzo,
que:
Se, ao longo de uma sucessão de períodos mudarem as condições às quais cada uma das
subpopulações está exposta, as respostas induzidas em cada uma delas seriam diferentes, e
a seleção natural eliminaria as formas que não estivessem perfeitamente adaptadas às
novas condições. Assim, com o tempo, a seleção natural seria responsável por eliminar as
formas imperfeitas, impedindo que elas deixassem suas características nas novas gerações,
o que aceleraria o processo de mudança. A partir de certo momento, essas modificações se
acumulariam até o ponto em que indivíduos das duas subpopulações não mais se
reconheceriam e poderiam então ser considerados indivíduos de espécies diferentes (2010,
p. 28).
Em tal mecanismo interpretativo da origem das diferentes formas de vida expressas nas
paisagens está contida uma série de modificações teóricas que passam desde uma
reconfiguração ampla do então conceito de natureza dado pela teologia natural de William
Paley5, passando pela revisão da ontologia e da teleologia da época fundadas na concepção
essencialista aristotélica que assegurava a concepção fixista e hierárquica (por meio da scala
naturæ) dos seres vivos6, até por importantes inovações ao conceito de meio geográfico
derivadas do reconhecimento do princípio de seleção natural. E sobre o último, cabe lembrar que
Darwin foi o primeiro a apoiar que este desempenhava um papel ativo no processo de seleção
natural dos seres. Em verdade, sua proposta de adaptação por evolução natural era dependente
apenas uma das áreas hoje ocupadas por tal grupo. Posteriormente, esta população ampliou sua distribuição e se
dispersou para outras áreas ultrapassando barreiras pré-existentes. Por fim, as duas populações isoladas pela
barreira se diferenciaram com o passar do tempo e se modificaram em duas espécies diferentes. Por outro lado, nos
eventos de vicariância, a população ancestral ocupava a somatória das áreas atualmente habitadas por seus
descendentes, e esta população foi posteriormente subdividida em duas populações pelo surgimento de uma
barreira” (2011, pp. 1-2). A especiação peripátrica – tipo híbrido das especiações alopáticas e parapátrica – ocorre
devido ao parcial isolamento geográfico na periferia do nicho ecológico, denominado por efeito de gargalo,
resultando na modificação das espécies fundadoras. A especiação parapátrica ocorre com a divergência
progressiva de duas populações em nichos ecológicos vizinhos e comunicantes devido a variações na frequência de
acasalamento resultando em espécies distintas. Já a especiação simpátrica dá-se quando duas espécies, ocupando
o mesmo nicho, surgem de um ancestral comum; ou seja, esse tipo de especiação é diametralmente oposto à
alopátrica, pois o isolamento espacial – total como no caso da alopátrica, ou parcial como na peripátrica e na
parapátrica – não se faz necessário.
Sobre o impacto dessa nova cosmovisão, o filósofo Thomas Kesselring, lembrando Sigmund Freud, afirma:
“Quanto ao êxito de Darwin, costuma-se falar numa segunda revolução copernicana. Depois de ter perdido a sua
posição privilegiada no centro do Universo com o estabelecimento da cosmologia copernicana, o Homem perdeu,
agora, a sua prioridade ontológica em relação aos animais e às plantas. Enquanto espécie gerada pela evolução, o
Homem é um produto da Natureza” (2000, p. 164, grifos do autor).
5
O essencialismo platônico retirado do mundo ideal e transposto às próprias entidades por Aristóteles fundava a
concepção dos seres da época. O jovem Darwin foi ensinado em Cambridge que um cavalo, por exemplo, trazia
consigo propriedades essenciais e acidentais; o fato dele ser marrom ou preto seriam propriedades acidentais que
não alterariam a natureza daquilo que o fazia ser cavalo, tal natureza seria a substância própria do cavalo, ou seja,
sua essência. Assim, mesmo que nenhum indivíduo vivo aparentasse semelhança com os demais de sua espécie o
que assegurava sua classificação era a imutabilidade de sua essência; as espécies eram, portanto, fixas.
6
5
da compreensão conjunta de dois fatores. O primeiro seria correspondente às forças reguladoras
do meio. E o segundo corresponderia às ligeiras diferenças que surgem no nascimento de
indivíduo para indivíduo da mesma espécie. Georges Canguilhem (1989) interpretou-os como
um sistema fechado, sendo, o primeiro um mecanismo de redução de variação e o segundo
como um mecanismo de produção de variação. Abaixo temos um quadro sintético-comparativo
ressaltando as diferentes propostas de teorias evolucionárias da época, incluindo a própria
inovadora visão de Darwin:
Gráfico 1 Tipos de teorias evolutivas
Espécies extintas são
substituídas por outras
criadas que são mais ou
menos do mesmo nível das
primeiras.
Charles Lyell
Espécies extintas são
substituídas por novas
criações com nível de
organização superior.
Willian Buckland; Adam
Sedgwick; Hugh Miller; Louis
Agassiz
Espécies se originam por
alterações muito rápidas, ou
seja, saltos, a partir das
espécies pré-existentes.
E. Geoffroy Saint-Hilaire;
Darwin na patagônia; Galton;
Goldschmidt
Transformacional
Espécies se originam por
alterações graduais em
direção à perfeição ou a um
ajuste do ambiente.
Jean- Baptiste Lamarck
Variacional
As variações são produzidas
em todas as gerações, e a
evolução acontece porque
um número de variantes
sobrevive para a reprodução.
Charles Darwin
Saltacional ou
Transmutação
Evolução
Elaborado a partir de MAYR, 2006, p. 43.
Cabe, sobretudo, enfatizar que tais contribuições teóricas, que tanto reverberaram ao
longo da construção do pensamento geográfico acadêmico, não seriam possíveis sem a
consideração do fator geográfico por parte de Darwin na compreensão da intricada lógica da
vida. E justamente nesse ponto é que podemos entrever a relevância que a questão espacial
toma no processo de formulação de sua teoria. Pois, como observou Ernst Mayr:
Os paleontólogos, condicionados ao pensamento vertical, consideram especiação como
mudança de uma linhagem filética na dimensão do tempo. Mas, sabendo-se que ocorre a
extinção, de onde surgem as novas espécies? Esse problema vem desde Lamarck e Lyell. A
resposta de Darwin foi que as espécies não somente evoluem no tempo, mas também se
multiplicam. A especiação, a partir de Darwin, significa a produção de novas populações
reprodutivamente isoladas (2006, p. 31).
As discussões de o isolamento reprodutivo ser gerado ou não por isolamento espacial
faz-se como ponto nodal em sua teoria. Esse temário, muito além da apreciação da “distribuição
6
geográfica” em dois capítulos fundamentais da Origem das Espécies, prolonga-se de forma
variante por toda sua obra. O próprio Mayr (idem) lembra-nos que Darwin, adepto à doutrina de
Lyell, inicialmente cria na introdução súbita saltacional de novas espécies; e apenas com a
afirmação do ornitólogo John Gould numa reunião da Geological Society of London, em 1837, a
respeito dos tentilhões coletados em Galápagos na viagem do HMS Beagle é que o levou a
reavaliar seus pensamentos sobre a origem da diversidade. Gould observara que tais pássaros
não se tratavam de três espécies distintas como os havia apresentado Darwin, mas de uma
única mesma espécie; como ramificações de um mesmo trono da “árvore da vida” da qual
descendem todos os viventes. Tal intuição foi transposta por Darwin para seu caderno B de
anotações com o hoje icônico desenho de uma árvore de descendência da espécie “1” em “A”,
“B”, “C” e “D” encabeçada pela expressão “I think” (“Eu penso/acho”). Isso induziu Darwin a
reconhecer posteriormente que todas as amostras tentilhões descendiam de um ancestral
comum vindo do continente sul-americano e que suas leves diferenças eram, na verdade, fruto
de adaptações à diversidade dos meios das ilhas que se alocaram. E foi:
A partir daí [que] Darwin adotou a teoria da especiação pela modificação gradual das
populações isoladas geograficamente de suas espécies parentais. [...] Não era uma teoria
nova, pois uma similar havia sido previamente proposta por von Buch (1825). Mais tarde,
Wagner (1841) e Wallace (1855) também chegaram, de maneira independente, à mesma
conclusão (idem, p. 32).
No entanto, se a teoria de especiação alopátrica cumpriu-se como um fator chave ao
mecanismo produtor de variabilidade, Darwin, através de seus estudos em botânica, chegou
posteriormente, ainda por caminhos não consensualmente explicados, à ideia de especiação
simpátrica, outro tipo de especiação cujo isolamento geográfico não se faz ativo. Sobre isso,
Frank Sulloway (1979), num dos mais aprofundados estudos sobre o papel do mecanismo de
especiação geográfica no pensamento darwiniano, reporta-nos ao debate que Darwin manteve
através de cartas com o explorador e naturalista alemão Moritz Wagner (1813-1887). Nessas,
encontramos um rico acervo de ideias cujo tema central consagra a importância da geografia na
compreensão da biologia. Numa síntese provisória desse debate – que ainda demanda um
aprofundamento não só entre os comentadores (MAYR, 2006; SULLOWAY, 1979; WEISSMAN,
2010; KONDRASHOV, 2001), como também nas próprias fontes (WAGNER, 1873; DARWIN,
1888; BURKHARDT, 2009) – podemos afirmar que se fundamentou na insistência de Wagner
em fazer Darwin reconhecer que a especiação alopátrica fosse uma necessidade à gênese da
diversidade biológica em contraponto ao julgamento de Darwin da qual Mayr o lê como “um
pouco confuso, tendo suportado a especiação geográfica nas ilhas e a especiação simpátrica
mais difundida nos continentes” (2006, p. 163).
7
Em suma, as breves considerações aqui elencadas convergem para uma síntese das
pretensões dessa pesquisa que, fundamentalmente, almeja um debruçar sobre o debate
geográfico interno às formulações teóricas de Darwin. Pois, em consonância a Noel Castree
(2009), parte-se do pressuposto que a explicação naturalista de Darwin sobre a vida na Terra é
profundamente geográfica7. Daí busca-se não apenas lê-lo como promotor de um
recrudescimento metodológico à nossa disciplina, na intenção de verificar sua presença nas
entrelinhas das propostas teóricas desenvolvidas ao longo da história do pensamento
geográfico. Mas, e principalmente, lê-lo enquanto geógrafo, ou seja, como um pesquisador da
diversidade natural da vida na superfície terrestre confrontando-se com a necessária apreensão
desta a partir da explicação de seu arranjo espacial. Tal como a afirmação da geógrafa Barbara
Kennedy, cogita-se que: “se você voltar e reler quase tudo o que Darwin escreveu, então
deveremos reconhecê-lo como um dos nossos predecessores mais ilustres8” (2004a). Portanto,
nesta proposta busca-se interpretá-lo como um inquisidor de paisagens, um questionador das
múltiplas confluências entre os seres e seus respectivos meios, um pensador disposto a arranjar
a multiplicidade da vida e das formas geográficas numa nova concepção ontológica arrazoada
de natureza despojada de ranços teológicos.
OBJETIVOS
Com o intuito de contribuir para os fundamentos teórico-metodológicos da Geografia e, mais
especificamente, da epistemologia da Biogeografia, esta pesquisa procura compreender as
relações existentes entre geografia e ontologia tematizada na obra de Charles Darwin. Para isso,
questiona-se em que medida o princípio de seleção natural assume o estar dos seres como
razão de suas diversas formas. Ou seja, busca-se o entendimento do papel que a categoria
espaço é inserida como fator explicativo da forma e da transmutação dos seres. Bem como,
pergunta-se pelo necessário rearranjo teleológico, que envolveu também o teológico, que Darwin
veio a fazer para sustentar sua teoria. Esse objetivo geral desdobra-se em quatro específicos, a
saber:
i. Primeiramente, busca-se por um aprofundamento das bases teóricas da Biogeografia
no contexto amplo de formação do paradigma darwiniano, intencionando uma clarificação
ontológica dos eixos conectivos entre seres vivos e a geografia; bem como, a apreensão das
“What´s more, Darwin´s naturalistic account of life on earth is deeply, deeply geographical” (CASTREE, 2009, p.
2295).
7
“if you go back and re-read almost anything Darwin wrote… [then] we must acknowledge him as one of our most
distinguished predecessors” (p. 402).
8
8
transmutações impostas aos seres devido à ação do meio geográfico sob a ótica do princípio de
seleção natural.
ii. Almeja-se, também, esquadrinhar o jogo de influências teóricas de diversos ramos do
conhecimento ao qual Darwin esteve envolto, tendo a tarefa de resolver para a composição de
sua proposta. Nessa busca, a pesquisa se debruçará no entendimento do quanto o idealismo
alemão, via Alexander von Humboldt, da geologia uniformitarista, via Charles Lyell, da
metodologia newtoniana pautada na vera causa, via John Herschel, da concepção de natureza
belicosa, via Thomas Malthus, participaram pontualmente na fundamentação do mecanismo de
seleção natural contra o então hegemônico essencialismo biológico baseado na teologia natural
de William Paley e William Whewell fundada na ontologia aristotélica.
iii. Ambiciona-se a compreensão da questão espacial inerente à teoria de diversificação
dos seres por meio dos avanços e reveses no debate realizado entre Darwin e Moritz Wagner
sobre a amplitude explicativa que o isolamento geográfico teria no processo de formação das
novas espécies. Questão essa que fundamenta a teoria das formas de especiação simpátrica e
alopátrica.
iv. Por fim, espera-se regatar o debate realizado entre os geógrafos a respeito das
reverberações do trabalho de Darwin nos fundamentos teórico-metodológicos de nossa
disciplina, particularmente, da biogeografia, mas também da geomorfologia e da própria
geografia humana.
DISCUSSÃO BIBLIOGRÁFICA
Segundo Nelio Bizzo, “o trabalho de Charles Darwin é considerado um tema privilegiado, dada a
profusão de fontes primárias e secundárias disponíveis” (2010, p. 22). Isso se confere na gama
de trabalhos levantados até o momento que dissertam dentre uma pluralidade de caminhos
interpretativos sobre os processos que resultaram na formação e nas reverberações acadêmicas
das ideias contidas nas obras no naturalista em foco. Também é digna de nota a facilidade de
acesso às fontes primárias das várias edições de suas obras principais, de suas
correspondências, bem como, dos trabalhos de seus contemporâneos. Esse conjunto, ainda que
em fase inicial da coleta, já evidencia o quão factível em termos materiais apresenta-se as
ambições motivadoras dessa pesquisa.
Para a breve apresentação da crítica bibliográfica a respeito de Darwin optou-se aqui na
divisão entre duas esferas perfeitamente relacionáveis; uma circunscrita ao que os geógrafos
vêem ponderando sobre o tema; e outra relativa às contribuições desenvolvidas em outras
9
disciplinas com uma maior atenção às produções vindas das Ciências Biológicas, da Geologia e,
principalmente, dos historiadores e filósofos da ciência.
Do primeiro grupo vale destacar a importância do já aqui citado artigo de David Stoddart
Darwin impact on geography, de 1966, pois além de se ser um dos primeiros geógrafos a se
debruçar diretamente nas obras de Darwin, o fez com uma acurada, ainda que breve,
sistematização de suas influências no corpo metodológico de nossa disciplina 9. Dois outros
trabalhos posteriores desse autor também trataram das reverberações darwinianas na ciência
geográfica, o artigo Biogeography: Darwin devalued or revalued?, de 1983, e seu livro On
Geography de 1987. Próximo à linha argumentativa de Stoddart (1987), Paul Claval (1974)
defendeu a tese que foi só a partir dos trabalhos de Darwin que a geografia científica ganhou as
bases de uma síntese explicativa capaz de abarcar as relações entre sociedade e natureza
valendo-se do mecanismo seletivo do meio10; argumento corroborado por Nilson Barros (2007)
em artigo sobre a especiação na antropogeografia de Ratzel, e também por Horácio Capel
(1981), Paulo Gomes11 (1996) e Ruy Moreira (2006) na construção de suas narrativas sobre a
história de nossa disciplina.
Ainda dentro do campo da geografia, vale destacar o trabalho de Olivier Soubeyran
intitulado L´environnement, Darwin et la géographie, de 1984, onde na busca de traçar as bases
epistemológicas do ambientalismo, acaba por oferecer uma profunda análise dos princípios
explicativos da teoria da evolução, bem como, da apropriação desses princípios no corpo teórico
da geografia. Já em outro trabalho de Soubeyran (1991), agora com a parceria de Vincent
Berdoulay, apresenta um encadeamento das influências que Paul Vidal de La Blache, e em
decorrência a geografia humana, receberam do neolamarckismo e do darwinismo em seus
fundamentos teórico-metodológicos. Sobre isso, David Livingstone (2005) também oferece uma
leitura importante ao impacto das teorias evolutivas na geografia em seu The Geographical
Tradition. Cabe lembrar que na perspectiva de reconhecimento das bases teóricas da geografia
humana, Camille Vallaux já havia apontado, ainda em 1938, para a importância dos trabalhos de
Darwin no artigo Deux précurseurs de la géographie humaine: Volney et Charles Darwin. E
9
Conferir também comentário feito por Barbara Kennedy (2004a) sobre o referido artigo de Stoddart.
Segundo Max. Sorre: “A noção de ambiente ou meio cobrou toda sua significação com o triunfo das doutrinas
evolucionistas e da ideia da adaptação” (2003, p. 139).
10
“Às proposições dos naturalistas de um determinismo ‘imaturo’, inspirado no modelo da mecânica, Ratzel
responde com uma abordagem inovadora, utilizando a teoria mais aceita pela ciência da época, o darwinismo. Por
essa razão, ele pode ser considerado por Claval como o pai da geografia humana moderna. Em sua obra, não se
encontra as mesmas hesitações metodológicas presentes em Humboldt e Ritter, e seu ponto de partida pela ciência
positivista é claro, sem ambiguidades” (idem, pp. 187-188).
11
10
Jeffrey Lee (2004), também seguindo essa linha, no artigo Great geographers: Charles Darwin
and Thomas Henry Huxley.
Há, ainda, uma quantidade de artigos publicados recentemente por geógrafos no
contexto das comemorações dos 150 anos da publicação de A Origem das Espécies e dos 200
anos de nascimento de seu autor. Dentre esses trabalhos vale notar o artigo de Steve Fuller
(2009) Life beyond Darwin: unbinding biology´s time and space, como também a série de
comentários feitos na revista Environment and Planning A escritos por Noel Castree (2009), Felix
Driver (2010), Michel Summerfield (2010) e por Daniel Sui (2010) que, de maneira geral,
abordam alguns pontos em comum, sendo a falta de trabalhos específicos e aprofundados sobre
Darwin, bem como o reconhecimento de sua importância para a construção de nossa disciplina,
o ponto que faz esses autores estarem em uníssono. Dentro desse campo de recentes
publicações, compete ressaltar o artigo de Antonio Vitte (2009) advogando a favor da tese que a
formação teórica do evolucionismo por meio da seleção natural não pode ser apenas
compreendida como fruto da então ciência vitoriana, mas, também, de uma ampla rede de
influências da qual Darwin esteve imerso, provindas, dentre outras, da biologia desenvolvida pela
naturphilosophie, pela metodologia newtoniana pautada no princípio da vera causa e, também,
pela filosofia da natureza fundamentada no idealismo da qual participaram Schelling, Hegel e
Humboldt apoiados pelas concepções Kant. O autor (idem) encerra o artigo apontando para
alguns encaminhamentos de pesquisa, dentre os quais alguns se fazem caros as pretensões
deste projeto, como a consideração da questão espacial inerente à formulação da especiação
por seleção natural ter sido relegado a um segundo plano por Darwin devido a forte influência
que esse recebeu dos postulados temporais de Lyell, base do uniformitarismo, que por sua vez
estava apegada a noção de espaço geométrico de Newton. Criando, por decorrência, certas
dificuldades no trato da importância espacial na teoria da evolução que se reverberará nas
fundamentações teorias da própria ciência geográfica.
Se os trabalhos que analisam a teoria de Darwin dentro da geografia configuram-se por
serem relativamente escassos, em outras áreas esses se fazem diversificados e abundantes.
Dentre tais pesquisas, algumas merecem destaque por colaborarem diretamente com a
discussão proposta nessa pesquisa. É o caso dos trabalhos que se debruçam, por exemplo, na
análise estrutural interna das teorias que Darwin agrupou para a elaboração de seu “longo
argumento”. Neste foco, Ernst Mayr (2006) considera que o pesquisador interessado na ajustada
apreensão da complexidade da teoria darwiniana deve primeiro discriminar um conjunto de
teorias – tais como a evolução, a origem comum, a multiplicação das espécies, o gradualismo, a
seleção natural, entre outras – que formam o corpo epistêmico do paradigma evolutivo de
11
Darwin. E para o cumprimento dessa clarificação internalista do pensamento darwiniano uma
gama de trabalhos fornecem importantes subsídios, dos quais vale ressaltar os de: ABRANTES
(2011), BUENO et alii (1999), CAPONI (2009; 2011), DENNETT (1998), GINNOBILI (2011),
HODGE (2008), MAYR (1997; 2005; 2006), MEYER & EL-HANI (2005), OSPOVAT (1993),
REED (1978), REGNER (2001), ROSAS (2007), KUTSCHERA (2009). Há ainda outra série de
trabalhos que buscam relacionar as ideias de Darwin com as influências e/ou contraposições
vindas de outros importantes autores que lhe abriram debate, trabalhos como o de: BARRETT &
CORCOS (1972), BIZZO (1997; 2007), CAPONI (2005; 2008), CARMO & MARTINS (2006),
DROUIN (1996), EGERTON (1968; 1970), HERBERT (1971), MARTINS (1997; 1999), PERIN
(2006; 2010). Outro grupo de trabalhos se destaca por levantar o contexto histórico-social cuja
biografia de Darwin se desenvolveu, esses se referem aos de: BROWNE (2007; 2011a; 2011b),
DESMOND & MOORE (1995), DOMINGES et alii (2003), SANCHEZ ARTEAGA (2008). Por fim,
vale mencionar o grupo – onde reside uma discussão mais estreita aos fins desta pesquisa – que
versa sobre as fundamentações relativas ao papel do isolamento geográfico na promoção da
diversidade biológica envolvendo, então, a apreciação dos conceitos de espaço e meio
internalizados no pensamento de Darwin; tais trabalhos são os de: CANGUILHEM (1989),
CAPONI (2006), KONDRASHOV (2001), KWA (2010), McATEE (1954), MORRONE (2004),
RICHARDSON (1981), RUSE & RICHARDS (2008), SULLOWAY (1979), WEISSMAN (2010).
Em suma, o conjunto de referências até agora levantados já denota uma gama de trabalhos
feitos, mas, também, a necessidade de um estudo mais aprofundado que se debruce sobre a
questão espacial na obra de Darwin dentro da epistemologia da geografia.
METODOLOGIA
O caminho para a realização dos fins almejados da tese se constituirá por um programa de
leitura das fontes primárias, composta pelas próprias obras de Darwin e de seus
contemporâneos, como também de fontes secundárias de comentadores em trabalhos na área
da Geografia, das Ciências Biológicas e da História e Filosofia da Ciência. Tal bibliografia é
passível de ser dividida em seis conjuntos intercambiantes, a saber: i. as próprias obras, ensaios
e correspondências de Darwin; ii. suas biografias, inclusive sua autobiografia organizada por sua
neta; iii. as obras que se fizeram objetos de estudo para a composição de suas ideias; iv. os
trabalhos pelas quais suas ideias se reverberam; v. os trabalhos desenvolvidos pelos geógrafos;
vi. os trabalhos realizados nas demais áreas como as Ciências Biológicas e na Filosofia da
Ciência.
12
A base metodológica para a leitura das fontes seguirá o entendimento de ciência e do
fazer científico que vem sendo proposto por Timothy Lenoir e pelo conceito de “campo científico”
de Pierre Bourdieu. Para Lenoir (2004), as disciplinas não possuem uma existência real a priori,
as disciplinas acadêmicas são resultados de uma prática. Por isso, as fronteiras disciplinares não
são rígidas. O autor argumenta que está prática científica é realizada pela compreensão conjunta
de dois fatores articuláveis, porém, diferentes: os programas de pesquisa e os programas
disciplinares. Os programas de pesquisa têm como mote o questionamento dos fenômenos e os
programas disciplinares tratam do processo de institucionalização dos programas de pesquisa.
Lenoir mostra-se contrário ao fosso estabelecido entre os aspectos internos (epistêmicos) e
externos (políticos) da ciência. Ao seu julgo, no processo de reconstrução racional da ciência,
devemos sempre levar em conta tanto o contexto de descoberta quanto o contexto de
justificação da prática científica; sendo o contexto de descoberta o complexo de situações que
possibilita o então contexto de justificação da teoria finalmente exposta. Essa é, aliás, a sua
principal proposta: a procura pelas conexões entre o macro e micro, entre a atmosfera
sociopolítica e conteúdos cognitivos, entre o contexto de descoberta e o de justificação, entre os
questionamentos próprios dos programas de pesquisa e os caminhos encontrados para as
institucionalizações dos programas disciplinares. Enfatiza não a busca de paralelos, mas de
ligações e, consequentemente, de mútuas influências daquilo que se facilmente convencionou
chamar de campos internos e externos do fazer científico. Não se trata, portanto, de reduzir a
epistemologia ao social, tal como argumenta Alberto Oliva (2009), e nem de propositalmente
esquecer o contexto ao qual uma teoria é feita sob a justificativa ilusória de melhor acompanhar
seu desenvolvimento lógico. Trata-se, sim, de ponderar o desenvolvimento cognitivo dos
fenômenos às motivações e entraves daquilo que Pierre Bourdieu definiu por “campo científico”;
nas palavras de Bourdieu:
O campo científico, enquanto sistema de relações objetivas entre posições adquiridas (em
lutas anteriores), é o lugar, o espaço de jogo de uma luta concorrencial. O que está em jogo
especificamente nessa luta é o monopólio da autoridade científica definida, de maneira
inseparável, como capacidade técnica e poder social; ou, se quisermos, o monopólio da
competência científica, compreendida enquanto capacidade de falar e de agir legitimamente
(isto é, de maneira autorizada e com autoridade), que é socialmente outorgada a um agente
determinado (1983, p. 122).
A partir das proposições de Lenoir e Bourdieu brevemente sintetizadas acima, serão
analisadas determinadas obras de Darwin e o contexto no qual elas estavam inseridas. Afinal, se
Darwin possuía intenções de apreender de outra forma os processos naturais como até então
eram explicados, não podemos subtrair de tais pretensões a conjuntura socioeconômica ao qual
se enquadrava e, sobretudo, o posto que ocupava no campo científico ao qual estava inserido.
13
Já o recorte metodológico das fontes primárias para esta pesquisa toma como base a
temática da transmutação dos seres e de sua relação com os padrões biogeográficos presentes
nas obras de Darwin que compreendem manuscritos, epistolário, livros e artigos expostos a
seguir.
Em julho de 1837, Darwin iniciou a produção de cadernos de anotações, seus
“notebooks”. O caderno “A”, escrito no período 1837-9, era dedicado à geologia e o caderno “B”
(1837-8) era o primeiro de uma futura série de quatro – vindo depois o “C” (1838), “D” (1838), e o
“E” (1838-9) – dedicados às reflexões sobre a transmutação dos seres. Fonte disposta na obra
Charles Darwin´s notebooks, 1836-1844 organizada por Paul Barrett et al (1987). No verão de
1842, Darwin escreveu a primeira sistematização das ideias que haviam surgido deste de sua
volta do H.M.S. Beagle e que foram registradas em seus referidos cadernos de anotação. O
manuscrito de 35 páginas já continha o princípio das estratégias argumentativas que mais tarde,
em 1859, sustentariam seu revolucionário livro. Uma dentre elas era a analogia entre as
mudanças das formas animais devido à criação doméstica e a possibilidade de variação de
formas através daquilo que denominou por “seleção natural” (DARWIN, F; 1909, p. 9).
Apresentando como um dos indícios desse processo os padrões de distribuição geográfica das
espécies. Em 1844, escreveu outro manuscrito sobre a mesma temática, porém com 189
páginas e acompanhado a uma carta a sua esposa Emma para que o publicasse “em caso de
morte súbita” (BURKHARDT, 1985-93 v. 3, p. 28), com a convicção que a ideia ali expressa
“será um passo considerável para a ciência” (idem). Esses dois ensaios foram postumamente
pulicados, em 1909, pelo seu terceiro filho, Sir Francis Darwin (1848-1925), na obra The
foundations of the Origin of Species: two essays written in 1842 and 1844 by Charles Darwin. Já
as anotações que fizera ao redor do mundo abordo do H.M.S. Beagle foram organizadas e
publicadas por Richard Keynes (1988 e 1988b).
A pressa gerada pela inesperada carta de Wallace fez com que Darwin deixasse de lado
a ambição de escrever um grande compêndio sobre seu “grande livro das espécies”, optando por
resumi-lo em “longo argumento” que viria a ser o On the origin of species.... Porém, graças à
publicação de Robert Stauffer (1987) do livro Charles Darwin´s natural selection: Being the
second part of his big species book written from 1856 to 1858 pode-se hoje conferir as partes
omitidas do “resumo” lançado em 1859.
Em 1959, no centenário da principal obra de Darwin, Morse Peckham publica The origin
of species by Charles Darwin, a variorum text; essa obra faz-se por ser valiosa, pois se trata de
uma compilação de todas as mudanças que Darwin fez das seis edições diferentes da A origem
14
das espécies publicadas entre o período 1858-187212. Assim, é possível verificar os acréscimos
e omissões relativos às revisões de seus argumentos motivados, principalmente, por uma
avalanche de críticos apontando ora precedências de certas ideias – o que fez Darwin
acrescentar, a partir da terceira edição, um prefácio intitulado “Um esboço histórico do progresso
recente da opinião sobre a origem das espécies” onde revisava as contribuições às ideias
transformistas de figuras como Lamarck (1744-1829), Geoffroy Saint Hilaire (1779-1844) e de
seu avô Erasmus Darwin (1731-1802), entre outros –, ora eventuais falhas pontuais em sua
argumentação, como no caso discussão com Moritz Wagner (1813-1887) – travada por meio de
cartas e motivadas pela obra The Darwinian Theory and the Law of the Migration of Organisms
(lida à Academia Real de Ciências de Munique em 02/03/1868 e traduzida para o inglês em
1873), enviada a Darwin pelo próprio Wagner – envolvendo o papel do isolamento geográfico no
processo de especiação. As cartas que Darwin trocou com Wagner e com demais estudiosos
estão contidas em BURKHARDT (1985-93; 1996).
No final da vida Darwin escreveu a autobiografia que veio a ser publicada pela sua neta
com censura de algumas partes, mas que na obra organizada por BARLOW (1969) aparece de
forma integral, fazendo-se como importante fonte de análise sobre suas posturas metafísicas. E
no ano de sua morte, 1882, publica seu último trabalho, um pequeno artigo na revista Nature
intitulado On the dispersal of freshwater bivalves, explicando como o padrão de distribuição
espacial das espécies pode ser compreendido a partir da teoria evolutiva.
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07/08/1869 e 6ª ed. e última revisada por Darwin lançada em 19/02/1872; PECKHAM, 1959, p. 24.
12
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