1 FAPAM – FACULDADE DE PARÁ DE MINAS Curso de Letras Gorete R. G. Santos O ENSINO DA GRAMÁTICA NORMATIVA NA SALA DE AULA: AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL PARÁ DE MINAS – MG 2013 2 Gorete R. G. Santos O ENSINO DA GRAMÁTICA NORMATIVA NA SALA DE AULA: AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO 6ºANO DO ENSINO FUNDAMENTAL Monografia apresentada à Coordenação de Letras da Faculdade de Pará de Minas como requisito parcial para a conclusão do curso de Letras. Orientadora: Msc.Cristina Mara França Pinto Fonseca PARÁ DE MINAS – MG 2013 Gorete R. G. Santos 3 O ENSINO DA GRAMÁTICA NORMATIVA NA SALA DE AULA: AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO 6°ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL Monografia apresentada à Coordenação de Letras da Faculdade de Pará de Minas como requisito parcial para a conclusão do curso de Letras. Orientadora: Msc.Cristina Mara França Pinto Fonseca Aprovada em ____ / ____ / ____ _____________________________________________________________ Professora Orientadora: Cristina Mara França Pinto Fonseca – Msc. em Linguística ____________________________________________________________ Professora Examinadora: Vanessa Faria Viana Msc. em Linguística 4 Dedico este trabalho ao meu querido esposo Thiago, que me apoiou o tempo todo. Aos meus pais e a toda minha família pelo carinho e compreensão. Enfim, a todos que de maneira direta ou indireta me ajudaram neste trabalho. 5 AGRADECIMENTO Agradeço a Deus, primeiramente pelo dom da vida, pela oportunidade, privilégio e sustentação. Amigo incondicional, meu Tudo, que me socorreu nas horas difíceis. Juntamente com Nossa Senhora Aparecida e a Alma Santa do Padre Libério. Agradeço ao meu querido esposo, Thiago, pelo apoio, paciência, compreensão e acima de tudo o seu amor. Agradeço a minha família pelo incentivo e paciência, principalmente, a minha mãe pelo apoio e orações. Agradeço a minha orientadora, Cristina Mara, pelo apoio e paciência, e a todos os demais professores da FAPAM. Enfim, agradeço a todos que direta ou indiretamente me ajudaram na concretização deste trabalho. Obrigada a todos. 6 Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas graças a Deus, não sou o que era antes. Marthin Luther King 7 RESUMO Nesta pesquisa, objetivou-se apresentar as dificuldades do ensino da Língua Portuguesa no 6º Ano do Ensino Fundamental na Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora. Buscou-se saber onde o aluno tem mais dificuldades em relação à Gramática e a metodologia utilizada pelo professor na sala de aula. Os resultados foram obtidos através da observação e também através de um questionário de questões abertas para os alunos. A pesquisa foi quantitativa e qualitativa. Constatou-se que a maioria dos professores não utiliza uma metodologia adequada para o ensino da Língua Portuguesa, pois têm arraigado como prática que a gramática é uma lei imutável, não considerando as demais acepções sobre o termo. O ensino da Gramática resumiu-se à prática de exercícios que abordam as regras e conceitos, o qual não deve ser restringido apenas às regras, o professor precisa trazer a Gramática para o dia a dia do aluno. Palavras – chave: Gramática. Língua materna. Dificuldades de aprendizagem 8 SUMÁRIO 1INTRODUÇÃO ..........................................................................................................9 1.2 Objetivos: .........................................................................................................11 1.2.1 Objetivo Geral: ..............................................................................................11 1.2.2 Objetivos Específicos:...................................................................................11 1.2.3 Estrutura dos capítulos..................................................................................11 2 PERSPECTIVAS TEÓRICAS ................................................................................13 2.1 O ensino de Gramática na sala de aula ...........................................................13 2.1.1 Conceito de gramática ..................................................................................14 2.2 Norma Culta X Norma Padrão .........................................................................15 2.3 Regras de gramática X Nomenclatura .............................................................16 2.4 Os PCNs da Língua Portuguesa......................................................................17 3 METODOLOGIA ....................................................................................................19 3.1 Coleta de dados ...............................................................................................20 3.2 Análise e discussão dos dados ........................................................................22 4 CONCLUSÃO ........................................................................................................23 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................24 APÊNDICE A ............................................................................................................25 APÊNDICE B ............................................................................................................26 9 INTRODUÇÃO O tema escolhido para esta pesquisa é “O ensino da Gramática na sala de aula: as dificuldades de aprendizagem no 6º ano. Muito se tem questionado a respeito do ensino de gramática nas aulas de Língua Portuguesa, afinal deve ou não ser ensinada? Por que o aluno tem dificuldades em aprender sua língua materna? Diante do ensino contextualizado, como seria a reação de professores e alunos? Atualmente, com o uso dos meios sociais de comunicação virtual, por exemplo, seus usuários utilizam abreviatura, maneiras diferentes de escrever determinadas palavras, que nesta situação é aceitável. Porém, em determinadas situações é necessário o uso da norma culta, por exemplo, nas escolas, no ambiente de trabalho, nos concursos, etc. A nossa Língua Portuguesa tem vários dialetos, porém é preciso saber o mínimo da Gramática Normativa. Determinadas situações exigem esse conhecimento. É preciso conscientizar da importância da Gramática Normativa no dia a dia na sala de aula. Esta pesquisa procura demonstrar o valor do ensino da Gramática Normativa na sala de aula e pretende descobrir onde os alunos têm mais dificuldades na aprendizagem da Língua Portuguesa. Este tema envolve uma diversidade de fatores como a metodologia utilizada pelo docente para o ensino do conteúdo, o interesse do aluno e as condições de aprendizagem. A reflexão sobre o ensino da Língua Portuguesa nas escolas deve ser passada por três eixos: para que se ensina, o que se ensina, e consequentemente, como se ensina. É preciso esclarecer as causas das dificuldades do ensino do Português como: a confusão entre ensino a respeito da língua e o ensino do uso da língua e o tratamento inadequado da variação linguística. Há aqueles que defendem ardorosamente a eliminação do ensino de gramática das aulas de Língua Portuguesa, uns até radicalizam afirmando que seu estudo é totalmente inútil. Outros defendem a gramática como necessária ao aperfeiçoamento da leitura e da escrita, acreditando que sem ela é impossível aprender Português. Apesar das críticas e dos diferentes posicionamentos, o ensino da língua materna, assentado na tradição gramatical, continua a base de muitos professores e tal prática é sustentada por diversos segmentos da sociedade. 10 Não há dúvida de que se deve ensinar a gramática normativa nas aulas de Língua Portuguesa, embora se sabe perfeitamente que ela em si não ensina ninguém a falar, a ler e a escrever com precisão. O dever da escola é ensiná-la oferecendo condições ao aluno de adquirir competência para usá-la de acordo com a situação vivenciada. Não é com teoria gramatical que ela concretizará o seu objetivo, pois isso leva os estudantes ao desinteresse pelo estudo da língua, por não terem condições de entender o conteúdo ministrado em sala de aula, resultando assim frustrações, reprovações e recriminações que iniciam pela própria escola e o preconceito linguístico. Em termos bem gerais, podemos dizer que estudar mais que Gramática leva a procurar explorar o conhecimento de outras áreas, de outros domínios e assumir a certeza de que, ao lado do conhecimento da Gramática, outros são necessários, imprescindíveis e pertinentes. Portanto, não tem fundamento a orientação de que”não é para ensinar Gramática”. Repito: não é para ensinar apenas Gramática. (IRANDÉ,2007,p.65) É importante ressaltar que o ensino da gramática, não deve ocorrer apenas para proteger ou conservar a composição da língua, mas para auxiliar o usuário e falante no conhecimento de sua própria língua materna, possibilitando-lhes as características essenciais que pertencem à sua cultura. Deve ser também, um ensino harmonioso na relação entre o ensino da gramática normativa e a contextualizada, sem descartar as nomenclaturas, terminologias e regras, as quais são fundamentais para o desenvolvimento social e cultural dos alunos. A maioria dos educadores preocupa-se apenas em repassar regras gramaticais que, às vezes, são arcaicas e, por isso não contribuem para a vida prática de seus educandos. Esse procedimento não estimula a reflexão sobre a língua, nem contribui para a formação de leitores críticos, especialmente nas séries finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. A gramática da língua deve ser objeto de uma descrição rigorosa e consistente. O conhecimento que o falante tem das regras que especificam o uso de sua língua é um conhecimento intuitivo, implícito, ou seja, não requer, em princípio, que se saiba explicitá-lo ou explicá-lo. No entanto, esse saber implícito acerca do uso da língua pode ser enriquecido e ampliado com o conhecimento explícito dessas mesmas regras. Esse é o objetivo das descrições gramaticais, ou seja, das descrições de como as regras da gramática se aplicam aos diversos contextos de 11 uso da língua. Através dessa pesquisa pretende-se encontrar em qual área da Gramática, os alunos têm mais dificuldades. Para ser eficaz comunicativamente, não basta, portanto saber apenas as regras específicas da Gramática, das diferentes classes de palavras, suas flexões, suas combinações possíveis, a ordem de sua colocação nas frases, seus casos de concordância, entre outras. Tudo é necessário, mas não é suficiente. (IRANDÉ, 2007.pag.41) Logo, irá pesquisar métodos que possam ajudar os alunos a amenizar essas dificuldades. Diante do exposto acima, justifica-se este estudo. Assim, espera-se contribuir significativamente para o ensino da Língua Portuguesa no sentido de contextualizar as regras e usos linguísticos. 1.2 Objetivos: 1.2.1 Objetivo Geral: Pretende-se, portanto, enfocar, nessa pesquisa, a forma que a gramática está sendo apresentada para os alunos na sala de aula do 6° ano da Escola Nossa Senhora Auxiliadora. 1.2.2 Objetivos Específicos: Refletir sobre o ensino da língua materna; Discutir as dificuldades do ensino da língua materna; Apresentar as falhas de como a gramática normativa é apresentada aos alunos; 1.2.3 Estrutura dos capítulos Esta monografia apresenta as dificuldades dos alunos na aprendizagem da Gramática Normativa no 6° Ano do Ensino Fundamental. No primeiro capítulo, apresenta a importância do ensino da Gramática Normativa. Alguns defendem o ensino, outros até radicalizam afirmando eliminação 12 das aulas de Língua Portuguesa. Há muitas críticas. O importante é buscar o equilíbrio. No segundo capítulo, trata-se da questão da gramática. São expostos conceitos e os tipos de gramática que existem. No terceiro capítulo, é conceituado a norma culta e a norma padrão. Seus usos também são mostrados nesse capítulo. No quarto capítulo, vai mostrar as diferenças de regras gramaticais e nomenclaturas. As pessoas ás vezes confundem as duas. No quinto capítulo, através dos PCNs, mostram-se os objetivos do Ensino da Língua Portuguesa na sala de aula. 13 2 PERSPECTIVAS TEÓRICAS 2.1 O ensino de Gramática na sala de aula A respeito do ensino da gramática nas aulas de Língua Portuguesa, muito se tem questionado, afinal a gramática deve ou não ser ensinada? Como superar as dificuldades dos alunos em relação à gramática? Observa-se uma grande dificuldade em relação à aprendizagem, por parte desses, de acordo com a norma culta imposta devido à cultura dos estudantes que, muitas vezes, é incompatível levando os mesmos a concluírem a vida escolar sem saberem ler escrever adequadamente. Quando um professor se queixa de que “os alunos chegam ao ensino fundamental e não conhecem as regras de ‘gramática “, evidentemente, está se referindo a uma outra gramática, fora dessa primeira acepção, pois esta já se encontra consolidada e pelo resto da vida. Quando outro professor fala na “obrigatoriedade do uso da gramática” também está falando de outra gramática. É que, nesse primeiro sentido, não se trata de obrigatoriedade. A gramática é constituída de língua, quer dizer: faz a língua ser o que é. Nunca pode ser uma questão de escolha, algo que pode ser ou deixar de ser obrigatório. Simplesmente é, faz parte. Nem requer ensino formal. (IRANDÉ, 2007, pág.27) Atualmente tem-se visto a gramática apenas como ditadura de regras e normas sobre como se escreve, o que na verdade não se deve considerar como uma verdade absoluta. Não há dúvida de que se deve ensinar a gramática normativa nas aulas de Língua Portuguesa, embora sabe – se que ela em si não ensina ninguém a falar, a ler e a escrever com precisão. O dever da escola é ensiná-la, oferecendo condições ao aluno de adquirir competência para usá-la de acordo com a situação vivenciada. Não é com teoria gramatical que ela concretizará o seu objetivo, pois isto leva os estudantes ao desinteresse pelo estudo da língua, por não terem condições de entender o conteúdo ministrado em sala de aula, resultando assim frustrações, reprovações e recriminações que se iniciam pela própria escola e o preconceito linguístico A gramática não deve ser tida como verdade única, absoluta e acabada, a língua falada pelo aluno deve ser valorizada. Além do mais ela tem sua parcela de contribuição para a formação e o desenvolvimento intelectual de todos os indivíduos da sociedade brasileira. 14 Em síntese, a gramática da língua vai sendo aprendida naturalmente, quer dizer, na própria experiência de se ir fazendo tentativas, ouvindo, e falando. Não há um momento especial nem uma pessoa específica destinados ao ensino dessa gramática. Ela vai sendo incorporada ao conhecimento intuitivo, pelo simples fato de a pessoa estar exposta à convivência com os outros, a atividade sociais de uso da língua, das conversas familiares às atuações mais tensas e formais. Ou seja, essa gramática está inerentemente ligada à exposição da pessoa aos usos da língua. A escola virá depois; para ampliar. (IRANDÉ, 2007,pág. 29). O professor deve deixar de lado o comodismo e a repetição da doutrina gramatical e ser mais dinâmico ministrando o conteúdo de forma reflexiva em atividades contextualizadas, interdisciplinares ou coletivas de forma que o aluno passa a conhecer as variedades da língua através de pesquisas, as quais envolvam a leitura e produção textual construindo seu próprio conhecimento linguístico. É preciso reprogramar a mente de professores, pais e alunos em geral, para enxergarem na língua muito mais elementos do simplesmente erros e acertos de gramática e de sua terminologia. De fato, qualquer coisa que foge um pouco do uso mais ou menos estipulado é vista como erro. As mudanças não são percebidas como “mudanças”, são percebidas como erros. (ANTUNES, 2007,pág.23). Na maioria das escolas o ensino de Gramática, acontece de forma arcaica devido à aplicação de métodos totalmente teóricos, sem nenhuma significação na vida dos alunos que, por sua vez, não conseguem estabelecer relação entre teoria gramatical e a prática de texto. 2.1.1 Conceito de gramática A Gramática tem como finalidade orientar e regular o uso da língua, estabelecendo um padrão de escrita e de fala. A Gramática é um conjunto de regras que definem o funcionamento da língua. A língua está sempre evoluindo, o que muitas vezes resulta num distanciamento entre o que se usa efetivamente e o que fixam as normas. De acordo com Possenti (2002, p.64), seguem os conceitos de três tipos de gramática: a Gramática Normativa: é aquela que prescreve as regras, as normas gramaticais de uma língua. Ela admite apenas uma forma correta para a realização da língua, é a mais conhecida do professor de primeiro e segundo graus, porque é 15 em geral a definição que se adota nas gramáticas pedagógicas e nos livros didáticos. Apresenta um conjunto de regras, relativamente explícitas e relativamente coerentes, que, se dominadas, poderão produzir como efeito o emprego da variedade padrão (escrita e/ou oral). Um exemplo de regra desse tipo é a que diz o verbo deve concordar com o sujeito, por um lado, e, por outro, que existe uma forma determinada é única para cada tempo, modo e pessoa. Gramática descritiva: descreve os fatos da língua, com o objetivo de investigá-los e não de estabelecer o que é certo ou errado. Enfatiza o uso oral da língua e suas variações. A gramática internalizada: conjunto de regras que o falante domina, refere a hipóteses sobre o conhecimento que habitam o falante a produzir frases ou sequências de palavras de maneira tal que essas frases e sequências são compreensíveis e reconhecidas como pertencendo a uma língua. 2.2 Norma Culta X Norma Padrão A língua é um poderoso instrumento de ação social. Ela pode tanto facilitar quanto dificultar o nosso relacionamento com as pessoas e com a sociedade em geral. O ensino da língua culta, nas escolas não tem a finalidade de condenar ou eliminar a língua que se fala em nossa família ou em nossa comunidade. Na verdade, para que se dê a compreensão, mesmo em nível bastante elementar, é necessário que as pessoas tenham muito mais em comum que simplesmente uma língua. Precisam ter em comum um grande número de informações, precisam pertencer a meios culturais semelhantes, precisam mesmo ter, até certo ponto, crenças comuns. Sem isso, a língua simplesmente deixa de funcionar enquanto instrumento de comunicação. (PERINI, 2002,pág.57). Ao contrário, o domínio da língua culta, somado ao domínio de outras variedades lingüísticas, os alunos tornam-se mais preparados para se comunicar. Saber usar bem uma língua equivale a saber empregá-la de modo adequado às mais diferentes situações sociais de que se participa. A língua que se utiliza não transmite apenas nossa ideias, transmite também um conjunto de informações sobre si mesmos. 16 Certas palavras e construções que são empregadas, acabam denunciando quem se é socialmente, ou seja, em que região do país se nasce, qual o nível social e escolar, a formação e às vezes, até os valores, círculo de amizades e hobbies, como skate, rock, etc. Através do uso da língua também pode informar a timidez, a capacidade de nos adaptarmos e situações novas, a insegurança, etc. A língua é muito mais que isso tudo. É parte de tudo, da identidade cultural, histórica, social. É por meio dela que socializa-se, interage-se, que desenvolve- se sentimento de pertencimento a um grupo, a uma comunidade. É a língua que faz-se sentir pertencendo a um espaço. É ela que confirma essa declaração: Eu sou daqui. Falar, escutar ler, escrever reafirma, cada vez, nossa condição de gente, de pessoa histórica, situada em um tempo e um espaço. Além disso, a língua mexe com valores. Mobiliza crenças. Institui e reforça poderes. (ANTUNES, 2007, pág. 22) Segundo Irandé (2007) a Norma Culta está relacionada à gramática normativa, está vinculada a uma língua modelo. Ela incorpora muitas regras que não são usadas cotidianamente. A língua está em constante mudança, diferentes formas de linguagem que hoje não são consideradas pela norma padrão, com o tempo, podem vir a se legitimar. De acordo com Antunes (2007, p. 88), pode-se concluir que a norma culta: não implica o uso efetivo em todas as situações da interação verbal – restringe-se a algumas delas, apenas: é uma experiência da comunicação que envolve certo grau de formalidade; não exigida, por exemplo, nas situações informais da coloquialidade própria da vida privada; está vinculada àqueles grupos sociais que mais diretamente exercem atividades no âmbito da comunicação escrita, sobretudo àqueles grupos ligados à divulgação das informação e ao controle do poder políticoadministrativo. Em síntese, a norma culta é um requisito linguístico-social próprio para as situações comunicativas formais, sobretudo para aquelas atividades ligada à escrita. 2.3 Regras de gramática X Nomenclatura É grande engano pensar que ensinar nomenclatura é estudar gramática: aquela gramática que confere competência a quem precisa falar, ler e escrever com sucesso. 17 O problema central dos cursos de línguas – materna e estrangeira – está longe de ser não ensinar gramática. É, antes, não ensinar apenas gramática; é, muito mais, é não ensinar apenas nomenclatura e classificação gramatical. Portanto, não se está propondo menos. Pelo contrário,se está pretendendo mais.(ANTUNES, 2007, pág..51) A concentração do ensino da gramática em tópicos de sua nomenclatura não pode ser vista como único fator responsável pelos problemas do ensino de línguas. Esse tratamento tem sido um peso muito grande, pois propiciou uma visão superficial do ensino da língua, além de ter tirado a oportunidade de que outras questões – como aquelas concernentes à ampliação do léxico e à composição de textos coesos, relevantes e coerentes – sejam devidamente exploradas. O tempo que é investido em análises de reconhecimentos das unidades, de indicação de seus nomes e das subdivisões em que se encaixam, bem que poderia ser preenchido com atividades de análise, reflexão, produção e revisão dos mais diferentes gêneros de textos. O conhecimento da nomenclatura e das classificações gramaticais, é visivelmente irrelevante para se dominar as amplas exigências da atividade verbal. Dar nomes às unidades ou reconhecê-las pelas categorias, sem que se enquadram, mesmo que isso se faça a partir de um texto, é apenas um apêndice do grande empreendimento humano que é a produção de textos e a recepção de atividades de linguagem. O importante é que saibamos ir além da nomenclatura, como vimos insistindo; atribuir-lhe a função que, de fato, lhe cabe: a de nomear as unidades da língua, sem que tenha, portanto, um fim em si mesma. Não teria sentido, reitero, confundir o estudo da nomenclatura com o estudo da Gramática. (IRANDÉ,2007, pág.80) 2.4 Os PCNs da Língua Portuguesa Os Parâmetros Curriculares Nacionais foram elaborados procurando, de um lado, respeitar diversidades regionais, culturais, políticas existentes no país e, de outro, considerar a necessidade de construir referências nacionais comuns ao processo educativo em todas as regiões brasileiras. Com isso, pretende-se criar condições, nas escolas, que permitam aos jovens ter acesso ao conjunto de 18 conhecimento socialmente elaborados e reconhecidos como necessários ao exercício da cidadania. Os parâmetros têm “a intenção de provocar debates a respeito da função da escola e reflexões sobre o que, quando, como e para que ensinar e aprender, que não envolvam não apenas as escolas, mas também pais, governo e sociedades” (PCNs,1998, pág..9) Os parâmetros inserem-se em uma abordagem funcionalista, privilegiando, em decorrência disso, a língua em uso. Estão voltados para a ampliação do domínio da linguagem e da Língua para o exercício da cidadania. Os PCNs mostram-se interessados na permanência do aluno na escola e, para isso, chamam a atenção para o processo de acolhimento dos alunos pela escola, pois de acordo com eles, “esse fator condiciona os demais” (PCNs,1998, pág.42) O domínio da linguagem, como atividade discursiva e cognitiva, e o domínio da Língua, como sistema simbólico utilizado por uma comunidade linguística, são condições de possibilidade de plena participação social. Pela linguagem os homens e as mulheres se comunicam, têm acesso à informação, expressam e defendem pontos de vista, partilham ou constroem visões de mundo e produzem cultura. Nessa perspectiva, a língua é um sistema de signos específicos, históricos e social, que possibilita a homens e mulheres significar o mundo e a sociedade. Aprendê-la é aprender não somente palavras e saber combiná-las em expressões complexas, mas apreender pragmaticamente seus significados culturais e, com eles, os modos pelos quais as pessoas entendem e interpretam a realidade e a si mesmas. (PCNs1998,pág..20) O professor precisa valorizar a fala do aluno. Como lembram-se os PCNs: Ao tomar a Língua materna como objeto de ensino, a dimensão de como os sujeitos aprendem e de como os sujeitos desenvolvem sua competência discursiva não pode ser perdida. É nas práticas sociais que se dá a expansão da capacidade de uso da linguagem, que possibilita mostrar o domínio do padrão da fala. (PCNs, 1998,pág..34) Em síntese, pela linguagem se expressam ideias, pensamentos e intenções, se estabelecem relações interpessoais anteriormente inexistentes e se influencia o outro, alterando suas representações da realidade e da sociedade e o rumo de suas (re)ações. 19 3 METODOLOGIA A metodologia utilizada nesta pesquisa foi a bibliográfica. Segundo Marconi e Lakatos (2010) “pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras.” Para a pesquisa de campo foi utilizada a qualitativa que significa interpretar o fenômeno e a atribuição de significada são básicas nesse processo.de acordo com Marconi e Lakatos (2010, pág..166). O método científico utilizado nesta pesquisa foi o etnográfico, ou seja, consiste no levantamento de todos os dados possíveis sobre a sociedade em geral e na descrição, com a finalidade de conhecer melhor o estilo de vida ou a cultura específica de determinados grupos, como a escola. A pesquisa foi feita durante as aulas de Língua Portuguesa aonde a Gramática é o foco. Ela foi realizada com as amostras de uma turma de 6º Ano do Ensino Fundamental da Escola Nossa Senhora Auxiliadora. Foram também observados de que forma assistemática os métodos de ensino do professor na sala de aula em relação ao ensino gramatical. Neste estudo, foram feitos dois questionários com questões abertas, um para os alunos e outro para o professor. Segundo Marconi e Lakatos, (2010 p. 184),“ O questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem presença do entrevistador.” Tanto para o professor e para os alunos foram garantidos o anonimato, a fim de que respondessem às questões com o máximo de liberdade, sem nenhum tipo de pressão ou de constrangimento. Nesse questionário, continha perguntas sobre as principais dificuldades dos alunos sobre a Língua Portuguesa. 20 3.1 Coleta de dados A coleta de dados aconteceu na Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora. Foi observado a metodologia de ensino do professor. E também foi aplicado um questionário aberto para o professor e os alunos. 1) Qual a importância que você atribui ao ensino da Gramática Normativa? O professor atribuiu muita importância do ensino da Gramática aos alunos. Porém, a maneira de passar para os alunos deve ser de maneira que eles não sejam meros repetidores de normas. Precisa-se usar a criatividade. Também reforçar aos alunos as variações linguísticas. Que a questão não é o certo ou errado, mas o adequado. Segundo Irandé “é que todas as variações de norma são linguisticamente legítimas” ( 2007, pág..98). Na verdade que o que define uma variação linguística como certa ou errada é o nível social. Existem situações sociais diferentes, por isso deve haver também padrões de uso da língua diferentes. Não porque as pessoas são ignorantes, mas, porque as línguas são fatos sociais. Qual a melhor forma de trabalhar a Gramática? Reforço a importância do ensino da Gramática na sala de aula. Porém o professor precisa ir além. De acordo com Irandé “o problema central dos cursos de línguas – materna e estrangeira – está longe de ser não ensinar Gramática. É, antes, não ensinar apenas gramática; e, muito mais, é não ensinar apenas nomenclatura e classificação gramatical.” O professor precisa reformular a maneira de passar a gramática e procurar recursos inovadores para esse fim. Consequentemente as aulas serão mais atrativas. Quanto aos alunos foi aplicado um questionário de questões abertas sobre as dificuldades dos alunos em relação a aprendizagem da Gramática Normativa. Os alunos eram do 6º Ano Fundamental. 1) Quais os conteúdos que são mais difíceis? 21 Dos 20 alunos, 12 responderam que: A análise sintática foi o conteúdo que eles apontaram sendo mais difícil. A confusão de alterar a terminação do verbo para se adequar ao sujeito e adjetivos artigos, numerais se adequarem ao substantivo da frase foram indicados como o maior obstáculo. Consequentemente apontaram a redação (produção de texto) como a vilã da história. 2) Qual a melhor forma de passar o conteúdo? Dos 20 alunos, 19 alunos concordaram com o método de ensino usado pelo professor. Sendo primeiramente o tradicional, logo após o contextualizado. Ou seja, o professor usa a gramática passando os conceitos, regras e logo após usa o livro didático. Os alunos afirmaram que não têm problema nenhum com essa metodologia, podendo continuar dessa mesma forma. 3) Sugestões para melhorar o ensino. Essas foram as sugestões dos 20 alunos: como sugestão para melhorar o rendimento escolar os alunos deram as seguintes indicações: usar mais o laboratório de informática, concurso de redações, gincana com o tema gramática, músicas, filmes.Segundo eles. Uma vez que o professor venha propor o ensino da gramática utilizando esses elementos a aula torna mais interessante e facilita a compreensão do assunto. 4) Na sua opinião a sociedade valoriza a pessoa que fala e escreve corretamente? Os alunos concordaram unanimente da importância de saber falar e escrever corretamente, tanto no aspecto social como no caso de vestibulares, concursos e em determinadas profissões. Assim a pesquisa ajudou a compreender melhor acerca do processo de ensino aprendizagem da gramática normativa e também a perceber como se dá o ensino da Língua Portuguesa na prática. 22 3.2 Análise e discussão dos dados Foram observados os métodos de ensino do professor na sala de aula. Verificou-se que esse professor ainda usa a gramática descontextualizada, ou seja, ele explica a gramática, depois ele passa para o livro didático. Os alunos se adequaram a esse método, ou seja, não tiveram muitas dificuldades para assimilarem o conteúdo. Neste caso o professor deixou de lado o comodismo e trabalhou o conteúdo de duas formas. Consequentemente, os alunos assimilaram um pouco dos dois. Em resposta ao questionário, os alunos demonstraram ter maiores dificuldades com a produção textual. Talvez seja porque para o aluno produzir um texto, precisa ter conhecimento de mundo. Não adianta saber as nomenclaturas se não sabe como usá-las. Por isso, existem tantas dificuldades nos alunos em elaborar um texto, pois a gramática é estudada de forma separada, isto é, não entra em consenso com as outras interações de língua, como a própria prática de produção textual, leitura, dentre outros. Para que haja um ensino de qualidade, fazse necessário que o estudo da gramática vá ao encontro da vida do aluno, a isso conceitua-se aplicabilidade. Segundo Possenti ( 2002.pag. 90) “ o que aluno produz reflete o que ele sabe (gramática internalizada)”. Por isso a importância de valorizar o conhecimento do aluno. 23 4 CONCLUSÃO No decorrer desta pesquisa observou-se que os alunos têm uma certa dificuldade com a gramática normativa. Mas esses mesmos alunos conseguem identificar gramaticalmente muitas nomenclaturas nos exercícios, ou seja, eles sabem o que é um sujeito, substantivo, etc. O problema maior é trazer esses conceitos para prática no dia a dia e na produção de texto. Confirmaram–se a dificuldades de fazer uma redação seja de um tema atual ou mesmo de um assunto pessoal do aluno. O ensino da Língua Portuguesa deve ser ensinado de maneira que os alunos aprendam a colocar a língua em uso de forma oral e escrita. Evidenciou-se a necessidade de adaptar o conteúdo de acordo com a realidade do aluno. Ele precisa de incentivo para melhorar sua aprendizagem. E grande parte dessa responsabilidade é do professor juntamente com a família. O professor, às vezes, ou quase sempre precisa lidar com a ausência da família. No entanto, conclui que o professor precisa se doar muito para essa função tão bonita e tão difícil hoje em dia. O professor pode continuar com o método por ele adotado, mas é preciso ir mais além. É preciso buscar novas ideias, incentivar os alunos também a buscar recursos para melhorar em geral o ensino da Língua Portuguesa. 24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Maria Irandé Costa Mores. Muito além da gramática: por um ensino de gramática sem pedra no caminho. São Paulo, Ed. Parábola,2007. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa/Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília:MEC/SEF, 1998. POSSENTI, Sírio.Por que (não) ensinar gramática na escola. – Campinas, SP : Mercado das Letras : Associação de Leitura do Brasil, 2002 ROCHA, Luiz Carlos de Assis. – Gramática: nunca mais – o ensino da língua padrão sem estudo da gramática: Belo Horizonte, Ed. UFMG,2002 25 APÊNDICE A - Questionário aplicados aos alunos: 1) Quais os conteúdos que são mais difíceis? 2) Qual a melhor forma de passar o conteúdos? 3) Sugestões para melhorar o ensino. 4) Na sua opinião a sociedade valoriza a pessoa que fala e escreve corretamente? Assim, a pesquisa ajudou a compreender melhor acerca do processo de ensino aprendizagem da gramática normativa e também a perceber como se dá o ensino da Língua Portuguesa na prática. 26 APÊNDICE B - Questionário aplicado ao professor 1) Qual a importância que você atribui ao ensino da Gramática Normativa? 2) Qual a melhor forma de trabalhar a Gramática?