Reações Nucleares e o Tempo de Vida das Estrelas

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REAÇÕES NUCLEARES E O TEMPO DE VIDA
DAS ESTRELAS
AS REAÇÕES NUCLEARES E A SUA PRESENÇA NO CICLO DE
VIDA ESTELAR
André Filipe Ferreira, N.º 2444, 12.º B
Orientador: prof. Paulo Campino
Monografia
Ciências e Tecnologias
Química
Lisboa, Maio de 2015
Colégio do Sagrado Coração de Maria - Lisboa | As Reações Nucleares e a sua Presença no
Ciclo de Vida Estelar | i
1. Agradecimentos
Gostaria de agradecer ao professor Paulo Campino e à professora Ana Flor pela orientação
dada no decorrer da realização desta monografia.
Agradeço também ao Colégio do Sagrado Coração de Maria - Lisboa por ter facultado aos
alunos do 12º ano a possibilidade de redigir uma monografia, permitindo que os alunos tomem
consciência da estrutura e questões formais desta, bem como um alargar do nosso conhecimento no
tema desenvolvido.
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Ciclo de Vida Estelar | ii
2. Resumo Analítico
As Reações Nucleares e a sua Presença no Ciclo de Vida Estelar
A presente monografia realizada no âmbito da disciplina de Química tem como objetivos
analisar a presença das reações nucleares nas estrelas, detalhando as consequências destas nos astros
em causa. São primeiramente abordadas as reações nucleares como o decaimento radioativo, as
reações nucleares de fissão e as de fusão. Posteriormente, são descritas algumas características das
estrelas relevantes para a monografia em causa: a sua estrutura, a massa, a radiação, a temperatura,
a cor, a magnitude, a luminosidade, a sua composição química, o campo magnético, a rotação e a
idade. Analisa-se então as várias etapas da vida da estrela. Nos subcapítulos referentes às estrelas da
sequência principal, à expansão e à explosão detalha-se a nucleossíntese estelar, a formação e
combustão de alguns elementos como o silício e aborda-se também a nucleossíntese explosiva,
respetivamente. Ao longo deste trabalho, pretende-se deixar claro: os benefícios que as reações
nuclares trazem às estrelas; a forma como algumas variáveis como a velocidade a que as reações se
dão influenciam o tempo de vida das estrelas; o modo como se criam a maior parte dos elementos
químicos que possibilitam a existência de vida e de vários corpos.
PALAVRAS-CHAVE: Reações Nucleares, Estrela, Nucleossíntese Estelar, Nucleossítese
Explosiva, Fusão, Fissão, Decaimento Radioativo.
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Ciclo de Vida Estelar | iii
Índice
1. Agradecimentos ................................................................................................................................ i
2. Resumo Analítico ............................................................................................................................. ii
3. Introdução ........................................................................................................................................ 1
4. Reações Nucleares ........................................................................................................................... 2
4.1 Decaimento Radioativo ...................................................................................................... 2
4.2 Reações Nucleares de Fissão ............................................................................................. 3
4.3 Reações Nucleares de Fusão .............................................................................................. 3
5. Estrelas e as Suas Características ..................................................................................................... 5
5.1 Estrutura ............................................................................................................................. 5
5.2 Massa ................................................................................................................................. 6
5.3 Radiação, Temperatura, Cor, Magnitude, Luminosidade .................................................. 6
5.4 Composição Química ......................................................................................................... 7
5.5 Campo Magnético .............................................................................................................. 8
5.6 Rotação............................................................................................................................... 9
5.7 Idade ................................................................................................................................... 9
5.8 Diagrama de Hertzsprung-Russel .................................................................................... 10
6. Evolução Estelar e as Reações Nucleares ...................................................................................... 10
6.1 Formação da Protoestrela ................................................................................................. 10
6.2 Estrela da Sequência Principal e a Nucleossíntese Estelar .............................................. 10
6.3 Expansão .......................................................................................................................... 12
6.4 Explosão e a Nucleossíntese Explosiva ........................................................................... 14
6.5 Decadência e Colapso ...................................................................................................... 15
7. Conclusão ....................................................................................................................................... 18
8. Referências Bibliográficas .............................................................................................................. iv
9. Bibliografia ...................................................................................................................................... v
10. Lista de Gráficos e Figuras .........................................................................................................viii
11. Anexo A (Diagrama de Hertzsprung-Russel) ............................................................................... ix
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3. Introdução
A realização da presente monografia, no âmbito da disciplina de Química, tem como
objetivo pesquisar informação sobre as estrelas e estudar os vários tipos de reações nucleares, de
forma a analisar a presença e a importância destas no ciclo de vida estelar.
As reações nucleares são processos nos quais há a reação de um ou mais núcleos atómicos
entre si, ou com partículas como neutrões ou positrões. Nestas pode-se se assistir à formação de um
núcleo mais pesado, por intermédio da fusão ou pode ainda verificar-se a cisão de um núcleo mais
pesado instável noutros compostos mais leves, dotados de estabilidade.
Estas reações ocorrem na maioria das etapas da vida de uma estrela, um astro constituído
por plasma, de forma aproximadamente esférica devido às suas próprias forças gravitacionais que
proporcionam a existência do corpo celeste. Durante os diversos estádios da estrela dão-se reações
nucleares diferentes, havendo maioritariamente a fusão de vários elementos químicos. A causa para
haver reações específicas associadas a certas fases reside no facto de a ocorrência deste tipo de
reações estar naturalmente dependente da costituição química da estrela, da sua massa e da pressão,
as quais são todas variáveis que mudam significativamente ao longo da vida estelar, como se irá
aprofundar na presente monografia.
O tema em causa é de grande importância na área científica. Os trabalhos de Hans Bethe
sobre as cadeias protão-protão e o ciclo CNO nas estrelas e posteriormente de Fred Hoyle
explicaram os processos de obtenção de energia das estrelas e as reações que culminam na
formação de diversos elementos como o ferro e o oxigénio, deixando claro como é que os
elementos mais abundantes na Terra foram sintetizados e como é que a abundância relativa destes
aumentou com o tempo.
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4. Reações Nucleares
4.1 Decaimento Radioativo
O decaimento radioativo caracteriza-se pelo processo através do qual o núcleo de um átomo
instável perde energia, sob a forma de radiação ionizante. Este fenómeno é usualmente designado
por radioatividade. Um material carrega a definição de radioativo se libertar radiação ionizante, a
qual se pode manifestar na forma de partículas α, β, β+ ou radiação γ.
Esta instabilidade manifestada pelos núcleos encontra-se ligada com a relação protõesneutrões no núcleo. Ao analisar os núcleos estáveis mais leves, conclui-se que apresentam,
normalmente, uma relação neutrões-protões igualitária. Pode-se tomar como exemplo 21H,
16
8O.
12
6C,
ou
Tal não se verifica nos núcleos estáveis mais pesados. Nestes nota-se que o número de
208
neutrões excede o número de protões. Exemplos são 88
38Sr e 82Pb.
Considerando um determinado núcleo, se a sua relação neutrões-protões for superior àquela
que lhe confere estabilidade, este irá demonstrar uma tendência para se transformar noutro núcleo
mais estável através da conversão de um neutrão para um protão, com a emissão de um eletrão, o
qual, neste caso, toma a designação de partícula β.
1
0n
→ 11p + β
14
6C,
O fenómeno considerado ocorre com o
o qual tem 6 protões e 8 neutrões. Para o
carbono a estabilidade assenta numa relação neutrões-protões no núcleo igualitária, e neste caso esta
relação é superior à relação estável, como tal sucede o decaimento deste isótopo:
14
6C
14
7N
→
+β
Pode dar-se o caso de a relação neutrões-protões ser inferior à que concede estabilidade ao
núcleo. Se tal se verificar, o núcleo irá transformar-se noutro através da conversão de um protão
num neutrão com a emissão de um positrão (β+)1:
1
p
1
Tal ocorre com o isótopo artificial
→ 10n + β+
11
6C:
11
6C
→
11
5B
+ β+
Para além dos tipos de decaimento por emissão de β e β+ existe também uma forma deste
fenómeno que se caracteriza pela emissão de partículas α2. Este tende a ocorrer em nuclídeos
instáveis, em regra, de massa superior a 200.
0
+1e
1
Um positrão, pode também ser representado por
2
Uma partícula α é idêntica ao núcleo de Hélio e como tal pode ser representada por 42He2+ ou 42He
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Ciclo de Vida Estelar | 3
Um exemplo deste tipo de decaimento encontra-se presente no início da série de decaimento
do 238
92U:
238
92U
→
234
90Th
+ 42He
As diversas variações deste fenómeno acima descritas, emissão de partículas α, β e β+ estão
normalmente associados à libertação de energia, ou na forma de energia cinética do novo núcleo
formado e da partícula emitida no decaimento ou na forma de raios γ.
4.2 Reações Nucleares de Fissão
Uma reação nuclear de fissão é definida pela transformação de um núcleo de maior massa e
de maior número atómico em núcleos mais leves. Estas reações podem dar-se espontaneamente
caso os núcleos sejam de peso muito elevado e podem ser induzidas com o bombardeamento de
neutrões, originando reações em cadeia. Exemplificando, o isótopo 235
do urânio absorve um neutrão:
235
92U
+ 10n →
236
92U
Como resultado forma-se um composto excitado e instável
236
92U
que se irá decompor:
236
92U
→
92
36Kr
1
+ 142
56Ba + 2 0n + Energia
Da reação enunciada formam-se mais neutrões que, por sua vez,
vão permitir a fissão de mais núcleos, começando uma reação em cadeia.
A energia libertada é elevadíssima e maioritariamente sob a forma de
energia térmica.
Figura 1: Esquema da fissão
induzida do Urânio 235.
4.3 Reações Nucleares de Fusão
Por oposição às reações nucleares de fissão, este tipo de reações nucleares consistem na
colisão de dois ou mais núcleos, resultando na formação de novos núcleos.
Esta forma de reações nucleares tende a ocorrer com núcleos mais leves como os de
hidrogénio3. Como exemplo, temos as reações de fusão do hidrogénio em hélio que fornecem
energia às estrelas, como será detalhado mais à frente:
1
1H
3
+ 21H → 32He + Energia Radiante
Os isótopos mais comuns de hidrogénio são 11H, 21H e 31H, designados de prótio, deutério e trítio, respetivamente.
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2
1H
4
+ 31H → 2He + 10n + Energia Radiante
Durante este processo é normal não se verificar uma conservação da massa inicial, tal
explica-se pela transformação de massa dos núcleos iniciais em energia através da equação proposta
por Einstein em 1905:
𝐸 = 𝑚. 𝑐 2
∆𝐸 = ∆𝑚. 𝑐 2
Na equação supra mencionada 𝐸 e ∆𝐸 referem-se à energia e à sua variação, respetivamente.
Enquanto 𝑚 e ∆𝑚 referem-se, respetivamente, à massa e à sua variação. Na equação, 𝑐 simboliza a
velocidade da luz no vácuo. O primeiro laboratório que estudou a fusão
dos núcleos de hidrogénio foi estabelecido em 1932 por Mark Oliphant.
Durante essa mesma década Hans Bethe teorizou o principal mecanismo
de fusão nuclear nas estrelas, o qual será abordado mais à frente. O uso de
reações nucleares de fusão e de fissão foi de extrema importância para fins
militares, com o início do Projeto Manhattan4 em 1940 e a detonação de
Figura
2:
Fusão
do
Deutério e do Trítio a
bombas nucleares como a bomba Little Boy em Hiroshima, a 6 de Agosto
de 1945 e a Fat Man sobre Nagasaki, a 9 de Agosto do mesmo ano.
Formar Hélio e Neutrões.
4
O Projeto Manhattan, do Inglês Manhattan Project era um programa de desenvolvimento de bombas nucleares durante
a Segunda Guerra Mundial.
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5. Estrelas e as Suas Características
5.1 Estrutura
A estrutura de uma estrela pode mudar de acordo
com uma vasto leque de variáveis.
A sua massa, a composição química, o raio, a
pressão no núcleo, a temperatura, as interações com o
meio envolvente são fatores a ter em consideração na
determinação da estrutura de uma estrela.
Por exemplo, estrelas pertencentes a sistemas
binários, ou a um sistema com mais estrelas, onde pode
haver uma interação gravitacional de grandes proporções,
Figura 3: Representação do sol. 1) Núcleo 2)
Zona de radiação 3) Zona de Convecção 4)
podem ter estruturas diferentes como resultado das forças
exercidas.
Fotosfera 5) Cromosfera 6) Coroa 7) Mancha
A existência de zonas de convecção e a composição
Solar 8) Grânulos 9) Proeminência Solar de
química vai também influenciar o campo magnético, como
uma estrutura de uma estrela semelhante.
será abordado mais à frente neste capítulo, podendo mudar
a estrutura do astro.
A velocidade da queima do hidrogénio no núcleo e a quantidade deste no mesmo são
também fatores determinantes, na medida em que irão diminuir a massa do núcleo e,
consequentemente, toda a estrutura como é visível na seguinte equação do equilibrio hidrostático,
uma das várias equações que permitem a definição da estrutura estelar.
𝑑𝑃
𝐺𝑚𝜌
= − 2
𝑑𝑟
𝑟
Na equação enunciada ao haver uma mudança de massa 𝑚 e uma variação da densidade 𝜌
provocada pela queima de hidrogénio, a pressão 𝑃 e o raio 𝑟 vão mudar, fazendo variar diversas
outras equações da estrutura estelar, culminando numa estrutura diferente. 𝐺 representa a constante
de gravitação universal.
Como resultado de todas as variáveis a estrutura de uma estrela é algo bastante mutável.
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5.2 Massa
A massa de uma estrela é normalmente medida em relação à massa do sol5. Esta varia ao
longo da vida do astro.
Pode ainda aumentar, caso haja a acreção de massa originária de uma estrela companheira.
Em 2010 foram descobertas estrelas com 300 M☉ e posteriores investigações concluiram que a
junção de duas estrelas numa só fosse a provável origem destas estrelas supermassivas. Sambaran
Banerjee, astrónoma na University of Bonn na Alemanha afirmou tal ser possível num comunicado
à imprensa em 2012 dizendo “If their initially circular orbit is stretched enough, then the stars
crash into each other as they pass and make a single ultramassive star." 67.
A massa pode ainda diminuir, por exemplo, através da remoção da mesma por consequência
da acção de ventos solares ou pela emissão de energia electromagnética. Em 2010 Paul Crowther,
Professor de Astrofísica na University of Sheffield, envolvido na descoberta das estrelas
supermassivas acima mencionadas, disse “Unlike humans, these stars are born heavy and lose
weight as they age.”89.
5.3 Radiação, Temperatura, Cor, Magnitude, Luminosidade
Como consequência das reações nucleares de fusão que se dão no núcleo, as quais serão
abordadas mais à frente em detalhe, liberta-se energia sob a forma de radiação eletromagnética e
radiação corpuscular.
A energia dos fotões de radiação gama, libertados aquando das reações de fusão supra
mencionadas, à medida que vão atingindo as camadas mais externas da estrela, vai ser convertida
em energia eletromagnética de menores frequências, originando energia na zona do visível, entre
outras10.
5
Usualmente recorre-se à simbologia M☉ para se referir à massa solar.
6
in: https://www.ras.org.uk/news-and-press/219-news-2012/2158-astronomers-crack-mystery-of-the-monster-starsq
7
Tradução livre: “Se a órbita inicial for alongada o suficiente, então as estrelas colidem umas com as outras na sua
movimentação, criando uma estrela supermassiva.”.
8
in: http://www.eso.org/public/news/eso1030/
9
Tradução livre: “Ao contrário dos humanos, estas estrelas nascem pesadas e vão perdendo peso à medida que
envelhecem.”.
10
As estrelas emitem radiações em todo o espetro eletromagnético. Desde radiação no comprimento de onda de rádio
até aos raios gama.
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A cor da estrela é então determinada pela frequência de radiação visível mais intensa.
Naturalmente, a cor depende diretamente da temperatura segundo o deslocamento de Wien:
𝜆𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 × 𝑇 ≈ 2,898 × 10−3
Quanto maior a temperatura, menor será o comprimento de onda máximo e
consequentemente a estrela irá apresentar uma cor mais próxima das tonalidades de azul e violeta.
Em contraste, quanto menor a temperatura maior será o comprimento de onda máximo e o astro irá
exibir cores laranjas e vermelhas. Compreende-se então que as gigantes vermelhas apresentem
temperaturas à superfície na ordem dos 3600 K, enquanto que estrelas de coloração azulada têm
temperaturas à superfície de 50000 K.
A luminosidade traduz-se na quantidade de luz e outras formas de energia radiante que a
estrela emite por unidade de tempo. É determinada pela temperatura à superfície e pelo raio do
astro.
O brilho de uma estrela é expresso sob a forma de magnitude. Esta última tem em
consideração o brilho do astro em função da luminosidade, da distância à Terra e da alteração da luz
quando passa pela atmosfera terrestre. As estrelas mais brilhantes têm magnitudes menores,
podendo assumir valores negativos.
5.4 Composição Química
A composição das estrelas é influenciada pela gama de
elementos químicos presentes na nebulosa que lhes dá origem e
também pela massa das estrelas.
Roald Hoffmann, premiado com o prémio nóbel da Química
em 1981, erradamente afirmou num artigo na American Scientist em
201311, “From a chemist’s point of view, surface or interior of a star
(…) is boring — there are no molecules there.”12. Existem casos em
Figura 4 : Rendering da estrela Mu
que, normalmente na fotosfera, a temperatura é baixa o suficiente
Arae, uma estrela rica em metais
para permitir a formação de algumas moléculas como água.
pertencente à população I.
Hidrogénio molecular pode também ser encontrado na superfície de
algumas anãs brancas.
Relativamente à sua abundância em metais, as estrelas podem-se dividir em três populações:
11
in: http://www.americanscientist.org/issues/pub/2013/4/the-thermodynamic-sinks-of-this-world/5
12
Tradução livre: “Do ponto de vista de um químico, a superfície ou interior de uma estrela (…) é desinteressante – não
há moléculas lá.”.
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
População I: Ricas em elementos metálicos;

População II: Pobres em elementos metálicos;

População III: Desprovidas de elementos metálicos.
Composição Química das Estrelas
1%
7%
Hidrogénio
Hélio
Elementos mais pesados
92%
Gráfico 1 – Composição química aproximada das estrelas.
5.5 Campo Magnético
Os movimentos provocados pelas correntes de convecção
no interior das estrelas geram um campo magnético que se
estende pela totalidade da estrela. A força deste campo é
dependente da composição química do astro. A quantidade de
magnetismo que se faz sentir à superfície da estrela é
responsável pela rotação da mesma.
A atividade magnética à superfície vai causar o
aparecimento de manchas estelares que se caracterizam por Figura 5: Evidência de manchas
regiões de fortes campos magnéticos e baixas temperaturas.
estelares, a negro, no sol.
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5.6 Rotação
A rotação traduz-se no movimento angular de uma estrela em torno do seu eixo. Esta pode
ser determinada recorrendo-se a espectroscopia ou à velocidade de deslocamento das manchas
estelares.
Devido aos movimentos causados pela convecção, nem todos as latitudes estarão submetidas
à mesma velocidade de rotação, diz-se então que as estrelas sofrem rotação diferencial. Em geral,
quanto maior a latitude menor a velocidade angular. Tal acontece em estrelas como o Sol, contudo
já foram observados casos em que oposto se verifica, como na estrela HD 31993.
O campo magnético pode interagir com os ventos estelares, podendo, ao longo do tempo,
diminuir gradualmente a velocidade de rotação da estrela.
5.7 Idade
O tempo de vida de uma estrela depende diretamente da sua massa. Esta grandeza varia
inversamente com a esperança média de vida. Quanto menor a massa do astro, maior será o seu
tempo de vida.
As estrelas com menor massa podem ter uma esperança média de vida até aos 1012 anos. Por
oposição, estrelas com uma massa elevada têm potencial para viver, meramente, até alguns milhões
de anos.
Tal deve-se ao facto de a pressão nos núcleos das estrelas com maior massa ser superior,
resultando numa queima de hidrogénio mais rápida, que torna o núcleo mais instável tal como
explicou Peter B. Stetson, investigador sénior no Dominion Astrophysical Observatory em Victoria,
num artigo da Scientific American publicado a 21 de Outubro de 199913:
“A star 10 times as massive as the sun contains, clearly, 10 times as much fuel. It consumes
that fuel roughly 10,000 times faster than the sun, however. As a result, it has a total lifetime 1,000
times shorter than that of our sun. When the hydrogen fuel in the center of a massive star is
exhausted--'the center' representing about 10 percent of the star's total mass--it becomes
increasingly unstable.”14
O inverso verifica-se nas estrelas de massa menor.
13
in: http://www.scientificamerican.com/article/how-do-scientists-determi/
14
Tradução livre: “Uma estrela 10 vezes mais massiva que o sol contém, claramente, 10 vezes mais combustível.
Contudo, consome esse combustível aproximadamente 10,000 vezes mais rápido que o sol. Como consequência, o
tempo de vida total será 1,000 vezes inferior ao do nosso sol. Quando o centro de uma estrela massiva se torna
esgotado—‘o centro’ representando aproximadamente 10 por cento da massa total da estrela—torna-se cada ve mais
instável.”.
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5.8 Diagrama de Hertzsprung-Russel
Os diagramas de Hertzsprung-Russel15 foram criados por volta de 1910 por Ejnar
Hertzsprung, químico e astrónomo dinamarquês e Henry Norris Russell, astrónomo americano. São
gráficos de distribuição que evidenciam a relação entre a magnitude ou luminosidade da estrela com
a sua classificação espetral ou temperatura.
6. Evolução Estelar e as Reações Nucleares
6.1 Formação da Protoestrela
A formação
da protoestrela dá-se em
nuvens
moleculares16 quando há uma instabilidade gravitacional na
nuvem, normalmente desencadeadas por ondas de choque
consequentes de supernovas na região. Esta instabilidade17,
após a verificação da existência de uma densidade suficiente,
irá culminar num colapso causado pela sua própria força
Figura 6: A conceção de um artista do
nascimento de uma estrela numa nuvem
gravitacional.
À medida que a nuvem vai colapsando a energia
gravitacional vai-se convertndo em energia térmica. Quando
molecular.
esta última for suficiente para garantir um equilíbrio hidrostático forma-se uma protoestrela no
núcleo da nuvem.
Se a massa da protoestrela for menor que 0,8 M☉ a contração gravitacional não será
suficiente para aquecer a protoestrela eficientemente e o resultado último de tal será a formação de
uma anã castanha.
6.2 Estrela da Sequência Principal e a Nucleossíntese Estelar
As estrelas passam a maior parte do seu tempo de vida, aproximadamente 90%, na fase de
estrela da sequência principal do diagrama H-R, queimando hidrogénio para formar hélio através da
15
Comummente denominados diagramas H-R, ou simpesmente HRD, do Inglês Hertzsprung-Russel Diagram.
16
Assim chamadas dado que a maioria do hidrogénio encontra-se na sua forma molecular H2.
17
Designada por instabilidade de Jeans.
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nucleossíntese estelar, libertando energia e contrariando a contração gravitacional. As estrelas deste
ramo dividem-se pela sua massa:

≤ 0,5 M☉;

0,5 a 10 M☉;

≥ 10 M☉.
Estrelas da sequência principal com uma massa igual ou inferior a 0,5 M☉ são anãs
vermelhas que se encontram na parte inferior do ramo V do diagrama H-R em anexo A.
Entre 0,5 a 10 M☉ são as estrelas de dimensões médias localizadas a meio do ramo V no
diagrama em anexo A.
Estrelas com massa superior a 10 M☉ são as de maiores dimensões da sequência principal e
encontram-se no topo do ramo V do anexo A.
Relativamente ao processo dominante de obtenção de energia estas estrelas podem-se dividir
em dois grupos:

Com massa inferior ou igual a 1,5 M☉;

Com massa superior a 1,5 M☉.
Caso a massa da estrela for inferior ou igual a 1,5
M☉ o processo primário de obtenção de energia será a
partir da cadeia protão-protão.
Este processo começa com a fusão de dois protões
a originar o isótopo deutério, com a libertação de um
positrão e um neutrino:
2 11p → 21H + +10e + 𝜈
Posteriormente o deutério irá reagir com um
protão formando o hélio-3, com a libertação de radiação
gama:
2
1H
+ 11p → 32He + 𝛾
Figura 7: A representação esquemática da
Dois núcleos de hélio-3 fundem-se culminando na
cadeia protão-protão.
origem de hélio-4 e dois protões:
3
2He
+ 32He → 42He + 2 11p
Contudo, em estrelas com uma masa superior a 1,5 M☉ o processo dominante de queima de
hidrogénio é o ciclo CNO18. Neste processo os núcleos de carbono, azoto e oxigénio vão atuar como
18
Em estrelas com uma massa superior a 10 M☉ a fusão ocorre principalmente no núcleo.
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catalisadores encontrando-se conservados no final, assegurando então a continuidade do ciclo que
se pode traduzir nas seguintes reações:
12
6C
+ 11H →
13
7N
→
13
6C
+ 11H →
14
7N
+𝛾
14
7N
+ 11H →
15
8O
+𝛾
15
8O
→
15
7N
13
6C
15
7N
+ 11H →
13
7N
+𝛾
+ +10e + 𝜈
+ +10e + 𝜈
12
6C
+ 42He
Após o esgotamento das camadas de hidrogénio
no núcleo, estrelas com massa excedente a 0,5 M☉ irão
entrar na fase de expansão que será descrita no
Figura 8: A representação esquemática do
ciclo CNO.
subcapítulo seguinte.
Quando estes astros da sequência principal têm uma
massa inferior a 0,5 M☉ queimam o hidrogénio a uma velocidade muito menor e como tal podem
permanecer na sequência principal triliões de anos. Dado que a idade do universo é 13,8 biliões de
anos nunca foi observado diretamente o que sucede a uma anã vermelha após o cessar da fusão de
hidogénio, contudo pensa-se que estas acabem por colapsar e formar uma anã branca, sem nunca se
expandir a gigante vermelha.
6.3 Expansão
Quando se esgota as reservas de hidrogénio no núcleo, em estrelas até 2,5 M☉ começa a
haver a queima de hidrogénio nas camadas externas ao núcleo. Devido à rapidez deste processo a
camada externa começa a afastar-se do centro do astro e a estrela começa a expandir-se mais
rapidamente do que consegue produzir energia, levando a uma diminuição da temperatura e
consequente mudança da cor do astro para vermelho, formando-se uma gigante vermelha onde há
fusão nas camadas externas a um núcleo de carbono e oxigénio.
Em estrelas de massa superior o núcleo passa diretamente de fundir hidrogénio para fundir
hélio.
A pressão no núcleo vai aumentando enquanto a estrela se expande para se formar e iniciase a fusão de hélio em carbono pelo processo triplo α. Este processo pode ser descrito pelas
seguintes equações:
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4
2He
+ 42He → 84Be
8
4Be
+ 42He →
12
6C
Após a fusão do hélio em estrelas de massa superior, as supergigantes vermelhas, o núcleo
continuará a contrair-se e a expansão da estrela prosseguirá, verificando-se o início da fusão do
carbono:
12
6C
+ 126C →
24
Mg
12
+𝛾
12
6C
+ 126C →
23
Mg
12
+ 10n
12
6C
+ 126C →
23
11Na
+ 11p
12
6C
+ 126C →
20
10Ne
+𝛼
12
6C
+ 126C →
16
8O
+ 2𝛼
O oxigénio, numa estrela, pode ser formado pela última reação mencionada ou pela primeira
reação do processo alfa19:
12
6C
+ 42He →
16
8O
+𝛾
Após a combustão do carbono dá-se a fusão do oxigénio:
16
8O
+ 168O →
32
16S
+𝛾
16
8O
+ 168O →
31
16S
+ 10n
16
8O
+ 168O →
31
15P
+ 11p
16
8O
+ 168O →
28
14Si
16
8O
+ 168O →
24
Mg
12
+𝛼
+ 2𝛼
Irá então dar-se a fusão do silício:
28
14Si
+ 28
14Si →
56
28Ni
56
28Ni
→
56
27Co
+ −10e + 𝜈
56
27Co
→
56
26Fe
+ −10e + 𝜈
+𝛾
E posteriormente verifica-se:
À medida que cada elemento é gasto dá-se a fusão de elementos cada vez mais pesados, nas
várias camadas da estrela, sendo que nas mais internas são consumidos os metais mais pesados e na
mais externas encontramos os de menor massa.
Note-se que o ferro é o último elemento a ser formado na estrela, na última reação supra
referida. O ferro não é fundido dado que este processo é endotérmico e a sua realização retiraria
energia à estrela, não se revelando benéfico para o astro.
19
O qual não deve ser confundido com o processo triplo alfa.
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6.4 Explosão e a Nucleossíntese Explosiva
Com o aumento de pressão o núcleo do astro continua a comprimir e a radiação emitida por
este aumenta consideravelmente, causando uma pressão de radiação 20 de elevada ordem sobre as
camadas externas gasosas, consequentemente causando o afastamento destas da gigante vermelha.
Tal fenómeno irá conduzir à formação de uma nebulosa de gás21 ionizado devido às
radiações emitidas pelo núcleo da estrela. Estas nebulosas designam-se por nebulosas planetárias.
Se a estrela for uma gigante vermelha e o que tiver
restado da sua massa após a expulsão das camadas externas de
gás for menor que 1,4 M☉, o astro vê-se vítima de uma
contração gravitacional até que se torna numa anã branca. Este
tipo de astro será tratado no subcapítulo seguinte.
Caso se trate de uma superigante vermelha, a fusão irá
continuar até que a massa do núcleo de ferro suplante o limite Figura 9: A impressão de um artista da
de Chandrasekhar22, limite superior para a massa de um objeto supernova 1993J.
composto por matéria de eletrões degenerados, não sendo possível para a estrela a partir deste
suportar a sua massa. O núcleo sofrerá então um colapso repentino causando um choque entre
eletrões e protões libertando neutrões, neutrinos e raios gama:
0
−1e
+ 11p → 10n + 𝜈 + 𝛾
A libertação espontânea de energia vai culminar na explosão da estrela numa supernova tipo
II.
Nas supernovas os processos de nucleossítnese podem ser:

Captura de neutrões:
o Processo-r;
o Processo-s.

Captura de protões:
o Processo-pr
A captura de neutrões traduz-se numa reação nuclear na qual um núcleo atómico colide com
um ou mais neutrões formando um núcleo mais pesado.
20
Que se traduz na pressão exercida sobre qualquer superfície exposta a radiação eletromagnética.
21
Este irá conter os elementos químicos que se encontravam nas camadas da estrela que foram expelidas, como o azoto,
o carbono ou oxigénio.
22
Este limite é atingido a 1,4 M☉.
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O processo-r é a variante desta captura mais rápida, contudo não é responsável pela criação
da maior parte dos elementos.
O processo-s, mais lento é o responsável pela criação da maior parte dos elementos mais
pesados que o ferro. As equações que traduzem as principais fontes de neutrões utilizados para esta
variante de captura de neutrões são:
13
6C
+ 42He →
16
8O
22
10Ne
+ 42He →
25
Mg
12
+ 10n
+ 10n
O processo-s tem duas componentes: a fraca e a principal. A principal recorre aos neutrões
oriundos da primeira reação mencionada, com o
13
6C
e produz elementos desde o Sr e Y até ao Pb.
Por oposição, a vertente fraca usa os neutrões provenientes da reação do
22
10Ne
e produz elementos
do Fe ao Sr e Y.
A captura de protões por via do processo-pr consiste numa captura rápida de protões, sendo
este capaz de originar elementos até ao Te.
Após a supernova, as explosões dispersaram a maior parte da matéria constituinte da estrela,
formando nebulosas e, consoante a massa do astro, pode-se formar uma estrela de neutrões ou um
buraco negro. Ambos estes corpos serão tratados no subcapítulo seguinte.
6.5 Decadência e Colapso
Como referido no subcapítulo anterior, no estádio final de vida de uma gigante vermelha
pode dar-se o caso de esta colapsar e formar uma anã branca.
Estes astros são compostos por um tipo exótico de matéria, num estado em que os eletrões
se encontram degenerados. Estima-se que o leque de massas que uma anã branca possa tomar se
encontra entre 0,17 M☉ e até 1,33 M☉ sendo que a média se encontra em 0,6 M☉.
Após a formação da anã branca, uma das possibilidades é que esta arrefeca continuamente
até atingir o estado de anã negra, estado esse onde o astro já não emite radiação visível ou calor
consideráveis. Como o tempo que teoricamente é necessário para uma anã branca se converter
numa anã negra excede a idade atual do universo, pensa-se que estas ainda não existem atualmente.
Existe a opção de uma anã branca colidir com outra, aproximando-se do limite de
Chandrasekhar, culminando numa supernova de tipo la.
Não existe consenso na comunidade científica em relação à hipótese de uma anã branca se
poder transformar numa estrela de neutrões. Existem autores como Cipriano, A.; Santiago, M.;
Pardal, M.; que consideram tal ser possível. Contudo M. Coleman Miller, professor de astronomia
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Ciclo de Vida Estelar | 16
na University of Maryland, afirma, na sua página da web23, dedicada a estrelas de neutrões, que este
fenómeno é hipotético. Quando discute as possibilidades de formação de uma estrela de neutrões
diz “One other way, maybe, of forming neutron stars is to have a white dwarf accrete enough mass
to push over the Chandrasekhar mass, causing a collapse. This is speculative, though (...)”24.
Na fase última de uma supergigante vermelha esta acaba por explodir numa supernova tipo
II, podendo este fenómeno resultar numa estrela de neutrões, ou num buraco negro, como foi
afirmado no subcapítulo anterior.
Se a massa do que resta após a supernova for inferior à massa do limite de Tolman–
Oppenheimer–Volkoff25, limite superior para a massa de um objeto composto por matéria de
neutrões degenerados, vai-se assistir a uma contração gravitacional que dará origem ao tipo de
estrela mais denso e de dimensões mais reduzidas, uma estrela de neutrões.
As estrelas de neutrões são dotadas de um campo magnético muito intenso e apresentam
uma rotação de grandes velocidades, em 2006 foi descoberta uma estrela de neutrões com uma
velocidade de 716 rotações por segundo.
Uma variante das estrelas de neutrões são as pulsares. Estas distinguem-se pelo facto de,
periodicamente e em intervalos de pequena duração, emitirem um raio de radiação eletromagnética.
Esta só é passível de ser observada se o raio estiver
apontado à Terra, ou ao ponto de observação.
Pode dar-se o caso de, após a supernova tipo II, a
massa do restante ser superior ao limite de Tolman–
Oppenheimer–Volkoff. Se tal se verificar, o produto da
supernova será um buraco negro. Este pode ser definido
como uma região do espaço-tempo onde existe uma
força gravitacional de grande ordem que não possibilita
Figura 10: Vista simulada de um buraco negro.
escape a qualquer partícula ou radiação eletromagnética
que entre no seu campo gravitacional. Na atualidade,
não se conheçe na sua plenitude o que constitui um buraco negro.
A presença destes corpos é deduzida a partir da sua interação com matéria e/ou radiação
eletromagnética. Caso existam astros como estrelas a circundar o buraco negro, a sua órbita pode
ser utilizada para calcular posteriormente a massa do buraco negro.
23
http://www.astro.umd.edu/~miller/nstar.html
24
Tradução livre: “Outra forma de, talvez, formar uma estrela de neutrões é ter uma anã branca a incorporar massa
suficiente para suplantar o limite de Chandrasekhar, causando um colapso. Contudo, esta forma é especulativa.”.
25
Esta massa corresponde a 1,5 M☉ a 3,0 M☉. Traduz-se numa massa da estrela incial de aproximadamente 20 M☉.
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Pensa-se que exista um buraco negro de grande massa no centro da maior parte das galáxias
de grandes dimensões. Estima-se que o buraco negro no centro da nossa galáxia tenha entre
4100000 M☉ e 4500000 M☉.
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7. Conclusão
Ao longo de toda a vida da estrela, desde a fase de protoestrela até ao seu colapso, existem
constantemente diversas reações nucleares a ocorrer.
Na maior parte destes astros, no estádio de estrela da sequência principal estas obtêm
energia principalmente através da cadeia protão-protão, um processo onde se assiste à reação de
fusão de protões, deutério, e hélio-3 para libertar positrões, neutrinos, radiação gama, hélio-4 e
protões. Outro processo é o ciclo CNO que também se baseia na fusão nuclear. Posteriormente há
outros processos de fusão de elementos mais pesados como o carbono o oxigénio e o silício que
contribuem com energia para a estrela se manter. As reações nucleares são então críticas no
fornecimento de energia para as estrelas.
É de notar que a velocidade com que estas reações se dão influencia diretamente o tempo de
vida do astro. Como referido e detalhado anteriormente, quanto maior a massa da estrela esta terá
também mais combustível, contudo, a maior pressão causa um aumento nas velocidades das
reações, culminando num esgotamento mais rápido do combustível e consequentemente numa vida
menor. Em contraste, se a estrela for de menores dimensões verifica-se o inverso, e a estrela viverá
durante mais tempo, podendo algumas estrelas de menor massa viver até aos 1012 anos.
As reações abordadas nesta monografia, na ótica das estrelas, culminam muitas vezes na
formação de novos elementos químicos, onde anteriormente não existiam, explicando o porquê da
abundância relativa de alguns elementos se encontrar a aumentar com tempo. Estes processos são a
base da criação de elementos como o carbono, o silício, o oxigénio e o azoto que possibilitam a
existência de planetas gasosos e telúricos como a Terra, bem como a vida como a conhecemos na
atualidade.
Apesar da existência de matérias mais específicas, como as abordadas no subcapítulo 6.5,
devido à importância científica e divulgação desta temática não se afigura difícil encontrar
informação clara e factual, não tendo havido limitações a este nível na elaboração deste trabalho.
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Ciclo de Vida Estelar | iv
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10. Lista de Gráficos e Figuras
Gráficos
Gráfico 1. Composição química aproximada das estrelas ................................................................ 11
Figuras
Figura 1. Esquema da fissão induzida do Urânio 235 ........................................................................ 6
Figura 2. Fusão do Deutério e do Trítio a Formar Hélio e Neutrões .................................................. 7
Figura 3. Representação do sol. 1) Núcleo 2) Zona de radiação 3) Zona de Convecção 4) Fotosfera
5) Cromosfera 6) Coroa 7) Mancha Solar 8) Grânulos 9) Proeminência Solar de uma estrutura de
uma estrela semelhante ........................................................................................................................ 8
Figura 4. Rendering da estrela Mu Arae, uma estrela rica em metais pertencente à população I .... 10
Figura 5. Evidência de manchas estelares, a negro. .......................................................................... 11
Figura 6. A conceção de um artista do nascimento de uma estrela numa nuvem molecular ............ 13
Figura 7. A representação esquemática da cadeia protão-protão ...................................................... 14
Figura 8. A representação esquemática do ciclo CNO ..................................................................... 15
Figura 9. A impressão de um artista da supernova 1993J................................................................. 17
Figura 10. Vista simulada de um buraco negro ................................................................................ 19
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11. Anexo A (Diagrama de Hertzsprung-Russel)
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