DETERMINAÇÃO SIMULTÂNEA DE URÂNIO E TÓRIO EM ROCHAS FOSFÁTICAS POR ESPECTROFOTOMETRIA Bruno Seixas Bastos, Glória Regina S. Wildhagen e Rosilda M G Lima Instituto de Engenharia Nuclear - IEN minério fosfático, bem como em qualquer etapa do processo de purificação do ácido fosfórico. Agentes mascarantes e complexantes são adicionados para remover a interferência de íons que possam diminuir a seletividade da extração. INTRODUÇÃO A produção mundial de ácido fosfórico vem aumentando nos últimos anos, pela necessidade de atender a demanda gerada com o crescimento populacional do planeta. Este composto fornece o elemento fósforo, que é indispensável à constituição de células animais e vegetais, estando assim intimamente ligado com a vida neste planeta. A matéria-bruta para a produção de fertilizantes contendo fósforo é a rocha fosfática. Todas as rochas fosfáticas existentes no mundo contêm algum teor de elementos radioativos, geralmente em baixos teores. Os principais são urânio e tório. Quando a rocha fosfática contém um elevado teor de urânio, este pode ser recuperado como subproduto durante a produção do ácido fosfórico (H3PO4). As metodologias analíticas utilizadas durante o processo de produção do ácido fosfórico, incluindo a etapa de lixiviação ácida do minério fosfático devem garantir um controle efetivo das concentrações do U e Th. Isolamento do U e Th Numa alíquota contendo até 50 ppm de U e 10 ppm de Th, foram adicionados 30 ml de ácido bórico (0,85M) e ácido nítrico suficiente para obtenção de uma solução final 2M em HNO3, e 2 ml de ácido ascórbico 5%. A solução obtida foi contatada com 5 ml de TOPO (19,3 g de TOPO em 500 ml de ciclohexano), o U e o Th foram extraídos vigorosamente por 1min. Determinação do Urânio Trietanolamina (149g em 500 ml de H2O em ph=8,0 ajustado com HCl, completar a 1L) Solução complexante (50g de EDTA e 5g de NaF em 500 ml de H2O, ajustar com NaOH para pH=8,0, completar a 1L) PAR (pyridilazo resorcinol 0,7% fracamente alcalino) Adicionar a 2 ml de TOPO carregado 2 ml de trietanolamina, 2 ml de complexante e 1 ml da solução fracamente alcalina de PAR. Completar o volume com etanol absoluto para 25 L e ler em 530 nm em espectrofotômetro. OBJETIVO Desenvolvimento de um método rápido e confiável para determinação da concentração de U e Th proveniente do processo de produção de ácido fosfórico a partir de rochas fosfáticas. Determinar a concentração molar do U numa curva de calibração. METODOLOGIA[1] O método se baseia na extração seletiva do urânio e do tório pelo sistema TOPO/CICLOHEXANO em HNO3 2M. O U e o Th podem ser extraídos diretamente da lixívia ácida proveniente da abertura do Determinação do Tório Solução de hidroxilamina 20% p/v (1:3 HCl) Solução de ácido tartárico 10% p/v Ácido Bórico 0,85M Thorin 0,1% 85 Adicionar a 2 ml de TOPO carregado 1 ml de hidroxilamina, 0,5ml de ácido tartárico, 0,5ml de ácido bórico e 2 ml de Thorin. Completar o volume com etanol absoluto para 25 ml e ler em 545nm em espectrofotômetro. flutuação muito grande, +/- 15%, resultados muito acima do padrão de 5% normalmente aceito para essas metodologias. Os experimentos realizados demonstraram claramente que o álcool anidro utilizado deve ter uma percentagem abaixo de 0,5% de água para evitar os erros nas medidas. Os experimentos realizados com etanol anidro da Sigma-Aldrich a variação em torno do padrão de tório utilizado de 0,2 g/l ficaram em torno de 1%. Determinar a concentração molar do Th numa curva de calibração. Estudo dos interferentes[2] Dentre os compostos presentes na lixívia obtida após abertura do minério, aqueles que podem causar interferência devido às suas interações com o sistema extratante são o Fe, Al, P e o F. Ácido ascórbico é adicionado na etapa de isolamento do U e Th para formar um complexo de alta estabilidade com o Fe que nesta forma complexada não é extraído pelo Análises por topo/ciclohexano. fluorescência de raios-x demonstraram que o Al, Zr, Y e outros elementos que estão presentes na ordem de ng não são coextraídos. O Finterfere com a determinação do tório mesmo a nível de traços, por formar complexos estáveis com o tório impedindo a formação do composto com o cromóforo, ácido bórico é adicionado na etapa de determinação do tório para formar ácido fluorbórico e deixar o tório livre para formar complexo com o Thorin. Estudos da interferência do Fe, P e F na determinação do U e Th foram realizados por adição de concentrações conhecidas destes elementos dentro de uma faixa de concentrações que foi escolhida em função da variação destes elementos no próprio minério. Várias soluções foram preparadas mantendo o U = 1,5 g/l e o Th= 0,2 g/l. 3+ 3- - Fe g/l 5 PO4 g/l 50 F g/l 2 10 100 15 + 4+ UO2 g/l 1,483 Th g/l 0,198 4 1,484 0,201 150 6 1,492 0,188 20 200 8 1,484 0,192 25 250 10 1,488 0,210 CONCLUSÕES A metodologia mostrou ser excelente para análises quantitativas rápidas e confiáveis na determinação do urânio e do tório. A utilização de álcool anidro > 99,5% na determinação do tório e do urânio eleva consideravelmente o custo da análise, entretanto se comparado à metodologias instrumentais para faixas de concentrações muito baixas, como ICP que utiliza argônio, como gás de arraste, compensa largamente. O tempo de obtenção dos resultados também é outra vantagem para esta técnica analítica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Pollock, E. N., The spectrophotometric Determination of Uranium, Analytica Chimica Acta, v.88, p. 399- 401, 1977. [2] Suresh, A.;Patre, Dinesh K.; Srinivasan, T. G.; Rao, P. R. Vasudeva, Spectrochimica Acta Part A: Molecular and Biomolecular Spectroscopy, 58, p. 341, Jan 2002. RESULTADOS A tabela a seguir mostra as concentrações estudadas para o Fe, P e F no estudo da interferência e os resultados obtidos para o U e o Th. Os resultados obtidos indicam uma variação em torno de +/-1% para o urânio. Os resultados para o tório indicaram uma APOIO FINANCEIRO AO PROJETO CNPq 86