Diário Oficial 96 (SUPLEMENTO) não se chamam fisseis mas férteis: a "fertilidade" resulta do fato de estes nuclídeos poderem absorver os nêutrons lentos dando lugar à formação, respectivamente, do plutônio 239 e do urânio 233, que são fisseis. Nos reatores nucleares térmicos (que empregam nêutrons com velocidade reduzida), em que a energia dos nêutrons secundários liberados pela fissão é muito mais alta (da ordem de . milhões eV), esses nêutrons devem ter a sua velocidade diminuída a fim depermitir que a reação em cadeia ocorra. Isto consegue-se através de moderadores, ou seja, de produtos a base de elementos de baixa massa atômica (tais como água natural, água pesada, certos hidrocarbonetos, a grafita, o berílio, etc.) que, embora absorvendo por uma sucessão de colisões parte da energia dos nêutrons, não absorvem os próprios nêutrons, ou absorvemnos em quantidade desprezível. Para que a reação - em cadeia tenha início e se mantenha, é necessário que o número médio de nêutrons secundários liberados pela fissão seja superior ao número de nêutrons perdidos quer por captura, quer por evasão não aproveitável na fissão. Os elementos químicos fisseis (cindívcis*) ou férteis são os seguintes: 1) O urânio natural. O urânio natural é constituído por uma mistura de três isótopos: o urânio 238, que constitui 99,28% da massa total, o urânio 235, que representa 0,7 1% e o urânio 234, que existe apenas na insignificante proporção de 0,006%. Em conseqüência, pode ser considerado simultaneamente elemento fissil (cindivel*) (devido ao teor em U 235) e como elemento fértil (devido ao teor em U 238). Fim da página 330 Seção VI VI- 28.44 Este metal extrai-se principalmente da pechblenda, uraninita, autonita, brannerita, carnotita ou da calcolita (torbemita). Também se obtém a partir de algumas fontes secundárias, especialmente aos resíduos da fabricação dos superfosfatos ou dos resíduos das minas de ouro. Obtêm-se, em geral, por redução do tetrafluoreto por meio do cálcio ou do magnésio, ou ainda por eletrólise. O urânid é um elemento fracamente radioativo, muito pesado (densiaade 19) e duro. Quando polida, a sua superficie é cinzento-prateada, tomando-se baça em contato com o oxigênio do ar, com o qual o urânio forma óxidos. Em pó, este metal oxida-se e inflama rapidamente em contato com o ar. Habitualmente é comercializado em lingotes, suscetíveis de serem polidos, limados, laminados, etc., de forma a obter barras, tubos, folhas, fios, etc. 2) O tório. Como a tonta e a orangita, embora muito ricas em tório, sejam raras, o tório é principalmente extraído da monazita, que também é fonte de metais de terras-raras. Quando impuro, este metal apresenta-se sob a forma de um pó cinzento muito pirofórico. Obtém-se por eletrólise dos fluoretos ou por redução dos fluoretos, cloretos ou dos óxidos. O metal assim obtido é purificado e sinterizado numa atmosfera inerte e transformado em pesados lingotes (densidade 11,5), duros (embora menos que o urânio), de cor cinzento-aço, que se oxidam rapidamente em contacto com o ar. Por laminagem, extrusão ou estiramento destes lingotes, obtêm-se chapas, barras, tubos, fios, etc. O elemento tório é constituído, essencialmente, pelo isótopo tório 232. O tório e algumas das suas ligas, utilizam-se, principalmente, como matenias férteis em reatores nucleares. Contudo, as ligas de tório-magnésio e de tório-tungstênio empregam-se na indústria aeronáutica ou na fabricação de material termoiônico. As obras e respectivas partes de tónio das Seções XVI a XIX estão excluídas desta posição. 3) O plutônio. O plutônio utilizado industrialmente obtém-se por irradiação do urânio 238 em reator nuclear. É muito pesado (densidade 19,8), radioativo e altamente tóxico. Assemelha-se ao urânio na aparência e na propensão a oxidar-se. Apresenta-se nas mesmas formas do urânio enriquecido e a sua manipulação requer as maiores precauções. Entre os seus isótopos fisseis, podem citar-se: 1) O urânio 233, que se obtém em reatores nucleares a partir do tório 232, o qual se transforma sucessivamente em tório 233, em protactínio 233 e, por fim, em urânio 233. 2) O urânio 235, contido no urânio natural na proporção de 0,71%, e que é o único isótopo fissil (cindível*) que existe em estado natural. Após transformação do urânio natural em hexafluoreto, obtém-se, por separação isotópica efetuada quer por processo eletromagnético, quer por centrifugação, quer ainda por difusão gasosa, o urânio enriquecido em U 235, de um lado, e o urânio empobrecido em U 235 (enriquecido em U 238), de outro lado. 3) O plutônio 239, que se obtém em reatores nucleares a partir do urânio 238, que se transforma sucessivamente em urânio 239, netúnio 239 e por fim em plutônio 239. Podem ainda ser referidos alguns isótopos de elementos transplutônicos, tais como o califómio 252, o amerfcio 241, o cúrio 242 e o cúrio 244, que podem entrar em fissão (espontânea ou não) e que se podem empregar como fontes de nêutrons intensas. Entre os isótopos férteis podem citar-se, além do tório 232, o urânio empobrecido (ou seja, empobrecido em U 235 e, em conseqüencia, enriquecido em U 238) Trata-se de um subproduto do enriquecimento do urânio em 1.1235. Devido ao seu preço muito menos elevado e às quantidades disponíveis, substitui o urânio natural, especialmente como -matéria fértil, como tela (écran) contra as radiações, como metal pesado para a fabricação de volantes (motores) ou na preparação de composições absorventes (gdllers) empregados na purificação de alguns gases. NOVEMBRO 98 Misturado com nitrato de cério, utiliza-se para impregnar camisas de incandescência; 20) O sulfato de tório (em pó cristalino solúvel em água fria), o hidrogenossulfato de tório e sulfatos duplos alcalinos; 3° O cloreto de tório (ThCl4), anidro ou hidratado, e o oxicloreto; 4°) O nitreto e o carboneto de tório, utilizados como produtos refratários, como abrasivos ou como matéria fértil em reatores nucleares. e) os compostos orgânicos. Os mais conhecidos são o formiato, acetato, tartarato e o benzoato de tório, que são utilizados em medicina. C.) Ligas, dispersões (incluídos os ceramais (cerinets)), produtos cerâmicos, misturas e resíduos compreendendo os elementos ou isótopos físseis (cindíveis*), férteis e respecitivos compostos inorgânicos ou orgânicos. Os produtos mais importantes que se incluem neste grupo são. 1) as ligas de urânio ou de plutônio com o alumínio, cromo, zircônio, molibdênio, titânio, nióbio, o vanádio, as ligas de urânio-plutônio, ferro-urânio; 2) as dispersões de dióxido de urânio (UO2) ou de carboneto de urânio (UC), mesmo em mistura com o dióxido ou com o carboneto de tório, cm grafita ou em polietileno; 3) os ceramais (cermeis), constituídos por dióxido de urânio (UO2), dióxido de plutônio (PuO 2), carboneto de urânio (UC) ou de carboneto de plutônio (PuC) (ou por misturas destes compostos com dióxido ou carboneto de tório) juntamente com diversas metais, especialmente o aço inoxidável. Fim da página 332 Seção VI Fim da página 331 Seção VI VI- 28.44 As obras e respectivas partes de urânio empobrecido em U 235 das Seções XVI a XIX estão excluídas desta posição. B) Compostos de elementos químicos e isótopos, ffsseis (cindíveis*) ou férteis. Incluem-se nesta posição, especialmente, os compostos seguintes: 1) de urânio: a) os óxidos: UO2, U308 e UO3 b) os fluoretos: UF4 e UF6 (este último sublima a 56°C) e) os carbonetos: UC e UC2. d) os uranatos: Na2U507 e (NH4)2 1.1207 e) o nitrato de uranila: UO2(NO3)2. 6 H20 1) o sulfato de uranila: UO2SO4. 3 H20 2) de plutônio: a) o tetrafluoreto PuF4 b) o dióxido PuO2 c) o nitrato PuO2(NO3)2 d) os carbonetos: PuC e Pu2C3 e) o nitreto PuN. Os compostos de urânio ou de plutônio utilizam-se essencialmente na indústria nuclear, quer como produtos intermediários, quer como produtos acabados. O hexafluoreto de urânio, acondicionado em cilindros, é um produto bastante tóxico, que deve manipular-se com precaução. 3) do tôrlo: a) o óxido e o hidróxido: o óxido de tório (1102) (tória) é um pó amarelo-esbranquiçado, insolúvel em água. O hidróxido (Th(OH)4) é a tória hidratada. Ambos são obtidos a partir da monazita. São utilizados na fabricação de camisas de incandescência, como produtos refratários ou como catalisadores (síntese da acetona). O óxido é utilizado como matéria fértil em reatores nucleares; b) os sais inorgânicos: estes sais são geralmente brancos. Os mais importantes são: 1°) O nitrato de tónio, que se apresenta em cristais mais ou menos, hidratados ou em pó (nitrato calcinado). Emprega-se na preparação de cores luminescentes. VI- 28.44/46 Estes produtos, em barras, chapas, esferas, fios, pó, etc., empregamse quer para fabricar elementos combustíveis, quer, em alguns casos, diretamente nos reatores. As barras, chapas e esferas, contidas em invólucros e providas de dispositivos especiais para manipulação, classificam-se na posiçio 84.01. 4) Os elementos combustíveis (cartuchos) usados (irradiados), ou seja, aqueles que, depois de um uso mais ou menos prolongado, devam ser substituIdos, especialmente em razão da acumulação de produtos de fissão que impedem a reação em cadeia, ou da deterioração do invólucro. Após armazenagem suficientemente longa em águas muito profundas, para arrefecê-los e reduzir a sua radioatividade, estes elementos combustíveis são transportados em recipientes de chumbo, para instalações especializadas equipadas para a recuperação do material fissil residual, do material físsil derivado da transformação de elementos férteis, que estão geralmente contidos nos elementos combustíveis, e ainda dos produtos da fissão. 28.45 - ISÓTOPOS NÃO INCLUÍDQS NA POSIÇÃO 28.44; SEUS COMPOSTOS, INORGÂNICOS OU ORGÂNICOS, DE CONSTITUIÇÃO QUÍMICA DEFINIDA OU NÃO. 2845.10 - Água pesada (óxido de deutério) 2845.90 - Outros Para definição do termo "isótopos", ver o grupo 1 da Nota Explicativa da posição 28.44. Incluem-se nesta posição os isótopos estáveis, ou seja, que não apresentem o fenômeno da radioatividade, e seus compostos inorgânicos ou orgânicos, de constituição química definida ou não. Entre os isótopos e seus compostos, compreendidos nesta posição, podem citar-se: 1) o hidrogenio pesado ou deutério separado do hidrogênio norraal, onde se encontra na'proporção de cerca de 116.500; 2) a água pesada, que é o óxido de deutério. Encontra-se na água comum, na proporção de cerca de 116.500. Obtém-se, geralmente, como subproduto da eletrólise da água. A água pesada é utilizada como fonte de deutério e empregada, em reatores nucleares, para reduzir a velocidade dos nêutrons que realizam a fissão dos átomos de urânio; 3) outros compostos procedentes do deutério, tais como o acetileno pesado, o metano pesado, os ácidos acéticos pesados e a parafina pesada;