Universidade Federal da Bahia Escola de Medicina Veterinária Curso teórico de urgência e emergências na clínica de cães e gatos Salvador, 13 a 16 de junho/2008 Princípios Gerais de Prevenção e Tratamento das Intoxicações Maria José Moreira Batatinha Profa Adjunta Departamento de Patologia e Clínicas Intoxicações em cães e gatos Condutas de urgências Instituição de terapia de emergência (Sobrevivência do animal) Determinação do Diagnóstico clínico Emprego de medicamentos (antídotos?) e recursos necessários Determinação da fonte de exposição ao agente tóxico Intoxicações em cães e gatos Instruções preliminares ao proprietário Trata-se mesmo de um caso de intoxicação? Perguntas importantes: ? O animal foi visto em contato com o agente tóxico ? Qual a via de exposição? Quais os sintomas apresentados e qual tempo de surgimento? Outros animais apresentam o mesmo quadro? Instruções preliminares ao proprietário Quais os sintomas apresentados e qual tempo de surgimento? Rodenticidas anticoagulantes Coagulopatias 2-5 dias após ingestão Hematomas subcutâneos, epistaxe, hemorragia gengival, hematemese Hemorragias em órgãos internos, hematúria, sangue incoagulável Anemia aguda, cianose, taquipnéia, taquicardia, choque hemorrágico. Intoxicações em cães e gatos Instruções preliminares ao proprietário • Esposição tópica Lavagem da pele X Intoxicações em cães e gatos Instruções preliminares ao proprietário • Esposição tópica Lavagem da pele X X Intoxicações em cães e gatos Instruções preliminares ao proprietário • Esposição tópica Lavagem da pele Atenção Uso de equipamentos de segurança Intoxicações em cães e gatos Instruções preliminares ao proprietário • Esposição tópica Secagem do pelo após Lavagem Se necessário: corte ou tosa Intoxicações em cães e gatos Instruções preliminares ao proprietário • Esposição oral X Indicar indução de vômito ? X Administrar medicamento por via oral ? Procurar atendimento médico veterinário o mais rápido possível !!!!!!!!!!!! Intoxicações em cães e gatos Medidas preliminares de urgência Manutenção das funçõs vitas Medidas terapêuticas subseqüentes Terapia de emergência Manutenção das funções vitais do paciente intoxicado - Oxigenoterapia (choque anafilático-soroterapia antiveneno) Terapia de emergência Manutenção das funções vitais do paciente intoxicado Choque: - Hipovolêmico: hemorragia, hemoconcentração - Vasculogênico: neurogênico, anafilático - Cardiogênico - Por obstáculos circulatórios Manutenção das funções vitais do paciente intoxicado Estabilização da volemia Expansores de volemia: - sangue total - Plasma - ringer lactato® Corticóides: - Hidrocortisona (Solu-cortef®), 50mg/kg, vasculogênico - Succinato sódico de metilprednisolona (Solu-medrol®), 15 a 30mg/kd - Adrenalina: uso limitado. Vasculogênico/cardiogênico como tratamento inicial Manutenção das funções vitais do paciente intoxicado Funções cardíacas: arritmias cardíacas parada cardíaca - Antiarritmicos: propanolol Funções respiratórias: taquipnéias, bradipnéia dispnéia, parada respiratória Manutenção das funções vitais do paciente intoxicado - Brocodilatadores: 1)Aminofilina: cão - 10~11mg/kg,VO, IM ou IV 8/8h gatos - 5 a 6mg/kg, VO 8/8 ou 12/12h 4 mg/kg, IM 12/12h 2) Estimulantes respiratórios – doxapran (Viviram®) 5 a 10 mg/kg, IV, 15 a 20 min após-repetição/neonatos 1 a 5mg (cão), 1 a 2mg (gato), subling. Manutenção das funções vitais do paciente intoxicado Funções neurológicas: depressão (coma) excitabilidade (convulsões) Maior frequência Excitabilidade tremores musculares convulsões - Diazepínicos – diazepan(Valium®) 0,5mg/kg (5 a 20 mg) IV, 5mg em gatos, IV ou 1,0 mg/kg, via retal ( no máximo três doses, a cada 5 a 10 min) Funções neurológicas - Barbitúricos: Tiopental (Thiopental® cristália 2,5% Cuidados com a função renal e hepática Funções neurológicas - Fenobarbital - Gardenal® - Cão: 3 a 30mg/kg, IV – estado epilético 2 a 6mg/kg, IV, 6/6h - Gatos: 6mg/kg, IV,IM – estado epilético 2 a 5mg/kg IV, 12/12h Intoxicações em cães e gatos Atendimento de emergência das intoxicações Equipamentos e materiais necessários + Materiais de contenção e outros Intoxicações em cães e gatos Avaliação inicial do paciente intoxicado Máximo de informações referentes ao animal e circunstâncias envolvidas Exame físico: odores hálitos Acidente crotalico úlceras na cavidade oral débito urinário/ cor da urina cor e aspecto das fezes material fixo no pelo parâmetros vitais Mioglobinúria Intoxicações em cães e gatos Após avaliação inicial do paciente intoxicado Estabilização clínica Definição do diagnóstico Envio de amostras biológicas para análises toxicológicas segundo a suspeita clínica Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional doagente tóxico Exposição cutânea Banho Considerar : Proteção do executor Proteção do paciente olhos focinho cavidade bucal Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional doagente tóxico Exposição ocular Lavagem imediata do olho - mínimo 20 a 30 minutos - posição do paciente (lateral) Avaliação oftálmica Utilização de colírio anestésico Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional doagente tóxico Exposição inalatória Retirada do paciente dolocal de risco Manutenção do paciente em local arejado Suporte respiratório Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional doagente tóxico Exposição gastrintestinal Considerar: Ingestão recente (até 1 hora) Ingestão após 1 hora Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional doagente tóxico Exposição gastrintestinal - Indução de êmese - Lavagem gástrica - Transformação do agente tóxico em forma não absorvível - Uso de catárticos - Eliminação direta do agente tóxico Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional doagente tóxico Exposição gastrintestinal -Indução de êmese Considerar Agente tóxico ingerido Tempo decorrido após ingestão Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional do agente tóxico Exposição gastrintestinal Eméticos de uso em Medicina veterinária - Apomorfina Cães: via SB. : 0,08 mg/Kg via IM : 0,04 a 0,08 mg/Kg (vômito em 5 min) via IV : 0,03 a 0,04 mg/Kg (vômito imediato) Instilação no saco conjuntival: (0,25 mk/Kg diluido em gotas de água) - Pode causar depressão respiratória : não indicado para animais com depresssão profunda Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional do agente tóxico Exposição gastrintestinal Eméticos de uso em Medicina veterinária - Xilazina (Rompun®, Kensol®, Virbaxil®) gatos : 0,44 mg/Kg via IM Efeitos colaterais bradicardia sedação depessão respiratória Ioimbina (0,1 mg/Kg iv) Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional do agente tóxico Exposição gastrintestinal Eméticos de uso em Medicina veterinária - Xarope de ipeca a 2% cães: 1 a 2,5 mL/Kg gatos: 3,3 mL/Kg vômito em 10 a 30 minutos A administração com carvão ativado pode a êmese Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional do agente tóxico Exposição gastrintestinal Eméticos de uso em Medicina veterinária - Cloreto de sódio (NaCl) solução morna saturada ou pequena porção de sal na faringe - não apresenta boa eficácia em pequenos animais e pode causar intoxicação: (fraqueza, vômito, convulsão, taquicardia) Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional do agente tóxico Exposição gastrintestinal Contra indicações da êmese Ingestão do Agente tóxico há mais de 1 hora Ingestão de: - substâncias cáusticas - destilados de petróleo - substâncias voláteis risco de aspiração - agentes anticonvulsivantes - depressores do SNC - agente tóxico de origem desconhecida Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional do agente tóxico Exposição gastrintestinal Lavagem gastrica Vantagens: - Diluição de substâncias cáusticas ingeridas - Mais rápida remoção do conteúdo e não expondo novamente a mucosa ao AT - Permite a administração do carvão ativa Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional do agente tóxico Exposição gastrintestinal Lavagem gastrica Técnica: (Não esquecer a sonda endotraqueal) • Sonda gástrica de grande calibre • Grande volume de água/solução • > freqüência: 5~10ml/kg, 10~15 vezes ou mais. “com carvão ativado - ↑ eficiência” Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional doagente tóxico Exposição gastrintestinal Lavagem gástrica Desvantagens: - Necessidade de anestesia geral - Intubação endotraqueal - Risco de traumatismo esofagico - Ineficácia para remoção de grandes volumes, especialmente partículas sólidas Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional do agente tóxico Exposição gastrintestinal Transformação de um precipitado em complexo insolúvel (vo.) - Agentes quelantes D- penicilamina (cuprine®) Ácido dimercoptosuccínico (DMSA) Intoxicações por chumbo zinco cadmio mercúrio inorgânico Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional doagente tóxico Exposição gastrintestinal Transformação de um precipitado em complexo insolúvel (vo.) - ions calcio (formação de oxalato de calcio) - Sulfato de magnésio - Sulfato de sódio intoxicação por chumbo - Ionizacão - Adsorção (carvão ativado, caolim, pectina) Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional doagente tóxico Exposição gastrintestinal Transformação de um precipitado em complexo insolúvel (vo.) Carvão ativado: Uso com lavagem gástrica e catárticos - Técnica: • Pasta com água, 1g/5~10ml de água, 1~5 g/kg • 3~4 vezes/dia, 2~3 dias • Via tubo estomacal ou seringa grande “ Catárticos podem ser administrados 5 min. após” Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional doagente tóxico Exposição gastrintestinal Uso de catárticos osmóticos sorbito sulfato sódio (1 g/Kg vo) magnésio Catárticos oleosos Intoxicações em cães e gatos Medidas para retardar ou impedir a absorção adicional doagente tóxico Exposição gastrintestinal Indicação do uso de catárticos - Ingestão de AT de alta toxicidade com absorção intestinal - Uso de carvão ativado for necessários por alguns dias Intoxicações em cães e gatos Eliminação direta do AT Exposição gastrintestinal - Enema - Eliminação direta gastrotomia enterotomia Intoxicações em cães e gatos Medidas para inativar o agente tóxico absorvido Antídotos Procedimentos para o controle dos efeitos tóxicos - Antagonismo competitivo (ex.: atropina - organofosforados e carbamatos) - Medicamentos que interferem na via metabólica utilizada pelo AT (acetato (substrato alternativo p/ bloqueio da via metabólica) – intoxicação por fluoroacetato) Eliminação de a gentes tóxicos absorvidos Uso de diuréticos Modificação do pH da urina Integridade da função renal Atenção Estado de hidratação do animal Eliminação de a gentes tóxicos absorvidos - Uso de diuréticos: Pequenos animais: - Manitol (0,25 a 0,5 mg/Kg IV durante 30 minutos) - Furosemida (Lasix®) (bolus (0,5 a 4 mg/Kg) (infusão contínua (0,1/mg/Kg/hora) Eliminação de a gentes tóxicos absorvidos - Uso de diuréticos: Pequenos animais: Importância da monitorização do paciente Riscos hipervolemia ou hiprhidratação desidratação desequilíbrio eletrolítico hipotensão alteraçãoda osmolaridade plasmática Eliminação de xenobióticos Modificação do pH da urina ( da excreção urinária) Epitélio tubular: “ permeável apenas a moléculas lipossolúveis” pH da urina Grau de ionização - pK do fármaco - pH do meio (urina) Eliminação de agentes tóxicos absorvidos - Modificação do pH urinário Alcalinização: - Bicarbonato de sódio (1-2 mEq/Kg IV a cada 3 a 4 horas) - Solução de ringer lactato 120 mL/Kg IV - Lactato de sódio IV Eliminação de Tóxicos absorvidos - Modificação do pH urinário Acidificação - Cloreto de amônio - Cães (VO, 100 a 200mg/kg 4 vezes/dia) - Gatos (20mg/kg a cada 12 horas) - Ácido ascórbico (Vit. C) Eliminação de a gentes tóxicos absorvidos Técnicas de diálise e hemoperfusão Indicações da hemodiálise e hemoperfusão: - AT de baixo peso molecular - AT hidrossolúvel - Baixa ligação às proteínas Vantagens/desvantagens Medidas de suporte - Hipertermia - Hipotermia - Convulsões - Insuficiência respratória - Hipotensão - Rabdomiólise - Hiperatividade Exames complementares para avaliação do aanimal intoxicado - Hemograma - Dosagem sérica eletrólitos uréia e creatinina glicose enzimas hepáticas - Eletrocardiograma - Exame de urina - Provas de coagulação - Exame radiogáfico [email protected] [email protected]