CONVERSOR CC-CC ABAIXOR DE TENSÃO COM AUXÍLIO À COMUTAÇÃO Padilha, Marina1; Jung, Felipe1; Dequigiovani, Tiago 2 1,2 Instituto Federal Catarinense, Luzerna/SC INTRODUÇÃO Os conversores CC-CC fazem parte da família dos conversores estáticos de energia, largamente utilizados para controle do fluxo de potência de uma fonte CC ou CA para a carga. A ciência dedicada ao estudo destes conversores é a eletrônica de potência, pesquisando métodos e desenvolvendo dispositivos para tornar estes equipamentos mais eficientes. Nos conversores, geralmente se utiliza técnica de modulação por largura de pulso (PWM), para fazer o controle de potência entre fonte e carga, onde os semicondutores são comutados em alta frequência, situação onde níveis adicionais de tensão e corrente surgem devido às não idealidades destes semicondutores e até mesmo do circuito. Com o objetivo de minimizar, ou até mesmo anular estes efeitos, circuitos auxiliares tem sido adicionados de modo a absorver ou regenerar a energia dissipada nos semicondutores, reduzindo os esforços sobre os mesmos, e, em alguns casos, proporcionando aumento no rendimento do conversor. Neste trabalho é abordada a aplicação de circuitos auxiliares dissipativos ao conversor CC-CC, denominados circuitos snubber. São analisados os efeitos através da implementação e observação das principais formas de onda sobre os semicondutores. MATERIAIS E MÉTODOS Os experimentos foram realizados no laboratório de eletrônica do IFC-Luzerna durante os meses de junho a agosto, sendo utilizado o osciloscópio e ponteiras de medição diferencial. Primeiramente, foram obtidos dados referentes ao conversor operando sem auxílio à comutação, sendo o conversor projetado conforme especificações definidas no início do projeto. Em seguida, neste mesmo circuito, foram adicionadas três topologias de circuito snubber, sendo um para amortecimento de oscilações, outro para controle de derivadas e o 1 Curso de Bacharelado em Engenharia de Controle e Automação Mestre em Engenharia Elétrica pela UTFPR Trabalho financ iado com apoio do IFC. 2 último para grampeamento de tensões. Foram obtidas diferentes formas de onda, sendo comparadas com conversor sem auxílio à comutação. RESULTADOS E DISCUSSÕES A Figura 1 ilustra o conversor utilizado para o estudo, sendo indicadas as principais especificações do circuito. A tensão de saída pode ser regulada de acordo com a razão cíclica do sinal de PWM conectado no terminal de Gate (G) da chave. Contudo, para este projeto, a tensão de saída (Vo) foi mantida fixada em 5V. A Figura 2 ilustra as topologias de circuito snubber adicionados ao conversor. O circuito ilustrado em (a) é utilizado para amortecimento de oscilações; o ilustrado em (b) é utilizado para controle de derivadas ou grampeamento de tensões e o ilustrado em (c) é exclusivo para grampeamento de tensão. As letras indicam em que pontos os terminais do snubber são conectados ao circuito. Figura 1 - Conversor CC-CC tipo Buck com especificações indicadas Fonte: Próprio autor, 2014. Figura 2: Topologias do circuito snubber (a) amortecimento de oscilações; (b)controle de derivadas e (c) grampeamento de tensão Fonte: Próprio autor, 2014. A partir da forma de onda obtida experimentalmente, é possível determinar os parâmetros para o circuito snubber para controle de oscilações. Havanur (2007) define as seguintes expressões: √ (1) (2) 2 √ (3) (4) Onde é o período da ressonância, que é a oscilação causada predominantemente pela capacitância de saída do capacitor, definida por circuito na equação, e pela indutância do , que é a variável a ser determinada pela equação (2). Para que a ressonância seja amortecida, a resistência do circuito auxiliar deve ser igual à impedância característica da ressonância, conforme especifica a equação (3). Por fim, o capacitor é obtido a partir da constante de tempo do circuito snubber, devendo esta ser três vezes o período de ressonância, conforme equação (4). Para o snubber para controle de derivadas, o capacitor deve limitar a taxa de crescimento da tensão, e Todd (1993) define as seguintes equações: (5) (6) Onde e são os parâmetros do circuito snubber, é a corrente de dreno, é o pico de tensão que ocorre no transistor no momento em que é bloqueado, que o transistor passa do estado ligado para bloqueado e é tempo é tempo de condução do transitor. O resistor é calculado para garantir que o capacitor descarregue a cada ciclo, permitindo o funcionamento do circuito snubber a cada ciclo de chaveamento. Para isso, a constante de tempo do circuito snubber, sugere Todd (1993), deve ser em torno de 10 vezes menor o período de condução da chave ( ). Todd (1993) também define que o snubber para grampeamento de tensões tem constante de tempo superior ao período de chaveamento do transistor, ao contrário do snubber para controle de derivadas. Desta forma, o capacitor já estará carregado e conectado a um potencial positivo no circuito, sendo que a cada ciclo, o capacitor deve absorver a energia armazenada na indutância parasita. As equações para projeto são: (7) (8) O é a indutância parasita do circuito, é a corrente de pico desta indutância, a variação de tensão do capacitor e é é a tensão inicial do capacitor. Os parâmetros calculados para cada topologia estão apresentados na Tabela 1. As formas de onda da tensão VDS do transistor, obtidas experimentalmente com auxílio do osciloscópio, podem ser observadas na 3 Figura 3. Percebe-se que para cada topologia, a forma de onda da tensão na chave muda. Na operação sem auxílio à comutação, além do alto pico de tensão, existe ressonância elevada, como pode ser observado na Figura 3(a). Tabela 1 - Parâmetros para cada topologia de snubber Topologia Parâmetros C R Amortecimento de Oscilações 4,7nF 80Ω Controle de Derivadas 20nF 33Ω Grampeamento de Tensão 780nF 180Ω Fonte: Próprio Autor, 2014. Figura 3 - Tensão entre Dreno e Source (a) sem auxilio à comutação, (b) com snubber para amortecimento de oscilações, (c) para controle de derivadas e (d) para grampeamento de tensão z (a) (b) (c) (d) Fonte: Próprio autor, 2014. O resultado com o snubber com amortecimento de oscilação, exposto na Figura 3(b), apesar de apresentar pico de tensão menor, a melhoria mais significativa é quanto à ressonância amortecida, poupando o transistor das oscilações de tensão e corrente na chave, presentes no período em que o semicondutor está bloqueado e idealmente não deveriam existir. Com o snubber para controle de derivadas, ilustrado na Figura 3(c), a tensão apresenta pico menor em relação ao anterior e, além disso, não apresenta oscilação, devido ao seu efeito de limitação de carga/descarga das reatâncias parasitas. O último snubber testado (Figura 3(d)) apresenta pico de tensão inferior aos demais, uma vez que seu objetivo de projeto é 4 bloquear picos de tensão elevada. Observa-se, entretanto, que a ressonância está presente, com amplitude menor em relação ao conversor operando sem auxílio à comutação. CONCLUSÕES Circuitos snubber dissipativos possuem topologia relativamente simples, tendo como vantagem o custo e o volume baixos, sendo facilmente aplicados sem grande complexidade de projeto em conversores de potência. Apesar da simplicidade, proporcionam ao conversor melhoria em relação aos picos de tensão e ressonâncias, causadas devido às não idealidades do circuito e do transistor. A escolha de qual será implementado deve considerar o objetivo principal, entre diminuir picos de tensão que causariam ruptura do mesmo, ou evitar ressonâncias, desperdiçando potência no transistor. Na sequência deste projeto, além do estudo de métodos mais precisos para projetos de circuitos snubber para o conversor Buck, deseja-se ampliar as técnicas utilizadas para auxiliar na comutação, utilizando o circuito Zero Voltage Switching (ZVS) com componentes passivos, dentro do conceito de comutação suave, onde a potência dissipada no semicondutor é idealmente nula e os componentes do circuito auxiliar não dissipam energia, contribuindo para o aumento global do rendimento do conversor. REFERÊNCIAS Asfaq Ahmed, “Eletrônica de Potência”, São Paulo: Prentice Hall, 2000. Maxim Integrated Products, “Input and Output Noise in Buck Converters Explained”. Disponível em: <http://www.maximintegrated.com/en/app-notes/index.mvp/id/986>. Acesso em 30 ago. 2014. ON Semiconductor, “Switcher Efficiency & Snubber Design”. Disponível em: <http://www.onsemi.com/pub_link/Collateral/TND396-D.PDF>. Acesso em 27/08/2014. ON Semiconductor, “Switchmode Pulse Width Modulation Control Circuit: TL494”. Disponível em: <http://www.onsemi.com/pub_link/Collateral/TL494-D.PDF>. Acesso em 30 jul. 2014. Philip C. Todd, “Snubber Circuits: Theory, Design and Application”, Maio, 1993. Sanjay Havanur, “Snubber Design For Noise Reduction In Switching Circuits”, Alpha e Omega Semicondutor, Maio, 2007. Yales Rômulo De Novaes, “Projeto de Conversores Estáticos”. Disponível em: <http://www.joinville.udesc.br/portal/professores/yales/materiais/snubbers_yales_v6.pdf>. Acesso em 26 ago. 2014. 5