1 Universidade de Brasília - UnB Faculdade UnB Gama - FGA Curso de Engenharia de Energia ANÁLISE DOS IMPACTOS DA CONEXÃO DE PARQUES EÓLICOS, NA REDE BÁSICA, SOBRE OS INDICADORES DE DISTORÇÃO HARMÔNICA Autora: Marayanne Cristalino Chaves de Almeida Orientador: Prof. Dr. Alex Reis Brasília, DF 2016 2 MARAYANNE CRISTALINO CHAVES DE ALMEIDA ANÁLISE DOS IMPACTOS DA CONEXÃO DE PARQUES EÓLICOS, NA REDE BÁSICA, SOBRE OS INDICADORES DE DISTORÇÃO HARMÔNICA. Monografia submetida ao curso de graduação em Engenharia de Energia da Universidade de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia de energia. Orientador: Professor Dr. Alex Reis. Brasília, DF 2016 3 CIP – Catalogação Internacional da Publicação Cristalino Chaves de Almeida, Marayanne. Análise dos impactos da conexão de parques eólicos, na rede básica, sobre os indicadores de distorção harmônica / Marayanne Cristalino Chaves de Almeida. Brasília: UnB, 2016. 103 p. : il. ; 29,5 cm. Monografia (Graduação) – Universidade de Brasília Faculdade do Gama, Brasília, 2016. Orientação: Alex Reis. 1. Distorção harmônica. 2. Parque eólico. 3. Lugar geométrico. I. Reis, Alex. II. Análise dos impactos da conexão de parques eólicos, na rede básica, sobre os indicadores de distorção harmônica. CDU Classificação 4 ANÁLISE DOS IMPACTOS DA CONEXÃO DE PARQUES EÓLICOS, NA REDE BÁSICA, SOBRE OS INDICADORES DE DISTORÇÃO HARMÔNICA. Marayanne Cristalino Chaves de Almeida Monografia submetida como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia de Energia da Faculdade UnB Gama - FGA, da Universidade de Brasília, em (data da aprovação 07/12/2016) apresentada e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: Prof. Dr. : Alex Reis, UnB/ FGA Orientador Prof. Dr. : Jorge Cormane, UnB/ FGA Membro Convidado Prof. Dr.a : Loana Nunes Velasco, UnB/ FGA Membro Convidado Brasília, DF 2016 5 Dedico este trabalho aos meus pais, Gesanne e Mário, por sempre me apoiarem e acreditarem no meu potencial. 6 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à Deus por ter me dado a oportunidade de estudar e por me fazer seguir o caminho da engenharia. Agradeço à minha família, principalmente aos meus pais, Gesanne e Mário, e aos meus avós Maria e Raimundo pelo carinho e amor sempre dado a mim e às minhas irmãs e por sempre acreditarem na minha capacidade, me dando forças e me apoiando sempre que preciso. Agradeço a todos os meus amigos e amigas pelos momentos de descontração, risadas, companheirismo e pelo compartilhamento de todos os momentos difíceis durante o curso, me motivando a nunca desistir. Obrigada por fazer os meus dias melhores. Agradeço ao meu orientador, professor Alex Reis, por gentilmente me oferecer um tema para estudo, pela paciência, pelas ótimas explicações e por sempre estar disposto a ajudar. Agradeço também a todos os professores que ajudam e ajudaram na minha formação, compartilhando tão bem seus conhecimentos. E a todas as pessoas que de algum modo ajudaram para a elaboração deste trabalho, o meu muito obrigada. 7 RESUMO Este trabalho tem como objetivo analisar a conexão de um parque eólico em uma barra do sistema interligado nacional, frente ao estudo de distorção harmônica de tensão no ponto de acoplamento comum (PAC). Para realizar este estudo deve-se obter por meio de cálculos e simulações computacionais a impedância da rede básica, a fonte de corrente representando todas as correntes harmônicas oriundas das cargas não lineares presentes no parque eólico bem como sua impedância. Neste trabalho realizou-se o cálculo da impedância da rede básica, sendo os próximos passos a serem realizados no TCC2. Neste contexto, é aqui exposto um modelo de representação da impedância da rede externa através do uso do método do lugar geométrico, analisando-se 2 tipos de lugares geométricos diferentes recomendados pelo ONS, o LG de Setor Anular e o LG Polígono de “n” Lados, através da nota técnica 009/2016. Para a realização de tal método, usou-se o software HarmZs para os cálculos da impedância harmônica da rede básica e o traçado dos lugares geométricos. Por fim, comparou-se os dois LG’s com base na teoria estudada e nos documentos regulamentais consultados. Palavras-chave: distorção harmônica, lugar geométrico, parque eólico, PAC, carga não-linear. 8 ABSTRACT This work has an aims to analyze the connection of a wind farm in a bar of the national interconnected system, in front of the study of harmonic voltage distortion at the common coupling point (PAC). To realise this study, the impedance of the basic electrical network, the current source representing all the harmonic currents from the non-linear loads present in the wind farm, as well as its impedance, must be obtained through calculations and simulations. In this work, the basic electrical network impedance was calculated, and the next steps to be performed in TCC2. In this context, it is exposed here a model of representation of the impedance of the external network through the use of the geometric place method, analyzing 2 different types of different places recommended by the ONS, LG of Sector Void and the LG Polygon of "n" Sides, by means of technical note 009/2016. In order to perform such a method, the HarmZs software was used for calculations of the harmonic impedance of the basic network and the tracing of the geometric place. Finally, the two LGs were compared on the basis of the theory studied and the regulatory documents consulted. Keywords: harmonic distortion, geometric place, wind farm, PAC, non-linear load. 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Componentes espectrais de formas de onda de frequência f. ................. 20 Tabela 2 - Valores de referência globais das distorções harmônicas totais. ............. 25 Tabela 3 - Limites globais inferiores de tensão em porcentagem da tensão fundamental............................................................................................................... 26 Tabela 4 - Limites individuais em porcentagem da tensão fundamental. .................. 27 Tabela 5 - Valores do fator de agregação (a). ........................................................... 30 Tabela 6 - Dados das linhas da rede elétrica. ........................................................... 34 Tabela 7- Dados dos transformadores da rede elétrica. ........................................... 34 Tabela 8- Dados dos bancos de capacitores da rede elétrica ................................... 34 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Relação não linear de tensão e corrente de uma carga não linear. .......... 19 Figura 2- Onda distorcida decomposta em série de Fourier. ................................... 21 Figura 3 - Diagrama de potências segundo o modelo de Budeanu........................... 23 Figura 4 - Equivalente Norton com o LG da rede básica. .......................................... 28 Figura 5 – a) Ilustração do LG Polígono de "n" Lados. b) Ilustração do LG Setor Anular. ....................................................................................................................... 29 Figura 6 - Ferramenta Batch no HarmZs. .................................................................. 32 Figura 7 - Diagrama unifilar da rede básica. ............................................................. 33 Figura 8- Rede montada no HarmZs. ........................................................................ 35 Figura 9 - Dados para traçado do LG no HarmZs. .................................................... 36 Figura 10- LG Setor Anular gerado pelo HarmZs. ..................................................... 37 Figura 11- LG Polígono de "n" Lados, gerado pelo HarmZs. .................................... 37 Figura 12- LGs Setor Anular e Polígono de "n" Lados, traçados pelo HarmZs. ........ 38 Figura 13 - Resposta em frequência do sistema. ...................................................... 39 11 LISTA DE SIGLAS SIGLA SIGNIFICADO ABEEÓLICA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA EÓLICA ANEEL AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA CEPEL CENTRO DE PESQUISA DE ENERGIA ELÉTRICA DTHT DISTORÇÃO HARMÔNICA TOTAL DE TENSÃO DITh DISTORÇÃO HARMÔNICA INDIVIDUAL DE TENSÃO HARMZs SOFTWARE COMPUTACIONAL LG LUGAR GEOMÉTRICO ONS OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO PAC PONTO DE ACOPLAMENTO COMUM PROINFA PROGRAMA DE INCENTIVO ÀS FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA ELÉTRICA. PRODIST PROCEDIMENTO DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO SISTEMA ELÉTRICO NACIONAL PROREDE PROCEDIMENTOS DE REDE PU POR UNIDADE QEE QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA SIN SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL TPF FATOR DE POTÊNCIA VERDADEIRO 12 SUMÁRIO AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 6 RESUMO..................................................................................................................... 7 ABSTRACT................................................................................................................. 8 LISTA DE TABELAS .................................................................................................. 9 LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. 10 LISTA DE SIGLAS .................................................................................................... 11 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13 2. 3. 4. 1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................................. 13 1.2. OBJETIVOS DO TRABALHO .............................................................................................. 15 1.3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................................ 15 1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................ 16 CONEXÃO DE PARQUES EÓLICOS NA REDE BÁSICA................................ 17 2.1. QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA .............................................................................. 18 2.2. HAMÔNICOS: INDICADOR DE QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA........................... 19 2.3. CÁLCULOS DE DISTORÇÃO HARMÔNICA E VALORES DE REFERÊNCIA. ................. 24 2.4. MÉTODO DO LUGAR GEOMÉTRICO ................................................................................ 27 2.5. O PROGRAMA COMPUTACIONAL HARMZs .................................................................... 31 SIMULAÇÕES E RESULTADOS ...................................................................... 32 3.1. REDE BÁSICA DO SISTEMA ELÉTRICO .......................................................................... 33 3.2. RESULTADOS PARCIAIS ................................................................................................... 34 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 40 REFERÊNCIAL TEÓRICO........................................................................................ 42 13 1. INTRODUÇÃO A conexão de parques eólicos na rede elétrica deve ser corretamente estudada e projetada, analisando-se todas as variáveis necessárias e tomando como base normas e documentos para tal finalidade, afim de que esta não cause perturbações além do permitido nos indicadores de desempenho da rede elétrica. Tendo em vista esta problemática, este trabalho tem como objeto de estudo as distorções harmônicas de tensão no ponto de acoplamento de parques eólicos na rede elétrica. 1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Existe uma preocupação em relação ao meio ambiente pois este é o que dá suporte a vida dos seres humanos. Para se ter um controle dos impactos ambientais, todos os processos produtivos devem levar em consideração a variável ambiental. Sobre este ponto de vista, tem-se no setor elétrico a adoção de energias renováveis como uma opção de geração mais limpa frente a geração de fontes não renováveis. No Brasil, pode-se considerar que a primeira ação que realmente veio a impulsionar o uso das fontes renováveis de energia foi tomada em 2002 com a aprovação da lei n.10.438 que criou o PROINFA (Programa de Incentivos às Fontes Alternativas de Energia Elétrica), tendo este definido metas para participação das fontes renováveis no sistema elétrico interligado nacional. (FADIGAS, 2011) Dentre as energias renováveis, a energia eólica vem se destacando na matriz elétrica brasileira, de acordo com dados da ABBEÓLICA (Associação Brasileira de Energia Eólica), divulgados no seu Boletim de Dados do mês de agosto de 2016, a energia eólica, atualmente, corresponde a um percentual de 6,8% da produção de energia elétrica do país, o que equivale a 9,96 GW de capacidade eólica instalada. Nesse sentido, ainda de acordo com dados da ABEEÓLICA, a capacidade instalada tende a crescer cada vez mais, com previsões de que, em 2020, atinja-se 18,42GW de potência instalada em território brasileiro. (ABEEÓLICA, 2016) Com o aumento de usinas eólicas, crescem também a necessidade de documentos normativos e regulamentos técnicos afim de padronizar o processo, facilitar a comunicação entre os agentes envolvidos, facilitar a expansão do empreendimento e delimitar parâmetros de segurança, confiabilidade, qualidade da energia elétrica, entre outros. 14 Dentre os documentos que compõe a legislação do setor elétrico brasileiro, tem-se os Procedimentos de Rede, os quais são um conjunto de documentos criados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), com a participação dos agentes e aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) com o objetivo de garantir a excelência da operação do Sistema Interligado Nacional (SIN), estabelecer responsabilidades sobre os agentes do setor elétrico brasileiro e especificar os requisitos técnicos contratuais. (ONS, 2009) Dentre outros aspectos, estes documentos se aplicam aos agentes que pretendam construir uma usina eólica, oferecendo o suporte legal e embasamento técnico-operacional. Além disso, tem como função garantir que o projeto da usina seja demonstrado de maneira clara e completa, demonstrando por meio de estudos e análises, que a interligação da nova usina ao SIN não compromete os padrões operacionais e de segurança da rede. (ONS, 2009) No que tange os estudos da conexão de parques eólicos no sistema elétrico, este deve ser corretamente realizado, pois é um dos fatores essenciais no projeto de uma usina eólica, considerando-se que esta provoca impactos negativos na rede elétrica por se tratar de uma carga de natureza não linear. (CUSTÓDIO, 2009). Os estudos que são de cunho obrigatório são de responsabilidade do acessante e servem para avaliar o impacto no PAC que a conexão do parque eólico irá causar. Estes estudos são: estudos de fluxo de potência, curto-circuito, estabilidade eletromecânica e distorção harmônica, que faz parte do estudo de QEE. (JESUS, 2012) O estudo de fluxo de potência é realizado para determinar o funcionamento em regime permanente de um sistema elétrico. O estudo de curto-circuito é realizado para analisar o nível de curto-circuito na barra onde será conectado o parque eólico e nas barras ao redor, considerando-se pelo menos até a segunda vizinhança da barra de conexão do parque. O estudo de estabilidade eletromecânica é feito para analisar o comportamento do sistema após um distúrbio, pois este deve ser capaz de recuperar-se e voltar a operação de equilíbrio. E o estudo de distorção harmônica deve ser realizado para conhecer a distorção harmônica total de tensão que a conexão do parque irá causar no PAC e identificar possíveis meios de mitigação para essa distorção, caso necessário. (JESUS, 2012) Qualidade da energia elétrica é a condição do sinal elétrico de tensão e corrente que permite que cargas elétricas operem de forma efetiva, sem perda de 15 desempenho e de vida útil. (LEÃO; SAMPAIO; ANTUNES, 2014). Parques eólicos conectados no sistema elétrico podem causar distúrbios na forma de onda, afetando assim a QEE. Os principais distúrbios observados são: flutuações de tensão, podendo ser causados por operações de chaveamento e erro no passo da pá, e distorções harmônicas causadas principalmente pelo uso de conversores eletrônicos. (CUSTÓDIO, 2009). Levando em consideração tais premissas, este trabalho tem como foco a análise dos impactos da conexão de parques eólicos, sobre os indicadores de distorção harmônica. 1.2. OBJETIVOS DO TRABALHO O objetivo principal deste trabalho é analisar a conexão de um parque eólico em uma barra do sistema interligado nacional, frente ao estudo de distorção harmônica de tensão no ponto de acoplamento comum (PAC). Os objetivos específicos, são: estudar o fenômeno da qualidade da energia elétrica tendo um aprofundamento em distorções harmônicas, compreender as distorções harmônicas produzidas pela geração eólica e simular a impedância da rede básica levando em conta diferentes frequências e as devidas contingências de modo a representar do melhor modo a rede externa vista do PAC e seus devidos modelos de representação, utilizando o software HarmZs. A obtenção da impedância da rede básica é uma parte para a realização do estudo de acesso do parque eólico na rede. 1.3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para alcançar os objetivos aqui expostos e para se ter um entendimento acerca de harmônicos e os distúrbios harmônicos causados por parques eólicos, primeiramente foi realizado uma revisão de literatura usando-se dissertações e trabalhos acadêmicos, livros didáticos, documentos normativos e regulamentais dentre outros bancos de dados contendo os principais assuntos e conceitos para melhor entendimento do tema. Após a revisão bibliográfica, foi realizado um estudo básico para conhecimento das ferramentas do software de simulação HarmZs. 16 Para a realização completa do estudo de distorção harmônica no PAC, devese obter por meio de cálculos e simulações computacionais a impedância da rede básica, a fonte de corrente representando todas as correntes harmônicas oriundas das cargas não lineares presentes no parque eólico bem como sua impedância. Nesta primeira etapa do trabalho, fez-se uma parte da simulação, que foi a de obtenção da impedância da rede básica. O restante da simulação que conterá a parte de representação do parque eólico como uma fonte de corrente e uma impedância vistos do PAC será realizado no TCC2. Concluída a simulação, os resultados obtidos foram discutidos e analisados chegando às considerações finais dessa primeira parte do trabalho, remetendo-se ao objetivo geral, específicos e a teoria estudada. 1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO Este trabalho está estruturado em 4 capítulos, sendo o primeiro um capítulo introdutório. O capítulo 2 aborda todo o referencial teórico do trabalho. Sendo eles: indicadores da qualidade da energia elétrica, tendo um foco em distorções harmônicas, limites e diretrizes frente as distorções oriundas da conexão de parques eólicos na rede elétrica tendo como base os Procedimentos de Rede, o PRODIST e a NT 009/2016, explicação de um método de análise de distúrbios harmônicos, chamado método do Lugar Geométrico, uma forma de representação da fonte harmônica de corrente e os efeitos que esses harmônicos causam no sistema. Contém também uma explicação rápida do programa computacional utilizado para simulações da rede e análise harmônica, HarmZs. O capítulo 3 possui a demonstração da simulação realizada usando o software HarmZs, indicado pelo ONS para simulações de distúrbios harmônicos oriundo de parques eólicos, bem como os resultados obtidos pela simulação e suas devidas analises. Por fim, o capítulo 4 apresenta a conclusão do trabalho até a primeira etapa, remetendo os resultados ao objetivo geral, específicos e a teoria estudada. As considerações finais são feitas e os próximos passos a seguir são definidos. 17 2. CONEXÃO DE PARQUES EÓLICOS NA REDE BÁSICA Atualmente, as topologias de aerogeradores integram diversos conversores eletrônicos de eletrônica de potência. Embora haja flexibilidade de operação e controle proporcionada por tais dispositivos, deve-se destacar que tais equipamentos geram correntes harmônicas que impactam a rede elétrica. Nesse sentido, um estudo de distorção harmônica no ponto de acoplamento comum (PAC), local onde o parque eólico será conectado na rede básica de potência, deve ser feito antes de efetivar a conexão do parque no SIN. Isto possibilita a verificação dos impactos sobre as distorções harmônicas associados a este acesso, e caso necessário obter soluções para adequação dos limites de distorção. Os agentes de geração devem agir de acordo com o que consta nos regulamentos técnicos, notas e normas técnicas, de modo a regularizar seus processos produtivos antes de entrarem em funcionamento. Os regulamentos técnicos Brasileiros relacionados a qualidade da energia elétrica são os submódulo 2.8 dos Procedimentos de Rede, desenvolvido pelo ONS e o Módulo 8 dos Procedimentos de Distribuição criados pela ANEEL, onde nestes documentos constam diretrizes e valores de referências quanto a limites para distorções harmônicas tanto totais quanto individuais. Um outro documento regulatório é a Nota Técnica 009/2016 – Instruções para a realização de estudos e medições de QEE relacionado aos novos acessos à rede básica para parques eólicos, solares e consumidores livres, o qual possui informações que apoiam os agentes quanto à realização de estudos e campanhas de medições relacionados aos indicadores de conformidade de tensão. Um método indicado pelo ONS para análise de distorções harmônicas no PAC é o método do Lugar Geométrico, que é explicado nesta nota técnica. Com relação ao software de simulação da rede elétrica, o ONS sugere o uso do HarmZs por ser um programa de fácil manuseio e com uma grande capacidade funcional frente aos cálculos e modelagens desejadas. Tendo os pressupostos aqui ditos, para melhor entendimento do assunto e aprofundamento do tal, segue nesse capitulo uma explicação sucinta de alguns conceitos e assuntos relacionados ao tema. 18 2.1. QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA Qualidade da energia elétrica (QEE) é o estado do sinal elétrico de tensão e corrente que possa atender equipamentos, instalações e sistemas elétricos de modo que estes funcionem de maneira adequada, sem perda de desempenho e de vida útil. (LEÃO; SAMPAIO; ANTUNES, 2014). O termo de qualidade de energia elétrica está relacionado com qualquer distorção que ocorra na forma de onda, magnitude e frequência da onda. O padrão de qualidade de tensão tem forma senoidal, uma frequência fixa (60hz no Brasil) e uma amplitude que varia de acordo com o tipo de atendimento (transmissão, sub-transmissão ou distribuição) em alta, média ou baixa tensão. (LEÃO; SAMPAIO; ANTUNES, 2014) As empresas concessionárias de energia somente têm controle sobre a tensão fornecida, elas não podem controlar a corrente que uma dada carga absorve. (SANTOS, 2015). Embora a tensão fornecida pela concessionária seja entregue dentro dos padrões de qualidade, esta pode sofrer distorções causadas pelos aparelhos dos consumidores. Aparelhos estes que são sensíveis aos distúrbios de tensão, mas que também causam distúrbios, como por exemplo a geração de correntes harmônicas provenientes de cargas não-lineares como computadores, lâmpadas fluorescentes e os modernos acionamento eletrônicos de motores, que ao circularem pelas impedâncias do sistema distorcem a forma de onda da tensão. (SANTOS, 2015). Portanto, à fonte estão relacionados os distúrbios na forma de onda da tensão e quanto a natureza da carga estão relacionados os distúrbios na forma de onda da corrente e tensão. (LEÃO; SAMPAIO; ANTUNES, 2014). Cargas lineares são aquelas que quando alimentadas por uma tensão senoidal, produzem uma corrente também senoidal. Já as cargas não lineares, produzem correntes não senoidais, ou seja, distorcidas (Figura 1) mesmo quando alimentadas por uma fonte não distorcida. (LEÃO; SAMPAIO; ANTUNES, 2014). Nesse contexto, deve-se destacar que determinados tipos de aerogeradores possuem características não lineares, pois em sua composição possuem equipamentos eletrônicos com tal características. 19 Figura 1 - Relação não linear de tensão e corrente de uma carga não linear. Fonte: (DUGAN et al., 2003) A distorção de tensão no ponto de acoplamento comum (PAC), ponto onde a central eólica é conectada à rede, depende da impedância do sistema e da corrente solicitada pela carga, esta distorção é propagada para todos os pontos a jusante. A qualidade da tensão que deve ser capaz de alimentar cargas sem perturbá-las ou danificá-las está ligado a todas às características da fonte supridora a montante do PCC, ou seja, às características do parque eólico. (LEÃO; SAMPAIO; ANTUNES, 2014) 2.2. HAMÔNICOS: INDICADOR DE QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA Formas de ondas senoidais são desejadas no sistema elétrico de potência, visto que os aparelhos elétricos são projetados para funcionar com essa forma de onda. Os sinais senoidais de tensão e corrente possuem frequência fixa ao transitar por componentes passivos (resistores, capacitores e indutores) e sua forma é invariante em relação a derivação e a integração do sinal. Mas, ondas puramente senoidais é algo ideal e não é comumente encontrada. (LEÃO; SAMPAIO; ANTUNES, 2014) Na prática o que existe são sinais distorcidos, sendo estes uma soma de senoides. Esta soma é composta pela forma de onda fundamental (onda predominante do sinal e com menor frequência, 60 Hz no caso do Brasil) e pelas 20 suas ondas múltiplas, conhecidas como harmônicas. Portanto, harmônicas são sinais senoidais de frequência múltipla da frequência fundamental. (LEÃO; SAMPAIO; ANTUNES, 2014) A frequência fundamental, no caso do sistema elétrico brasileiro é 60Hz, tem ordem 1, a harmônica de segunda ordem é encontrada pela multiplicação da fundamental por dois (60 x 2 = 120Hz), a de terceira ordem por três (60 x 3 = 180Hz) e assim por diante. As frequências com valores não múltiplos inteiros da fundamental são ditas inter-harmônicas (por exemplo 100Hz). Quando se tem uma inter-harmônica com valor de frequência abaixo da fundamental esta é chamada de sub-harmônica (por exemplo 30Hz). (LEÃO; SAMPAIO; ANTUNES, 2014). A tabela 1 resume as componentes espectrais de formas de onda, sendo f1 a onda fundamental. Tabela 1 - Componentes espectrais de formas de onda de frequência f. Harmônica f = h.f1 , h é um número inteiro maior que zero Componente CC f = h.f1 , h=0 Inter-harmônica f = h.f1 , h é um número não inteiro maior que zero Sub-harmônica f = h.f1 , 0 < h <1 Fonte: (LEÃO; SAMPAIO; ANTUNES, 2014) Como já foi dito, um sinal distorcido é uma soma de senoides, sendo essa soma chamada de série de Fourier e aplica-se para identificar os harmônicos que compreende esse sinal distorcido. A série de Fourier, vista na equação (1) desenvolvida pelo Barão Jean-Baptiste Joseph Fourier (1768 - 1830) pode ser usada para representar uma função periódica não-senoidal. (BOYLESTAD, 2004) (1) 𝑓(𝑡) = 𝐴0 + 𝐴1 𝑠𝑒𝑛 𝑤𝑡 + 𝐴2 𝑠𝑒𝑛 2𝑤𝑡 + 𝐴3 𝑠𝑒𝑛 3𝑤𝑡 + ⋯ + 𝐴ℎ 𝑠𝑒𝑛 ℎ𝑤𝑡 + 𝐵1 cos 𝑤𝑡 + 𝐵2 cos 2𝑤𝑡 + 𝐵3 cos 3𝑤𝑡 + ⋯ + 𝐵ℎ cos ℎ𝑤𝑡 A série de Fourier é composta por 3 partes. A primeira é a componente contínua A0 que equivale ao valor médio para um ciclo de onda completo. Os termos em senos, cujo qual cada um tem seu valor de amplitude Ah e cada um tem sua frequência múltipla da frequência do primeiro termo em seno. E a terceira parte são os termos em cossenos, onde cada um tem seu valor de amplitude Bh e sua 21 frequência múltipla do primeiro termo em cosseno. O primeiro termo em seno e em cosseno é a componente fundamental e os outros termos com frequências múltiplas são as harmônicas de ordem h. (BOYLESTAD, 2004). A figura 2 mostra uma onda distorcida e suas componentes harmônicas resultadas da série de Fourier. Figura 2- Onda distorcida decomposta em série de Fourier. Fonte: (DUGAN et al., 2003) Sabe-se da literatura que o valor eficaz de qualquer forma de onda é dado por: 1 𝑇 𝐹𝑟𝑚𝑠 = √𝑇 ∫0 𝑓 2 (𝑡)𝑑𝑡 (2) Se aplicarmos esta equação para a série de Fourier de um sinal de tensão, temse o chamado Valor Eficaz Verdadeiro (ou true rms) de uma onda de tensão periódica não senoidal, como pode ser visto na equação (4): 𝑣(𝑡) = 𝑉0 + 𝑉1 𝑠𝑒𝑛 𝑤𝑡 + ⋯ + 𝑉ℎ 𝑠𝑒𝑛 ℎ𝑤𝑡 + 𝑉 ′1 cos 𝑤𝑡 + ⋯ + 𝑉 ′ ℎ cos ℎ𝑤𝑡 2 2 ′2 +⋯+𝑉 ′2 ℎ 𝑉 +⋯+𝑉ℎ +𝑉1 𝑉𝑟𝑚𝑠 = √𝑉02 + 1 2 (3) (4) 22 O equivalente é valido para o valor eficaz verdadeiro da corrente. Logo, podese perceber que as componentes harmônicas aumentam o valor eficaz de tensão e corrente. A maioria dos instrumentos usados no dia a dia para medição de corrente e tensão foram projetados para fazer medições de ondas puramente senoidais, cada vez menos encontradas. Na presença de harmônicos, estas medições podem apresentar erros consideráveis, então, para se ter uma melhor qualidade quanto a veracidade das medições, usam-se os instrumentos com técnicas de medição baseada no valor eficaz verdadeiro. Este tipo de instrumento faz medições com exatidão do valor rms de ondas senoidais e não senoidais. (LEÃO; SAMPAIO; ANTUNES, 2014) Com relação à potência elétrica transferida entre as unidades geradoras e as cargas, a presença de distorções harmônicas muda o modo de cálculo desta, pois a potência de distorção é levada em consideração. Essa metodologia de cálculo de potência constituída por 3 componentes (ativa, reativa e de distorção) foi proposta por Budeanu, e as potências podem ser calculadas de acordo com as equações abaixo. (DUGAN et al., 2003) 𝑆 = Vrms Irms = √P 2 + Q2 + 𝐷2 (5) P = ∑∞ h=0 Vh,rms 𝐼h,rms cos(φh − θh ) (6) Q = ∑∞ h=0 Vh,rms 𝐼h,rms sen(φh − θh ) (7) D = ∑∞h1 =0 Vh1 ,rms Ih2 ,rms sen(φℎ1 − θh2 ) (8) h2 =0 h1 ≠h2 Onde φh representa o ângulo de fase da tensão de ordem harmônica h, θh o ângulo de fase da corrente de ordem harmônica h, S representa a potência aparente [VA], P a potência ativa [W], Q a potência reativa [VAr] e D a potência de distorção [VA]. As potências ativa e reativa têm o mesmo significado dos sistemas sem distorções harmônicas, já a potência de distorção representa a potência transferida por meio da 23 interação de tensões e correntes de frequências diferentes. (DUGAN et al., 2003). A figura 3 mostra o diagrama de potências segundo o modelo de Budeanu. Figura 3 - Diagrama de potências segundo o modelo de Budeanu. Fonte: (DUGAN et al., 2003) Um parâmetro elétrico que também muda seu modo de análise frente as distorções harmônicas é o Fator de Potência, que representa quão eficientemente uma carga retira potência útil da fonte de alimentação. Em sistemas senoidais o Fator de Potência é o cosseno do ângulo de defasagem entre tensão e corrente. Levando em consideração as distorções harmônicas, tem-se o Fator de Potência Verdadeiro TPF (em inglês True Power Factor). Este deve ser calculado com a relação de potência ativa e aparente considerando todas as ordens harmônicas, ou seja, os valores eficazes verdadeiros de tensão e corrente, como mostra a equação 9. (DUGAN et al., 2003) 𝑇𝑃𝐹 = 𝑃 𝑉𝑟𝑚𝑠 𝐼𝑟𝑚𝑠 (9) Portanto, quanto maior a quantidade de harmônicos, maior é o módulo dos valores eficazes de corrente e tensão e consequentemente menor é o fator de potência. Para se ter um valor de FP maior, muitas vezes são adicionados bancos de capacitores nas linhas com tal finalidade, no entanto estes por sua vez podem entrar em ressonância devido aos harmônicos e ocasionar sua perda completa. Com relação a sequência de fase dos harmônicos, em um sistema trifásico, as correntes harmônicas de sequência positiva produzem um campo girante direto, as correntes de sequência negativa produzem um campo girante oposto ao original 24 e as de sequência zero (3ª harmônica e suas múltiplas) produzem um campo que oscila, mas não gira entre os enrolamentos de fase. (LEÃO; SAMPAIO; ANTUNES, 2014). Esses efeitos indesejados causam diminuição da vida útil de equipamentos elétricos, pois os mesmos podem operar com sobrecargas e aquecimento elevado, pode também ocorrer falha por fadiga no equipamento devido as rotações contrárias e dentre outros problemas. 2.3. CÁLCULOS DE DISTORÇÃO HARMÔNICA E VALORES DE REFERÊNCIA. No Brasil, o regulamento técnico usado para estabelecer os procedimentos relativos à qualidade da energia elétrica (QEE), para agentes de distribuição, é o módulo 8- qualidade da energia elétrica- dos Procedimentos de Distribuição de energia elétrica no Sistema Elétrico Nacional (PRODIST), elaborado pela Agência Nacional de energia elétrica (ANEEL). Segundo o Módulo 8 do PRODIST, distorções harmônicas são fenômenos associados com deformações nas formas de onda das tensões e correntes em relação à onda senoidal da frequência fundamental. Os regulamentos técnicos relacionados à toda rede básica são os Procedimentos de Rede, elaborado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). No Submódulo 2.8 dos Procedimentos de Rede – Gerenciamento dos indicadores de desempenho da rede básica e dos barramentos dos transformadores de fronteira e de seus componentes (2011) – apresenta-se os indicadores relacionados à QEE e os valores limites de referência. O objetivo deste submódulo é conferir responsabilidades e estabelecer princípios e diretrizes para o gerenciamento de indicadores de QEE. O parâmetro usado para indicar o conteúdo harmônico de uma onda elétrica é o Distorção Harmônica Total, que pode ser usado tanto para tensão quanto para corrente. Esse indicador não se aplica a fenômenos transitórios ou de curta duração que resultem em injeção de correntes harmônicas. (ONS, 2011) O indicador de Distorção de Tensão Harmônica Total (DTHT), representa o distanciamento entre a forma de onda distorcida e a fundamental, quantificando seu conteúdo harmônico total existente em um determinado barramento da rede básica. O DTHT pode ser calculado de acordo com a expressão 10. 25 DTHT = 2 √∑ℎ𝑚á𝑥 ℎ=2 𝑉ℎ 𝑉1 [%] (10) Onde Vh e V1 são os módulos das componentes harmônicas de ordem h e da fundamental, respectivamente. O espectro harmônico usado para o cálculo da DTHT deve compreender uma faixa de frequência que considere desde a segunda harmônica até a 50ª ordem. (ONS, 2011) O cálculo da distorção individual de tensão, que demonstra o quanto uma ordem harmônica contribui na distorção de uma onda, é: 𝑉ℎ 𝐷𝐼𝑇ℎ % = 𝑉1 𝑥 100 (11) Com relação as medições de distorção harmônica em sistemas elétricos trifásicos, deve-se realizar através das tensões fase-neutro para configuração estrela aterrada e fase-fase para as outras configurações. (ANEEL, 2012) Os valores de referência para as distorções harmônicas totais, de acordo com o PRODIST está detalhado na tabela 2. Tabela 2 - Valores de referência globais das distorções harmônicas totais. Tensão nominal do Barramento Vn ≤ 1kV 1 kV < Vn ≤ 13,8 kV 13,8 kV < Vn ≤ 69 kV 69 kV < Vn ≤ 230 kV Distorção Harmônica Total de Tensão (DTT) [%] 10 8 6 3 Fonte: (ANEEL, 2012). Como a distorção harmônica é um fenômeno que ocorre em regime permanente no sistema, tem seus indicadores apurados por meio de campanhas de medição realizadas em períodos de 7 dias consecutivos. (ONS, 2011). Para a avaliação do desempenho da rede básica são definidos limites de desempenho global (este é relacionado com os equipamentos já em operação, por exemplo uma central eólica já em funcionamento na rede) inferior e superior e de desempenho individual (este é relacionado com as novas conexões na rede). Quando os valores de distorção medidos forem menores ou iguais aos limites globais inferiores, a condição harmônica é considerada adequada, não precisando 26 fazer nada. Se forem maiores que o limite global inferior e menores ou iguais ao limite global superior, e se houver reclamações de clientes, soluções devem ser obtidas. E, se os valores forem superiores aos limites globais superiores, devem-se aplicar soluções de modo a reduzir os valores das distorções, como a instalação de um filtro, por exemplo. (LEÃO; SAMPAIO; ANTUNES, 2014) Segundo o ONS é de responsabilidade do agente de geração manter o desempenho individual de suas instalações de acordo com o estabelecido no sub módulo 2.8 do ProRede no que se refere aos indicadores de distorção harmônica de tensão. Os limites globais inferiores correspondentes aos valores de distorções harmônicas individuais e totais (DTHTS95%) de ordens de 2 a 50, estão apresentados na tabela 3. Os limites globais superiores são calculados multiplicando os valores dos limites inferiores por 4/3. E os limites individuais estão apresentados na tabela 4. Tabela 3 - Limites globais inferiores de tensão em porcentagem da tensão fundamental. V ≥ 69kV V < 69kV ÍMPARES ORDEM VALOR(%) 3, 5, 7 5% PARES ORDEM 2, 4, 6 9, 11,13 ÍMPARES VALOR(%) ORDEM VALOR(%) 3, 5, 7 2% 2% 3% 9, 11,13 ≥8 1% 2% 15 a 25 1% ≥ 27 1% ≥ 27 0,5% Fonte: ONS, 2011. ORDEM VALOR(%) 2, 4, 6 1% ≥8 0,5% 1,5% 15 a 25 DTHTS95% = 6% PARES DTHTS95 = 3% 27 Tabela 4 - Limites individuais em porcentagem da tensão fundamental. 13,8 kV ≤ V < 69kV ÍMPARES V ≥ 69Kv PARES ÍMPARES PARES ORDEM VALOR(%) ORDEM VALOR(%) ORDEM VALOR(%) ORDEM VALOR(%) 3 a 25 1,5% 3 a 25 todos ≥ 27 0,6% 0,6% todos ≥ 27 0,7% DTHTS95% = 3% 0,3% 0,4% DTHTS95% = 1,5% Fonte: ONS, 2011. 2.4. MÉTODO DO LUGAR GEOMÉTRICO O estudo da distorção harmônica tem como objetivo avaliar os impactos da conexão de uma nova usina de geração de energia (parque eólico, por exemplo) no PAC. Tendo em vista que há limitações sobre o assunto, tanto na validade dos modelos adotados para toda faixa de frequência desejada, tanto na disponibilidade de dados (dificuldade para modelagem de cargas não lineares, por exemplo) o ONS recomenda o uso do método do Lugar Geométrico (LG), que consiste na representação, em um plano complexo (X vs R), das impedâncias harmônicas da rede elétrica, vistas do PAC. (ONS, 2016). Para avaliar os impactos causados por harmônicos, deve-se calcular os piores valores de tensão harmônica no PAC. Para isso, determina-se o equivalente de Norton (Ih, Zih) referente a rede interna do agente acessante (Parque eólico, desconectado da rede básica) vistos do PAC, para cada harmônica considerável, levando em conta as condições operativas diversas desta instalação. (ONS, 2016) Ao inverter matematicamente uma impedância (Zbh) do LG tem-se a admitância correspondente (Ybh). O valor da impedância que representa a rede básica no LG que maximiza o valor da tensão harmônica no PAC, é adquirido por cálculo geométrico no plano complexo de admitâncias (ONS, 2016). A equação 12 mostra o cálculo da tensão máxima de ordem h. 𝑉ℎ𝑚𝑎𝑥 = 𝐼ℎ 𝑌ℎ𝑚𝑖𝑛 = 𝐼ℎ 𝑌𝑖ℎ +𝑌𝑏ℎ (12) 28 Sendo 𝑌ℎ𝑚𝑖𝑛 o módulo da soma vetorial em paralelo da admitância do equivalente de Norton da rede interna ( 𝑌𝑖ℎ = 1 𝑍𝑖ℎ ) com a admitância da rede básica (𝑌𝑏ℎ ) mais conveniente que corresponde ao envelope do LG que minimiza 𝑌ℎ𝑚𝑖𝑛 . Esse menor valor de admitância é encontrado geometricamente como a menor distância do extremo do vetor -𝑌𝑖ℎ ao LG. (ONS, 2016). Portanto, para realizar um estudo harmônico deve-se representar a rede interna do agente acessante por uma única fonte de corrente harmônica e por sua impedância, ou seja, um equivalente de Norton, e a rede externa deve ser representada por um Lugar Geométrico que contenha todas as admitâncias, calculadas para cada ordem harmônica, vistas do PAC. (ONS, 2016). Para a realização dos cálculos do LG e do equivalente de Norton e para as devidas análises o ONS indica o uso do software HARMZs. Na figura 4 pode-se ver um esquemático do modelo. Figura 4 - Equivalente Norton com o LG da rede básica. Fonte: (ONS, 2016). 29 A representação do envelope do LG pode ser por círculos, setores anulares, polígonos, áreas limitadas por retas, dentre outras representações, sendo que o ONS recomenda o uso do LG do Setor Anular (Figura 5b) e o LG de Polígono de “n” Lados (Figura 5a). No caso de estudos harmônicos de parques eólicos o LG de Polígono de “n” Lados é mais fortemente recomendado para representar a rede básica. (ONS, 2016) a) b) Figura 5 – a) Ilustração do LG Polígono de "n" Lados. b) Ilustração do LG Setor Anular. Fonte: (ONS, 2016) Para determinar o LG que simboliza a rede básica, deve-se a priori calcular as impedâncias harmônicas da rede vista do PAC para cada harmônica, considerando o parque eólico desconectado da rede básica. Para o cálculo desse conjunto de impedâncias deve-se considerar todas as contingências possíveis, ou seja, diferentes cenários presentes e futuros, diferentes níveis de cargas (pesada, média e leve) e situações de contingências N-1. Esse conjunto de impedâncias irá formar uma nuvem de pontos no plano complexo formando assim um LG. (ONS, 2016) Como já foi dito, o LG Polígono de “n” Lados é o de melhor representação quando se trata de estudos harmônicos para análise de acesso de parques eólicos. Isto se dá, pois, este LG condiz mais com a realidade, fornecendo valores de distorção harmônicas de tensão com maior probabilidade de ocorrerem. Isto faz com que a real necessidade de uso de filtros seja conhecida e que estes filtros sejam menos robustos, consequentemente, tem-se projetos menos onerosos. (ONS, 2016). Para se ter uma maior margem de segurança frente a este LG, no cálculo da 30 impedância harmônica que representa a rede básica deve-se levar em conta as interharmônicas, expressas por ± 0,5h em torno de cada ordem harmônica h sob análise. (ONS, 2016) Segundo a nota técnica 009/2016 do ONS, as correntes harmônicas são determinadas a partir dos valores de correntes harmônicas geradas por cada um dos equipamentos não lineares presentes na instalação. Estes valores podem ser adquiridos por simulação ou medição, sendo que o último é o mais recomendável visto que é mais preciso e seguro se comparado com uma simulação, pois atualmente ainda não se tem um modelo fiel, confiável e que realmente represente cada tipo de máquina. Sabe-se que acontecerá uma revisão da IEC 61400-21 com relação às propostas de modelagem de um aerogerador, mas enquanto isso não ocorre o ONS não aceitará as correntes provenientes de um modelo fornecido pelo fabricante e, portanto, as medições na saída dos aerogeradores deverão ser realizadas e o estudo realizado com essas correntes medidas. (ONS, 2016) A fonte de correntes harmônicas equivalente pode ser adquirida pela equação proposta pela IEC 61000-3-6, demonstrada na equação 13. 𝑎 𝑎 𝐼𝑛,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = √∑𝑚 𝑖=1 𝐼ℎ,𝑖 (13) Onde, ‘h’ é a ordem harmônica, ‘m’ é o número total de fontes e ‘a’ o fator de agregação. O valor do fator de agregação ‘a‘ é definido na tabela 5. Tabela 5 - Valores do fator de agregação (a). Fator de agregação (a) Ordem da harmônica 1 h<5 1,4 5 ≤ n ≤ 10 2 h > 10 Fonte: (ONS, 2016) 31 2.5. O PROGRAMA COMPUTACIONAL HARMZs O programa computacional HarmZs é o indicado pelo ONS e foi desenvolvido pelo CEPEL afim de realizar estudos do comportamento harmônico e análise modal de redes elétricas. O programa apresenta uma grande quantidade de recursos de cálculos sendo de fácil utilização. Uma de suas facilidades é que toda a apresentação dos códigos de execução e dos cálculos, que podem ser realizados por meio da interface gráfica, é feita baseada em um sistema exemplo de 6 barras. Apesar da pequena quantidade de barras, o sistema apresenta todos os equipamentos de um sistema real de grande porte (barras, linhas de transmissão, equipamentos, transformadores, cargas etc). (CEPEL, 2016). Segundo (CEPEL, 2016) a análise harmônica convencional oriunda do programa HarmZs é composta por: Indicação da distribuição de correntes e tensões harmônica; Cálculo dos índices de distorção; Solução de rede em uma frequência determinada a partir de especificações de fontes de corrente e/ou tensão; Determinação de impedâncias harmônicas vistas a partir de barras préselecionadas; Cálculo de impedâncias máximas e mínimas para múltiplos cenários operativos. Com relação à análise modal, esta obtém uma gama de informações estruturais sobre o sistema, informações estas difíceis de serem conseguidas por métodos convencionais como a simulação no tempo ou resposta em frequência. Estas informações abrangem os modos de oscilação natural (ressonâncias do sistema), os equipamentos que mais participam desses modos, as sensibilidades destes modos em relação a parâmetros do sistema, etc. (CEPEL, 2016) 32 3. SIMULAÇÕES E RESULTADOS Neste capítulo é demonstrado a simulação realizada com o intuito de exemplificar uma parte do estudo de distorção harmônica de tensão no PAC. A simulação completa deve conter o cálculo das impedâncias da rede externa (rede básica) e o traçado dos LGs , bem como o cálculo da fonte de corrente harmônica e a impedância da rede interna vistos do PAC, que tem como função a representação do parque eólico. As simulações executadas foram realizadas no Software HarmZs, versão 3.0, do CEPEL. Estas, são referentes ao cálculo das impedâncias da rede externa levando em conta diferentes contingências no sistema. Os cálculos dessas contingências foram realizados pela ferramenta Batch do software. Essa ferramenta calcula automaticamente a impedância equivalente do sistema para cada ordem harmônica até a 50ª ordem e para cada contingência diferente. Após o cálculo das impedâncias foram traçados os lugares geométricos de Setor Anular e Polígono de “n” Lados. Na figura 6 pode-se ver a interface do programa e a ferramenta Batch. Figura 6 - Ferramenta Batch no HarmZs. Fonte: Autora. 33 3.1. REDE BÁSICA DO SISTEMA ELÉTRICO O software HarmZs permite inserir todos os elementos (geração, linhas, equipamentos, transformadores, cargas etc.) da rede básica de modo a caracterizala como ela é. Na Figura 7 tem-se um diagrama unifilar da rede utilizada para a realização deste estudo, sendo esta, uma rede real do sistema elétrico. Os dados dos elementos desta rede elétrica encontram-se nas Tabelas (6), (7) e (8). Os valores de cargas não foram utilizados na simulação, pois variam muito com o tempo, não sendo levados em consideração para a realização do LG. Figura 7 - Diagrama unifilar da rede básica. Fonte: REIS, 2015 34 Tabela 6 - Dados das linhas da rede elétrica. Linha Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 Z6 Z7 Z8 Z9 Resistência (Ω) 17,05 2,51 16,72 9,88 0,06 2,37 2,09 13,05 0,7 Indutância (mH) 152,55 22,43 172,51 60,34 0,36 14,48 18,19 54,52 6,06 Capacitância (µF) 1,14 0,167 1,33 0,48 0,003 0,11 0,14 0,37 0,05 XL (Ω) 57,5100 8,4559 65,0347 22,7476 0,1357 5,4588 6,8575 20,5536 2,2846 Xc (Ω) 2.326,83 15.883,73 1.994,42 5.526,21 884.194,13 24.114,39 18.947,02 7.169,14 53.051,65 Fonte: REIS, 2015. Tabela 7- Dados dos transformadores da rede elétrica. Transformador Potência (MVA) T1 60 T2 60 T3 12 T4 5 T5 12 T6 12 T7 12 T8 12 T9 12 Potência (pu) 0,6 0,6 0,12 0,05 0,12 0,12 0,12 0,12 0,12 TAP (KV/KV) 138/69 138/69 69/13,8 69/13,8 69/13,8 69/13,8 69/13,8 69/13,8 69/13,8 Reatância (pu) 0,259 0,26 0,3865 1,202 0,696 0,696 0,696 0,5128 0,5128 Fonte: REIS, 2015 Tabela 8- Dados dos bancos de capacitores da rede elétrica Banco de Capacitor B.C 1 B.C 2 B.C 3 B.C 4 B.C 5 B.C 6 Potência (MVAr) 13,80 1,02 1,02 4,00 5,08 5,05 Potência (pu) 0,138 0,0102 0,0102 0,04 0,0508 0,0505 Fonte: REIS, 2015 3.2. RESULTADOS PARCIAIS Conhecendo o valor de potência base do programa, 100MVA, e os grupos base de tensão (138KV, 69KV, 34.5KV e 13.8KV) como pode-se ver no diagrama 35 unifilar da Figura 7, os valores dos elementos elétricos da rede foram transformados para pu e em seguida entrou-se com estes dados no HarmZs, montando-se assim a rede, como pode ser visto na Figura 8. Figura 8- Rede montada no HarmZs. Fonte: Autora. Após a montagem da rede no programa, criou-se um arquivo em formato de bloco de notas contendo todos os dados dos elementos da rede, até a 3ª vizinhança da barra 3, barra que o parque eólico será conectado, para o cálculo das impedâncias levando em conta as diferentes contingências possíveis com os elementos das barras vizinhas a barra de conexão. Essas contingências são um modo de analisar o sistema em situações degradadas, ou seja, a perda de algum elemento do sistema por vez (N-1). Com o uso da ferramenta Batch (Figura 6), calculou-se a impedância do sistema para cada frequência (até a 50ª) levando em conta cada contingência. Após a execução e o compilamento dos dados o HarmZs gerou um arquivo com os dados das impedâncias de frequência fundamental até a 50ª harmônica para cada contingência. Em seguida, carregou-se o arquivo no programa como mostra a Figura 9, escolheu-se o tipo de traçado como admitância, o tipo de curva (setor anular em 36 seguida o polígono), selecionou-se todas as frequências para que todas sejam plotadas juntas no mesmo LG, marcou-se a opção para considerar também as interharmônicas, expressas por ± 0,5h, selecionou-se a barra 3 como a de conexão do parque eólico e mandou-se traçar o LG. Primeiramente, traçou-se o LG de Setor Anular, em seguida o LG Polígono de “n” Lados e por último traçou-se o LG Polígono de “n” Lados juntamente ao do Setor Anular, como pode ser visto nas Figuras 10, 11 e 12, respectivamente. Figura 9 - Dados para traçado do LG no HarmZs. 37 Fonte: Autora. Figura 10- LG Setor Anular gerado pelo HarmZs. Fonte: Autora. Figura 11- LG Polígono de "n" Lados, gerado pelo HarmZs. 38 Fonte: Autora. Figura 12- LGs Setor Anular e Polígono de "n" Lados, traçados pelo HarmZs. Fonte: Autora. Para a realização do traçado do lugar geométrico de Setor Anular é usado os valores dos módulos mínimo e máximo das admitâncias, sendo estes os responsáveis pelo traçado dos raios menor e maior, respectivamente. Usa-se também os ângulos mínimo e máximo das admitâncias de modo a traçar as duas retas, formando-se assim o LG. No caso do traçado do LG Polígono de “n” Lados, este é feito interligando-se os pontos mais externos de modo a fazer um envoltório com todos os valores de admitâncias dentro dele. Por esse motivo é chamado de “n” Lados, pois não tem um valor fixo de lados do polígono, variando para cada caso. Neste caso específico, o polígono tem 27 lados. Usando-se o software HarmZs, gerou-se também o gráfico de resposta em frequência do sistema, como pode ser visto na Figura 13. Os picos da curva representam um valor muito alto de impedância para uma determinada frequência, o que pode ocasionar ressonância paralela nos elementos da rede, gerando sobretensões no sistema. 39 Figura 13 - Resposta em frequência do sistema. Fonte: Autora. Com o traçado dos LGs terminou-se a simulação desta parte do estudo. Na continuação do estudo, será realizado o cálculo da fonte de corrente e da impedância equivalente de Norton, que tem como intuito representar o parque eólico, sendo isto realizado no TCC2. Para então poder realizar o cálculo da distorção harmônica de tensão no PAC. 40 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a realização da simulação da impedância da rede básica sendo representada por dois lugares geométricos diferentes, pode-se perceber a diferença entre eles visualmente, observando as figuras 10 e 11. Os dois métodos de lugares geométricos aqui traçados são os recomendados pelo ONS na nota técnica 009/2016. Como lá exposto, o método do LG de Polígono de “n” Lados é o mais recomendado quando se trata de estudos de análise de conexão de parques eólicos no PAC, pois este é mais realista frente ao outro método levando em conta que este é traçado envolvendo todos os pontos de impedância em um espaço menor, se comparado com o LG de Setor Anular, como pode ser visto na Figura 12. Por esta razão, o método do LG de Polígono de “n” Lados é menos conservador, não ocasionando superdimensionamento de filtros com o intuito de reduzir a distorção harmônica de tensão no PAC, consequentemente menos recurso financeiro é gasto com esta finalidade. Apesar das grandes vantagens deste método, tem-se a desvantagem de ser um método com uma margem de segurança reduzida. Para poder resolver este problema são levados em conta as interharmônicas adjacentes posteriores e inferiores, expressas por ± 0,5h. Tendo assim, uma maior segurança frente aos valores calculados evitando-se possíveis ressonâncias harmônicas, que ocasionam sobretensão ou sobrecorrente no sistema. O método de LG alternativo recomendado pelo ONS, apesar de ser menos vantajoso financeiramente é mais otimizado e promove uma maior segurança com relação aos pontos de impedâncias harmônicas calculados. Após o cálculo da impedância e o traçado do lugar geométrico que representa a rede básica, deve-se calcular a fonte de corrente harmônica oriunda de todas as cargas não lineares do parque eólico e sua respectiva impedância, para assim poder calcular o valor de distorção harmônica de tensão máxima no PAC e comparar com os valores fornecidos pelo ONS no submódulo 2.8 dos Procedimentos de Rede, então verificando um possível meio de mitigar esta distorção caso necessário. Essa parte de cálculo para realização do estudo completo de acesso de um parque eólico no SIN será realizado no TCC2, juntamente com outros cálculos e análises pertinentes ao assunto. 41 PRÓXIMOS PASSOS: Escolher um aerogerador; Identificar os componentes eletrônicos do aerogerador que geram correntes harmônicas; Calcular a fonte de corrente harmônica e a impedância do parque eólico (equivalente de Norton), utilizando o software HarmZs; Calcular a distorção máxima de tensão no PAC, utilizando o software HarmZs; Conclusão do trabalho. 42 REFERÊNCIAL TEÓRICO AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL. Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional- PRODIST: Módulo 8 qualidade da energia elétrica. [S.l.], 2016. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA EÓLICA – ABEEÓLICA. Boletim de dados. Agosto, 2016. Disponível em: <http://www.portalabeeolica.org.br/index.php/dados.html > . Acesso em: 23/11/2016 BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 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