BREVE HISTÓRICO DE CONSTITUIÇÃO DO PROGRAMA E DA BRINQUEDOTECA SOCIAL NO UNEC. Infância e Compromisso da Sociedade é um programa Institucional do Centro Universitário de Caratinga – UNEC, criado em 2005 e se compõe de uma equipe multiprofissional de professores universitários comprometidos com a causa de crianças e adolescentes em situação de risco social. Pela complexidade da temática devida a causas multifatoriais, esse programa se organiza em diversos grupos de extensão, ensino e pesquisa e ações de responsabilidade social, coordenados por profissionais das áreas de educação e de saúde, todos visando ao desenvolvimento humano dessas crianças e suas famílias através de estratégias de intervenção reflexivas, geradoras da emancipação moral, intelectual e social, fundamentada na auto sustentação econômica e no respeito à cultura dessas famílias. Como um dos pressupostos fundamentais desse programa é o desenvolvimento de ações investigativas e intervencionistas em rede, a UNEC mantém parceria com instituições filantrópicas da cidade, com escolas regulares de ensino fundamental e médio, Superintendência Regional de Ensino, com as famílias das crianças e com os órgãos oficiais, especialmente os de proteção integral da criança e do adolescente: Secretaria de Ação Social, Conselho Tutelar, Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente e Vara da Infância. Esse programa foi criado em função de três fatores básicos: um deve-se ao fato de que, quando a disciplina Educação em Creche começou a ser oferecida no Curso Normal Superior e uma das atividades de aprendizagem trabalhada incluiu visita às creches de Caratinga, cujos profissionais que nelas trabalhavam apresentaram como grande desafio profissional que ultrapassa as atribuições da escola, a vulnerabilidade social expresso na própria desestruturação de algumas famílias. O segundo fator, por se observar o significativo aumento de crianças e adolescentes vivendo em situação de vulnerabilidade social nas ruas da cidade de Caratinga, especialmente no entorno dos comércios varejistas. E o terceiro fator está vinculado à crença dos professores universitários do UNEC de que uma “casa se constrói de forma sólida é pela base”. Trata-se de um programa que associa atividades de ensino, de extensão e de pesquisa realizados por alunos e professores dos diversos cursos da educação e da saúde. Somente no curso de Pedagogia há 30 pesquisas na área. As ações desse programa visam à possibilidade de promover amplas discussões com todos os segmentos da sociedade que, direta ou indiretamente, têm responsabilidades profissionais e/ou cidadãs sobre as condições de riscos diversos a que nossas crianças e adolescentes estão expostos, resultado da perversidade histórica de um sistema capitalista excludente. Ao dar maior visibilidade ao problema através de discussões, a UNEC acredita que ações concretas para busca de minimização e/ou superação dele vão emergir e concretizar-se em nossa sociedade. Como parte desta visibilidade, foram realizadas 4 versões do Fórum Infância em Foco, com discussões multiprofissionais das diversas instituições sociais corresponsáveis pela proteção integral da infância. Como principal ação do Programa Infância e Compromisso da Sociedade, tivemos a criação e manutenção da Brinquedoteca Social do Centro Universitário de Caratinga – UNEC. O trabalho nela desenvolvido visa ao atendimento multidisciplinar e é um lugar especialmente preparado para acolher crianças oriundas das escolas públicas da cidade, mas que vivem em situação de vulnerabilidade social, em sinais, no entorno dos estabelecimentos comerciais e em outros locais que lhes oferecem riscos de se envolverem com drogas e outros tipos de infração. Na brinquedoteca, ao contrário, elas podem dizer de si através do livre brincar, jogar ou outra atividade lúdica à sua livre escolha. Tudo convida para sentir, pensar, expressar, conhecer, construir: sozinho, com outras crianças e com estagiários acompanhantes. É um lugar de encontro e de trocas, num contexto socioeducativo. Por se tratar de um projeto de natureza socioeducativa, a Brinquedoteca do UNEC iniciou sua criação e implantação em 2003, vinculada aos cursos Normal Superior e Pedagogia, mas se consolidou em 2005. A partir daí ela vem se mantendo através de muitas parcerias. A principal delas foi com a Escola Professor Jairo Grossi, também mantida pela FUNEC, a partir de 2005, que proporcionou condições de sua consolidação através de gincanas que promovemos juntas e outras campanhas internas e externas para montagem e manutenção dos brinquedos. Por três anos mantivemos uma parceria com a Creche Batista, mas que finalizou por causa do encerramento de suas atividades, por motivos alheios à instituição. Nesta época a brinquedoteca do UNEC foi cadastrada no Laboratório de Brinquedos e Materiais Pedagógicos da Faculdade de Educação da USP LABRIMP-FEUSP – através da sua identificação por aquela instituição fez buscas de brinquedotecas em funcionamento no País, pela internet, segundo nos informou a pesquisadora que se comunicou conosco na oportunidade. Em 2010 a Brinquedoteca – UNEC reafirmou parcerias importantes para a efetivação desse trabalho. Através da aluna do curso de Pedagogia, Selma Bittencourt, que atuava também no Centro de Referência Especializada da Assistência Social – CREAS de Caratinga e fazia coleta de dados para uma pesquisa orientada pela professora Celeste Aparecida Dias, foi feito o cadastramento de crianças consideradas em situação de vulnerabilidade social para frequentar a Brinquedoteca. O CREAS é uma unidade de serviços de proteção social especial (média complexidade), para atendimento de famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social. Considera-se que estar em situação de risco pessoal e social significa ter os direitos violados, ou estar em situação de contingência (pessoa com deficiência ou idosa necessitando de atendimento especializado). Nesse sentido, as parcerias firmadas são relevantes para o atendimento dos propósitos desse projeto. Além da parceria com o serviço social da cidade, a Polícia Militar também se juntou à equipe para auxiliar no cadastramento das crianças frequentadoras desse ambiente. Todos os PM envolvidos “apadrinharam” uma criança, visitaram a família dessa criança, se apresentam e explicam sobre o projeto. O propósito desse apadrinhamento foi criar uma aproximação amigável entre esses profissionais e as famílias, além de contar com o conhecimento que os PM possuem em relação à conduta das crianças encaminhadas para o projeto. Existem casos de crianças encaminhadas para o projeto com registros de boletins de ocorrência, na Polícia Militar e no Conselho Tutelar. As crianças que tiveram esses boletins de ocorrência registrados na Polícia Militar e no Conselho Tutelar, em maio de 2010, e que foram convidadas a participar da Brinquedoteca. Vale registrar que esta lista de Boletins de Ocorrência deu origem a outro Trabalho de Conclusão de Curso realizado pela aluna Giseide Fernandes Corrêa, defendido em 2013, cujo título foi Estudo prospectivo sobre os efeitos da intervenção do PROERD na resistência às drogas com alunos formandos em 2010 na cidade de Caratinga. Para conhecer os objetivos do projeto, definir as ações, estabelecer papéis e funções, foram realizados alguns encontros nas dependências da UNEC, com os PM e a aluna Selma Bitencourt, em forma de capacitação ministrada pela professora MSc. Celeste Aparecida Dias. A estagiária Laís Nascimento Costa, aluna do curso de Pedagogia e responsável pela Brinquedoteca entre os anos de 2010 e 2012, também participou desses encontros e, a partir desse momento, tornou-se o contato direto entre os parceiros, as famílias e as crianças. Pela sua natureza social, a Brinquedoteca sempre atendeu crianças de 2 a 12 anos, com prioridade para crianças que vivem em situação de vulnerabilidade social. Entretanto, com a dificuldade para atender tal públicoalvo, em função de suas dificuldades de acesso a seu local de funcionamento, por morarem em periferias longe do prédio da Brinquedoteca, e da existência de múltiplos programas de políticas públicas de educação, como o programa escola em tempo integral, a equipe coordenadora está analisando a possibilidade de se abrir para o atendimento de crianças de famílias estruturadas que apresentam dificuldades para aprender os conteúdos escolares ensinados e que estudam em escolas parceiras nas atividades de estágio, como forma de contrapartida a elas.