Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Microbiologia do saneamento: o milagre dos micro-organismos Profa. Dra. Débora Danielle V. Silva [email protected] Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Bactérias Vírus Algas Fungos Microorganismos Protozoários 1 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Bactérias Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Estrutura Celular Bacteriana Célula Procariótica 2 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade *unicelulares *diâmetros variam de 0,1 a 50µm *algumas autotróficas *maioria heterotrófica Micrografia eletrônica Bacillus sp. Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Fungos 3 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Estrutura Celular Célula Eucariótica Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade *unicelulares: leveduras *multicelulares: filamentosos Saccharomyces cerevisiae Penicillium sp. (pluricelular) levedura ( unicelular) 4 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade *Fungos Filamentosos e Leveduras: aspecto macroscópico Fungos Filamentosos Penicillium sp. Aspergillus sp. Leveduras Rhodotorula sp. Saccharomyces cerevisiae Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade *Fungos Filamentosos e Leveduras: aspecto microscópico Fungos Filamentosos Penicillium sp. Aspergillus sp. Leveduras Rhodotorula sp. Saccharomyces cerevisiae 5 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Protozoários Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade * Eucarióticos * Unicelulares * Geralmente sem coloração e com mobilidade Giardia sp. (Flagelado) Amoeba sp. (Ameba) Cryptosporidium sp. (Esporozoário) Paramecium sp. (Ciliado) 6 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Algas Volvox sp. Micrasterias sp. Scenedesmus sp. Spirogyra sp. Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade * Eucarióticos * Unicelulares e multicelulares * Fotoautotróficos (fotossintetizantes) * Dependendo do processo de tratamento, da espécie de alga e de sua concentração pode trazer efeitos benéficos (aeração, remoção de CO2, remoção de N e P) ou prejudiciais (eutrofização). 7 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Cianobactérias *algas azuis, algas cianofíceas ou cianobactérias *micro-organismos com características celulares de procariontes (ausência de membrana nuclear), porém com um sistema fotossintetizante semelhante ao das algas (eucariontes): são bactérias fotossintetizantes. Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade *produzem toxinas que podem causar distúrbios respiratórios, neurológicos, Microcystis sp. gastro-intestinais e alergias. Anabaena sp. 8 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Vírus polio, adeno, rota sarampo, caxumba, parainfluenza mosaico do tabaco herpes raiva poxvirus influenza Fago - T Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade *são 10 a 100 vezes menores que as bactérias (20 a 300 nm) *são obrigatoriamente parasitas (de animais, de vegetais e de micro-organismos) *não apresentam organização celular, apenas organização molecular *só se reproduzem dentro de uma célula-hospedeira viva, utilizando os sistemas de síntese de proteínas e energia da célula-hospedeira 9 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade * Alguns vírus de veiculação hídrica: Poliovírus Calicivírus Rotavírus Hepatite A Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Papel dos micro-organismos na degradação biológica dos efluentes 10 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Efeito da descarga de esgotos ou de efluentes ricos em matéria orgânica, nos sistemas aquáticos a) Em um rio, imediatamente após a entrada da matéria orgânica, há um aumento no número de bactérias heterotróficas e uma diminuição nas concentrações de O2. b) Um lago eutrófico (rico em nutrientes), apresentando algas, cianobactérias e macrófitos (ervas aquáticas), que se desenvolvem em resposta à poluição por nutrientes inorgânicos Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Processos de Tratamento de Efluentes Preliminar Primário Gradeamento Floculação Desarenação Decantação 1ária SECUNDÁRIO Terciário Tratamento Biológico Filtração Cloro Ozônio H2O2 11 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Tratamento Secundário = Tratamento Biológico *remoção de matéria orgânica dissolvida e da matéria orgânica em suspensão não removida no tratamento primário participação de micro-organismos contato entre os micro-organismos e o material orgânico contido no esgoto micromatéria orgânica + organismos microH2O + CO2 + organismos Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Tratamento Biológico Aeróbio Anaeróbio Lodos Ativados Lagoas Anaeróbias Lagoas Aeróbias Reatores Anaeróbios Enzimático Filtros Biológicos 12 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Exemplos de Enzimas Enzima Hidrolase Isomerase Função adiciona H2O e quebra macromoléculas em moléculas menores rearranjo atômico da molécula Ligase junta 2 moléculas Lipase degrada lipídeos Protease degrada proteínas Oxidorredutase oxida uma molécula enquanto reduz outra molécula Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Tratamento Biológico Aeróbio Anaeróbio Lodos Ativados Lagoas Anaeróbias Lagoas Aeróbias Reatores Anaeróbios Enzimático Filtros Biológicos 13 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Processo dos Lodos Ativados * Conceito do Processo: Tanque de aeração esgoto e lodo ativado misturados, agitados e aerados são Decantadores separam o lodo do esgoto tratado por sedimentação esgoto tratado passa para o vertedor do decantador lodo separado retorna ao processo ou é retirado para tratamento específico e destino final Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade * Vantagens e Desvantagens: vantagens Boa eficiência de tratamento Remoção de DBO ≈ 75 – 95% Remoção de SS ≈ 85 – 95% Remoção de N ≈ 30 – 70% Maior flexibilidade de operação desvantagens Operação delicada Necessidade de completo controle de laboratório 14 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Esquema do Sistema de Lodos Ativados (CETESB, 1985) Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Estrutura do Lodo Ativado *bactérias se aglomeram sob a forma de flocos; *bactérias filamentosas dão estrutura ao floco: Microthrix parvicella, Nocardia sp. *bactérias zoogleais produzem exopolímeros (polissacarídeos) que servirão para unir estas bactérias formando o floco: Zoogloea ramigera 15 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Estrutura típica de um floco de lodo ativado Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Principais Bactérias Filamentosas Nocardia sp. Microthrix parvicella Sphaerotilus natans Thiothrix sp. Nostocoida limicola 16 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Zooglea ramigera bactéria não filamentosa, forma massas gelatinosas Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Micro-organismos do Lodo Ativado *Bactérias: maior importância; formação estabilização da matéria orgânica; dos flocos; *Fungos: principalmente filamentosos; indesejáveis; dificultam a boa formação dos flocos; *Protozoários: contribuição indireta matéria orgânica; para estabilização da *Rotíferos e Nemátodos: contribuição indireta para estabilização da matéria orgânica; mais comuns nos processos de aeraçãoGeotrichum prolongada. sp. 17 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Espécies da Microfauna (Protozoários) Vorticella sp . (ciliado pedunculado) Acineta sp . (suctória) Colpidium sp. (ciliado livre) Bodo caudatum (flagelado) Arcela sp. (ameba) Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Espécies da Microfauna (Micrometazoários) Philodina citrina Rotaria sp. (rotífero) (rotífero) Rhabditis sp. (nematóide) Aleosoma sp. (anelídeo) 18 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Sequência da predominância relativa dos micro-organismos no tratamento de esgotos (von Sperling, 1996) *Condições para Degradação da Matéria Orgânica: população de micro-organismos ativos disponibilidade de O2 (2-5mg/L) disponibilidade de nutrientes (C, N, P, etc) condições ambientais favoráveis: temperatura pH (~7,0), tempo de contato, etc. (20-30ºC), Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade *Algumas formas de toxicidade aos micro-organismos do lodo: Fenóis Metais pesados (Pb, Cd, Hg, ...) Cu Cl U.V. O efeito negativo de cada tóxico varia quanto à sua concentração e aos tipos de micro-organismos. 19 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade *Ação dos micro-organismos sobre a matéria a ser degradada: Biomassa, DBO crescimento microbiano decaimento da DBO Tempo Relação entre o crescimento bacteriano e a remoção de DBO (adaptado de Jordão e Pessoa, 1995) Fase de Declínio (Endógena) Fase Estacionária Fase Exponencial Fase de Adaptação Log nºcélulas/mL Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Tempo Curva de Crescimento Bacteriano 20 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade * Análise microbiana típica de Lodo Ativado Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade O que observar a partir de amostras coletadas no tanque de aeração: presença de bactérias, protozoários e micrometazoários; grau de diversidade; se há predominância de um determinado grupo de micro- organismos; se apresentam comportamento habitual; se os micro-organismos estão vivos ou mortos; tamanho do floco; morfologia e integridade do floco; presença de colônias amorfas; presença de células livres; efeitos dos filamentos nos flocos. 21 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade a) Flocos ideais (boa tratabilidade e sedimentação; de médio e grande tamanhos, além de firmes, redondos e com aspecto compacto) b) Flocos “Pin-point” (geralmente pequenos, redondos e compactos; apenas bactérias formadoras de flocos estão presentes) c) Floco com Bulking filamentoso - intumescimento bactérias filamentosas; bactérias interferem na (excesso de sedimentação e compactação do lodo biológico, pela produção de um floco difuso e irregular) Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Relação entre os tamanhos de filamentos e flocos e as características do lodo Filamento (bac/mL) 101 a 102 102 a 106 106 a 108 > 108 Flocos Características pequeno diâmetro (<50µm) lodo disperso (pin-point) pequeno diâmetro (<50µm) provável intumescimento do lodo (bulking) médio a grande diâmetro (>100 a 300µm) lodo em boas condições pequeno a médio diâmetro (<100µm) muito provável intumescimento do lodo grande diâmetro (>150µm) provável intumescimento do lodo - intumescimento do lodo 22 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade * Micro-organismos indicadores das condições de depuração Micro-organismos Predominância rizópodes de flagelados Características do Processo e Lodo jovem; início de operação Deficiência de aeração; má depuração e sobrecarga orgânica Predominância de flagelados Predominância de pedunculados e livres ciliados Boas condições de depuração Presença de ciliados livres Nitrificação Presença de Vorticella microstoma (ciliado pedunculado) e baixa concentração de ciliados livres Efluente de má qualidade Predominância (gên. Aelosoma) Excesso de oxigênio dissolvido de anelídeos Predominância de filamentos Intumescimento do lodo Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Observação microscópica de amostra de lodo ativado protozoários_lodo ativado.avi 23 Água, Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade Bibliografia: CETESB - Norma Técnica L1.022 - Avaliação do uso de produtos biotecnológicos para tratamento de efluentes líquidos, resíduos sólidos e remediação de solos e águas, 2007. Disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br/servicos/normas---cetesb/43normas-tecnicas---cetesb. CETESB - Norma Técnica L1.025 - Manual técnico da microbiologia para sistemas de lodos ativados operando com esgotos domésticos, 1985. Disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br/servicos/normas---cetesb/43-normas-tecnicas---cetesb. Karl e Klaus R. Imhoff, Manual de Tratamento de Águas Residuárias. Editora: Edgard Blücher 2002, 301 p. Sant´Anna Jr., G. L. Tratamento Biológico de Efluentes: Fundamentos e Aplicações. Editora Interciência, 2010, 418 p. Vazollêr, R.F. et al. Microbiologia de Lodos Ativados. Série Manuais/CETESB, 1989, 23p. Von Sperling, M. Introdução a Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos. Editora: UFMG, 3a Edição, 452p. Von Sperling, M. Princípios Básicos do Tratamento de Esgotos. Editora:UFMG, 1996, 211 p. 24