ESTRUTURA DA MICROFAUNA DE LODO ATIVADO LUCIANO DE OLIVEIRA SOARES ([email protected]) / Engenharia Ambiental e Sanitaria, UNIFRA, Santa Maria RS NOELI JULIA SCHÜSSLER DE VASCONCELLOS ([email protected]) / Engenharia Ambiental e Sanitaria, UNIFRA, Santa Maria RS MARIANA RIBEIRO SANTIAGO ([email protected]) / Engenharia Ambiental e Sanitaria, UNIFRA, Santa Maria RS NAIANA POMMERENING DA SILVA ([email protected]) / Engenharia Ambiental e Sanitária, UNIFRA, Santa Maria RS EDER DUARTE DE OLIVEIRA ([email protected]) / Engenharia Ambiental e Sanitaria, UNIFRA, Santa Maria RS ANNA NAJARA MÜLLER DA CRUZ ([email protected]) / Engenharia Ambiental e Sanitaria, UNIFRA, Santa Maria RS RAONE PUNTEL BERNARDI ([email protected]) / Engenharia Ambiental e Sanitaria, UNIFRA, Santa Maria RS FERNANDO TELÓ MORAES ([email protected]) / Engenharia Ambiental e Sanitaria, UNIFRA, Santa Maria RS Palavras-Chave: PROTOZOÁRIOS; EFLUENTES DOMÉSTICOS; MICROBIOLOGIA. O sistema de tratamento de esgotos por lodo ativado é o mais empregado no mundo todo, devido a alta eficiência alcançada associada à pequena área de implantação requerida, comparado a outros sistemas de tratamento (BENTO, 2005). Este processo fundamenta-se no controle do crescimento de bactérias através da recirculação do lodo produzido no sistema, de modo a manter a maior concentração possível de microorganismos ativos no reator aerado (MENDONÇA, 2002; VON SPERLING, 1997). A eficiência do processo depende da capacidade de floculação da biomassa ativa e da composição dos flocos formados. Os flocos biológicos constituem um micro-sistema complexo formado por bactérias, fungos, protozoários e micro metazoários, sendo as bactérias as principais responsáveis pela depuração da matéria carbonácea e pela estruturação dos flocos. No entanto, quando apenas bactérias formadoras de flocos estão presentes, os flocos são geralmente pequenos (cerca de 75 µm), redondos e compactos, são os chamados flocos “Pin-point”. Por outro lado, quando há predominância de organismos filamentosos no meio, é formada uma microestrutura filamentosa, reduzindo a sedimentabilidade dos flocos. Esse fenômeno, conhecido como intumescimento ou “bulking” do lodo, é um problema complexo que atinge de 20 a 40% das estações de tratamento (VON SPERLING, 1997). A microfauna presente no lodo ativado é composta de ciliados (fixos e livres), amebas, fungos, algas, bactérias, flagelados e micrometazoários (rotíferos, nematóides, tardígrados e anelídeos). Os protozoários atuam como polidores dos efluentes dos processos de tratamento, pois consomem bactérias e matéria orgânica. Ciliados indicam boas condições de depuração e formação de flocos com boas características de sedimentabilidade. Os fungos não são muito comuns em lodos ativados, predominando quando há queda do pH e deficiência de nitrogênio (MENDONÇA, 2002). Entretanto, protozoários e micrometazoários também têm importante papel na manutenção de uma comunidade bacteriana equilibrada, na remoção na redução da DBO5 e na floculação. Por serem extremamente sensíveis às alterações no processo, os componentes da microfauna alternam-se no sistema em resposta às mudanças nas condições físico-químicas e ambientais. Desse modo, a composição da microfauna do lodo ativado revela tendências do processo, quanto à eficiência da remoção da demanda bioquímica de oxigênio (DBO5); a eficiência da remoção de sólidos suspensos; as condições de sedimentação do lodo; o nível de aeração empregado no sistema; a presença de compostos tóxicos e ocorrência de sobrecargas orgânicas e de nitrificação (BENTO et al., 2005). O presente trabalho teve como objetivo a analisar a estrutura da microfauna do lodo ativado nos tanques de aeração, antes e após uma precipitação em uma ETE (Estação de Tratamento de Esgotos). O estudo foi desenvolvido na ETE de Santa Maria, RS, no primeiro semestre de 2011. . Para a identificação dos grupos das comunidades de microrganismos presentes nas amostras de lodo ativado foram efetuadas duas coletas em cada situação (antes e após a chuva) e preparadas seis lâminas microscópicas nas quais contou-se todos os microrganismos de cada grupo, utilizando como metodologia a varredura. A classificação da microfauna do lodo ativado foi realizada seguindo o modelo descrito por Madoni (1994), que correlaciona condições operacionais e os protozoários encontrados nos tanques de aeração no sistema de lodos ativados, definindo grupos positivos e negativos relacionados à eficiência depurativa dos sistemas, em duas categorias: os CPFs, (ciliados pedunculados fixos) CFs (ciliados fixos) e TAMBs (tecamebas) como positivos e os pequenos flagelados, os CLNs, (ciliados livres natantes), Vorticella microstoma e Opercularia spp como negativos. A microfauna do lodo ativado foi classificada em grupos positivos e grupos negativos conforme descrito em Madoni et al. (1994) e a abundância relativa foi determinada de acordo com a escala que segue. 5- Muito abundante 4- Abundante 3- Comum 2- Ocasional r– um indivíduo observado A estrutura do floco foi realizada por microscópio de luz trinocular, marca Olympus LX 50, equipado com o sistema digital de imagem Nikon Coolpix 4500. Os parâmetros analisados foram a quantidade de bactérias filamentosas, a existência de pontes ligando os flocos e o tamanho do floco. As análises microscópicas evidenciaram equilíbrio entre bactérias formadoras de floco e bactérias filamentosas, resultando em uma estrutura adequada para a depuração do efluente e desenvolvimento do processo de tratamento biológico. Entretanto, nas amostras coletadas após uma chuva, a estrutura do floco não se manteve e este apresentou estrutura do tipo “pin-point”, para ambas as amostras (ETE e indústria). A microfauna das amostras coletadas antes da precipitação apresentou a seguinte estrutura: Tecamebas (5), Vorticelas (4) Alterias (4), Rotíferos (3), Tardígrados (2) e Euplotes (1), indicando, segundo Madoni (1994) e Figueiredo (1994) boas condições de depuração do lodo e eficiência do processo. Nas amostras coletadas após a precipitação, apesar de ter havido alterações na estrutura da microfuana, havendo predomínio de Vorticelas (5), seguido por Ciliados Livres Natantes (4) e Rotíferos (4), as condições de depuração do lodo e eficiência do processo se mantiveram boas. Portanto, pela metodologia utilizada neste estudo, observou-se que as condições climáticas podem alterar a estrutura dos flocos mais significativamente do que a estrutura da microfauna. Para futuros estudos, recomenda-se que novos estudos sejam realizados utilizando maior quantidade de coletas durante o decorrer do dia e do ano, pois as cargas afluentes ao reator são variáveis em horas do dia e durante as diferenciadas estações do ano. REFERÊNCIAS: BENTO, A.P.; SEZERINO, P.H.; PHILIPPI, L.S.; REGINATTO, V.; LAPOLLI, F.R; Caracterização da microfauna em estação de tratamento de esgotos do tipo lodos ativados: um instrumento de avaliação e controle do processo; Engenharia sanitária e ambiental; 10; 329-338; 2005. MADONI, P. A; Sludge biotic index (SBI) for the evaluation of the biological performance of activated sludge plants based on the microfauna analysis; Water Research; 28; 67-75; 1994. VON SPERLING, M.; Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. ; Minas Gerais; UFMG; 1997. MENDONÇA, L.C; Microbiologia e cinética de sistema de lodos ativados como pós-tratamento de efluente de reator anaeróbio de leito expandido; http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18138/tde-07042003143948/pt-br.php; 08-2011.