DANIEL MARIN CIVILIZAÇÃO MAIA – 1000 a.C. a 1500 d.C. Os

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CIVILIZAÇÃO MAIA – 1000 a.C. a 1500 d.C.
Os
espanhóis
que
em
1519
chegaram
à
região
do
atual
México, não puderam esconder seu espanto diante do que viram.
Naquela
época,
muitas
histórias
desconhecidas
alimentavam
os
civilizações
encontradas
ali
sobre
sonhos
fantásticas
dos
foram
europeus,
além
da
cidades
mas
as
imaginação.
Riquíssimas cidades eram sede de dois impérios: o dos maias e o
dos
astecas.
Os
maias
instalaram-se
no
sul
do
México,
na
Guatemala e em Honduras por volta do ano 1000 a.C. e não se sabe
ao
certo
qual
a
sua
origem.
A
sucessão
de
descobertas
arqueológicas indica o desenvolvimento de uma das mais notáveis
civilizações
do
Novo
Mundo,
com
uma
arquitetura,
escultura
e
cerâmica bastante elaboradas. Mas foi a decifração dos ideogramas
da escrita maia que permitiu reconstituir parcialmente a história
deste magnífico povo. Sua história pode ser dividida em três
períodos: o pré-clássico (1000 a.C. a 317 d.C.); o clássico ou
Antigo Império (317 a 889); e o pós-clássico ou Novo Império
(também conhecido por "renascimento maia", até 1697). Da idade
pré-clássica
pouco
se
conhece,
mas
pode-se
afirmar
que
neste
período já existia uma estrutura religiosa e social, com uma
classe
sacerdotal
especializada
em
matemática
e
astronomia.
Provavelmente foi nessa época que se criou o calendário maia. O
fim
da
idade
estabelecidos
pré-clássica
com
base
nas
e
o
começo
primeiras
da
datas
clássica
que
foram
puderam
ser
decifradas nos monumentos. A mais antiga é a Tábua de Leida,
pequena lâmina de jade encontrada em Uaxactun, talvez o centro
mais
importante
do
Antigo
Império,
que
corresponde
aproximadamente a 317 – 320 d.C. Esta data marca o início da
idade clássica, e
o
ano de
1697 –
o
fim do
Novo
Império
–
assinala o término da última resistência organizada contra os
espanhóis.
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Divididos lingüisticamente e espalhados sobre um enorme
território, apresentam, no entanto, uma notável homogeneidade na
escrita,
no
sistema
de
calendário,
nas
artes
plásticas
e
no
simbolismo religioso. A religião dominava toda a sua vida, como
também a organização política e econômica. Apenas os sacerdotes e
os nobres viviam na cidade e tinham a propriedade da terra; os
camponeses possuíam apenas o produto de seu trabalho. O solo era
demarcado a partir do centro e distribuído entre os chefes de
família para ser cultivado.
A supremacia da classe sacerdotal e sua importância no
planejamento da agricultura assemelham-se ao papel desempenhado
por
essa
mesma
sacerdotes maias
classe
eram
no
os
Egito
antigo.
conhecedores
da
Como
no
escrita,
Egito,
os
matemática,
astronomia, calendário e, assim, os únicos capazes de determinar
as épocas propícias para o preparo do campo, a semeadura e a
colheita.
Política e administrativamente, o império maia era formado
por
várias
cidades
autônomas,
semelhantes
às
cidades-estado
gregas. Cada uma delas era governada por um chefe – halch uinin,
o "verdadeiro homem", assistido por um conselho que incluía os
principais chefes tribais e os sacerdotes. O batab era o chefe
civil da cidade e o nacom, o chefe militar. Os membros da nobreza
eram recrutados entre os chefes de famílias locais, por ordem de
riqueza.
E a
classe
sacerdotal
–
akhim –
dividia-se em dois
grupos: um encarregava-se do culto; o outro devota-se às artes e
ciências.
Os maias se dedicavam basicamente à agricultura, que era
variada e desenvolvida. Cultivavam milho, cacau, algodão, feijão,
pimenta, sisal, abóbora, vários tubérculos, mamão e abacate. Mas,
indiscutivelmente, o principal produto era o milho. Tão grande
era a sua importância, que uma lenda maia contava que o criador
do mundo fez o homem a partir do milho.
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O
sistema
de
cultura
usado
pelos
maias
era
o
mais
apropriado para o tipo de solo da região: escolhido o local, os
agricultores cortavam os arbustos, moitas e árvores, com suas
achas de pedra; terminada esta tarefa, deixavam o campo para
secar sob o sol e num dia de bom vento – escolhido pelo sacerdote
– ateavam fogo, assobiando constantemente para invocar a ajuda
dos
deuses.
iniciava-se
As
a
cinzas
semeadura
serviam
de
após
primeiras
as
adubo.
Marcado
chuvas
o
de
campo,
maio
ou
junho. Com a coa – barra de madeira endurecida ao fogo – abriamse
os orifícios onde eram
colocadas
as sementes
de
milho ou
feijão.
Quando esgotavam os recursos agrícolas de uma área, os
maias escolhiam outro local para retomar o cultivo; pois não
sabiam como reaproveitar o terreno cultivado. Pouco a pouco, os
campos se tornavam cada vez mais distantes das habitações. Então,
estabeleciam-se
primeiros
em
novas
exploradores
terras
e
europeus,
construíam
que
nova
encontraram
cidade.
as
Os
cidades
abandonadas pelos maias, tiveram dificuldade para entender estas
estranhas
migrações:
casas,
palácios
e
estradas
totalmente
abandonados.
A
civilização
maia
destaca-se
sobretudo
pelo
seu
desenvolvimento intelectual. Seu sistema de escrita – hieroglifo
– era tão complexo, que ainda há sinais não decifrados. O avanço
de sua matemática permitiu na astronomia cálculos de exatidão
admirável. Conheciam os movimentos do Sol, da Lua, de Vênus e
outros planetas. Este povo deve ter conhecido astronomia mais que
muitos
outros
da
antiguidade,
pois
as
ruínas
encontradas
de
alguns observatórios como Uaxactum e o de Chichém Itza são provas
evidentes de seu progresso na prática dessa ciência. Foram ainda
os primeiros a usar o algarismo "zero" na numeração. O calendário
criado pelos maias conta com um impressionante sistema que lhes
permitia calcular o tempo com grande precisão, a partir de um
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ponto fixo no passado. Isto é, tinham uma cronologia absoluta,
com um ciclo de 52 anos. Este "marco zero" do calendário referese ao ano 3113 a.C., provavelmente a criação do mundo.
Sua
arquitetura
era
estreitamente
ligada
a
um
culto
religioso determinado por cálculos matemáticos. As fileiras das
pirâmides simbolizavam os níveis do universo: a própria pirâmide
representava a montanha do céu, que o Sol deve galgar e descer a
cada
dia.
Os
monumentos
e
edifícios
maias
eram
erguidos
em
lugares altos, talvez para aproxima-los das divindades – o deus
Sol, a deusa Lua -, mas tinha também uma finalidade defensiva,
resguardando
os
altares.
As
pedras
para
as
construções
eram
transportadas nos ombros, pois não conheciam a roda.
No império maia não havia cidades, mas centros de cultos
com edifícios, palácios, observatórios,
campos de jogo de bola e praças muito distantes uns dos
outros
e
os
camponeses
viviam
em
choças
de
palha,
que
contrastavam fortemente com o luxo das construções religiosas e
dos palácios dos nobres. Essas choças não sobreviveram ao tempo e
são conhecidas pelas suas representações nos afrescos dos templos
e palácios. No século IX ou X, os maias foram dominados por um
povo que vivia mais ao norte: os toltecas. Estes, guiados pelo
herói guerreiro Quetzalcoatl – transformado mais tarde em deus e
conhecido como Kukulcan pelos maias – e, passaram a exercer forte
influência política e militar sobre os maias. Nasceu assim uma
federação denominada Maiapan, governada por maias e toltecas.
A história dos toltecas está envolta em lendas e tudo
quanto se sabe desse povo foi legado pelos astecas, que sucederam
a maias e toltecas no domínio do território mexicano. Segundo a
mitologia
asteca,
os
toltecas
habitavam
um
país
de
fábula
–
Tollan ou Tula – próximo à Cidade do México. Eram mais altos,
velozes e mestres em todas as artes, de tal forma que a palavra
"tolteca" chegou a significar "artista" entre os astecas. Eram
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considerados
os
criadores
de
toda
a
cultura
e
ciência
desenvolvida pelos demais povos. Possuíam um elaborado sistema de
escrita
e
consta
até
que
tenham
colecionado
uma
enciclopédia
divina, mas nunca foi encontrada tal obra. Por volta do século X
abandonaram
Tula,
mas
antes
de
se
retirarem
incendiaram
e
destruíram os vestígios de sua civilização antiga.
A confederação maia-tolteca não teve uma duração muito
longa: discórdias internas, juntamente com pestes, invasões de
outros povos, provocaram o fim do poder centralizado. Seguiu-se
uma longa guerra, na qual se destacou um chefe estrangeiro, o
asteca Moctezuma, o velho. E Maiapan foi destruída pelos astecas.
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