RESUMO EXPANDIDO AÇÃO DA IVERMECTINA SOBRE

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RESUMO
19ªEXPANDIDO
RAIB
191/417 313
AÇÃO DA IVERMECTINA SOBRE PULMÕES DE RATAS ALBINAS (RATTUS NORVEGICUS ALBINUS)
J.P. Medeiros1, L. Baratella-Evêncio2, M.J. Simões3, A.C.S. Barros1,
J.S.V. Cunha1, R.S. Simões3, J. Evêncio-Neto1
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, Av. Dom
Manoel de Medeiros, s/no, CEP 52171-900, Recife, PE, Brasil. E-mail: [email protected]
1
RESUMO
A ivermectina é uma droga bastante utilizada na terapêutica de importantes enfermidades
que acometem os animais domésticos. Esta droga é bem distribuída em diferentes tecidos e
órgãos, incluindo a camada da mucosa do trato gastrointestinal. A ivermectina não induz alterações na massa relativa e nem anátomo ou histopatológicas nos órgãos de ratas tratadas com
ivermectina, com exceção dos pulmões de algumas ratas que apresentam discreta congestão
pulmonar. Altas concentrações de ivermectina encontram-se na pele e pulmões de ratas. A
maior parte do parênquima pulmonar é constituída por alvéolos, estes são estruturas de paredes
muito delgadas, que facilitam a troca do CO2 do sangue pelo O2 do ar inspirado. A finalidade
funcional dos pulmões é prover a distribuição adequada do ar inspirado e do fluxo sanguíneo
pulmonar, de modo que as trocas de O2 e de CO2 entre o gás alveolar e o sangue dos capilares
alveolares se realizem com dispêndio mínimo de energia. O objetivo deste trabalho foi analisar
a ação da ivermectina pulmões de ratas. Foram utilizadas 30 ratas albinas, adultas e virgens,
divididas em três grupos, cada um constituído por dez animais: GI- ratas controle, tratadas com
o veículo da ivermectina (água destilada) por via oral; Grupos II e III, cada um tratadas com 1,0
mg/kg/dia e 2,0 mg/kg/dia de ivermectina via oral, respectivamente. Os animais foram tratados durante 45 dias, com administração do medicamento a cada 3 dias, totalizando 15 administrações para cada animal. Após esse período foi feita a eutanásia dos animais, coleta do pulmão,
pesagem em balança analítica, e posteriormente processado para microscopia de luz. Os resultados mostraram que os grupos I, II e III, apresentaram médias de 1.70, 1.93 e 2.02, respectivamente;
não revelando assim diferenças estatisticamente significativas, além de também não mostrar
alterações histopatológicas no parênquima pulmonar. Desta maneira conclui-se que a administração de ivermectina não provoca alteração no peso e nem na histopatologia do pulmão de
ratas.
PALAVRAS-CHAVE: Ivermectina, pulmão, ratos.
ABSTRACT
EFFECTS IF IVERMECTIN ON THE LUNGS OF RATS (RATTUS NORVEGICUS ALBINUS).
Ivermectin is a drug often used in the therapy of important diseases that affect domestic animals.
This drug is well distributed in different tissues and organs, including in the mucous membrane
of the gastrointestinal tract. Ivermectin does not induce alterations in the relative mass nor
anatomy or histopatology of the organs of rats treated with ivermectin, with the exception of the
lungs of some rats that present discrete pulmonary congestion. High concentrations of ivermectin
are found in the skin and lungs of rats. Most of the pulmonary tissue is constituted by alveoli,
which are structures with very thin walls that facilitate the exchange of CO2 from the blood for
the O2 of inspired air. The functional purpose of the lungs is to provide for the adequate
distribution of the inspired air and the pulmonary blood flow, in way that the exchange of O2
and CO2 between the alveolar gas and the blood of the alveolar capillaries is carried out with a
minimum expenditure of energy. The aim of the present study was to analyze the effects of
ivermectin on the lungs of rats. Thirty albino adult virgin rats were divided into three groups of
10 animals each: GI – the control rats, treated with the vehicle of the ivermectin (distilled water)
by oral route; Groups II and III, treated with 1.0 mg/kg and 2.0 mg/kg of ivermectin by oral
²Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Ciências Biológicas, Departamento de Histologia e Embriologia,
Recife, PE, Brasil.
³Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, Departamento de Morfologia, São Paulo, SP, Brasil.
Biológico, São Paulo, v.68, Suplemento, p.313-315, 2006
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route, respectively. The animals were treated for 45 days, with administration of the medicine
every 3 days, for a total of 15 administrations for each animal. After this period the animals were
euthanatized and their lungs were collected in an analytical scale, and then processed for light
microscopy. The results showed that groups I, II and III presented averages of 1.70, 1.93 and 2.02;
thus not presenting significant statistical differences. They furthermore did not present
histopathological alterations in the pulmonary tissue. It was therefore concluded that the
administration of ivermectin does not provoke alteration in the weight nor in the histopathology
of the lungs of rats.
KEY WORDS: Ivermectin, lung, rats.
MATERIAL E MÉTODOS
INTRODUÇÃO
A ivermectina é uma droga bastante utilizada na
terapêutica de importantes enfermidades que acometem os animais domésticos.
A farmacocinética da ivermectina é influenciada
por fatores como: espécie de animal tratada, formulação da composição e tipo de administração. A
ivermectina é rapidamente absorvida quando administrada subcutaneamente ou oralmente; é eliminada
nas fezes, e somente 2% excretada na urina. Altos níveis foram encontrados no fígado e gordura
(SUTHERLAND & CAMPBELL, 1990).
Esta droga é bem distribuída em diferentes tecidos
e órgãos, incluindo a camada da mucosa do trato
gastrointestinal. Altas concentrações de ivermectina
encontram-se na pele e pulmões de ratas (BOWMAN et
al., 1992). AYRES & ALMEIDA (1999) relataram também
que altas concentrações de ivermectina encontram-se
na pele e pulmões. Em um estudo realizado com ratas
tratadas com ivermectina foi visto que alguns órgãos
pode aparecer resíduos até 42 dias pós-tratamento
(CONDER & BAKER, 2001).
Os pulmões são dois órgãos localizados na cavidade torácica e revestidos pela pleura, que é constituída por tecido conjuntivo, tecido elástico e fibras musculares lisas. No estroma intersticial dos pulmões,
correm vasos sanguíneos e linfáticos, assim como
nervos. Além disso, o tecido intersticial contém
linfonodos que fagocitam partículas estranhas ao
parênquima pulmonar (DUKES et al., 1996). A maior
parte do parênquima pulmonar é constituída por alvéolos, estes são estruturas de paredes muito delgadas, que facilitam a troca do CO2 do sangue pelo O2 do
ar inspirado. A finalidade funcional dos pulmões é
prover a distribuição adequada do ar inspirado e do
fluxo sanguíneo pulmonar, de modo que as trocas de
O2 e de CO2 entre o gás alveolar e o sangue dos capilares alveolares se realizem com dispêndio mínimo de
energia (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2004).
Um estudo com macacos neonatos recebendo oralmente por duas semanas, doses de 100 mg/kg/dia
de ivermectina não revelou achados clínicos ou
histopatológicos adversos (LANKAS & GORDON, 1989).
Este trabalho teve por objetivo estudar a ação da
ivermectina sobre o pulmão de ratas.
Foram utilizadas 30 ratas albinas da linhagem
wistar (Rattus novergicus albinus, Rodentia,
Mammalia), adultas, virgens e púberes, pesando entre 200 e 220 g, provenientes do biotério do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Após um período de adaptação, foram realizados esfregaços vaginais para a determinação da regularidade do ciclo
estral. Os animais que apresentaram três ciclos estrais
regulares foram divididos em 3 grupos, cada um constituído por 10 animais, distribuídos da seguinte maneira: Grupo I- Ratas controle, tratadas com o veículo
da ivermectina; Grupo II- Ratas tratadas com 1 mg/
kg de ivermectina, Grupo III- Ratas tratadas com 2
mg/kg de ivermectina.
Os animais foram tratados durante 45 dias, com
administração do medicamento (solução oral a 0,08%
para ovinos e caprinos), por via oral, a cada 3 dias; a
administração foi feita por gavage. Após esse período
os animais foram anestesiados utilizando-se na medicação pré-anestésica sulfato de atropina a 0,125 mg/
mL. Para cada animal foi administrado 0,2 mL por via
intramuscular. Foi feita anestesia dissociativa utilizando cloridrato de xilazina a 2% e cloridrato de quetamina
a 10% à dose de 0,2 mL por animal, administrados
também por via intamuscular. Posteriormente, foi feita
a incisão da cavidade abdominal sobre a linha alba,
do púbis até a cartilagem xifóide, para exposição do
conteúdo abdominal. Neste procedimento foram retirados fragmento dos pulmões que foram fixados em
líquido de Böuin por 24h. Em seguida os animais foram eutanasiados por aprofundamento do plano anestésico. Todos os procedimentos foram aprovados pela
comissão de pesquisa, ética e experimentação animal
do DMFA-UFRPE. Em seguida os fragmentos foram
desidratados em álcool etílico em concentrações crescentes, diafanizados pelo xilol, impregnados pela parafina líquida em estufa regulada à temperatura de 59º
C e incluídos em parafina. Em seguida os blocos foram
cortados em micrótomo do tipo Minot, ajustado para 5
μm (micrômetros). Os cortes obtidos foram colocados
em lâminas previamente untadas com albumina de
Mayer e mantidos em estufa regulada à temperatura
de 37º C, durante 24h, para secagem e colagem. Em
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seqüência, os cortes foram submetidos à técnica de coloração pela hematoxilina-eosina (H-E). A análise
morfológica e documentação fotográfica foi feita em
fotomicroscópico.
Os resultados foram avaliados por Análise de
Variância, quando significante esta foi
complementada pelo teste de Comparações Múltiplas
Tukey e Kramer. Os dados foram tabulados e processados em programa estatístico. Adotou-se o nível de
significância de 0,05 (a ≤ 0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os pulmões foram pesados, e a análise estatística
do peso dos pulmões não revelou diferença estatística entre os grupos experimentais (Tabela 1).
Quanto à morfologia dos pulmões, observou-se,
Tabela 1 - Média e desvio padrão (DP) do peso (g) do
pulmão de ratas tratadas com ivermectina.
Grupos
(n=10)
GI
GII
GIII
Média
DP
1,90 ±
0,01
1,93 ±
0,02
1,98 ±
0,04
Análise de Variância (p > 0,05).
através da microscopia de luz, que ao estruturas pulmonares não sofreram alterações histopatológicas,
sendo observados alvéolos com revestimento epitelial
simples plano bem preservado.
Os resultados obtidos somam-se aos relatados por
MÖLLER et al. (2003), quando afirmam que a administração de ivermectina não altera a massa relativa e
nem a morfologia do pulmão.
O‘CONNOR et al. (2001) descreveram que ratas que
receberam dieta com ivermectina apresentaram lesões
histopatológicas, não estando de acordo com os nossos resultados.
CONCLUSÃO
Baseados em nossos resultados podemos sugerir
que, a ivermectina não provoca alterações na massa
relativa e nem na histopalogia do pulmão de ratas.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao PIBIC/UFRPE/CNPq, a
CAPES e ao CNPq pelas bolsas e pelo importante suporte financeiro.
REFERÊNCIAS
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Guanabara Koogan, 1996. 856p.
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JUNQUEIRA, L.C. & CARNEIRO, J. Histologia básica. 10. ed.
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LANKAS, G.R. & GORDON, L.R. Toxicology. In: Ivermectin
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In press.
MÖLLER, M.V.; DALLEGRAVE, E.; COELHO, R.; PEREIRA, J.;
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Veterinary Research Animal Science, v.40, n.5, p.2-8,
2003.
O´CONNOR, P.J.; MACNAUGHT, F.; BUTLER, W.H.; COOPER,
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SUTHERLAND, I.H. & CAMPBELL, W.C. Development,
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Biológico, São Paulo, v.68, Suplemento, p.313-315, 2006
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