GRAVIDEZ E ZIKA EM 7 PERGUNTAS A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o vírus Zika é uma emergência global. No Brasil, entretanto, a epidemia já assusta moradores e, principalmente, as grávidas. A doença é transmitida pela picada do mosquito-portador Aedes Aegypti e, recentemente, o Ministério da Saúde confirmou a relação entre o vírus Zika e a microcefalia (condição rara em que o bebê nasce com o crânio menor que o tamanho normal). As pesquisas sobre a doença, sua transmissão e consequência ainda não estão suficientemente claras. Com isso, as gestantes ainda estão muito inseguras e lotam os consultórios médicos à procura de informação. O Dr. Renato Sá, do Grupo Perinatal, esclarece em sete perguntas as dúvidas mais frequentes de grávidas em relação ao vírus. Segundo ele, como é preciso focar na prevenção. Já que o mosquito não voa para longe, os cuidados devem começar em casa, não acumulando água parada e lavando suporte dos vasos de plantas. “Se melhorarmos a qualidade de habitação, aumentamos a segurança contra o mosquito. Tem que haver um cuidado contínuo e adequado por parte de toda a população, não somente das gestantes”, enfatiza. Confira 7 respostas para as perguntas mais frequentes sobre Zika: Como detectar o vírus? Existem dois tipos de teste. Um deles é o PCR, que pesquisa fragmentos do vírus na circulação, na urina ou no líquido amniótico. No sangue, fica até cinco dias e na urina, até 15. A precisão é muito alta, mas, se o vírus não estiver circulante, não aponta nada. Ou seja, se a infecção tiver acabado esse teste não dará o diagnóstico. As sorologias também conseguem identificar os anticorpos contra o vírus das classes IgM e IgG, que poderiam ser usados com intervalos bem maiores após a infecção. Porém, o teste tem muita reação cruzada com outros vírus, como Dengue e Febre Amarela, o que diminui sua precisão. O vírus na mãe infecta o bebê? A infecção de mãe para filho é uma questão que ainda está sendo esclarecida pelos pesquisadores. O que se sabe até agora é que aparentemente o vírus atravessa a placenta e chega à circulação do bebê. Dependendo do período de formação e desenvolvimento do sistema nervoso causará diferentes lesões. A mais preocupante delas é a microcefalia, que parece estar relacionada à infecção pelo vírus da Zika no primeiro trimestre. Toda grávida infectadas terá um bebê com microcefalia? Vários médicos do nosso grupo são também pesquisadores de outras universidades e da Fiocruz, todos eles estão empenhados em responder estas perguntas através da pesquisa científica, mas nada de conclusivo até o momento. Vale ressaltar que nem todas as gestantes que foram infectadas pelo Zika terão problemas com os seus bebês, parece que o comprometimento fetal tem relação com a idade gestacional que infecção ocorreu. E se o bebê nascer com microcefalia? Neste momento os bebês estão sendo acompanhados de forma bastante atenta pelos nossos especialistas. Os que apresentam complicações graves como a microcefalia dependerão de maior atenção da equipe médica. Os que aparentemente não apresentam sintomas ao nascimento estão sendo acompanhados (previsão de até os três anos de idade) para identificar possíveis problemas que possam aparecer mais tarde. Quero engravidar, e agora? No Brasil 50% das gestações não são planejadas, portanto pouca coisa é feita antes da gravidez na maioria dos casos. As recomendações são: 1) Proteção pessoal: uso de repelente, roupas que cubram o corpo e evitar a exposição em regiões de maior registro de casos da doença; 2) Proteção da população: combate ao mosquito transmissor; 3) Evitar a disseminação a partir dos infectados: uso de repelentes e outras formas de proteção aos que estão doentes, para impedir que o mosquito se contamine e dissemine a infecção para outras pessoas. Já estou grávida, o que fazer? Use mangas compridas e calças, e sapatos fechados; usar repelente a cada duas horas; prefira locais com ar-condicionado, pois o ar frio dificulta a proliferação do mosquito Aedes Aegypt; verifique diariamente os vasos e suportes em casa para ver se tem água parada; coloque telas nas janelas e use pulseiras feitas à base de citronela. Como está a situação no Brasil? O Ministério da Saúde do Brasil tem relatado mais de 3.800 casos de microcefalia. A microcefalia aumentou em pelo menos quatro vezes desde que a infecção pelo Zika vírus apareceu. No site do Ministério da Saúde do Brasil estes dados são atualizados mensalmente, mas os números são muito preocupantes. Fonte: Dr. Renato Sá – Chefe do setor de obstetrícia e medicina fetal do Grupo Perinatal e diretor do Centro de Diagnósticos da Maternidade Perinatal