INÁCIO PASCOAL DO MONTE JÚNIOR UTILIZAÇÃO DE SUBPRODUTOS DO NIM (AZADIRACHTA INDICA A. JUSS) NA ASSOCIAÇÃO MICORRÍZICA ARBUSCULAR EM MUDAS DE NIM RECIFE FEVEREIRO/2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE MICOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE FUNGOS UTILIZAÇÃO DE SUBPRODUTOS DO NIM (AZADIRACHTA INDICA A. JUSS) NA ASSOCIAÇÃO MICORRÍZICA ARBUSCULAR EM MUDAS DE NIM INÁCIO PASCOAL DO MONTE JÚNIOR Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Biologia de Fungos do Departamento de Micologia do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Biologia de Fungos. Área de Concentração: Micologia Aplicada Orientadora: Dra. Uided Maaze Tiburcio Cavalcante Co-orientador: Dr. Fábio Sergio Barbosa da Silva RECIFE FEVEREIRO/2011 Monte Júnior, Inácio Pascoal do Utilização de subprodutos do NIM (Azadirachta indica A. Juss/ Inácio Pascoal do Monte Junior. – Recife: O Autor, 2011. 56 folhas : il., fig., tab. Orientadora: Uided Maaze Tiburcio Cavalcante Co-Orientador: Fábio Sérgio Barbosa da Silva Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. Centro de Ciências Biológicas. Micologia Aplicada, 2011. Inclui bibliografia 1. Fungos 2. Nim 3. Pernambuco I. Título. 579.5 CDD (22.ed.) UFPE/CCB-2011-116 UTILIZAÇÃO DE SUBPRODUTOS DO NIM (AZADIRACHTA INDICA A. JUSS) NA ASSOCIAÇÃO MICORRÍZICA ARBUSCULAR EM MUDAS DE NIM INÁCIO PASCOAL DO MONTE JUNIOR Data da defesa: 25/02/2011 COMISSÃO EXAMINADORA MEMBROS TITULARES “A simplicidade é o último degrau da sabedoria” Gibran Khalil Gibran. Aos meus pais, Elisabeth e Inácio Monte e ao meu irmão João Neto. Dedico Agradecimentos A Deus, por ter dado condições para enfrentar os desafios encontrados. Aos meus pais Inácio e Elisabeth Monte e ao meu irmão João Neto pelo incentivo, dedicação e carinho em todos os momentos da minha vida. À Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE), pela concessão da bolsa de estudo. À Dra. Uided Maaze Tiburcio Cavalcante, pela orientação e confiança. À Dra. Leonor Costa Maia, pela grande competência, discernimento e atenção dispensada a todos do Laboratório de Micorrizas. Ao Dr. Fábio Sergio Barbosa da Silva pela colaboração e sugestões. Ao Dr. Bruno Tomio Goto, pela colaboração na identificação dos FMA. À empresa Cruangi Neem do Brasil pela hospitalidade e uso das instalações para condução e avaliação do experimento em viveiro e por ter fornecido os subprodutos vegetais. À Andréa Chaves (EECAC/UFRPE), pela contribuição com análises químicas e físicas do solo. À Dra. Cláudia Pereira Lins (CAV-UFPE), pelas discussões valiosas e disponibilidade em ajudar. À Dra. Cynthia Maria Carneiro Costa (UAST-UFRPE) e Thais Teixeira, pela grande ajuda na realização da coleta. À Danielle Karla, Indra Escobar, Renata Souza e Vilma Santos, pela amizade, incentivos, conselhos e ajuda indispensável na realização deste trabalho. A Frederico Marinho e Larissa Vieira, pela ajuda e apoio na avaliação do experimento. Aos colegas de Laboratório de Micorrizas; Ângelo Souto, Camila Pereira, Catarina Mello, Clarissa Silva, Daniele Magna, Edvaneide Leandro, Heloísa Silva, Ingrid Lino, Iolanda Silva, Isabela Gonçalves, Joana Veras, Juliana Pontes, Kelly Lima, Laís Lima, Mayra Oliveira, Moacir Alcantara, Natália Sousa, Reginaldo Neto, Rejane Silva, Roberta Feitosa, Thaís Cavalcanti, Vera Pereira, pelo convívio. A todos que contribuíram de alguma forma para realização deste trabalho. RESUMO GERAL Devido aos seus múltiplos usos na medicina, produção de fertilizantes, controle de pragas etc., o cultivo comercial de nim (Azadirachta indica A. Juss.) vem crescendo em vários países do mundo, incluindo o Brasil. Fungos micorrízicos arbusculares (FMA) e subprodutos vegetais podem constituir alternativa eficiente para estimular o crescimento e reduzir o tempo de formação das mudas, além de contribuírem para aumento da tolerância das plantas a estresses bióticos e abióticos. Assim, objetivou-se conhecer o estado micorrízico de plantas de nim cultivadas em quatro municípios de Pernambuco (Recife, Timbaúba, Serra Talhada e Petrolina) e avaliar o efeito de três substratos (torta e folhas de nim, torta de cana) e da inoculação com FMA (nativos ou introduzidos), na produção de mudas de nim. O trabalho foi dividido em duas partes: i) caracterização da comunidade de FMA presentes em áreas cultivadas com nim e ii) experimento em viveiro. Na primeira etapa foram coletadas 10 amostras de solo/raízes da rizosfera de plantas de nim cultivadas nos municípios. Determinou-se: número de glomerosporos, riqueza de espécies de FMA, número mais provável (NMP) de propágulos infectivos de FMA, colonização micorrízica e o teor de proteínas do solo relacionadas à glomalina (facilmente extraível PSRG-FE e total PSRG-T). Na segunda etapa, foi conduzido experimento em viveiro, com delineamento inteiramente casualizado em fatorial 4×4: quatro tratamentos de inoculação (Glomus etunicatum, Acaulospora longula, mix com Gigaspora albida e Fuscutata heterogama e FMA nativos) e quatro substratos (torta de nim, folhas de nim, torta de cana-de-açúcar e solo sem adição de substrato). Após 90 dias avaliou-se: altura, diâmetro do caule, número de folhas, área foliar, massa seca e fresca da parte aérea e radicular, incremento, número de glomerosporos, colonização micorrízica e PSRG-FE. Foram identificados 49 táxons de FMA na rizosfera de nim, distribuídos em 11 gêneros (Glomus, Acaulospora, Gigaspora, Scutellospora, Racocetra, Cetraspora, Dentiscutata, Fuscutata, Pacispora, Ambispora e Paraglomus). Maior riqueza de espécies foi observada na área em Recife (30), seguida por Timbaúba (16), Serra Talhada (15) e Petrolina (8). As amostras provenientes de Recife apresentaram mais propágulos infectivos de FMA (79 propágulos cm3 solo-1) que as demais e maior produção de glomerosporos diferindo do observado nas áreas de Serra Talhada e Petrolina. Apesar do teor de PSRG-T ter sido maior nas amostras de Timbaúba, a PSRG-FE e o teor de matéria orgânica não diferiram das amostras de Recife (p<0,05), enquanto Serra Talhada e Petrolina apresentaram os menores valores para essas variáveis não diferindo entre si (p<0,05). Em geral, a inoculação com G. etunicatum aumentou o crescimento das plantas nos substratos torta e folhas de nim constituindo alternativa para a produção de mudas dessa cultura, em condições de viveiro, reduzindo o uso de fertilizantes químicos que impactam o ambiente. Palavras-chave: Fungos micorrízicos arbusculares, diversidade, produção de mudas, subprodutos de nim ABSTRACT Due to its multiple uses in medicine, fertilizer production, control pests etc., the commercial cultivation of neem (Azadirachta indica A. Juss.) has been increasing in in various countries around the world, including Brazil. Arbuscular mycorrhizal fungi (AMF) and by-products may be effective alternative to promote growth and reduce training time for the seedlings, and contribute to increased tolerance of plants to biotic and abiotic stresses. Thus, it was aimed to know the status of mycorrhizal plants grown in neem four municipalities of Pernambuco (Recife, Timbaúba, Serra Talhada and Petrolina) and to evaluate the effect of three substrates (composted leaves and residues of neem and sugarcane) and inoculation AMF (native or introduced), in the production of seedlings of neem. The work was divided into two parts: i) characterization of the AMF community present in areas cultivated with neem and ii) experiment in the nursery. The first step was collected 10 samples of soil / roots from the rhizosphere of plants grown in the counties of neem. It was determined: number of glomerospores, AMF species richness, most probable number (MPN) of infective propagules of AMF, AMF colonization and glomalin-related soil protein (easily extractable GRSP-EE and total PSRG-T). In second experiment was conducted in the nursery, with a randomized design in a factorial arrangement of 4 × 4: four treatments of inoculation (Glomus etunicatum, Acaulospora longula, mix with Fuscutata heterogama e Gigaspora albida and native AMFl) and four substrates (neem cake, crushed neem leaves, sugarcane cake and soil). After 90 days it was evaluated: height, stem diameter, leaf number, leaf area, fresh and dry biomass of shoot and root, increment, number of glomerospores, mycorrhizal colonization and GRSP-EE. It was identified 49 taxa of AMF in the rhizosphere of neem, distributed in 11 genera (Glomus, Acaulospora, Gigaspora, Scutellospora, Racocetra, Cetraspora, Dentiscutata, Fuscutata, Pacispora, Ambispora and Paraglomus). Greater species richness was observed in the area in Recife (30), followed by Timbaúba (16), Serra Talhada (15) and Petrolina (8). Samples from Recife were more infective propagules of AMF (79 cm3 soil propagule-1) that other and greater production of glomerospores differ from that observed in the areas of Serra Talhada and Petrolina. Although the content of PSRG-T was higher in samples Timbaúba the PSRG-FE and organic matter content did not differ from samples of Recife (p<0.05), while Serra Talhada and Petrolina had the lowest values for these variables not among them (p <0.05). In general, inoculation with G. etunicatum increased plants growth in composted leaves and residues of neem providing an alternative for the production of seedlings of this crop under nursery conditions, reducing the use of chemical fertilizers that impact the environment. Keywords: Arbuscular mycorrhizal fungi, diversity, seedling production, by-products of neem Lista de Figuras Pág. Figura 1 - (A) Plantas adultas; (B) inflorescência e (C) frutos de nim (Azadirachta indica A.Juss.).................................................................................................................................... 17 Figura 2 - Estruturas dos FMA: A – arbúsculo; B – células auxiliares; C – vesículas.......... 22 Lista de Tabelas Pág. Tabela 1. Características químicas do solo rizosférico de áreas de cultivo de nim (Azadirachta indica) em quatro municípios do estado de Pernambuco, 2009.......................................................................................................................... 28 Tabela 2. Características físicas do solo rizosférico de áreas de cultivo de nim (Azadirachta indica) em quatro municípios do estado de Pernambuco, 2009.......................................................................................................................... 28 Tabela 3. Número mais provável (NMP) de propágulos infectivos e número de glomerosporos na rizosfera de nim (Azadirachta indica) em quatro municípios do estado de Pernambuco................................................................................................. 34 Tabela 4. Fungos micorrízicos arbusculares (Glomeromycota) da rizosfera de plantas de nim (Azadirachta indica) em quatro municípios do estado de Pernambuco, 2009....................................................................................................... 36 Tabela 5. Proteínas do solo relacionadas à glomalina total e facilmente extraível (PSRG-FE) e (PSRG-T) da rizosfera de plantas de nim (Azadirachta indica) em quatro municípios do estado de Pernambuco, 2009................................................... 39 Tabela 6. Crescimento de mudas de nim (Azadirachta indica) em diferentes substratos, 90 dias após a inoculação com FMA: controle não inoculado (NI), Glomus etunicatum (Ge), Acaulospora longula (Al), Fuscutata heterogama (Fh) + Gigaspora albida (Ga), em viveiro no município de Timbaúba-PE, 2010............................................................................................................................. 40 Tabela 7. Área foliar, biomassa fresca e seca da parte aérea e de mudas de nim (Azadirachta indica) em diferentes substratos, 90 dias após a inoculação com FMA. Controle não inoculado (NI), Glomus etunicatum (Ge), Acaulospora longula (Al), Fuscutata heterogama (Fh) + Gigaspora albida (Ga), em viveiro no município de Timbaúba-PE, 2010............................................................................... 42 Tabela 8. Biomassa fresca e seca radicular e de mudas de nim (Azadirachta indica) em diferentes substratos, 90 dias após a inoculação com FMA. Controle não inoculado (NI), Glomus etunicatum (Ge), Acaulospora longula (Al), Fuscutata heterogama (Fh) + Gigaspora albida (Ga), em viveiro no município de TimbaúbaPE, 2010...................................................................................................................... 43 Tabela 9. Número de glomerosporos na rizosfera e colonização micorrízica em mudas de nim (Azadirachta indica) em diferentes substratos, 90 dias após inoculação com FMA. Controle não inoculado (NI), Glomus etunicatum (Ge), Acaulospora longula (Al), Fuscutata heterogama (Fh) + Gigaspora albida (Ga), em viveiro no município de Timbaúba-PE, 2010....................................................... 44 Tabela 10. Produção de proteínas do solo relacionadas à glomalina facilmente extraível (PSRG-FE) na rizosfera de mudas de nim (Azadirachta indica) em diferentes substratos, 90 dias após a inoculação com FMA. Controle não inoculado (NI), Glomus etunicatum (Ge), Acaulospora longula (Al), Fuscutata heterogama (Fh) + Gigaspora albida (Ga), em viveiro no município de Timbaúba-PE, 2010............................................................................................................................ 44 SUMÁRIO Pág. 1.INTRODUÇÃO......................................................................................................... 14 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................... 16 2.1 Nim, Azadirachta indica A.Juss........................................................................ 16 2.2 Principais utilizações do nim............................................................................. 18 2.3 Associações micorrízicas................................................................................... 21 2.4 Micorriza arbuscular.......................................................................................... 22 2.5 Fungos micorrízicos arbusculares e Azadirachta indica................................... 24 3. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................... 27 3.1 Atividade micorrízica na rizosfera de nim........................................................ 27 3.1.1 Coletas.......................................................................................................... 27 3.1.2 Extração, contagem de glomerosporos e identificação das espécies de FMA...................................................................................................................... 28 3.1.3 Número mais provável (NMP) de propágulos infectivos............................. 29 3.1.4 Teor de matéria orgânica.............................................................................. 30 3.1.5 Proteínas do solo relacionadas à glomalina (PSRG).................................... 30 3.2 Instalação, condução e avaliação de experimentos de eficiência micorrízica... 30 3.3. Análise estatística............................................................................................. 32 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................. 33 4.1 Atividade micorrízica na rizosfera de nim........................................................ 33 4.2 Experimentos de eficiência micorrízica........................................................... 40 5. CONCLUSÕES........................................................................................................ 46 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 47 Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 15 1. INTRODUÇÃO O nim (Azadirachta indica A. Juss.) é uma planta nativa da Índia, pertencente à família Meliaceae. Atualmente vem sendo cultivada em diversos países de clima tropical e subtropical (Girish & Shankara, 2008), por se adaptar a diversos habitats e condições climáticas (Shankarnarayanan et al., 1987), e pela aplicação de suas folhas, frutos, sementes e madeira tanto na medicina veterinária como na produção de adubos e no controle de pragas (Martinez, 2002). Desde a antiguidade o nim era utilizado como medicamento, biopesticida, material para construções e lenha em áreas rurais (Schultz Jr. et al., 1992; Biswas et al., 2002; Girish & Shankara, 2008). Ultimamente tem sido estudado o efeito da aplicação de produtos naturais obtidos de partes da planta, principalmente os elementos biologicamente ativos de sua semente, no combate a diversas pragas e doenças que atacam vegetais e animais (Mourão et al., 2004; Carneiro et al., 2007; Srivastava et al., 2008). Além dessas aplicações, os subprodutos (torta e folhas de nim) contribuem para gestão sustentável do solo, visto que podem maximizar a produção vegetal e manter a qualidade ambiental (Rao & Siddaramappa, 2008). O ambiente edáfico é um dos fatores que pode influenciar o início da produção de frutos, a produtividade e a síntese de princípios ativos, como a azadiractina (Rengasamy & Parmar, 1995; Jitendra-Kumar et al., 1997; Vivekanandan, 1998). Entretanto, práticas agrícolas tais como fertilização e aplicação de produtos químicos influenciam as propriedades do solo, afetando por sua vez a atividade microbiana nesse ambiente (Sándor, 2006). Os microrganismos do solo participam de importantes processos relacionados à fertilidade, como a ciclagem de nutrientes e a decomposição da matéria orgânica (Singh & Singh, 2005). Dentre esses microrganismos, destacam-se os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) pela simbiose que formam com as raízes da maioria das espécies vegetais, sendo considerados os principais componentes da microbiota do solo (Oehl et al., 2003). Os FMA são cosmopolitas e desempenham papel relevante na manutenção dos ecossistemas (Maia et al., 2006; Costa et al., 2006), pois contribuem para o crescimento das plantas, influenciam a composição da comunidade vegetal e atuam em diversos processos do solo. A micorrização resulta na ação direta do fungo na absorção de água e nutrientes, especialmente os de baixa mobilidade no solo como o fósforo (Smith & Read, 2008). Os FMA atuam também na proteção contra patógenos vegetais (Silveira, 1992; Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 16 Maia et al., 2006) e na melhoria da agregação das partículas do solo pela produção de uma glicoproteína com propriedade cimentante, denominada glomalina (Wright & Upadhyaya, 1998a). Devido às dificuldades em separar a glomalina de outras substâncias presentes no solo, foi proposto o termo “proteínas do solo relacionadas à glomalina” (PSRG), pois pouco se conhece sobre a caracterização química da glomalina e não se conhece o gene responsável pela sua síntese (Rillig, 2004). O nim é altamente dependente da micorriza arbuscular (Habte et al., 1993) e embora não exista especificidade entre os simbiontes, foi observada preferência por determinados isolados de FMA (Sumana & Bagyaraj, 2006), sendo necessários mais estudos para seleção de espécies de FMA eficientes em produzir mudas mais vigorosas em menor espaço de tempo. O emprego de FMA e de subprodutos vegetais pode constituir alternativa eficiente na formação de plântulas de nim, melhorando suas condições nutricionais, antecipando o tempo de transplantio e proporcionando maior índice de sobrevivência a campo. Para que essa tecnologia seja implantada, estudos devem ser realizados no intuito de selecionar a combinação hospedeiro/fungo/substrato que garanta o estabelecimento da micorriza e a efetividade dos FMA na promoção do crescimento da cultura. A empresa Cruangi Neem do Brasil comercializa subprodutos tais como torta de nim, obtida da prensagem das sementes para extração de óleo, e folhas trituradas de nim, ambos recomendados como adubo. Além disso, a empresa reaproveita a torta de cana-deaçúcar (resíduo obtido da produção sucroalcooleira) como substrato para a produção de mudas de nim. Assim, os objetivos deste trabalho foram: i) determinar a riqueza de espécies, o número mais provável de propágulos infectivos de FMA, o teor de matéria orgânica e a quantidade de proteínas do solo relacionadas à glomalina na rizosfera de nim e ii) avaliar o efeito da inoculação com FMA associada a subprodutos vegetais (torta e folhas de nim e torta de cana-de-açúcar) sobre o crescimento de mudas de nim, em condições de viveiro. Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 17 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Nim, Azadirachta indica A. Juss. O nome latinizado Azadirachta indica é derivado do persa (Azadhirakt = árvore nobre, i - Hind = de origem indiana) que significa literalmente “árvore nobre da Índia” (Ogbuewu et al., 2011). Apesar de ser espécie nativa do subcontinente indiano, atualmente o nim pode ser visto crescendo com sucesso em cerca de 70 países em todo o mundo (Girish & Shankara, 2008, Venkateswarlu et al., 2008). É uma planta da ordem Rutales, família Meliaceae, tribo Melieae. com várias denominações, conhecida internacionalmente por neem, sendo que no Brasil o nome foi aportuguesado para nim (Parkert & Finzer, 2009). Devido ao seu múltiplo uso e elevado teor de azadiractina, um limonóide, extraído principalmente das sementes, que vem demonstrando grande eficácia no combate a diversas pragas e doenças que atacam vegetais e animais, o nim vem sendo estudado e cultivado em diversos países (Venkateswarlu, 2008). No Brasil, o nim foi introduzido oficialmente em 1986, pela Fundação Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), e atualmente pode ser encontrado em todas as regiões do País (Martinez, 2002). A planta apresenta crescimento rápido, com altura variando de 10 a 15 m e 30 a 80 cm de diâmetro quando adulta (Figura 1A). Sua madeira é marrom-avermelhada, dura e resistente; seus galhos espalhados formam coroas de até 10 m de diâmetro podendo atingir 15 m em árvores isoladas; seu tronco, relativamente reto, apresenta-se áspero com fissuras longitudinais (Neves & Carpanezzi, 2008; Soares et al., 2001). O nim é muito resistente, com sistema radicular composto por uma raiz pivotante, bem adaptada para retirar água e nutrientes do solo, no entanto muito sensível a inundações (Soares et al., 2001). São árvores atrativas, com grande quantidade de folhas sempre verdes, imparipinadas, alternadas, composta por até 15 folíolos dispostos em pares alternados com folíolos terminais. As flores são brancas, hermafroditas e aromáticas, brotam em feixes axiais, arranjando-se em inflorescências densas de 15 a 25 cm (Figura 1B) (Martinez, 2002). O fruto é uma drupa (1 a 3 cm de diâmetro), com a forma variando de elipsoidal a arredondado (Figura 1C) apresentando polpa amarelada quando maduro (Soares et al., 2001). A produção de frutos ocorre do terceiro ao quinto ano após o transplantio, tornando- Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 18 se totalmente produtiva após 10 anos, podendo viver mais de 200 anos. Uma árvore madura pode produzir até 50 kg de frutos por ano (Girish & Shankara, 2008), com cerca de 30 kg de sementes, gerando 6 kg de óleo e 21 kg de torta (Schmutterer, 1995). A floração e a frutificação ocorrem entre três e quatro anos, dependendo das condições climáticas da região em que o nim foi plantado. Em geral, a frutificação ocorre uma vez por ano. Contudo, dependendo do clima, principalmente da temperatura (ideal: 30 ºC) e baixa precipitação, realizam-se duas colheitas por ano (Neves et al., 2003). Fonte: Monte Jr Fonte: Monte Jr A Fonte: Monte Jr B C Figura 1. (A) Plantas adultas; (B) inflorescência e (C) frutos de nim (Azadirachta indica A.Juss.). A propagação do nim pode ser feita por sementes, estacas, mudas ou cultura de tecidos. Normalmente, esta árvore é cultivada a partir de sementes plantadas diretamente ou transplantadas como mudas de um viveiro. Para isso, as sementes devem ser retiradas de frutos em fase de amadurecimento, passar por um processo de despolpamento, manual ou mecânico, e depois devem ser secadas (Neves & Carpanezzi, 2008) e plantadas o mais rápido possível, pois são mais viáveis por curto período de tempo (cerca de oito a dez dias a contar da data da coleta) podendo-se conseguir boa germinação em até sete semanas após Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 19 a colheita, o que dependerá do processo de secagem e armazenamento das sementes (Sacandé et al., 2001; Martinez, 2002; Neves et al., 2003). A produção de mudas em viveiro seguido de transplantio ao campo é o sistema mais utilizado, devido ao melhor controle da nutrição e à proteção das raízes contra danos mecânicos e desidratação (Neves & Carpanezzi, 2008). A produção de mudas de espécies arbóreas, com importância ecológica e/ou econômica, em viveiro, tem se tornado alternativa viável para recuperação de áreas degradadas, além de compensar o uso desordenado da extração de subprodutos (Muthukumar et al., 2001). O nim se adapta a vários fatores: climáticos, topográficos e edáficos. Pode se desenvolver bem em altitudes entre o nível do mar e 700 m e em temperaturas acima de 20°C, podendo tolerar altas temperaturas (até 50 ºC); contudo, é intolerante a geadas e temperaturas abaixo de 4 ºC. A árvore cresce naturalmente em áreas onde a precipitação anual está na faixa de 450 a 1200 mm, porém pode resistir à seca por sete a oito meses (Neves & Carpanezzi, 2008), características consideradas importantes para o sucesso do cultivo comercial no semiárido no nordestino. Com referência a solos, o nim pode sobreviver em solos rasos, duros e pedregosos, secos e pobres em nutrientes. Porém, as condições pedológicas ideais para o desenvolvimento dessa meliácea são: solos arenosos bem drenados, profundo e pH em torno de 7, não suportando solos permanentemente encharcados (Girish & Shankara, 2008). 2.2 Principais utilizações do nim O potencial de aproveitamento do nim é amplo e variado, e o plantio dessa árvore em grande escala pode ajudar a combater a desertificação, o desmatamento e a erosão do solo (Allan et al., 1999). Além de ser conhecida pela sua madeira durável e resistente ao cupim, os produtos não-madeireiros, como flores, frutas, sementes (óleo e torta), folhas e cascas também podem ser destacados por suas várias utilidades. Há séculos, a Índia utiliza derivados da planta na agricultura, medicina, pecuária e na produção de cosméticos (Ogbuewu et al., 2011). Hoje, as sociedades modernas de vários países cultivam o nim comercialmente como alternativa econômica promissora. O recente interesse mundial é devido ao múltiplo uso de seus subprodutos e à procura por compostos naturais sem efeitos tóxicos indesejáveis e que apresentem princípios bioativos (Morgan, 2009). Esses derivados podem ser empregados principalmente na forma de Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 20 madeira, extratos, pós e óleos. Os óleos podem ser obtidos a partir da prensagem do material vegetal. Para obtenção dos pós, o material vegetal (sementes, frutos, folhas, caules e/ou raízes) é submetido à secagem e moído na granulometria desejada. Devido aos inúmeros compostos bioativos (azadiractina, nimbidina, nimbina, nimbidol, gedunim, nimbinato de sódio, quercentina, etc.) presentes em várias partes do nim, especialmente na casca, folhas e sementes, essa planta tornou-se importante por sua utilidade medicinal (Biswas et al., 2002; Subapryia & Nagini, 2005). Esses derivados têm sido utilizados tradicionalmente para o tratamento de inflamações (van der Nat et al., 1991), febre (Mahabub-Uz-Zaman et al., 2009), doenças de pele (Niharika et al., 2010; Jain & Basal, 2003) e problemas dentários (Pai et al., 2004), atuando também como antihelmintico (Githiori et al., 2004), antidiabético (Ebong et al., 2008), antiulceroso (Bandyopadhayay et al., 2002), antimalárico (Khalid et al., 1989), antifúngico (Natarajan et al., 2003; SaiRam et al., 2000), antibacteriano (Ahmad &. Beg, 2001), antiviral (SaiRam et al., 2000), antioxidante (Jain & Basal, 2003). Apesar da existência de uma regulamentação da Angência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa RDC 48/2004), não há registros de fitomedicamentos à base de nim pela Anvisa, pois a maioria dos estudos sobre esta espécie está voltada para as atividades inseticidas. Uma das atividades dos subprodutos de nim é sua ação sobre os insetos, sendo considerada inofensiva, ao contrário dos inseticidas sintéticos (Neves & Carpanezzi, 2008), pois essa planta é uma das fontes mais ricas e diversas de metabólitos secundários. Dentre os mais de 300 compostos presentes no nim e com propriedades semelhantes, a azadiractina é o composto mais estudado (Allan et al., 2002), e apreciado como alternativa ecológica na busca por métodos ambientalmente seguros e mais econômicos. A ação conjunta ou isolada desses compostos pode afetar mais de 400 espécies de insetos (Schmutterer & Singh, 1995), bloqueando os processos reprodutivos e de crescimento (Girish & Shankara, 2008). Diversos outros efeitos, dependendo, entre outros fatores, da espécie, também podem ser observados, tanto em nível fisiológico, hormonal e celular, como em nível comportamental dos insetos (Schmutterer, 1990; Mordue & Blackwell, 1993; Martinez, 2002). Grande parte dos metabólicos secundários do nim é solúvel em água (Gumero, 2008), o que torna as extrações rápidas, podendo ser feitas na própria propriedade agrícola, diminuindo os custos e sem perder a eficácia. Estas características colocam os produtos naturais à base de nim como excelente recurso para o controle de pragas de várias culturas de importância agrícola, pois esses produtos podem também influenciar outros organismos Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 21 como os nematóides, caramujos, crustáceos, vírus e fungos (Kabeh & Jalingo, 2007; Carneiro et al., 2007). Wan e Rahe (1998) comprovaram que o princípio ativo azadiractina, nocivo para diversas pragas, não inibe a germinação nem a colonização de Glomus intraradices, quando comparado com outros pesticidas de referência, ou seja, os derivados do nim não têm impacto adverso sobre organismos terrestres não-alvo ou não constituem um risco ecotoxicológico ao ambiente. Entretanto, insetos polinizadores, abelhas e outros organismos úteis, como os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) não são afetados por pesticidas à base de nim (Tanzubil, 1996). Assim, os derivados de nim podem ser empregados na agricultura, tendo como função manter a gestão sustentável do solo e maximizar a rentabilidade e manutenção da qualidade ambiental, utilizando-se, principalmente, a torta de sementes e as folhas secas trituradas (Rao & Siddaramappa, 2008). A torta de nim é o subproduto da prensagem das sementes, e tem quantidade adequada de N (2% - 5%) P (0,5% - 1,0%) K (1% - 2%) na forma orgânica e outros nutrientes essenciais para o desenvolvimento da planta como Ca (0,5% - 3%), Mg (0,3% - 1%), S (0,2% - 3%), Zn (15 ppm - 60 ppm), Cu (4 - 20 ppm) Fe (500 ppm - 1200 ppm), Mn (20 ppm - 60 ppm) (Agrogreen Canada). Valores semelhantes também são encontrados nas folhas: N (3%), P (0,3%), K (2%), Ca (3%), Mg (0,5%) (Neves & Carpanezzi, 2008). As folhas e galhos verdes têm sido usados diretamente em solos de cultivos intensivos e colocados em áreas encharcadas de arrozais; as folhas e a torta de nim também têm sido utilizadas para enriquecer solos e são amplamente usadas como fertilizantes na Índia (Neves et al., 2003). Os subprodutos de nim têm mostrado importância considerável para a relação soloplanta, principalmente quando usado para aumentar a eficiência do uso de fertilizantes nitrogenados. A torta de nim não só fornece nitrogênio orgânico, como inibe o processo de nitrificação quando misturada com fertilizantes nitrogenados, podendo reduzir substancialmente as perdas por volatilização da amônia causadas por bactérias nitrificantes no solo. A causa da lenta nitrificação, após aplicação da torta, pode ser atribuída à redução da comunidade de bactérias nitrificadoras (Joseph & Prasad, 1993). A torta e as folhas têm a vantagem de ter baixo custo, serem biodegradáveis e não possuírem qualquer efeito tóxico sobre as plantas, mamíferos e aves. A incorporação de folhas, frescas ou secas, ao solo tem reduzido a comunidade de nematóides, e a ação do produto aumenta à medida que vai se decompondo (Mossini & Kemmelmeier, 2005). Além disso, as folhas podem ser utilizadas como fonte para a preparação de Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 22 vermicomposto (Gajalakshmi & Abbasi, 2004). Sabe-se também que a torta pode aumentar a fertilidade do solo e a capacidade de retenção de água, além de reduzir significativamente a alcalinidade do solo através da produção de ácidos orgânicos quando misturado com o solo, além do cálcio e magnésio presentes nesse subproduto também contribuírem para a remoção da alcalinidade (Ogbuewu et al., 2011). 2.3 Associações Micorrízicas O solo é um sistema complexo e dinâmico, onde interagem continuamente os processos físicos, químicos e biológicos, modulados por sua vez, pela condição ambiental prevalescente (Buscot & Varma, 2005). A rizosfera é uma zona bastante importante e bem definida do solo, em que ocorrem as mudanças máximas na comunidade microbiana (Cardon & Whitbeck, 2007). Dentre as numerosas inter-relações biológicas estabelecidas nessa região do solo, as simbioses, como as micorrizas, destacam-se pelos efeitos benéficos no crescimento da maioria dos vegetais. O termo micorriza (do Grego mykes- fungo; e do Latim rhiza- raízes) foi primeiro proposto pelo alemão Albert Frank, em 1885, para denominar as associações mutualistas entre fungos do solo e raízes de plantas. Estudos em raízes fossilizadas evidenciam que essa interação surgiu há cerca de 400 milhões de anos, momento que coincide com o aparecimento das plantas terrestres (Smith & Read, 2008). Essa simbiose mutualista é considerada a mais difundida e antiga na Terra (Simon et al., 1993; Redecker et al., 2000). É possível que o surgimento dessa relação pode ter sido uma estratégia crucial de sobrevivência desenvolvida pelas plantas para enfrentar estresses bióticos e abióticos (Gianinazzi-Pearson, 1996). Essas associações são consideradas ecologicamente importantes para a maioria das plantas vasculares, em que o fotobionte é favorecido pelo aumento na absorção de água e nutrientes do solo, principalmente para nutrientes que se movimentam por difusão na solução do solo, como o fósforo, enquanto o micobionte recebe fotossintatos produzidos pelo vegetal (Smith & Read, 2008). Com base na morfoanatomia do sistema radicular colonizado por estes fungos, são reconhecidos três grandes grupos: ectomicorrizas, endomicorrizas (ericóide, orquidóide e arbuscular) e ectendomicorrizas (monotropóide e arbutóide) (Moreira & Siqueira, 2006). A maioria dos estudos referentes à associação micorrízica estão concentrados em dois grupos: os das ectomicorrizas e os das endomicorrizas arbusculares. Este último grupo Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 23 se destaca por constituir a simbiose predominante nos trópicos, ocorrendo na maioria dos representantes das plantas vasculares e/ou de maior interesse econômico. 2.4 Micorriza Arbuscular Os fungos micorrízicos arbusculares (FMA), pertencentes ao filo Glomeromycota (Schüβler et al., 2001), são caracterizados pela formação de arbúsculos (Figura 2A) no córtex radicular do hospedeiro, podendo ainda formar estruturas denominadas vesículas (Figura 2C), na raiz, ou células auxiliares (Figura 2B), no solo, com função de armazenamento de lipídios, além de produzirem esporos, denominados glomerosporos (Goto & Maia, 2006), que são distintos dos demais esporos formados pelos fungos e são a base para a identificação das espécies do grupo (Oehl et al., 2008). O filo Glomeromycota possui apenas uma classe, Glomeromycetes, a qual é constituída pelas ordens Glomerales (Glomus), Diversisporales (Acaulospora, Kuklospora, Gigaspora, Scutellospora, Racocetra, Cetraspora, Dentiscutata, Fuscutata, Quatunica, Pacispora, Diversispora, Entrophospora), Archaeosporales (Ambispora, Archaeospora, Intraspora, Geosiphon) e Paraglomerales (Paraglomus) congregados em aproximadamente 205 espécies (de Souza et al., 2008; Oehl et al., 2008; Cavalcante et al., 2008-2009). C B A Fonte: Monte Jr Fonte: Peterson et al Fonte:mycorrhizas.info Figura 2. Estruturas dos FMA: A – arbúsculo; B – células auxiliares; C – vesículas. Os FMA formam associação com representantes de mais de 80% das famílias de plantas terrestres (Schüβler et al., 2001; Wang et al., 2008), constituindo a mais ampla simbiose entre fungos e plantas encontrada na natureza (Smith & Read, 2008). No entanto, eles não estabelecem relações simbióticas com alguns membros das famílias Amarantaceae, Brassicaceae, Chenopodiaceae Comellinaceae, Cyperaceae, Juncaceae, Poligonaceae e Proteaceae (Moreira & Siqueira, 2006). Nessa relação a planta fornece fotoassimilados ao fungo, e este, através da rede de hifas externas, capta nutrientes e água presentes no solo, transferindo-os à planta Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 24 hospedeira por meio dos arbúsculos (Silveira, 1992). Os FMA são biotróficos obrigatórios, dependendo de tecidos vivos de raízes para completar seu ciclo de vida assexuado. Vários estágios estão envolvidos no processo de formação da simbiose micorrízica. O passo inicial, fase pré-simbiótica, é a percepção de sinais químicos emitidos pela raiz do hospedeiro (exsudatos), para que ocorra o crescimento da hifa em direção à raiz. Após a ramificação da hifa próxima à raiz, há o contato com a epiderme, a formação de apressório e a penetração do fungo no tecido radicular. Esse passo inicial na colonização das raízes é então seguido pela ramificação das hifas no córtex com a formação de estruturas inter e intracelulares (Giovannetti et al., 1994; Genre et al., 2005), o que os diferencia dos patógenos de raízes, que comumente colonizam o sistema vascular das plantas, interferindo negativamente na sua fisiologia. Após intensa dicotomização, as hifas originam os arbúsculos, que são os principais sítios de troca metabólica entre os dois organismos (Azcón-Aguilar & Barea, 1997). Com isso fica estabelecido um sítio de troca bidirecional de nutrientes entre fungo e planta (Paszkowski, 2006). Ao mesmo tempo em que ocorre a colonização intraradicular, o micélio extrarradicular se desenvolve e dele se originam glomerosporos (Bago, 2000). A capacidade do micélio externo dos FMA em atuar como uma ponte entre raízes e microambientes do solo circundante, gera vários benefícios às plantas, principalmente com melhoria no fornecimento de fósforo (Barea et al., 2005). Além dos efeitos nutricionais, a associação confere tolerância às plantas contra estresses bióticos e abióticos (Genre et al., 2005). Os efeitos nutricionais são os principais e os não-nutricionais são secundários, decorrentes de melhor nutrição das plantas micorrizadas (Siqueira & Klauber-Filho, 2000). Os FMA contribuem também para a estabilidade dos agregados, aumento da aeração do solo e subsequente disponibilidade de água (Wright & Upadhyaya, 1998a; Rillig, 2004; Borie et al., 2008), resultando em benefícios para o hospedeiro (Piotrowski et al., 2004), pois, esses fungos produzem no micélio externo uma glicoproteína específica que é acumulada no solo, a glomalina (Rillig et al. 2003). Essa glicoproteína constitui em importante componente do carbono (C) do solo, pois é capaz de absorver naturalmente este elemento (Rillig, 2004), podendo representar mais de 3% do C total do solo em florestas tropicais apenas nos primeiros 10 cm do perfil de solo (Lovelock et al., 2004), podendo essa quantidade variar, pois sua produção pode ser regulada por alguns fatores do solo que afetam a simbiose micorrízica arbuscular (Rillig & Mummey, 2006), o tipo vegetal e a espécie de FMA (Wright et al.1996; Rillig & Mummey, 2006). Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 25 Embora tipicamente o resultado da associação micorrízica arbuscular seja benéfica para ambos os parceiros, a eficácia varia em combinações de fungo-planta (Smith et al., 2003), o que indica que os FMA apresentam “preferência por hospedeiros” (Bever et al., 1996; Costa et al., 2001). É também fundamental à sobrevivência e ao crescimento das plantas, podendo ainda desempenhar importante papel no equilíbrio e manutenção das comunidades vegetais (Harley, 1989), enquanto as plantas parecem controlar a diversidade desses fungos nos ecossistemas (Johnson et al., 2005). Os benefícios para as plantas resultam de vários efeitos e mecanismos. A simbiose micorrízica arbuscular é conhecida por desempenhar um papel fundamental na ciclagem de nutrientes e também proteger as plantas contra o estresse ambiental (Barea & Jeffries, 1995). Além desses, a simbiose vem sendo estudada devido à sua ação benéfica no desenvolvimento e saúde de diversas espécies de plantas e na aplicação como biofertilizantes, possibilitando reduzir o uso de insumos químicos, com potencial para a aplicação na agricultura sustentável, gerando menos impacto ao ambiente (Azcón-Aguilar & Barea, 1997). Entretanto, alguns fatores podem determinar a formação e ocorrência das associações micorrízicas como pH, salinidade, luz, temperatura, precipitação, fertilização, etc. (Moreira & Siqueira, 2006). Os FMA apresentam grande potencial biotecnológico na agricultura, pois os principais efeitos da simbiose se devem a incrementos na produção de biomassa, maior produtividade das plantas hospedeiras, otimização do uso de fertilizantes fosfatados, maior tolerância a patógenos e a estresses abióticos, além de acelerar o desenvolvimento, reduzindo o tempo de formação de mudas, e a taxa de sobrevivência de plantas micropropagadas ou não, quando levadas a campo (Azcón-Aguilar & Barea, 1997; Machineski et al., 2010). 2.5 Fungos Micorrízicos Arbusculares e Azadirachta indica O nim tem sido relatado como uma árvore altamente favorecida pela associação micorrízica arbuscular, principalmente na fase de muda (Habte et al., 1993; Sumana & Bagyaraj, 2006). Esta planta é normalmente propagada por sementes e cultivada em viveiros por até cinco meses antes do transplantio para locais de produção (Benge,1989). A inoculação de FMA eficientes na formação de mudas de nim vem sendo utilizada como tecnologia de valiosa contribuição na produção, pois podem melhorar suas condições nutricionais, reduzir seu tempo de formação e proporcionar mudas de alta qualidade, Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 26 aumentando o índice de sobrevivência a campo (Muthukumar et al., 2001; Machineski et al., 2010). Muitas espécies de FMA colonizam raízes de nim, em condições naturais (Venkateswarlu et al., 2008) e na rizosfera dessa planta esses fungos podem interagir com outros microrganismos influenciando seu desenvolvimento. Sumana e Bagyaraj (2003) demonstraram que a inoculação com G. mosseae ou G. fasciculatum, ou a combinação dessas espécies com outros organismos fixadores de nitrogênio e solubilizadores de fosfato (Muthukumar et al., 2001) melhorou a qualidade e o crescimento de mudas de nim, devido a maior absorção de nutrientes, sob condições de viveiro, em solos não desinfestados. Pesquisas recentes mostraram que a simbiose micorrízica arbuscular aumenta a biossíntese de vários metabólitos secundários economicamente úteis (Zhi-Lin et al., 2007). Devido ao amplo uso e interesse comercial do nim, vários estudos tentam maximizar a produção de seus derivados, principalmente os metabólitos biologicamente ativos (Sujanya et al., 2008). Os estudos de Venkateswarlu et al. (2008) inoculando Glomus fasciculatum e Glomus mosseae em mudas de nim mostraram que o conteúdo de azadiractina nas sementes aumentou significativamente como resultado da inoculação. Dentre os benefícios proporcionados à planta de nim pela associação micorrízica arbuscular, está o aumento da absorção de nutrientes que resulta em maior desenvolvimento do hospedeiro, por estender a área de exploração do solo, através da produção de grande quantidade de hifas extra-radiculares, é um dos mais pronunciados. Foi comprovado que a inoculação com FMA em mudas de nim pode proporcionar incremento na matéria seca e nos teores de P, N, Ca, Mg e Cu, em doses baixas de P (Machineski et al., 2010). Lima et al. (2009), ao inocular Acaulospora longula, espécie muitas vezes encontrada na rizosfera plantas de nim cultivadas em Pernambuco, observaram benefícios no crescimento de mudas em casa de vegetação. A utilização de subprodutos do nim para produção de inseticidas, medicamentos, fertilizantes está aumentando e pode exigir maiores plantações de nim e práticas culturais mais eficientes. O benefício da associação micorrízica sobre o crescimento e absorção de nutrientes é importante para esta cultura que frequentemente é transplantada para solos agrícolas pobres e submetidos a condições de seca (Phavaphutanon et al., 1996). Cultivos de nim podem ajudar a minimizar parcialmente vários problemas globais como o desmatamento, desertificação, erosão do solo, e até mesmo aquecimento global, e a associação com FMA pode ter importante papel na ecologia de comunidades vegetais e efeitos benéficos sobre a planta, bem como na saúde do solo (Kabeh & Jalingo, Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 27 2007). Estudos realizados por Kumar et al. (2010), em mina de carvão, mostraram que Azadirachta indica foi uma das espécies mais suscetíveis à associação micorrízica, portanto beneficiada pelas vantagens dessa associação, podendo ser usada como ferramenta eficaz na reabilitação de ecossistemas degradados. Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 28 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Atividade micorrízica na rizosfera de nim 3.1.1 Coletas As coletas foram feitas na rizosfera de plantas de nim cultivadas nos seguintes municípios de Pernambuco: Recife, Serra Talhada, Petrolina e Timbaúba, que apresentam as seguintes características: Recife (8º03’12”S 34º57’18”W, 14 m de altitude) – localizado no litoral, o município está situado sobre uma planície aluvial, com precipitação pluviométrica anual de 2.255,3 mm. O clima predominante é quente e úmido com temperaturas médias mínima e máxima de 21 ºC e 32,7 ºC (Agritempo-LAMEPE/ITEP); Timbaúba (7º33’16”S 35º16’51”W, 213 m de altitude) – está inserido na unidade geoambiental do Planalto da Borborema; na mesorregião Mata e na Microrregião Mata Setentrional do Estado, apresentando clima tropical úmido com precipitação pluviométrica anual de 1.221,0 mm e temperaturas médias de 20 ºC a 32,3 ºC (AgritempoLAMEPE/ITEP); Serra Talhada (7º58’33”S 38º17’18”W, 431 m de altitude) – localizado na parte setentrional da microrregião do Pajeú, porção norte do Estado, apresenta clima tropical semi-árido com precipitação anual de 650,9 mm e temperaturas médias variando de 19,1 ºC a 38,4 ºC (Agritempo-LAMEPE/ITEP); Petrolina (9º22’41”S 40º30’16”W, 385 m de altitude) – localizado na mesorregião do São Francisco e na microrregião de Petrolina. Apresenta clima tropical semi-árido seco e quente, com precipitação anual de 635,2 mm e temperaturas médias de 17,5 ºC a 38,8 ºC (Agritempo-LAMEPE/ITEP). As coletas foram realizadas em 2009, nos meses de fevereiro (Recife), março (Serra Talhada e Petrolina) e julho (Timbaúba). Os solos das áreas estudadas foram classificados em arenoso a franco-arenoso (Tabela 2). Amostras da rizosfera foram coletadas na profundidade de 0-20 cm na projeção da copa de dez plantas de nim em fase de produção com idades entre 3-5 anos em árvores não adubadas e sem tratos culturais. As amostras foram retiradas em quatro pontos equidistantes entre si que formaram uma amostra composta, totalizando dez amostras de cada local; estas foram acondicionadas em sacos plásticos, identificadas e levadas ao Laboratório de Micorrizas do Departamento de 29 Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Parte do solo coletado foi encaminhado para caracterização química (Estação Experimental de Cana-de-açúcar do Carpina da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Carpina-PE) e física (Laboratório de Física do Solo do Instituto Agronômico de Pernambuco-IPA, Recife-PE) (Tabelas 1 e 2). Tabela 1. Características químicas do solo rizosférico de áreas de cultivo de nim (Azadirachta indica) em quatro municípios do estado de Pernambuco, 2009 Local de coleta P (mg dm3) pH (H2O) Recife 48 6,25 Timbaúba 300 7,00 99 7,10 19 7,60 Serra Talhada Petrolina cmolc dm3 Ca 3.75 11,5 0 Mg 0.82 Na 0,09 K 0,12 Al 0,15 H 2,22 2,45 0,14 0,78 0,00 2,30 4,00 2,50 0,04 0,45 0,00 1,55 0,85 0,03 0,57 0,00 v (%) m (%) 3.1 S 4,9 14,8 8 CTC 7,2 17,1 8 67 86,6 1 0,65 7,00 7,60 91 0,00 0,16 3,00 3,20 95 0,00 0,00 Tabela 2. Características físicas do solo rizosférico de áreas de cultivo de nim (Azadirachta indica) em quatro municípios do estado de Pernambuco, 2009 Local de coleta Recife Composição Granulométrica (%) Areia Total Silte 64 20 Classe Textural Argila 15 Areia Franca Timbaúba 62 22 16 Areia Franca Serra Talhada 73 17 10 Areia Franca Petrolina 88 8 4 Areia 3.1.2. Extração, contagem do número de glomerosporos e identificação das espécies de FMA Glomerosporos foram extraídos de alíquotas de 50 g de solo de cada amostra, utilizando a técnica de peneiramento úmido (Gerdemann & Nicolson, 1963) seguida de centrifugação em água e solução de sacarose (Jenkins, 1964) a 50% (p/v). Após a extração foram contados em placa canaletada, agrupados por tamanho, cor e forma e transferidos para lâminas com álcool polivinílico em lactoglicerol (PVLG) e com PVLG + reagente de Melzer (1:1). Para a identificação das espécies foram consultados Schenck & Pérez (1990) e descrições morfológicas disponíveis no banco de dados da International Culture Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... Collection of Arbuscular and Vesicular-Arbuscular Mycorrhizal 30 Fungi (http://invam.caf.wvu.edu), bem como artigos com descrições de novas espécies. Para obter maior número de esporos, permitir a esporulação de espécies que não foram detectadas no exame das amostras do campo e facilitar a identificação dos FMA também foram montadas culturas armadilhas. Amostras de solo de cada local foram misturadas duas a duas, totalizando cinco amostras para cada área. As amostras foram diluídas (1:1) em areia lavada e esterilizada em autoclave, e transferidas para potes plásticos com capacidade para 1.000 mL. Como plantas hospedeiras foram utilizadas, para cada pote, a mistura de amendoim (Arachis hypogaea L.), milho (Zea mays L.), girassol (Helianthus annus L.), painço (Panicum miliaceum L.) e sorgo granífero (Sorghum bicolor (L.) Moench). Os potes de cultura foram mantidos em casa de vegetação por 180 dias, correspondendo a dois ciclos de multiplicação, e as regas aconteceram em dias alternados. Após o segundo ciclo de cultivo foi feita a avaliação dos glomerosporos para identificação. 3.1.3. Número mais provável (NMP) de propágulos infectivos O número mais provável (NMP) de propágulos infectivos de FMA foi estimado de acordo com Feldmann & Idzack (1994). Para preparação desse experimento, foi usada, para cada área, uma amostra composta, formada por 10 subamostras de solo seco, misturado, peneirado (malha 0,5 cm de abertura), sendo esta a amostra base para as diluições (solo-inóculo). Foi utilizado como diluente areia lavada, autoclavada por 1h a 120 ºC e seca em estufa a 105 ºC por 24h. Amostras de solo-inóculo diluído nas proporções de 0 (solo não diluído), 1:10, 1:100 e 1:1000, foram transferidas para recipientes com capacidade para 150 mL. Para cada diluição foram usadas cinco repetições, totalizando 20 potes por área amostrada. A primeira diluição foi preparada com uma parte do solo estudado misturada a nove partes do diluente e as demais diluições seguiram o mesmo princípio. Como planta isca foi usada milho (Zea mays L.). As plantas permaneceram em casa de vegetação por 30 dias; depois foram colhidas e as raízes coradas (Phillips & Hayman, 1970) e observadas ao microscópio para verificação da presença ou não de associação micorrízica. Foram consideradas colonizadas as raízes das plantas que apresentaram uma das seguintes estruturas próprias de FMA: arbúsculos, vesículas ou glomerosporos. O NMP de propágulos infectivos de FMA cm3 solo-1 foi obtido utilizando os dados da tabela de Cochran (1950). Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 31 3.1.4. Teor de matéria orgânica A quantidade de matéria orgânica no solo foi avaliada segundo Cantarella et al. (2001), com base na sua oxidação a CO2 por íons dicromato, em meio fortemente ácido. Pesou-se 0,5g de solo em frascos de Erlenmeyer e adicionou-se 10 mL da solução de dicromato de potássio (0,167 mol L-1) e 20 mL de ácido sulfúrico concentrado. Após agitação manual por 1 minuto, deixou-se resfriar 30 minutos. Posteriormente foram adicionados 200 mL de água destilada e em seguida a solução foi filtrada. Foi adicionado 10 mL de ácido fosfórico concentrado e 6 gotas do indicador difenilamina. Titulou-se com solução de sulfato ferroso amoniacal (0,4 mol L-1) até a viragem de azul para verde. A realização do teste em branco foi feita da mesma forma que as amostras, sem a utilização do solo. Os valores obtidos foram expressos em g kg solo-1. 3.1.5. Proteínas do solo relacionadas à glomalina (PSRG) As proteínas do solo relacionadas à glomalina foram determinadas em todas as amostras, sendo quantificadas as porções facilmente extraível (PSRG-FE) e total (PSRGT), pelo método de Wright & Upadhyaya (1998b) com o seguinte procedimento: para a fração PSRG-FE amostras de 0,25 g de solo foram autoclavadas (121 ºC/30 min) com 2 mL de citrato de sódio (20 mM; pH 7,0) seguida de centrifugação (10.000 g 5 min-1) e o sobrenadante armazenado em geladeira (4 ºC); para a fração PSRG-T foram necessários mais dois ciclos de extração em autoclave (121ºC/1h) utilizando citrato de sódio (50 mM; pH 8,0). As frações de PSRG foram quantificadas pelo método de Bradford (1976) em espectrofotômetro (595 nm). Os dados foram expressos em mg glomalina g-1 solo. 3.2. Instalação, condução e avaliação de experimento de eficiência micorrízica O experimento foi conduzido em condição de viveiro em uma área da empresa “Cruangi Neem do Brasil”, situada em Timbaúba-PE. O experimento foi conduzido em delineamento experimental inteiramente casualizado em esquema fatorial de 4 × 4 sendo: quatro tratamentos de inoculação com os FMA exóticos Acaulospora longula Spain & N.C. Schenck (URM FMA 07), Glomus etunicatum W.N. Becker & Gerd. (URM FMA 03), Gigaspora albida N.C. Schenck & Sm. (URM FMA 01) + Fuscutata heterogama (T.H. Nicolson & Gerd.) (C. Walker & F.E. Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 32 Sanders) Oehl, F.A. Souza, L.C. Maia & Sieverd (URM FMA 06) e FMA nativos presentes no solo) × quatro substratos (solo + torta de sementes de nim, solo + folhas trituradas de nim, solo + torta de cana-de-açúcar e solo não fertilizado), com quinze repetições, totalizando 240 potes. Os isolados exóticos de FMA foram obtidos da coleção do Laboratório de Micorrizas da UFPE e são espécies conhecidas em beneficiar diversas culturas (Cavalcante et al., 2002; Brandão et al., 2004; Silva et al., 2004; Anjos et al., 2005; Lins et al., 2007). Estes foram multiplicados, separadamente, em casa de vegetação durante três meses em potes com 500 g de solo tendo como planta hospedeira o sorgo. O solo, coletado em Aldeia, Camaragibe-PE foi desinfestado em autoclave (121 ºC em ciclos de 1h) e apresentou, após o procedimento, as seguintes características: classe textural arenosa, P= 4 mg dm3; pH= 4,77; Ca= 0,75; Mg= 0,50; Na= 0,02; K= 0,02; Al= 1,45; H= 1,27; S= 1,3 e CTC= 4,0 cmolc dm3; v= 32% e m= 53%. O experimento foi conduzido em solo não desinfestado coletado na empresa Cruangi Neem do Brasil (Timbaúba) com as seguintes características: P= 15 mg dm3; pH= 5,60; Ca= 5,25; Mg= 2,85; Na= 0,06; K= 0,75; Al= 0,15; H= 8,84; S= 8,9 e CTC= 17,9 cmolc dm3; v= 50% e m= 2%. Neste solo foram recuperados 11 glomerosporos 50 g solo-1 de FMA nativos tendo sido identificadas as seguintes espécies: Acaulospora rehmii Sieverd. & S. Toro, A. cavernata Błaszk. 1989, A. scrobiculata Błaszk., A. tuberculata Janos & Trappe, Ambispora callosa (Sieverd.) C. Walker, Vestberg & A. Schüßler, Glomus sp. e Paraglomus occultum (C. Walker) J.B. Morton & D. Redecker, representantes de quatro famílias de Glomeromycota. Os substratos foram utilizados seguindo as proporções: (a) torta de sementes (1%); (b) folhas trituradas (3%); (c) torta de cana-de-açucar (30%), utilizada na empresa Cruangi Neem do Brasil no substrato para a produção de mudas da cultura. A torta de nim (NeemTorta®) e as folhas de nim (NeemFolha®) são produzidas e comercializadas pela referida empresa e recomendadas nas proporções indicadas. Os substratos apresentaram as seguintes características: Solo + torta de sementes de nim (P= 100 mg dm3; pH= 5,3; Ca= 10,50; Mg= 1,00; Na= 0,22; K= 1,28; Al= 0,4; H= 5,50; S= 13,0 e CTC= 18,90 cmolc dm3; v= 68,78% c= 2,34% e m= 2,99%; M.O= 4,03); Solo + folhas de nim trituradas (P= 60 mg dm3; pH= 5,6; Ca= 11,50; Mg= 2,00; Na= 0,14; K= 2,05; Al= 0,0; H= 5,40; S= 15,69 e CTC= 21,09 cmolc dm3; v= 74,40% c= 2,34% e m= 0,0%; M.O= 4,07); Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 33 Solo + torta de cana-de-açúcar (P= 160 mg dm3; pH= 6,8; Ca= 9,80; Mg= 1,80; Na= 0,13; K= 1,15; Al= 0,0; H= 3,90; S= 12,88 e CTC= 16,78 cmolc dm3; v= 76,76% c= 2,40% e m= 0,0%; M.O= 4,14). As mudas foram obtidas a partir de frutos de nim maduros coletados também na referida empresa. Os frutos foram despolpados e as sementes lavadas em água corrente, postas para secar em papel toalha e semeadas no mesmo dia em bandejas com areia lavada autoclavada (121 ºC/1h). Quando as plântulas apresentaram um par de folhas não cotiledonares, foram transplantadas para sacos pretos de polietileno (2 kg) e inoculadas na região das raízes com solo-inóculo contendo aproximadamente 300 glomerosporos/pote, regadas diariamente. Após 90 dias foram avaliadas; altura, diâmetro do caule e número de folhas, área foliar, biomassa fresca e seca da parte aérea e raiz, número de glomerosporos, colonização micorrízica e proteínas do solo relacionadas à glomalina facilmente extraível PSRG-FE. Para determinar a área foliar, as folhas frescas foram digitalizadas com auxílio de um scanner e o cálculo realizado utilizando o programa ImageJ (National Institute of Health, USA). Para a biomassa seca vegetal, as amostras foram acondicionadas em sacos de papel, separadamente, e secas em estufa com circulação forçada de ar, a 60 ºC até peso constante. Os glomerosporos foram extraídos de alíquotas de 50 g de solo de cada amostra, utilizando a técnica de peneiramento úmido (Gerdemann & Nicolson, 1963) seguida de centrifugação em água e solução de sacarose (Jenkins, 1964) a 50% (p/v). A colonização micorrízica foi estimada em 100 fragmentos de 1 cm (Giovannetti & Mosse, 1980), após diafanização das raízes em KOH 10% e H2O2 10% e coloração com azul de Trypan 0,05% (Phillips & Hayman, 1970). Para quantificação da PSRG-FE, foi utilizado o método de Wright & Upadhyaya (1998b), como descrito. O incremento foi calculado utilizando a formula de Edigiton et al. (1971) adaptada: I (%) = [(Tr-T)T-1]100, onde I (%) = incremento da variável, Tr = valor médio para o tratamento micorrizado e T = valor médio do controle não inoculado no solo sem substrato. 3.3 Análise Estatística Para análise, os dados do número de folhas foram transformados em (x + 0,5)0,5, número de glomerosporos em log (x + 1) e colonização de raízes em arc sen (x/100). Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P ≤ 0.05) utilizando o programa Assistat 7.5. Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 34 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Atividade micorrízica na rizosfera de nim O número de propágulos infectivos de FMA variou de 22 a 79 propágulos cm3 solo1 nas áreas estudadas, sendo a maior quantidade de propágulos observada na área de Recife e os menores valores nos solos coletados em Petrolina e Serra Talhada (Tabela 3). Outros estudos também quantificaram poucos propágulos infectivos de FMA em regiões áridas e semiáridas (Souza et al., 2002; Silva et al., 2001). Sieverding (1991) menciona que os menores valores de propágulos de FMA observados em savanas naturais podem ser explicados pelas diferenças na textura de solo, com os mais arenosos apresentando menores densidades desses propágulos. Os solos das quatro áreas estudadas foram predominantemente arenosos (Tabela 2), com o de Petrolina apresentando 88% de areia e apenas 4% de argila, indicando que fatores edáficos podem ser importantes no potencial infectivo de FMA. A presença de propágulos infectivos de FMA é importante na regeneração da vegetação uma vez que permite que a associação micorrízica arbuscular seja estabelecida, mas o sucesso da associação depende da viabilidade e da densidade dos propágulos (McGee et al., 1997). Variáveis como planta hospedeira, solo, fósforo e pH podem ser responsáveis por diferenças na presença de FMA (Wang et al., 2008). No presente estudo, os solos eram provenientes da rizosfera da mesma espécie vegetal (A. indica) com idades semelhantes, o que sugere que outros fatores como o tipo e características do solo e clima tenham influenciado o funcionamento da associação e a ocorrência dos FMA, contribuindo para as diferenças nos valores de propágulos infectivos (Moreira & Siqueira, 2006). Com relação ao fósforo, os propágulos infectivos, em geral, diminuem com o aumento dos níveis desse nutriente no solo (Silva et al., 2001; Covacevichi et al., 2006). Entretanto, o fósforo não deve ter influenciado o número de propágulos, considerando que nas áreas avaliadas, os maiores valores de NMP foram encontrados nos locais com maiores níveis desse macronutriente (Tabelas 1 e 3). Apesar do pH do solo ser fator que normalmente afeta qualitativa e quantitativamente as micorrizas, principalmente em solos ácidos, quando altos teores de Al+ e H+ se tornam tóxicos para os FMA (Moreira & Siqueira, 2006), no presente estudo, os solos mais alcalinos apresentaram menor número de propágulos e glomerosporos. É possível que, com a diminuição das concentrações H+, mais espécies de FMA tenham sido Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 35 capazes de estabelecer a simbiose e completar seu ciclo. Silva et al. (2001) também observaram menor número de glomerosporos em solo mais alcalino. Tabela 3. Número mais provável (NMP) de propágulos infectivos e número de glomerosporos na rizosfera de nim (Azadirachta indica) em quatro municípios do estado de Pernambuco, 2009 Áreas NMP (cm3 solo-1) Nº de glomerosporo (50 g solo-1) Recife Timbaúba Serra Talhada 79 49 22 61 a 35 a 17 b 34 15 b Petrolina Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). Maior número de glomerosporos foi recuperado nos solos coletados em Recife (61 glomerosporos 50g-1 solo) e os significativamente menores foram observados em Petrolina e Serra Talhada (p<0,05) (Tabela 3). Provavelmente, os solos de Serra Talhada e Petrolina exibem condições que restringem a esporulação dos FMA associados ao nim. Embora o nim seja altamente micotrófica (Sumana & Bagyaraj, 2006), o número de glomerosporos varia em diferentes ecossistemas. Pande e Tarafdar (2004) chegaram a recuperar em zonas áridas e semiáridas mais de 150 glomerosporos 50 g solo-1 em sistema agroflorestal, tendo o nim como principal componente arbóreo, enquanto Nandi et al. (2009) em Bangladesh, registraram valores entre 80 a 185 glomerosporos g solo-1. Estas variações ocorreram na rizosfera da mesma espécie vegetal, o que pode ser atribuído a outros fatores que poderiam ter efeito sobre a distribuição de FMA como variações edáficas (Oehl et al., 2010) e fatores climáticos (Stahl & Christensen, 1991). Isto demonstra que as condições edafoclimáticas são mais determinantes para a atividade micorrízica do que a especificidade do fungo × espécie vegetal (Sieverding, 1991). Diversos estudos (Requena et al., 1996; Silva et al., 2001; Souza et al., 2003; Gomes et al., 2008; Mohammad et al., 2003) relatam que a baixa densidade de glomerosporos em regiões semiáridas e áridas, independentemente da planta hospedeira, pode ser devida à presença de espécies de FMA não esporulantes (Bashan et al., 2000) ou também aos solos dessas áreas, que podem apresentar características limitantes para a esporulação e para alta diversidade de FMA. Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 36 O total de 49 táxons de FMA, pertencentes a 11 gêneros (Glomus, Acaulospora, Gigaspora, Scutellospora, Racocetra, Cetraspora, Dentiscutata, Fuscutata, Pacispora, Ambispora, e Paraglomus) foram recuperados da rizosfera de plantas de nim (Tabela 4). Apenas uma espécie ocorreu em todos os locais amostrados (Acaulospora scrobiculata) e duas (Gigaspora sp. e Glomus etunicatum) foram comuns a três áreas (Recife, Petrolina e Serra Talhada). As outras espécies, aparentemente, eram mais restritas a situações específicas de clima e solo. Acaulospora scrobiculata e Glomus etunicatum são largamente distribuídas no Brasil, sendo referidas em vários trabalhos sobre ocorrência de FMA (Carrenho et al., 2001, Souza et al., 2002; Souza et al., 2003; Weber & Oliveira, 1994). Segundo Stürmer e Siqueira (2008) Acaulospora scrobiculata é a espécie com distribuição mais ampla, sendo encontrada em floresta de Araucaria no Sul, em várias culturas no Nordeste e em floresta nativa no estado do Amazonas, tendo distribuição similar à de Glomus etunicatum. Tchabi et al. (2008; 2009) também verificaram predominância de A. scrobiculada e G. etunicatum nos solos de Savanas na África Ocidental. Avaliando diversos tipos de solo da Europa Central, Oehl et al. (2010) constataram que algumas espécies de FMA podem ser consideradas “generalistas”, estando presente em quase todos os tipos de solo, enquanto outras se caracterizam como "especialistas", pois só estão presentes em um nicho específico. A identificação de glomerosporos, principalmente para o gênero Glomus, foi de certa forma comprometida em função da pequena quantidade de glomerosporos recuperadas nas áreas e/ou pela deterioração dessa estrutura que não foram adequadas para fins de identificação ao nível de espécie. O município de Recife apresentou maior riqueza de espécies (30), seguido de Timbaúba (16), Serra Talhada (15) e Petrolina (8), corroborando dados obtidos por Maia e Trufem (1990), que constataram decréscimo na diversidade de FMA do litoral mais úmido (15 espécies) em direção ao interior, com clima semiárido (oito espécies), atribuindo essa diferença às condições ecológicas de cada região. O maior número de espécies identificadas em todas as áreas amostradas pertenceu aos gêneros Glomus e Acaulospora, 15 e 12, respectivamente. Outros trabalhos também mostraram a predominância de espécies desses gêneros em diversas condições edafoclimáticas (Maia & Trufem, 1990; Carrenho et al., 2001; Souza et al., 2003; Silva et al., 2006; Violi et al., 2008; Albuquerque, 2008; Mello, 2010). Isto pode ser devido ao fato desses gêneros serem muito adaptáveis a uma variedade de solos e condições de temperatura, podendo suportar grandes variações de pH do solo, sendo dominantes sobre as espécies dos outros gêneros, as quais 37 Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... tendem a ocorrer em faixas mais restritas de pH (Ho, 1987; Maia & Trufem, 1990, SagginJúnior & Siqueira, 1996; Carrenho, 1998), além de serem os gêneros com maior número de espécies (Oehl et al., 2008). Pande & Tarafdar (2004) também encontraram grande número de representantes do gênero Glomus em rizosfera de nim em zonas áridas e semi-áridas na Índia. Tabela 4. Fungos micorrízicos arbusculares (Glomeromycota) da rizosfera de plantas de nim (Azadirachta indica) em quatro municípios do estado de Pernambuco, 2009 Família/espécies de FMA Acaulosporaceae Acaulospora sp.1 Acaulospora sp.2 Acaulospora sp.3 Acaulospora sp.4 A. cavernata Błaszk. A. elegans Trappe & Gerd. A. excavata Ingleby & C. Walker A. longula Spain & N.C. Schenck A. morrowiae Spain & N.C. Schenck A. scrobiculata Trappe A. spinosa C. Walker & Trappe A. tuberculata Janos & Trappe Ambisporaceae Ambispora sp.1 A. gerdemannii (S.L. Rose, B.A. Daniels & Trappe) C.Walker, Vestberg & A. Schüessler Dentiscutataceae Dentiscutata sp. Oehl, F.A Souza & Sieverd. D. scutata (C. Walker & Dieder.) Oehl, F.A. Souza & Sieverd. Fuscutata sp.1 F. savannicola (R.A Herrera & Ferrer) Oehl, F.A. Souza & Sieverd. Gigasporaceae Gigaspora sp. Gigaspora sp.1 G. decipiens I.R. Hall & L.K. Abbott Scutellosporaceae Scutellospora sp. F.A. Souza & Sieverd. Scutelospora sp.1 S. aurigloba (I.R. Hall) C. Walker & F.E. Sanders S. calospora (T.H. Nicolson & Gerd.) C. Walker & F.E. Sanders Glomeraceae Glomus sp.1 Glomus sp.2 Glomus sp.3 Glomus sp.4 Glomus aff .albidum Glomus aff. caesaris Glomus aff. constrictum Glomus. aff. heterosporum Recife Local de coleta Timbaúba Serra Talhada Petrolina + + + + + + + + + + + - + + + + + - + + - + - - - - - - + + - - - + - - - + - - - - - + - + + - + + - + - + + - - + - - + - - + - - - + + + + - + + + + + + + + - Continua 38 Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... Tabela 4. Continuação. Família/espécies de FMA Glomus aff. intraradices Glomus aff. macrocarpum Glomus aff. microcarpum G. etunicatum W. N. Becker & Gerd. G. glomerulatum Sieverd. G. mosseae (T. H. Nicolson & Gerd.) Gerd. & Trappe G. sinuosum (Gerd. & B.K. Bakshi) R.T. Almeida & N.C. Schenck Racocetraceae Cetraspora pellucida (T.H. Nicolson & N.C. Schenck) Oehl, F.A. Souza & Sieverd. Racocetra sp. Oehl, F.A Souza & Sieverd. R. fulgida (Koske & C. Walker) Oehl, F.A. Souza & Sieverd. R. gregaria (N.C. Schenck & T.H. Nicolson) Oehl, F.A. Souza & Sieverd. R. weresubiae (Koske & C. Walker) Oehl, F.A. Souza & Sieverd. Pacisporaceae Pacispora sp.1 P. boliviana Sieverd. & Oehl Paraglomaceae Paraglomus brasilianum (Spain & J. Miranda) J.B. Morton & D. Redecker P. occultum (C. Walker) J.B. Morton & D. Redecker Riqueza de espécies - = ausência; + = presença Recife + + + Local de coleta Timbaúba Serra Talhada + + + - Petrolina + - + + - - - + - - + + - - - - + - - - + + - - + + - + - - + + - + - + - - - + - - - 30 16 15 8 Grandes variações podem ocorrer na composição e riqueza de espécies de comunidades de FMA, as quais diferenças podem ser atribuídas a fatores edáficos e climáticos (Oehl et al., 2010). É possível que a riqueza de FMA seja maior do que a encontrada, considerando-se que a identificação das espécies foi de certa forma comprometida em função da pequena quantidade de glomerosporos, de algumas espécies, recuperados dos solos. A cultura armadilha não contribuiu para a recuperação de outros táxons além dos observados nas amostras de campo, porém a multiplicação daqueles identificados foi útil para confirmar a identidade de alguns FMA especialmente a cultura dos solos de Recife e Timbaúba. Vários fatores edáficos como o nível de fósforo e pH do solo influenciam os padrões de distribuição dos FMA (Souza et al., 2003; Uhlmann et al., 2004; Oehl et al., 2010). Alguns trabalhos mostraram que altas concentrações de fósforo (>40 mg dm-3) no solo afetam negativamente a esporulação e a diversidade de FMA (Souza et al., 2003; Gai Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 39 et al., 2009; Gomes et al., 2010). Neste estudo, o fósforo do solo não foi o principal fator na distribuição dos FMA, pois os solos com maiores níveis desse nutriente apresentaram maior riqueza de espécies de FMA que os demais solos, como observado também em relação ao NMP de propágulos. O pH do solo variou de levemente ácido (Recife) a neutro (Serra Talhada e Timbaúba) e até relativamente alcalino (Petrolina) (Tabela 1). A maior representatividade do gênero Glomus pode indicar uma possível relação com o pH, pois espécies pertencentes a esse gênero apresentam maior taxa de germinação, colonização radicular e ocorrência natural em condições de pH de neutro a alcalino (Siqueira & Franco, 1988). Espécies de Acaulospora são favorecidas em solos com pH < 6,5 (Siqueira et al., 1989), o que poderia explicar o grande número de espécies desse gênero na rizosfera de nim coletadas em Recife (8). Resultados semelhantes foram obtidos por Silva et al. (2007) e Oehl et al. (2010) os quais registraram Acaulospora como o gênero mais recuperado em solos levemente ácidos a ácidos. Em estudos realizados em citros (Weber e Oliveira, 1994), também atribuíram a predominância do gênero Acaulospora em solos ácidos dos pomares e viveiros (<5,6). Portanto, as espécies de FMA que habitam a rizosfera de plantas da mesma espécie podem variar dependendo das condições sob as quais a planta está crescendo (Haas & Menge, 1990; Moreira & Siqueira, 2006). Maiores valores de matéria orgânica foram verificados em Timbaúba (54,67 g dm3) e Recife (45,30 g dm3) quando comparados com as demais áreas (p<0,05) (Tabela 5). Condições climáticas, tais como temperatura e precipitação, são importantes na determinação dos teores de matéria orgânica do solo; em regiões mais frias e úmidas há maior acúmulo de matéria orgânica no solo, enquanto, em regiões de clima quente e seco há maior velocidade de degradação da matéria orgânica, consequentemente menor teor desse componente no solo (Stevenson, 1994; Moreira & Siqueira, 2006). Portanto, apesar da decomposição e humificação do material orgânico depender da ação de microrganismos, os fatores climáticos são importantes nesse processo, com importância diferenciada. È possível que o baixo teor de matéria orgânica observado nas amostras de solo provenientes de Petrolina, seja devido ao baixo teor de argila, pois a matéria orgânica é menos protegida pela fração mineral, o que acarreta mineralização mais intensa. Por outro lado, o alto teor de argila pode proteger o solo contra a degradação da matéria orgânica através de pontes entre a matéria orgânica e minerais de argila, formando complexos organominerais (Parfitt et al., 1997). Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 40 As maiores concentrações de PSRG-FE foram registradas nos solos de Timbaúba quando comparadas aos de Petrolina e Serra Talhada (p<0,05). Os maiores valores de PSRG-T também foram observados em Timbaúba (2,24 mg glomalina g solo-1) e foram significativamente superiores àqueles encontrados nas demais áreas (p<0,05) (Tabela 5). É possível também que os valores de PSRG em Timbaúba estejam relacionados aos teores de matéria orgânica dessa área, que foram elevados, pois a matéria orgânica estimula a produção de hifas (Gryndler et al., 2002) influenciando indiretamente os valores de PSRG do solo (Rosier et al., 2006). Ambientes úmidos e com maior aporte de matéria orgânica, tendem a apresentar maiores concentrações de PSRG (Teixeira et al., 2010). Fatores do solo, como concentração de ferro, clima, tipo de vegetação e espécies de FMA podem contribuir para diferenças nas concentrações de proteínas do solo relacionadas à glomalina (Wright & Upadhyaya, 1998a; Rillig et al., 2001). Os fatores que afetam o desenvolvimento do FMA influenciam indiretamente o estoque de glomalina no solo, visto que a presença e o tipo de vegetal afetam a produção de proteína (Treseder & Turner, 2007). Tabela 5. Proteínas do solo relacionadas à glomalina total e facilmente extraível (PSRGFE) e (PSRG-T) da rizosfera de plantas de nim (Azadirachta indica) em quatro municípios do estado de Pernambuco, 2009 PSRG-FE PSRG-T Matéria Orgânica (mg glomalina g solo-1) (mg glomalina g solo-1) (g dm3 solo-1) 0,53 ab 1,09 b 45,30 a Recife 0,82 a 2,24 a 54,67 a Timbaúba 0,43 b 0,93 b 22,95 b Serra Talhada 0,40 b 0,29 c 13,45 b Petrolina Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05) Local de Coleta Além dos fatores do solo, há evidências de que diferentes espécies de FMA são capazes de produzir quantidades diferentes de PSRG (Wright et al., 1996). As áreas com maiores teores destas proteínas apresentaram também elevadas densidade de glomerosporos e riqueza de espécies indicando que nessas áreas há espécies de FMA com maior potencial para produção desta proteína no solo, além disso, a glomalina presente nos glomerosporos, pode ter contribuído para as maiores estimativas de PSRG-FE nessas áreas. Porém, as taxas de produção de glomalina nem sempre são correlacionadas com a abundância de FMA no solo (Treseder & Turner, 2007). Estudos indicam que as espécies do gênero Glomus parecem alocar menos recursos para a produção de glomalina do que as de Acaulospora e Gigaspora (Lovelock et al., 2004); entretanto, isso não é uma regra, pois 41 Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... pode haver variação interespecífica na deposição de glomalina (Wright & Upadhyaya, 1999), o sugere que a composição da comunidade de FMA é um importante regulador da produção de GRSP nos solos. 4.2. Experimentos de eficiência micorrízica Houve efeito isolado da inoculação para diâmetro de caule, número de folhas, área foliar, biomassas seca e fresca da parte aérea, biomassas seca e fresca radicular, número de glomerosporos e colonização micorrízica (p<0,05) (Tabelas 6, 7, 8, 9). Diferenças quanto à altura das mudas de nim só foram evidenciadas com relação ao substrato, sendo os maiores valores observados nos tratamentos torta de nim e folhas de nim. Apenas nestes as mudas atingiram altura ideal para transplantio ao campo (Tabela 6). Efeito isolado do substrato influenciando o desenvolvimento vegetal foram referidos por Silva et al. (2006) em mudas de alpinia (Alpinia purpurata (Vieill.) K. Schum.) e sorvetão (Zingiber spectabile Griff.), e Lovato et al. (1994) em cereja selvagem (Prunus avium L.). Tabela 6. Crescimento de mudas de nim (Azadirachta indica) em diferentes substratos, 90 dias após a inoculação com FMA: Controle não inoculado (NI), Glomus etunicatum (Ge), Acaulospora longula (Al) e Fuscutata heterogama (Fh) + Gigaspora albida (Ga), em viveiro no muncípio de Timbaúba-PE, 2010 Tratamento de inoculação Não Fertilizado NI Ge Al Fh+Ga 18,5 aB 18,6 aB 18,5 aB 18,2 aB NI Ge Al Fh+Ga 3,3 aB 3,5 aB 3,4 aA 3,1 aB Substrato F o lha s de To rt a d e ni m Ni m Altura (cm) 24,1 aA 25,2 aA 26,6 aA 25,5 aA 23,9 aA 23,9 aA 23,5 aA 23,1 aAB Diâmetro (mm) 4,0 abA 4,0 aA 4,5 aA 3,9 aAB 3,7 bA 3,6 aA 4,0 abA 3,7 aA Número de folhas* 13 aB NI 14 aB Ge 12 aB Al 13 aB Fh+Ga Interação: *(p<0,05); Médias seguidas da mesma diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). 17 aA 20 aA 17 aA 16 aA letra, maiúscula nas To rt a d e Ca na de- a ç úca r 11,0 aC 12,1 aC 12,8 aC 11,8 aC 2,3 aC 2,4 aC 2,4 aB 2,5 aB 19 aA 6 bC 16 abB 8 abC 15 bAB 9 aC 15 bAB 7 abC linhas, e minúsculas nas colunas, não Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 42 De modo geral o diâmetro do caule e o número de folhas das mudas também não foram beneficiados pela inoculação com FMA. Mas houve diferença nos tratamentos inoculados, com as plantas do tratamento inoculado com G. etunicatum apresentando maior diâmetro do caule do que as inoculadas com A. longula, isso apenas quando cultivadas em substrato com folhas de nim (p<0,05) (Tabela 6). Os resultados obtidos os 90 dias neste estudo, foram similares aos observados por Sumana e Bagyaraj (2003) em mudas de nim avaliadas após 180 dias. Neste sentido, as mudas testadas alcançaram na metade do tempo o mesmo crescimento de outras mantidas por 180 dias. Em relação ao número de folhas, as mudas foram favorecidas nos tratamentos com folhas de nim em relação aos demais, e no tratamento com torta de nim apenas a inoculação com G. etunicatum promoveu resposta similar ao obtido no controle, o que demonstra que a micorrização foi pouco efetiva em beneficiar as mudas testadas. Porém, no tratamento com torta de cana as mudas inoculadas com A. longula apresentaram mais folhas que as do controle, e neste caso a micorrização beneficiou o crescimento em número de folhas, das mudas (p<0,05). Diferença significativa da micorrização foi observada na área foliar apenas no tratamento com folhas de nim e inoculado com G. etunicatum. Neste tratamento as mudas apresentaram as melhores respostas, diferindo daquelas do tratamento com os FMA nativos (Tabela 7). Esse resultado indica possível alternativa para a produção de mudas dessa cultura em condições de viveiro. Este fato corrobora com Cavalcante et al. (2002) que estudaram o efeito de FMA em maracujazeiro-amarelo e com Nunes et al. (2008) no desenvolvimento de porta-enxerto de pessegueiro, e observaram que essa espécie de FMA é uma alternativa para incrementar a área foliar. A área foliar é uma variável importante, pois a taxa de fotossíntese realizada pela planta determina a produção de fotoassimilados que serão, em parte, translocados para os FMA. O aumento da taxa fotossintética de plantas inoculadas com FMA pode estar relacionado ao aumento da área foliar (Silveira et al., 2002), o que proporciona aumento do crescimento vegetativo e acúmulo de biomassa fresca e seca (Nunes et al., 2008). Em relação à biomassa fresca e seca da parte aérea (Tabela 7), os substratos à base de subprodutos do nim são claramente benéficos para a cultura. E com respeito à inoculação com FMA, G. etunicatum se destaca quando o substrato utilizado são folhas de nim (p<0,05). Outras espécies de Glomus são conhecidas em favorecer mudas de nim e outras culturas (Phavaphutanon et al., 1996; Sumana & Bagyaraj, 2003; Brandão et al., 2004; Machineski et al., 2009; Silva, 2009). Phavaphutanon et al. (1996) verificaram Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 43 aumento na área foliar de plântulas de nim inoculadas com G. intraradices em relação ao controle não micorrizado. Tabela 7. Área foliar, biomassa fresca e seca da parte aérea de mudas de nim (Azadirachta indica) em diferentes substratos, 90 dias após a inoculação com FMA: Controle não inoculado (NI), Glomus etunicatum (Ge), Acaulospora longula (Al) e Fuscutata heterogama (Fh) + Gigaspora albida (Ga), em viveiro no muncípio de Timbaúba-PE, 2010 Substrato F o lha s de To rt a d e To rt a d e Não Fertilizado ni m Ni m Ca na - de- a çú ca r Área Foliar (cm2) 225,85 aB 426,08 bA 435,03 aA 39,67 aC NI 259,50 aC 548,15 aA 419,55 aB 84,47 aD Ge 224,03 aB 440,50 abA 381,75 aA 83,84 aC Al 185,68 aB 439,20 abA 381,30 aA 62,46 aC Fh+Ga Biomassa Fresca da Parte Aérea (g) 3,77 aB 7,18 bA 7,42 aA 0,69 aC NI 4,26 aC 9,89 aA 7,46 aB 1,32 aD Ge 3,71 aB 7,42 bA 5,90 aA 1,37 aC Al 3,14 aB 7,28 bA 6,48 aA 1,00 aB Fh+Ga Biomassa Seca da Parte Aérea (g) 1,37 aB 2,29 bA 2,41 aA 0,20 aC NI 1,33 aC 3,31 aA 2,51 aB 0,38 aD Ge 1,19 aB 2,26 bA 2,08 aA 0,38 aC Al 1,02 aB 2,31 bA 2,17 aA 0,30 aC Fh+Ga Médias seguidas da mesma letra, maiúscula nas linhas, e minúsculas nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). Tratamento de inoculação Não houve interações significativas entre os tratamentos inoculados e os substratos avaliados, com exceção do número de folhas, biomassa seca e fresca da raiz (p<0,05). Os tratamentos inoculados com G. etunicatum nos substratos torta e folhas de nim apresentaram maior biomassa de raiz (p<0,05) (Tabela 8). Esse aumento na biomassa radicular foi traduzido em incrementos de 124% e 188% para biomassa fresca e seca, respectivamente, em relação ao controle não inoculado, mostrando que a produção de biomassa radicular foi maximizada pela combinação G. etunicatum e o substrato folhas de nim. Outras espécies do gênero Glomus têm promovido incremento da biomassa da raiz em mudas de nim e em experimento conduzido por Sumana e Bagyaraj (2003) um isolado de G. mosseae foi considerado o mais eficiente entre os demais. Aumento na biomassa radicular estimulado pela inoculação com FMA também foi relatado em outras culturas como peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron) (Machineski et al., 2009) e graviola (Annona muricata) (Brandão et al., 2004). Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 44 Tabela 8. Biomassa fresca e seca radicular de mudas de nim (Azadirachta indica) em diferentes substratos, 90 dias após a inoculação com FMA. Controle não inoculado (NI), Glomus etunicatum (Ge), Acaulospora longula (Al) e Fuscutata heterogama (Fh) + Gigaspora albida (Ga), em viveiro no muncípio de Timbaúba-PE, 2010 Substrato F o lha s de To rt a d e To rt a d e Não Fertilizado ni m Ni m Ca na - de- a çú ca r Biomassa Fresca Radicular** 1,42 aA 1,24 bA 1,00 bAB 0,31 aB NI 1,27 aB 3,18 aA 2,07 aB 0,31 aC Ge 1,05 aAB 1,65 bA 1,45 abA 0,28 aB Al 0,82 aAB 1,18 bAB 1,46 abA 0,29 aB Ga+ Fh Biomassa Seca Radicular ** 0,45 aAB 0,52 bA 0,55 bA 0,12 aB NI 0,61 aC 1,30 aA 0,96 aB 0,14 aD Ge 0,50 aA 0,68 bA 0,62 bA 0,12 aB Al 0,38 aBC 0,60 bAB 0,75 abA 0,13 aC Ga +Fh Interação:**(p < 0,01); Médias seguidas da mesma letra, maiúscula nas linhas, e minúsculas nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). Tratamento de inoculação Em relação aos parâmetros micorrízicos, de modo geral o substrato e a inoculação com FMA exóticos não influenciaram a produção de glomerosporos, a colonização radicular e a produção de proteínas do solo relacionadas à glomalina (Tabelas 9 e 10). Entretanto o número de glomerosporos foi maior no tratamento inoculado com G. etunicatum quando comparado ao mix com G. albida + F. heterogama e o controle não inoculado, no substrato torta de cana. É possível que a duração do experimento (90 dias) não tenha possibilitado maior produção de glomerosporos. Baixa esporulação de FMA também foi observada na rizosfera de mudas de alpinia e sorvetão inoculadas com G. albida, G. etunicatum e F. heterogama (Silva et al., 2006). Mesmo com reduzida densidade de glomerosporos no solo, a colonização micorrízica variou entre 30 e 59%, em todos os tratamentos. Diferenças significativas entre os tratamentos de inoculação foram observadas apenas nas mudas em substratos com torta de nim e torta de cana-de-açúcar, onde a colonização micorrízica foi maior no tratamento não inoculado (mas com FMA nativos) quando comparado ao tratamento com G. etunicatum. O tratamento com torta de cana não beneficiou o desenvolvimento das mudas de nim, mas a colonização das raízes por FMA foi semelhante à registrada nos outros tratamentos. Resultados semelhantes foram obtidos por outros autores, que também não observaram correspondência entre a taxa de colonização micorrízica e o aumento no crescimento das mudas (Silva et al., 2006; Lovato et al., 1992). Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 45 Tabela 9. Número de glomerosporos na rizosfera e colonização micorrízica em mudas de nim (Azadirachta indica) em diferentes substratos, 90 dias após a inoculação com FMA. Controle não inoculado (NI), Glomus etunicatum (Ge), Acaulospora longula (Al) e Fuscutata heterogama (Fh) + Gigaspora albida (Ga), em viveiro no município de Timbaúba-PE, 2010 Substrato F o lha s de To rt a d e To rt a d e Não Fertilizado ni m Ni m Ca na - de- a çú ca r Número de glomerosporos (50g de solo-1)** 33 aAB 47 aA 40 aAB 17 bB NI 33 aA 40 aA 33 aA 63 aA Ge 30 aA 60 aA 33 aA 30 abA Al 43 aA 30 aAB 37 aAB 20 bB Fh+Ga Colonização micorrízica (%) 52 aA 54 aA 48 aA 54 aA NI 51 aA 46 aAB 30 bC 33 bBC Ge 59 aA 55 aA 43 abA 46 abA Al 55 aA 57 aA 42 abA 46 abA Fh+Ga Interação: **(p< 0,01); Médias seguidas da mesma letra, maiúscula nas linhas, e minúsculas nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). Tratamento de inoculação De modo geral, a produção de PSRG não diferiu entre os FMA e não foi afetada pela presença dos subprodutos de nim e de cana-de-açúcar (Tabela 10). A deposição dessas proteínas no solo é um processo lento; possivelmente por isso não se observou diferença entre os tratamentos considerando o período de tempo do experimento, como indicado por Silva (2006). Resultado similar foi referido após cultivo de jenipapo-bravo (Tocoyena sellowiana (Cham. & Schltdl.), quando não se observou diferença na quantidade de PSRG entre os tratamentos (Oliveira et al., 2009). Tabela 10. Produção de proteínas do solo relacionadas à glomalina facilmente extraível (PSRG-FE) na rizosfera de mudas de nim (Azadirachta indica) em diferentes substratos, 90 dias após a inoculação com FMA. Controle não inoculado (NI), Glomus etunicatum (Ge), Acaulospora longula (Al), Fuscutata heterogama (Fh) + Gigaspora albida (Ga), em viveiro no município de Timbaúba-PE, 2010 Substrato F o lha s de To rt a d e To rt a d e Não Fertilizado ni m Ni m Ca na - de- a çú ca r PSRG-FE (mg g-1) 1,87 aA 1,25 aB 1,32 aAB 1,68 aAB NI 1,31 aA 1,56 aA 1,44 aA 1,80 aA Ge 1,32 aB 1,50 aAB 1,70 aAB 1,95 aA Al 1,46 aA 1,45 aA 1,67 aA 1,82 aA Fh+Ga Médias seguidas da mesma letra, maiúscula nas linhas,e minúsculas nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). Tratamento de inoculação Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 46 No presente estudo o solo e o substrato não foram desinfestados, mantendo a comunidade nativa de FMA e outros microrganismos do solo em todos os tratamentos, o que pode ter colaborado para minimizar as diferenças entre os tratamentos de inoculação. A eficiência de FMA nativos no desenvolvimento vegetal tem sido evidenciada em alguns estudos (Anjos et al., 2005; Oliveira et al., 2009). Esses resultados parecem indicar que os fungos nativos estavam mais adaptados ao hospedeiro e, portanto, podem ter colonizado mais rapidamente as mudas, proporcionando resultados semelhantes aos tratamentos com inoculação de FMA exóticos. De modo geral, o tipo de substrato influenciou a maioria das variáveis analisadas, sendo constatado que as mudas de nim, em todos os tratamentos de inoculação, foram prejudicadas pela adição de torta de cana-de-açúcar. Esse resultado contrasta com dados obtidos por Carneiro et al. (2008), nos quais houve incremento da produção de biomassa seca da parte aérea, em plantas de estilosantes, em substrato com subprodutos de cana-de-açúcar. Os substratos derivados de nim promoveram melhor desenvolvimento da planta, com diferenças significativas em relação ao controle e ao tratamento com torta de cana-deaçúcar em todas as variáveis analisadas. Apesar de ser usada habitualmente como substrato eficiente para produção de mudas estilosantes (Carneiro et al., 2008), goiabeira (Schiavo e Martins, 2002) e algodão (Pereira et al., 2005) a torta de cana não apresentou o resultado esperado para produção de mudas de nim em condições de viveiro. Possivelmente as condições de viveiro não tenham sido ideais para o desenvolvimento das mudas com substrato torta de cana-de-açúcar, devido as condições não controladas e a alta retenção de umidade deste substrato (Santos et al., 2010), visto que o nim não tolera ambientes encharcados. A especificidade ao hospedeiro é um fator a ser considerado na escolha do inóculo micorrízico (Koomen et al., 1987), embora isso seja raro em termos de capacidade em colonizar as raízes, porém pode existir em termos de benefícios para a planta hospedeira, além de condições edafoclimáticas bem específicas (Moreira & Siqueira, 2006). Portanto, novos estudos com outros isolados ou diferentes concentrações de substrato devem ser estimulados, visto que a compatibilidade entre substrato, simbionte e hospedeiro são fatores importantes para o sucesso da simbiose, e consequentemente para a melhoria no desenvolvimento vegetal. Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 47 5. CONCLUSÕES • Fungos micorrízicos arbusculares (FMA) são comumente encontrados na rizosfera de nim nos locais estudados, sendo representados por 49 espécies, porém com baixa produção de glomerosporos (média ≤ 65 glomerosporos 50g solo-1). • A rizosfera de cultivos de nim mantidos na área de Recife apresenta maior riqueza de espécies de FMA que as demais áreas, com predominância dos gêneros Glomus e Acaulospora. • A produção de propágulos infectivos de FMA, os teores de matéria orgânica e as proteínas do solo relacionadas à glomalina variam espacialmente em cultivos de nim em Pernambuco, com teores mais elevados nas zonas úmidas. • O cultivo de mudas de nim é favorecido quando o substrato é adubado com subprodutos de nim (1% torta de nim e 3% folhas de nim trituradas) sob condições de viveiro. • A inoculação com G. etunicatum proporciona melhor desenvolvimento das plantas mantidas nos substratos torta de nim e folha de nim, constituindo alternativa para a produção de mudas dessa cultura, em condições de viveiro. • Os FMA nativos de rizosfera de nim proporcionam benefícios semelhantes aos FMA introduzidos para as mudas de nim, nas condições estudadas. Monte Júnior, Inácio P. Utilização de subprodutos do nim (Azadirachta indica A. Juss) ... 48 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Agritempo. Disponível em: http://www.agritempo.gov.br. Acesso em junho de 2009. Agrogreen Canada. Disponível em: http://www.agrogreencanada.com/whyus/fofaneem.pp. Acesso em: 01 de novembro de 2010. Ahmad, I., Beg, A.Z. 2001. Antimicrobial and phytochemical studies on 45 Indian medicinal plants against multi-drug resistant human pathogens. Journal of Ethnopharmacology 74: 113-123. Albuquerque, P.P. 2008. Diversidade de Glomeromycetes e atividade microbiana em solos sob vegetação nativa do semi-árido de Pernambuco. Tese de Doutorado, Curso de PósGraduação em Biologia de Fungos, Universidade Federal de Pernambuco, Recife. Allan, E.J., Eeswara, J., Jarvis, A., Mordue, A., Morgan, E., Stuchbury, T. 2002. Induction of hairy root cultures of Azadirachta indica A. Juss. and their production of azadirachtina and other important insect bioactive metabolites. 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