Discurso do Deputado FRANCISCO RODRIGUES, na sessão legislativa do dia 05 de março de 2008 Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados: A ameaça de um conflito armado entre A Colômbia e a Venezuela assusta a todos nós, mas é preciso que entendamos a real noção do perigo iminente, pelas circunstâncias que envolvem esse imbróglio, que começou com a invasão do território do Equador por forças militares colombianas. O primeiro passo, que defendemos, ao compartilharmos a posição eminentemente diplomática do Brasil, é que a Colômbia, de forma precisa, sem escamoteações políticas e militares, peça desculpas ao Equador pela invasão do seu território, e que o governo colombiano entenda que o Continente sul-americano não pode se dar ao luxo de esquecer os seus problemas econômicos e sociais, que aflige a todos nós, e enveredar pelo caminho da guerra, do conflito armado que só trará conseqüências nefastas para as populações envolvidas. Por que, Senhor Presidente, não estamos aqui para defender este ou aquele País e sim, mostrar a nossa preocupação com o que poderá ocorrer se um entendimento pelas vias diplomáticas como propõe o Brasil não for obtido entre as parte litigantes. Na verdade, a Colômbia convive com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) faz quarenta anos, com seqüestros de políticos, empresários, jornalistas, advogados e até pessoas comum, mas o governo colombiano parece não ter sido feliz nas negociações com esse grupo guerrilheiro para que os prisioneiros possam ser libertados. E qual foi à solução que o governo colombiano encontrou para desbaratar as Farc e torná-las enfraquecidas? Foi invadir áreas do Equador próximo à sua fronteira com aquele País irmão e, também, matar, como ocorreu com cerca de 17 membros das Farc. Invadir um País sob qualquer pretexto – ao menos se tiver sido invadido, o que não é o caso presente - é um assunto sério, que condenamos de pronto e que merece dos países democráticos do continente repulsa, porque esse fato pode se degenerar e levar os dois países a uma guerra insana, despropositada e inconseqüente. A Venezuela prestou sua solidariedade ao Equador no episódio da invasão pela Colômbia, como fizeram outros países. O Brasil, maior País sul- 2 americano, de forma correta, propôs aos dois países um entendimento profundo pelas vias diplomáticas. A OEA (Organização dos Estados Americanos) está sendo chamada a intervir no conflito, para que possamos encontrar as variáveis que permitam à Colômbia e ao Equador se sentarem à mesa das negociações e por um fim a essa ameaça de guerra. A história registra que conflitos envolvendo países sul-americanos trouxeram graves conseqüências para os seus povos. Temos o exemplo da fatídica Guerra do Paraguai, no final do século 19. No século passado, algumas pendengas armadas correram nas fronteiras entre o Equador e o Chile, mas sem que isso representasse na época ameaça à segurança dos demais países vizinhos. No começo deste século, a Argentina se envolveu num conflito com a Grã-Bretanha pela posse definitiva das Malvinas. E o que ocorreu? Mortes e mais mortes! Agora não! Muitos defendem a guerra imediata, sob o pretexto de que a Colômbia faz parte de um plano dos Estados Unidos para obter vantagens, sejam elas econômicas, políticas ou beligerantes nos países sul-americanos. Isso é uma falácia, uma justificativa que não deve ser aceita para que países irmãos, sofredores dos mesmos problemas econômicos e sociais, se engalfinhem numa guerra suja, de proporções, imagináveis. O Brasil está certo quando defende o entendimento pelas vias diplomáticas. A democracia, mais do que qualquer medida bilateral a ser tomada por Colômbia, Equador e Venezuela, tem que ser defendida a qualquer custo para se evitar a guerra que não trará nenhum benefício, nem para a Colômbia, e muito menos para o Equador e a Venezuela. Tomara, Senhor Presidente, que o bom-senso e o espírito da democracia plena dos governos venezuelanos, equatorianos e venezuelanos, sejam o anteparo à sandice daqueles que desejam a guerra pura e simples como forma de resolver uma invasão territorial. Esse não é o caminho, certamente. Muito obrigado. FRANCISCO RODRIGUES Deputado Federal (DEM/RR)