II Congresso Internacional de Educação Cientifica e Tecnológica – Santo Ângelo – 2012 IMPORTÂNCIA DOS LABORATÓRIOS DE ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS DESENVOLVIDOS EM ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA 1 Juliana Stark1, Luana Hilgert Tonin2, Maria Lorete Thomas Flores3 URI – Campus Santo Ângelo/Departamento de Ciências Biológicas/[email protected] URI – Campus Santo Ângelo/Departamento de Ciências Biológicas/[email protected] 3 URI – Campus Santo Ângelo/Departamento de Ciências Biológicas/[email protected] 2 1 CONTEXTO DO RELATO O presente trabalho discutirá a importância dos Laboratórios de Ensino de Ciências Naturais, desenvolvidos em escolas de educação básica, para a formação inicial de professores de ciências e biologia. As disciplinas de Laboratório de Ensino oferecidas pelo curso de Ciências Biológicas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Campus Santo Ângelo são em número de quatro (4), mas apenas nos Laboratórios de Ensino III e IV são elaboradas oficinas pedagógicas para serem desenvolvidas em escolas de educação básica – ensino fundamental e médio. As oficinas foram realizadas no período de agosto de 2009 a julho de 2010, referentes ao 4º e 5º semestre, respectivamente. Os objetivos dos Laboratórios de Ensino de Ciências Naturais III e IV foram, respectivamente: Pesquisar e analisar referenciais teóricos para a construção de materiais didáticos para ensino de biologia; Pesquisar, produzir e avaliar materiais didáticos e procedimentos metodológicos para o ensino e aprendizagem de conteúdos de zoologia, botânica e ecologia no ensino fundamental e médio; Vivenciar a prática docente em suas várias etapas do processo de ensino-aprendizagem: do planejamento às aulas, por meio da realização de oficinas pedagógicas para alunos do ensino fundamental e médio, referentes aos temas de relevância social estudados na disciplina ou com ênfase nos conteúdos de zoologia, botânica, genética e educação ambiental. É importante ressaltar que a professora titular da disciplina de Laboratório de Ensino tem grande experiência na área da educação básica, tendo sido professora da rede estadual de ensino por muitos anos. A metodologia utilizada nesta disciplina foi realizada através de trabalhos em grupo, onde cada aluno tinha a oportunidade de apresentar sua oficina para os colegas e compartilhar ideias com os mesmos, enriquecendo seu material didático com novas práticas docentes. Desse modo, as oficinas foram de extrema importância para a formação inicial, como será explicitado abaixo, na descrição das atividades. 2 DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES As práticas de ensino foram realizadas no curso de Ciências Biológicas, nas disciplinas de Laboratório de Ensino de Ciências Naturais III e IV, no período de agosto de 2009 a julho de 2010, referentes ao 4º e 5º semestres do curso. As técnicas pedagógicas realizadas no ensino fundamental foram: Extração da clorofila: A atividade em questão teve como objetivo analisar e entender porque os vegetais são verdes e conhecer outros URI, 27-29 de junho de 2012. II Congresso Internacional de Educação Cientifica e Tecnológica – Santo Ângelo – 2012 Já as pigmentos não visíveis, mas importantes para o desenvolvimento da planta. A técnica foi realizada na 5º série do ensino fundamental, na qual os alunos efetuaram diretamente a prática no laboratório de ciências. Foram utilizados diversos materiais, sendo a maioria deles alternativos, como: copos, filtro de café, álcool, água, acetona, placa de petri e faca. Estudo das características das aves: a técnica desenvolvida teve como objetivo proporcionar aos alunos um melhor entendimento das características gerais das aves. A técnica foi realizada na 6º série do ensino fundamental. A atividade foi iniciada com a apresentação de slides com as características gerais das aves, com posterior saída a campo, onde os alunos colocaram em prática os conhecimentos adquiridos. técnicas desenvolvidas no ensino médio foram: Estudo dos grupos sanguíneos: a atividade objetivou estudar os tipos sanguíneos, dando ênfase para o Sistema ABO e Fator Rh, proporcionando aos alunos um melhor entendimento do conteúdo estudado, tendo sido realizada no 2º ano do ensino médio. Após a apresentação dos slides, os alunos foram encaminhados à Secretaria de Saúde do município de São Pedro do Butiá, mais especificamente, no laboratório de Análises Clínicas, onde foi efetuada a tipagem sanguínea de cada aluno, com o auxílio da bioquímica responsável. Identificação de fungos: a oficina teve como objetivo estudar os diferentes tipos de fungos, sua formação e utilização. A mesma foi realizada com o 3º ano do ensino médio. Foi iniciada com a apresentação de slides, onde foi mostrado aos alunos os diferentes tipos de fungos que existem, como ocorre a formação dos mesmos e onde podem ser utilizados, como na fabricação de pães, queijo, iogurte, cerveja, vinho e outros. Após isso foi realizada uma atividade prática sobre fermentação, onde os alunos tiveram a oportunidade de presenciar uma forma de reprodução dos fungos. Também foi mostrado à eles o filme “A Selva”, da produtora BBC, com base no desenvolvimento, habitat e luta pela sobrevivência dos fungos. 3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DO RELATO Durante muito tempo da história da educação brasileira, o cenário escolar esteve sob a ótica do modelo tradicional, no qual a ênfase era a transmissão de conteúdos produzidos ao longo da história da humanidade. As mudanças na percepção do ensino são, portanto, incipiente e emergente. Assim, tornam-se necessárias mudanças de concepção de mundo pelo professor, de forma que estejam preparados para a docência, levando em consideração os métodos mais apropriados à realidade em que atuam (BAPTISTA, 2003). Hoje se sabe que há inúmeras estratégias de ensino que podem ser apresentadas pelo professor para realizar o trabalho em sala de aula e que resulta em um melhor desempenho no aprendizado. O oferecimento ao aluno de oportunidades de vivenciar um universo interativo que perpassa o plano teórico apresentado pelo professor em sala de aula e a partir da leitura de livros didáticos. É fundamental utilizar atividades investigativas como ponto de partida para desenvolver a compreensão de conceitos, é uma forma de conduzir o aluno a URI, 27-29 de junho de 2012. II Congresso Internacional de Educação Cientifica e Tecnológica – Santo Ângelo – 2012 participar de seu processo de aprendizagem, saindo de uma postura passiva e começando a perceber e agir sobre seu objeto de estudo (ZUANON E SILVA, 2007). Da mesma forma Silva et al. (2009), destacam que a ausência de práticas relacionadas aos conteúdos teóricos no ensino, muitas vezes promove no aluno insatisfação e desmotivação gerando consequentemente um bloqueio que inviabiliza a aprendizagem. A necessidade de diversificar as práticas de ensino dentro das possibilidades que a escola oferece é então considerada indispensável, que promoverá maior interação dos alunos, possibilitando a partir de uma questão problematizadora, a construção de novos conhecimentos. O papel da escola se constitui em preparar o aluno para as diversas situações da vida. Para tanto, se faz necessário a utilização de diferentes métodos e estratégias para o desempenho do processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, a possibilidade de melhorias do ensino por meio da experimentação significa não só uma ruptura com as metodologias “tradicionais”, como também uma estratégia para o desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro (MARANDINO et al., 2009). A partir disso, as aulas práticas servem de estratégia e podem auxiliar o professor a retomar um assunto já abordado, construindo com seus alunos uma nova visão sobre um mesmo tema, no qual as aulas práticas não constituem mera confirmação dos fenômenos ensinados na teoria, mas desafiam o aluno a relacionar informações (LEITE; SILVA; VAZ, 2008). Diante desse contexto, podemos dizer que as práticas de ensino são de extrema importância para a formação inicial do acadêmico, pelo fato de que através dessas práticas ser possível fazer um intercâmbio entre escola e universidade. Além disso, estar em contato direto com os alunos propicia um melhor desenvolvimento da prática docente. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS É de consenso que, na formação de professores deve-se estimular as aulas diferenciadas que proporcione momentos como aulas práticas, saídas de campo, filmes, entre outros, que devem ser pensados antes de serem executados, para que não ocorram equívocos durante seu desenvolvimento. Por isso, percebe-se que “a formação docente é essencial na qualidade da educação” (HERNÁNDEZ, 1998). A tarefa de ensinar recai hoje, na busca de situações que permitam os alunos construírem, progressivamente, os conhecimentos. Para isso, acredita-se que, quanto mais cedo os alunos graduandos de um curso de licenciatura em Ciências Biológicas realizarem sua inserção nas escolas onde atuarão como profissionais no futuro, mais e melhores contribuições serão proporcionadas ao processo ensino-aprendizagem. Concomitantemente, os professores já inseridos na atividade docente, com os quais haverá intercâmbio de saberes, serão estimulados a (re)pensar sua prática pedagógica, o que representará, também, contribuições para a dinamização do processo ensino-aprendizagem em ciências. A formação inicial de professores precisa dar ênfase ao desenvolvimento de estratégias metodológicas que permitam ao futuro profissional além da busca de metodologias diferenciadas, uma reflexão sobre a importância dessas para o crescimento da aprendizagem do aluno e para sua formação como cidadão. Por isso, ressalta-se a necessidade do envolvimento do professor com material didático, através do qual há a possibilidade do educador refletir sobre sua formação e prática pedagógica. URI, 27-29 de junho de 2012. II Congresso Internacional de Educação Cientifica e Tecnológica – Santo Ângelo – 2012 Após o término das oficinas foi possível constatar o interesse dos alunos por aulas diferenciadas, durante as quais eles consigam ter um melhor aprendizado a partir de temáticas que envolvam atividades problematizadoras. Por isso, o professor precisa estabelecer um tempo para refletir e pensar na sua prática definindo estratégias metodológicas que perpassem o espaço de sala de aula. Apesar de alguns professores utilizarem métodos diferentes em suas aulas, a forma de avaliação precisa ser repensada, pois é utilizado na maioria das vezes a prova, mostrando que outras formas de avaliação não são exploradas para que os educandos possam demonstrar os conhecimentos adquiridos. Indicando que é necessário pensar a formação de professores, precisando-se assim dar mais atenção a fatores imprescindíveis na formação qualificada dos educadores. 5 REFERÊNCIAS BAPTISTA, G.C.S.B. A Importância da reflexão sobre a prática de ensino para formação docente inicial em ciências biológicas. Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências, v.5, n.2. FaE, Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil: Outubro 2003. Disponível em: HTTP://www.portal.fae.ufmg.br/seer/index.php/ensaio/article/viewfile/61/99 Acesso em 25 abr. 2012. HERNÁNDEZ, Fernando. A importância de saber como os docentes aprendem. Pátio Revista Pedagógica. Porto Alegre: Artes Médicas Sul. Fev. / Abr. 1998. LEITE, A.C.S.; SILVA, P.A.B.; VAZ, A.C.R. A importância das aulas práticas para alunos jovens e adultos: uma abordagem investigativa sobre a percepção dos alunos do PROEF II. Faculdade de Educação – UFMG. 2008. Disponível em: http://www.portal.fae.ufmg.br/seer/index.php/ensaio/article/viewfile/98/147. Acesso em 25 de abril de 2012. MARANDINO, M. SELLES, S.E.; FERREIRA, M.S. Ensino de Biologia: histórias e práticas em diferentes espaços educativos. São Paulo: Cortez, 2009. P. 215. SILVA, C.H. da, MACEDO, P.B. de, COUTINHO, A. da S., SILVA, J., da. MELO, C.W. de, RODRIGUES, S., OLIVEIRA, G.F. de, ARAÚJO, M.L.F. A importância da utilização de atividades práticas como estratégia didática para o ensino de ciências. 2009. ZUANON, A.C.A.; SILVA, C.A. O biolhar contextualizado da botânica fora do livro didático. Revista SBEnBio, n.1, p. 10-11, ago./2007. URI, 27-29 de junho de 2012.