Prancha 01 - Prefeitura Municipal de Belo Horizonte

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Malha Simbólica
Malha Urbana
TRAÇADO REGULADOR
SITUAÇÃO sem escala
EIXO DE CONEXÃO URBANA:
Relevo, cidade organizada e ocupação espontânea
LEGENDA
1. Rodoviária (futuro
Terminal Metropolitano)
2. Edifício do
Centro Administrativo
3. Parque urbano suspenso
4. Estação Lagoinha
(piso inferior)
5. Praça do Peixe
6. Ciclovia com ligação ao
Centro Administrativo
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7. RISP (Região Integrada
de Segurança Pública da
Capital)
8. Praça Rio Branco
9. Av. Afonso Pena
10. Av. Santos Dumont
11. Av. Paraná
12. Av. do Contorno
13. Ribeirão Arrudas
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MEMÓRIA E INOVAÇÃO
IMPLANTAÇÃO
CONCEITUAÇÃO
Esta proposta parte do entendimento da função do Centro Administrativo nas estruturas física, sociopolítica e simbólica no contexto
de Belo Horizonte. A demanda pela congregação espacial das unidades funcionais do município estabelece nova dinâmica de atendimento ao cidadão. No conjunto arquitetônico, a instituição pública materializa a função de administrar uma cidade e representá-la, destacando-se como marco urbano que remete à sua autoridade legitimada e tornando-se parte indissociável do tecido urbano.
Definiu-se uma edificação única, horizontalizada, integradora, em espaços fluidos, adequada ao acolhimento das várias funções
para ela previstas, apresentando-se de maneira logicamente acessível à população. Como contraponto à estratificação que interrompe fluxos, artificializando a conexão entre as pessoas, espaços horizontais criam ambientes propícios ao estabelecimento de relações
humanizadas. A comunicação se amplia na conformação de um espaço compartilhado. Elementos fortemente associados ao estado
de Minas Gerais figuram na composição deste projeto. Pedras preciosas, cristais, minério de ferro, composições metalográficas, o
triângulo da bandeira do estado são referências exploradas conceitualmente e explicitadas concretamente, seja na marcada estrutura
metálica do edifício, seja na transparência do revestimento externo que multifaceta o serviço público aos olhos dos cidadãos, ou
ainda na planta triangular que aponta ao principal eixo articulador da cidade.
Seu traçado regulador funde ordens geométricas e gera um edifício que projeta imagens da cidade na cidade. Essa iconografia resulta numa edificação que está acomodada em planta, mas é revolucionária em elevação, com pavimentos inter-relacionados criando
diálogos internos e externos, inserindo-se na dinâmica contemporânea da capital de Minas.
A Praça Rio Branco e a Praça da Bandeira marcavam, no mapa cadastral de 1895, o início e o fim da Avenida Afonso Pena, principal
via pública da cidade. Ligando os contrafortes da Serra do Curral ao Rio Arrudas, esse eixo tem seu caráter cívico reforçado, ao receber em sua extremidade norte uma nova reverência à sua presença descortinadora de horizontes: um edifício-monumento.
Este eixo urbano é depurado e organizado desde a Praça Rio Branco, que tem seu desenho de piso original recuperado, sem, contudo
descuidar da necessária escala urbana, mantendo e complementando a massa arbórea existente no entorno. Entre a Rodoviária (futuro Terminal Metropolitano) e a Praça Rio Branco, o novo edifício de planta triangular apoia-se a 20m de altura sobre três pilares,
criando uma grande praça coberta e garantindo conexão visual entre estes espaços e a Av. Afonso Pena. Materializa-se nas dimensões do vazio um espaço de convivência livremente acessível, integrado à paisagem urbana, convidando a população aproximar-se,
para vê-la, ouvi-la, conversar com ela. Essa sombra triangular, generosa e acolhedora, protege o lugar do encontro, da festa. Ali,
os três pilares metálicos que estruturam o edifício figuram como três grandes troncos, como se três árvores fundissem suas copas.
Remetem às trindades simbólicas, valorizando o papel da administração pública na cidade.
Esta praça celebra a importância de grandes espaços cobertos e abertos na cidade, protegendo do sol e da chuva a realização de atividades múltiplas ou simplesmente oferecendo uma pausa sombreada para quem está de passagem. Sua área de 9.177m2 a destaca,
por exemplo, em comparação aos já significativos 2.100m2 da área coberta do MASP e a aproxima da exuberância dos 28.800m2 da
marquise do Parque Ibirapuera, ambos ícones da capital paulista.
Neste grande vazio coberto, a partir da malha triangulada, surgem movimentações tridimensionais apropriáveis como mobiliário
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urbano e um anfiteatro que convidam ao estar e à reunião. A ligação à Rodoviária faz-se na manutenção/preservação de elementos
vegetais importantes, como o alinhamento de palmeiras e na preservação e valorização de parte do pavimento existente, ligando-o
à nova estereotomia do plano do chão.
A amplitude desse espaço responde também à intensificação na circulação de pedestres na região central como decorrência da
inserção deste complexo no centro da cidade e da sua proximidade ao transporte coletivo municipal e metropolitano. Esta complexidade de fluxos encontra expressão no próprio edifício, que materializa este dinamismo em sua forma e espaços. O Centro Administrativo do Município de Belo Horizonte configura-se, assim, como um monumento à mobilidade urbana, em franca conexão com o
espaço público, os corredores de transporte e a ciclovia.
Edifício e a cidade
Esse edifício marca também a conexão entre a cidade organizada e a ocupação espontânea originada a partir da Avenida do Contorno
que, delimitando a área urbana da cidade planejada, marcava a transição para a área suburbana e já se anunciava como referência
definitiva para a distribuição da cidade a partir de seus limites. Na área de implantação do Centro Administrativo, o limite da Contorno se sobrepõe ao Rio Arrudas, ponto de partida/chegada de quem sobe/desce da montanha, seguindo pela Afonso Pena.
Portanto, a geometria clara da praça sob o edifício desdobra-se na natureza fluida de um parque urbano suspenso, permeando os
viadutos e a estação de Metrô. A topografia do parque desdobra-se e desenvolve-se criando diferentes espaços e atmosferas, permitindo aos transeuntes vistas através do complexo viário no plano inferior. Esse parque oferece uma generosa conexão urbana de
pedestres entre Bonfim, Lagoinha e o centro da cidade. Cria um intervalo ver de, um espaço para recreação, onde famílias podem
passear aos finais de semana, onde se pode assistir a um concerto ao ar livre, onde um habitat urbano pode florescer. Juntos, praça,
edifício e parque constituem uma entidade forte, simbólica e funcional, respondendo ao caráter único requerido por sua localização
e seu programa.
Coerência histórico-espacial
A Belo Horizonte planejada, com suas ruas em ângulos retos atravessadas por avenidas diagonais, remetia à influência dos ideais
positivistas no contexto republicano da época. O projeto do Centro Administrativo resgata elementos desta concepção, explorando
ordens geométricas na construção de uma malha que articula quadrados e triângulos para reger as linhas de seu conjunto. A forma
triangular também remete ao projeto original da cidade, que dividia sua área total em 27 triângulos referentes às seções urbanas. A
quadra desenhada por Aarão Reis se transforma em edifício a celebrar o tempo da memória e o tempo da inovação – o novo signo
de Belo Horizonte. Assim como a organização espacial da cidade privilegiava perspectivas panorâmicas e reservava junto a cruzamentos e praças as áreas de implantação para as repartições públicas, o projeto do Centro Administrativo, inserido no ponto de partida
do eixo norte-sul da capital, resgata estas forças integradoras, tornando-se um edifício-ícone para a vida contemporânea da cidade.
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Ao inserir-se no perímetro do Conjunto Urbano Avenida Afonso Pena e Adjacências, englobando edificações que integram o patrimônio cultural local, qualquer intervenção na área do projeto demanda a adoção de diretrizes especiais. Nesse contexto, merecem
tratamento especial e destaque no projeto de implantação do Centro Administrativo a Praça Rio Branco (tombada pelo patrimônio
estadual em 1994 e conhecida como a “Praça da Rodoviária”, sendo, como tal, associada à ideia de entrada da cidade); o edifício
da antiga Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que abriga hoje a Região Integrada de Segurança Pública
da Capital - RISP (protegido por tombamento estadual); e o edifício da Rodoviária (tombado pelo patrimônio municipal em 1994).
Belas Horizontais: as linhas que unem as pessoas e a cidade
Sem interromper a visibilidade entre o edifício da Rodoviária e a Praça Rio Branco e respeitando a presença e a volumetria do
edifício onde funciona a RISP, o Centro Administrativo exemplifica seu respeito ao patrimônio circunvizinho e às visadas a eles
relacionadas. Considerando as delimitações das vias públicas e os intervalos entre as edificações, as linhas de força do terreno e
as referências geométricas da malha urbana tornam-se elementos compositivos da arquitetura. A volumetria horizontalizada do
edifício dialoga com as edificações do entorno sem se impor a elas verticalmente e otimiza os deslocamentos e a comunicação entre
pavimentos.
Nos pavimentos-tipo, os átrios que se abrem para os grandes vazios internos aos pilares/torres metálicos favorecem a comunicabilidade ao tornar os ambientes mais permeáveis. Criam-se, assim espaços orgânicos, fluidos e flexíveis para acolher o programa
de necessidades do Centro Administrativo do Município de Belo Horizonte. Tomando como exemplos escritórios contemporâneos,
propõe-se, com essa configuração, a criação de espaços de trabalho mais livres e descontraídos, com áreas de estar e descompressão junto aos átrios internos, gerando melhores condições para que o funcionário público exerça suas funções no atendimento às
demandas do espaço urbano e de sua população. Na projeção do edifício de planta triangular, a unicidade da praça coberta e aberta
diz “sim” à cidade, consagrando definitivamente ao povo o nível da rua. Além disso, a condução de visitantes pela ciclovia ao
jardim superior expande e potencializa esta hospitalidade.
Esse acolhimento torna-se providencial, considerando a inserção do edifício numa área de grande distúrbio urbano, com alto nível
de poluição sonora, atmosférica, cinética e visual. Nesse sentido, a proposição de um parque urbano exclusivo para pedestres e
ciclistas busca devolver à região elementos capazes de reconstituir um ambiente natural que configure novo habitat para a flora e a
fauna regionais, como um contraponto ao distúrbio local, característico do centro da cidade, e um estímulo à melhoria da qualidade de vida de moradores da vizinhança, usuários da região e transeuntes.
Um eixo cívico cheio de significado para a história da cidade. Uma malha que resulta do traçado ortogonal do espaço planejado em
fusão com a simbologia e o equilíbrio do triângulo equilátero. Uma volumetria que respeita o entorno e não se impõe como obstáculo. Uma transparência que revela, que integra e não se opõe ao movimento espontâneo da cidade. Assim esta proposta responde ao
desafio de implantar o Centro Administrativo de Belo Horizonte numa área urbana estratégica em termos de localização e articulação.
Vista fachada noroeste
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