3 A Ásia Os países que compõem o continente asiático formam um con­ junto muito heterogêneo, em razão de suas características naturais, culturais, níveis de desenvolvimento humano, diversificação na eco­ nomia e formação histórica. Sua população pratica as mais diversas religiões, como cristianismo, budismo, hinduísmo, islamismo, entre outras. No continente, destacam-se o Oriente Médio, a China, o Japão, os Tigres Asiáticos, a Índia e a Rússia. Nesta Unidade, serão conhecidas algumas características espa­ ciais da Ásia, que englobam aspectos sociais, demográficos e naturais. Serão mostradas também particularidades de regiões e países desse continente que possuem maior relevância para a economia e a política internacional, com foco no uso de seus recursos físicos, nas caracte­ rísticas do clima – que influenciam o cotidiano da população – e nas peculiaridades ligadas à sua cultura. Para iniciar... Converse com seus colegas e professor e responda: • Quando se fala em Ásia, qual é a primeira ideia ou imagem que lhe vem à mente? Por quê? • Quais associações você faz ao ouvir informações no noticiário sobre a Ásia? Você teve contato com notícias recentes que tratam de países asiáticos? Quais? • Algum acontecimento em especial faz você se lembrar desse conti­ nente? Qual? Aspectos naturais do continente asiático A superfície da Ásia conta mais de 44 milhões de quilômetros quadrados – este é um entre outros dados estimados sobre o conti­ nente, porque muitos países orientais também pertencem à Europa, à África e à Oceania. 43 Geografia – Unidade 3 Fuso horário Convenção estabelecida para diferenciar os horários das várias regiões do planeta de acordo com suas longitudes. O planeta é dividido em 24 faixas de fusos horários (ou zonas horárias diferentes), tendo a cidade de Greenwich – na área metropolitana de Londres, Grã-Bretanha – como base. A cada faixa para leste de Greenwich, as horas são adiantadas, e, para oeste, atrasadas. Em 2012, segundo dados da Agência de Referência Populacional, a Ásia apresentava uma população de 4,26 bilhões de pessoas, divi­ dida em 49 países e sete áreas territoriais dependentes de outros países. Essa diversidade do continente asiático configura várias re­giões muito diferentes do ponto de vista étnico, linguístico, econômico, político e cultural: o Oriente Médio; o Decã (onde está situada a Índia); a grande massa continental centro-norte (que compreende a China, a Mongólia e a Rússia); o Leste Asiático (na Península da Indochina); além de toda a sua vasta e numerosa porção insular. O território asiático situa-se na região oriental do planeta, quase totalmente no Hemisfério Norte – somente uma parte da Indonésia está no Hemisfério Sul. Pela extensão de seu território, esse continente abrange 11 fusos horários. © Allan Hartley/LatitudeStock/Latinstock O continente asiático possui uma cadeia de montanhas elevadas chamada Cordilheira do Himalaia – onde se localiza o ponto mais alto do relevo do planeta, o Monte Everest, com mais de 8 800 metros de altitude, localizado na fronteira entre o Nepal e a China. Essa cor­ dilheira é como uma muralha natural entre a China e o sul do conti­ nente, com mais de 2 300 quilômetros de extensão. E há no Himalaia alguns dos picos mais altos do planeta depois do Everest. O Monte Everest, a montanha mais alta da Terra, fica na fronteira entre o Nepal e a China. 44 Geografia – Unidade 3 © Tao Images/Easypix Na Ásia, também existem extensos planaltos como o do Tibet (ao norte da Cordilheira do Himalaia) e o Planalto Central Sibe­ riano (na Rússia). Planalto tibetano. © NASA/Earth Observatory Outra forma de relevo encon­ trada na Ásia é a depressão. Exem­ plos: o Mar Morto – onde está a maior depressão do globo, situada a mais de 390 metros abaixo do nível do mar – e o Mar Cáspio (no norte do Irã). Mar Morto, situado na fronteira entre Israel e Jordânia. Ainda existem no continente asiá­tico planícies com pouca varia­ ção de altitude, sendo planas e baixas e, em geral, utilizadas para agricultura. As planícies mais impor­ tantes são a Siberiana (situa­da na Rússia), a da China e a da Meso­ potâmia. Esta última apresenta intensa atividade agrícola – prin­ cipalmente na produção de grãos, como o trigo – e, por causa de sua grande fertilidade, é conhecida como Crescente Fértil. Foi nessa região que os arqueólogos estimam que tenha se realizado o primeiro cultivo agrícola do homem. 45 Geografia – Unidade 3 O continente asiático é banhado por vários oceanos, como o Gla­ cial Ártico ao norte, o Índico ao sul, o Pacífico ao leste, e ainda o Mar Vermelho – que se comunica com o Mar Mediterrâneo através do Canal de Suez. E é relevante citar a grande importância do Oceano Pacífico para a Ásia, pois ele liga países como o Japão, a China e a Indonésia, permitindo grande fluxo de mercadorias e pessoas entre esses países. Golfo Similar a uma grande baía, é um tipo de reentrância de grande porção de mar cercada de terra à frente e dos lados, geralmente em formato de ferradura. Na região denominada Oriente Médio, existem dois golfos uti­ lizados para navegação comercial: o Golfo Pérsico e o de Omã. É pelas águas desses golfos que a produção de petróleo da região é esco­ ada para muitos países. As penínsulas compõem outro aspecto físico importante do con­ tinente. A Península Arábica, a da Indochina, a da Coreia e a Indo­ -Gangética são algumas das penínsulas asiáticas. Há também diversos arquipélagos, ou seja, conjuntos de ilhas, como o da Indonésia, o das Filipinas e o do Japão. Esse grande con­ junto de ilhas faz parte do Círculo de Fogo do Pacífico, região de intensa atividade vulcânica e de terremotos. Atividade 1 Conhecendo o relevo da Ásia Utilize os mapas “Ásia: físico” e “Ásia: político”, apresentados nas próximas páginas, para fazer os exercícios a seguir. Responda-os em seu caderno. 1. Com a ajuda de seu professor, acompanhe a linha vermelha no mapa “Ásia: físico” e responda: a) Por quais formas de relevo a linha vermelha passa? Descreva as características dessas formas de relevo. b) Por quais mares e penínsulas ela passa? 2. Agora, consultando o mapa “Ásia: político”, e com o auxílio do professor, responda quais países se encontram nessas penínsu­ las e quais são banhados por esses mares. 46 Picos 45º 0º Á 15º F R I 45º DE A EQUADOR C A TRÓPICO DE CÂNCER 30º Fossas 4800 m 3000 m 1800 m CÍRCULO POLAR ÁRTICO 1200 m 600 m 300 m 150 m 60º 0m - 1000 m - 2000 m - 3000 m - 4000 m - 5000 m E U R O P - 6000 m - 7000 m - 8000 m 75º P S RE SÃ O Mar Cáspio 60º CASPIANA 0º RA RU DO DECA PLANALTO Is. Maldivas Í N D I C O EVEREST I. Sri Lanka (Ceilão) 90º Golfo de Bengala DO GA NG ES Ganges S. TE M g R I DE T M GO BI . ES ng Xi-Jia a Len PLANALTO CENTRAL SIBERIANO É -Ho ) ang Ho arelo (Am O RT ian é-K -Ts l) ng (Azu Ya 105º B L. Baikal SE DE Ho g- lo) n a e Ho mar (A MINYAKONKA 7 590 m I TA AL I PLANALTO DA MONGÓLIA N Angara .S MTES AIA nis Le sei S 90º Is. Terra do Norte Tunguska 75º G L A C I A L PEN. DE TAIMIR 60º 120º MTES. Mar Amarelo A 105º (I. Formosa) Taiwan 135º 135º 10 230 m ss 150º Fo 165º Mar da Sibéria Oriental as da s Ku ril as 165º 75º Mar de Bering 0 586km 180º PROJEÇÃO DE ROBINSON escala referenciada ao Equador no Meridiano 0º (Greenwich) 293 ESCALA APROX. 1:58.600.000 EQUADOR 0º 15º TRÓPICO DE CÂNCER 30º 45º 60º CÍRCULO POLAR ÁRTICO Mar de Chukchi O C E A N O 180º P A C Í F I C O PEN. KAMCHATKA MA LY KO 10 500 m Mar de Okhotsk TES MON I. Sacalina MONTE FUJI 3 776 m Mar do I. Honshu Japão I. Shikoku I. Kiushu 150º Is. da Nova Sibéria I. Hokkaido ur Am VE RK AldanHOIA NSK I OVOI STAN na Le Mar de Laptev 120º Á R T I C O Fossas Maria na s Izu Fossa de IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2004, p. 52 (adaptado para fins didáticos; sem orientação do norte geográfico). 75º DHAULAGIRI 8 172 m PLANALTO DO TIBET KUN LUN L A 8 848 m PLA I A NÍC IE A M S DESERTO DE TAKLA MAKAN T IA N HAN Irtys DA SIBÉRIA L. Balkash CO Ob' PLANÍCIE h 45º Mar de Kara Is. Nova Zembla 30º i O C E A N O O C E A N O Mar Arábico CA PAMIR SH O RT do In ESE HAR D T DE O ND KU COMUNISMO 7 495 m L. Aral HI 15º O M IS R U S E T N isse Len Hipsometria 15º Saluen VY O N A AIS NT RIE SO AT E G Go lf To o de nkim a d r TAIS a IDEN M M a in S OC h a n io d s Ásia - físico ong Me k C GATE ri M e a IA B LO de tr. I Es ria H l éi Da or u C Am Fo rm Ma osa r d Or a Ch ien ina tal E MTES. a ma tr. d Koly Fos sa d o Ja pão Ásia: físico Geografia – Unidade 3 47 © IBGE Ásia: político IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2009, p. 47 (mantida a grafia original). Geografia – Unidade 3 48 © IBGE Geografia – Unidade 3 Hidrografia Parte das águas dos rios asiáticos vem principalmente da Cordi­ lheira do Himalaia e do Planalto do Tibet, procedentes do derreti­ mento da neve das montanhas. As águas das chuvas que caem durante o verão – principalmente no Sudeste Asiático – também influen­ ciam de maneira relevante na formação desses rios. São as “chuvas de monções”, que têm altos índices pluviométricos, ou seja, grande quantidade de precipitação de água. Muitas áreas densamente povoadas na Ásia são próximas aos vales e à foz de rios que desembocam no mar. Alguns exemplos são os rios de grande extensão, como o Ganges e o Indo – que passam pela Índia – além do Huang Ho – que atravessa boa parte do território chinês. O Rio Ganges, por exemplo, nasce na Cordilheira do Hima­ laia e deságua no Golfo de Bengala – onde forma um grande delta. É um rio muito importante para a agricultura na Índia e possui grande significado para a religião hindu. Delta Tipo de desembocadura do rio no mar, formada por diversos canais (como braços) e ilhas. O solo ao redor é fértil e, portanto, muito utilizado para agricultura. © Diomedia É possível verificar que, no continente asiático, exis­ tem também muitos mares e lagos, como o Mar Cáspio (entre o Irã, o Turcomenis­ tão, o Casaquistão, a Rús­ sia e o Arzebaijão) e o Lago Baikal (na Rússia). O Rio Ganges, que nasce na Cordilheira do Himalaia e deságua no Golfo de Bengala, é muito importante para a agricultura na Índia e possui grande significado para a religião hindu. Clima e vegetação Consequência da extensão do continente, a Ásia possui grandes contrastes climáticos. Há regiões muito úmidas, e outras, muito secas, em razão principalmente das massas de ar vindas do mar ou do pró­ prio continente. Essas características climáticas condicionam forte­ mente a vegetação da região, como é possível confirmar pela análise dos mapas “Ásia: clima e vegetação”. 49 © RM Acquisition, LLC d/b/a Rand McNally. Reproduced with permission, License No. R.L. 13-S-010. All rights reserved. Geografia – Unidade 3 Ásia: clima e vegetação RAND McNALLY Education. Classroom Atlas. Disponível em: <http://education.randmcnally.com/classroom/action/ getMapListByAtlas.do?atlasName=Classroom%20Atlas>; Goode’s World Atlas. Disponível em: <http://education. randmcnally.com/classroom/action/getMapListByAtlas.do?atlasName=Goode’s%20World%20Atlas>. Acessos em: 28 jun. 2013 (sem orientação do norte geográfico; sem indicação da escala cartográfica). Tradução: Mait Bertollo. 50 Geografia – Unidade 3 Algumas regiões são muito frias – como as terras próximas ao Polo Norte e as montanhas altas, sobretudo na Cordilheira do Himalaia –, apresentando vegetação rasteira, como a tundra, e florestas de taiga, com predominante presença de pinheiros. Esse continente apresenta também clima desértico, como na região do Oriente Médio, na Mongólia e na porção ocidental da China. Os desertos quentes encontram-se no Irã e na Arábia, enquanto os frios estão na Mongólia e na China – como o Deserto de Gobi. Assim, em virtude do clima árido dessa região, espalham­ -se as vegetações de estepes e desérticas, formadas por grama e vegetação rasteira, sem árvores. Esses desertos abrigam também pontos com alguma umidade em razão da presença de água abaixo do solo, formando verdadeiros oásis com diversas espécies de vege­ tais e animais. © Dinodia Photos/Alamy/Glow Images A Ásia possui, além do clima seco durante o inverno, clima de monções, cuja principal característica é a chuva em grande quantidade no verão. Essas chuvas sempre alagam cidades, como Bangalore, na Índia, e muitas no Nepal. O que provoca esse efeito são os ven­ tos monçônicos, que, no verão, trazem umidade dos oceanos para o continente. As chuvas, apesar de devastadoras para as cidades, são indispensáveis para a agricultura asiática, principalmente para a cultura de arroz. No inverno, esses ventos sopram do continente para o oce­ ano, ocasionando o clima seco e frio. O clima equatorial também se apre­ senta na Ásia, principalmente nas ilhas que compõem a Indonésia, no Sudeste Asiático. Esse clima – com altas tempe­ raturas e clima de monções – é propí­ cio para a formação de florestas equa­ toriais e tropicais. Nessa região, há intensa extração de madeira, cuja con­ sequência direta é a redução desse tipo de vegetação. Alagamento em Mumbai, na Índia, provocado pelas chuvas oriundas das monções. 51 Geografia – Unidade 3 O clima subtropical – que ocorre na Península da Coreia e no Japão – compõe as florestas temperadas, com predomínio de árvo­ res coníferas, como os pínus. As temperaturas atingem, em média, menos de 20 graus durante o ano todo. Atividade 2 Conhecendo o clima e a vegetação da Ásia As chuvas de monções que atingem a Ásia trazem consequências para a população dessa região. Faça uma pesquisa sob a orientação do professor e escreva um texto sobre a ação dos ventos monçônicos e sobre a principal atividade econômica propiciada pelas chuvas. Aspectos socioespaciais do continente asiático Já foram apresentadas algumas das características das grandes paisagens da Ásia. Agora, você vai estudar os aspectos socioespaciais desse continente, que são tão diversos quanto suas paisagens. A Ásia tem mais de 44 milhões de quilômetros quadrados e, conforme a Agência de Referência Populacional, é o continente mais populoso do globo: em 2012, tinha pouco mais de 4 bilhões de habi­ tantes, sendo que a China e a Índia são os países mais populosos do mundo. Os aspectos socioeconômicos da região formam um conjunto heterogêneo. Israel (no Oriente Médio) e Japão, Hong Kong e Coreia do Sul (no extremo leste) possuem os melhores índices de desenvol­ vimento humano do continente. Os piores estão entre países como Paquistão, Bangladesh, Nepal e Afeganistão. Assim, as desigualdades sociais são características relevantes na Ásia. 52 Geografia – Unidade 3 O Oriente Médio O Oriente Médio possui uma área de mais de 6 milhões de qui­ lômetros quadrados e está situado num ponto estratégico, entre a Europa e quase todo o restante do continente asiático, além de fazer limite com a África. Nessa região originou-se a civilização mesopo­ tâmica, às margens dos rios Tigre e Eufrates, onde ocorreram as pri­ meiras atividades de agricultura da humanidade. No estabelecimento dessas populações, surgiram e decaíram várias civilizações. © Dbimages/Alamy/Glow Images A região conta com grandes reser­ vas de petróleo, e os países detento­ res dessas reservas exportam para todo o planeta. O Oriente Médio é cenário de vários conflitos e guerras há muitos anos, por motivos políticos e econô­ micos, mas muitas Refinaria de petróleo na Jordânia, o principal produto econômico da região, e ao fundo o deserto, vezes são usadas jus­ a paisagem mais característica do Oriente Médio. tificativas religiosas para explicá-los. Em quase todos os países a religião muçulmana é majoritária, sendo que o Estado de Israel é a exceção, com maioria judaica. Os conflitos são motivados, predominantemente, pela disputa por petróleo, a principal riqueza do Oriente Médio. Assim, muitos países, como o Iraque e o Afeganistão, tornaram-se alvo dos Estados Unidos e de países da Europa, que buscam, pelo poder da força, dominar suas fontes de petróleo. A economia de boa parte dos países do Oriente Médio é depen­ dente da exportação do petróleo. Embora seja um negócio bastante lucrativo nos dias de hoje, essa falta de diversificação da produção tende a gerar problemas futuros, relacionados ao esgotamento das reservas desse precioso recurso natural. Esses países são basicamente exportadores de produtos primários, com uma agricultura de subsis­ tência, em especial por causa do clima desértico, que impede a pro­ dução em algumas regiões. Além disso, ali existem muitos problemas sociais vinculados à péssima distribuição de renda e à ausência de algumas liberdades civis entre a população, principalmente a feminina. 53 Geografia – Unidade 3 Atividade 3 O petróleo e o Oriente Médio Do Golfo àà China, China,conflitos os conflitos de alto Do Golfo de alto riscorisco Rostov-on-Don UCRÂNIA Mar de Azov RÚSSIA Crimeia Novorossiysk Mar Negro Ossétia do Norte Abecásia Istambul Tblisi ARMÊNIA AZERBAIJÃO Iereven Baku Alto Karabakh Ankara TURQUIA Mary Mazar-e-Sharif Kabul l ARÁBIA SAUDITA Kuwait Golfo Golfe Pérsico BAREIN BAHREÏN Dhahran CATAR QATAR Riad Príncipe Sultão Al Kharj Mar Vermelho Quetta Peshawar Glaciar de Siachen me m i Cachemire Caxemira i Aksai Chin CHINA Islamabad Kandahar Ilha de Kharg Manama Medina AFEGANISTÃO IRÃ C a cx eh e Bagdá IRAQUE KUWAIT EGITO Xinjiang-Ouigour ra Conflitos israelense-árabes Jerusalém PALESTINA JORDÂNIA Cairo Ashkhabad Herat Amã Tarim TADJIQUISTÃO Duchambe SÍRIA LÍBANO Damasco Beirute ISRAEL Tel Aviv Khanabad Karsh Karchi Khanabad Teerã Nicósia QUIRGUISTÃO Tashkent r CHIPRE Mar Mediterrâneo Turpan Bishkek TURCOMENISTÃO Tabriz Incirlik Ceyhan Ouroumtsi Almaty UZBEQUISTÃO Ossétia do Sul GÉORGIA CASAQUISTÃO Aktau Chechênia Dzungária Lago Balkash Mar de Aral Tengiz Mar Cáspio PAQUISTÃO Minorias muçulmanas Tibet NEPAL Nova Délhi Bandar'Abbas Katmandu Lhasa BUTÃO Thimphu Assam Pasni Doha Al Dhafra Gawadar Abu Dhabi Mascate EMIRADOS ÁRABES UNIDOS La Mecque Meca Taif OMÃ BANGLADESH Karachi Dacca ÍNDIA Mar Arábico Seeb Khamis Mushait ERITREIA Cartum Oceano Índico Sana Asmara Golfo de Bengala IÊMEN SUDÃO lha de Socotra (Iêmen) Áden Philippe Rekacewicz, novembro de 2001 © Le Monde Diplomatique/Agence Global Analise o mapa a seguir e responda às questões: DJIBUTI Djibuti Adis Abeba Berbera Hargeisa Somalilândia Sudão do Sul Guerras e tensões políticas Principais conflitos abertos ETIÓPIA Principais conflitos em suspenso Dificuldades ou fortes tensões políticas SOMÁLIA UGANDA Campala Mogadíscio QUÊNIA Majoritariamente islâmico Sunita Xiita Recursos energéticos Reservas e exploração de petróleo e de gás Principais projetos de oleodutos ou de gasodutos (criação, duplicação ou renovação) Presença militar americano-britânica Bases permanentes Bases usadas temporariamente ou facilitadas Navios de ataque e porta-aviões Colombo SRI LANKA 0 500 1 000 km Fontes: Le Monde diplomatique; Energy Map of the Middle East and Caspian Sea, Petroleum Economist and Arthur Andersen, Londres, 2000; Comité professionnel du pétrole (CPDP), Central Intelligence Agency's 2000 Maps and Publications (CIA), United States Energy Information Administration (EIA). REKACEWICZ, Philippe. Le Monde Diplomatique, nov. 2001. Disponível em: <http://www.monde-diplomatique.fr/cartes/asiecentrale200111>. Acesso em: 14 jun. 2013. Tradução: Renée Zicman. 1. Quais são os grandes países produtores de petróleo no Oriente Médio? 2. Quais são as consequências mais importantes da extração petrolí­ fera para essa região? 54 Geografia – Unidade 3 3. Quais são as causas dos principais conflitos nessa região? 4. A população é beneficiada por esse tipo de comércio? Por quê? Tem sido constante a polêmica sobre a condi­ ção da mulher em muitos países islâmicos em razão das privações de alguns di­ reitos, principalmente em relação a certas liberdades civis e estéticas já mais co­ muns do mundo ocidental. © Seamus Murphy/VII/Corbis/Latinstock Fica a dica Mulheres afegãs usando burca para esconder seus rostos: uma exigência cultural entre muitas Na Arábia Saudita, populações muçulmanas e que simboliza para por exemplo, até recente­ nós, ocidentais, a opressão ao gênero feminino. mente, era vetado às mu­ lheres o direito de ter um documento de identidade e a partici­ pação na vida política do país. Outro exemplo é o Afeganistão, onde as mulheres não podem expor suas ideias, são obrigadas ao uso da burca (veste feminina que cobre todo o corpo, apenas per­ mitindo a visão por uma tela na altura dos olhos) e a permanecer em casa como únicas responsáveis pelos afazeres domésticos. Essa situação não é comum a todos os países islâmicos, e muitos deles têm passado por uma transformação cultural, como a Turquia e o Irã, de modo que as mulheres têm se esta­ belecido em postos importantes na sociedade desses países, com direitos políticos e econômicos iguais aos dos homens. Porém, ainda é alta a segregação de gênero, principalmente entre a ca­ mada menos escolarizada e mais conservadora da população. Esse tipo de segregação, no entanto, não é exclusividade do mundo islâmico e também pode ser visto em países de tradição cristã, como os da América Latina. Há diversos filmes que retratam a condição feminina nos países islâmicos. Se houver oportunidade, assista a alguns deles para ampliar seus conhecimentos sobre a diferenciação entre homens e mulheres nesses países. A história de A noiva síria (The Syrian bride, direção de Eran Riklis, 2004) se passa na fronteira entre Síria e Israel e retrata as dificuldades culturais que distanciam esses países, ilustradas por um casamento arranjado no qual os noivos não se conhecem pessoalmente antes da cerimônia, após a qual, a noiva nunca mais poderá voltar ao seu país de origem. A comédia dramática A fonte das mulheres (La source des femmes, direção de Radu Mihaileanu, 2011) relata a luta das mulheres para obtenção de água no vilarejo onde vivem, uma vez que elas são obrigadas a buscar água em uma fonte distante e acidentada. O caminho rochoso e irregular, aliado ao peso da água que precisam carregar, faz muitas mulheres grávidas perderem seus bebês no trajeto. 55 Geografia – Unidade 3 A China A China possui estrutura industrial diversificada, exportando grandes quantidades de bens industrializados e matérias-primas, além de demandar numerosa quantia de produtos para seu volu­ moso e crescente mercado consumidor. Mas ainda há, nesse país, um significativo contingente populacional que trabalha em ativi­ dades agrícolas. Há mais de uma década o crescimento chinês tem sido o mais expressivo em volume de riqueza. Sua abertura econômica – para receber empresas estrangeiras e realizar intenso comércio com outros países – contrasta com o fato de o partido que comanda o país se intitular comunista, já que esse regime, a princípio, é contra o livre mercado e a propriedade privada. A China ainda conta com uma elevada parcela da população formada por pessoas pobres, as quais correspondem a 1/3 da população total que vive abaixo da linha da pobreza – 1,35 bilhão de habitantes, estimados em 2012, segundo a Agência de Referência Populacional. em bilhões de dólares CHINA: NOVA POTÊNCIA COMERCIAL 1 800 1 600 Japon Japão América do Norte Evolução do comércio de mercadorias 90 77 80 70 Ásia 400 0 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 América do Norte Japão Japon 22 em bilhões de dólares Produtos manufaturados 800 600 200 EXPORTAÇÕES Percentual Importações 1 000 CHINA CHINE Europa Ocidental Exportações 1 400 1 200 62 134 Ásia A participação das exportações chinesas no comércio mundial passou de menos de 1% nos anos 1950 para mais de 5% em 2002. Europa Ocidental 32 53 CHINA CHINE 60 50 Exportações dentro da zona (2002) 40 30 20 10 Produtos Produtos das indústrias extrativas agrícolas IMPORTAÇÕES em bilhões de dólares 0 As setas são proporcionais ao montante das trocas comerciais em 2002. Philippe Rekacewicz, novembro de 2004 © Le Monde Diplomatique/Agence Global O mapa a seguir apresenta fluxos comerciais com importantes relações entre a China e outros países do globo. REKACEWICZ, Philippe. Le Monde Diplomatique, nov. 2004. Disponível em: <http://www.monde-diplomatique.fr/cartes/empiredumilieu>. Acesso em: 24 jun. 2013. Tradução: Renée Zicman. 56 Geografia – Unidade 3 Até a década de 1970, a China era governada por Mao Tsé-tung, fundador do Partido Comunista, cuja liderança fazia dela um território impenetrável comercialmente. A partir de 1976, com a morte de Mao, Deng Xiaoping assumiu a liderança do Partido Comunista e aos pou­ cos a economia foi se abrindo para a entrada de capital e de empresas estrangeiras, bem como para relações internacionais e de comércio com outros países. Assim, as taxas de crescimento econômico aumentaram e, hoje, estão entre as maiores do planeta – em torno de 9% ao ano em 2011, segundo dados do Banco Mundial. Esse aumento se deve prin­ cipalmente aos baixos preços das mercadorias produzidas em seu ter­ ritório. Além dos grandes volumes de investimentos estrangeiros para potencializar esse poder de venda, a produção de mercadorias a preços reduzidos somente é possível em razão dos baixíssimos salários pagos nas indústrias chinesas, além do fato de os empregados ser submetidos a extensas jornadas de trabalho. Por isso, é muito difícil para outros países concorrer com a China. Atividade 4 Conhecendo a China 1. Certamente você já deve ter consumido algum produto feito na China. a) Dê alguns exemplos desses produtos que você consumiu e o preço deles. Compare aos de similares feitos em outros países. b) Por que você acha que eles são mais baratos? 2. Com base no que você estudou, escreva as características econô­ micas e sociais desse país. 57 Geografia – Unidade 3 O Japão O Japão é um país formado por um conjunto de milhares de ilhas e com extensão de mais de 377 mil quilômetros quadrados. Está loca­ lizado no extremo leste da Ásia e ocupa um lugar de instabilidade geológica, o Círculo de Fogo do Pacífico, onde frequentemente ocor­ rem vários terremotos e há vulcões em atividade. As ilhas mais impor­ tantes – que correspondem a 97% do seu território – são Hokkaido, Honshu, Shikoku e Kyushu. O território japonês possui grandes extensões montanhosas, e, conforme a Agência de Referência Popu­ lacional, em 2012, sua população estava estimada em cerca de 127 milhões de pessoas. Levando-se em consideração que grande parte do território não é propícia para a ocupação humana, a densidade demográfica desse país é consideravelmente alta. O envelhecimento da população é um fenômeno importante no Japão. A elevada expectativa de vida dos japoneses, aliada à queda da natalidade, é uma preocupa­ ção para as autoridades, em razão dos gastos com saúde e previdência, além da necessidade de trabalhadores. Em relação à economia, a produção de arroz e a pesca, voltadas para o consumo interno, são as atividades mais intensamente desenvolvidas no Japão, bem como sua indústria siderúrgica, naval e automobilística. 58 História 6o ano/1o termo Unidade 3 Até meados do século XIX, o Japão era organizado sob um sis­ tema chamado “xogunato”, que se assemelhava ao feudalismo. Logo depois dessa época, na chamada “Era Meiji”, foi instalado um poder imperial, e o país passou por um rápido processo de desenvolvimento econômico e de transformação de sua sociedade, com investimentos em educação e em infraestrutura para modernização. Posteriormente, impulsionado por um forte nacionalismo, o Japão expandiu-se mili­ tarmente, conquistando vários territórios na Ásia e no Pacífico até a 2a Guerra Mundial, quando foi vencido pelos Estados Unidos. História 8o ano/3o termo Unidade 3 Após a derrota e a destruição de duas cidades (Hiroshima e Nagasaki) por duas bombas atômicas, os próprios estadunidenses colocaram em prática várias ações que visavam auxiliar na recupe­ ração do Japão, contribuindo com a reorganização do povo japonês e para que o país se tornasse novamente uma potência econômica. A quantidade abundante de trabalhadores e a valorização do coletivo, aliadas aos investimentos em educação e na esfera social, bem como o apoio do Estado às empresas privadas e o auxílio financeiro e eco­ nômico dos Estados Unidos – que temiam o avanço do socialismo, tal como ocorreu na Europa no pós-guerra, com a expansão da área de influência da União Soviética –, foram essenciais para tal recuperação. Geografia – Unidade 3 Apesar do reestabelecimento econômico, político e social do país, hoje a China já ultrapassa economicamente o Japão. Na esfera social, porém, este país está em situação muito melhor do que a China e entre os melhores do mundo, pois conta com relativa igualdade social, alta expectativa de vida e altas taxas de alfabetização. Atividade 5 Conhecendo o Japão Faça uma pesquisa sobre a população japonesa e sua expectativa de vida. Discuta com seus colegas e com o professor sobre o que leva o país a ter essas características demográficas. Os Tigres Asiáticos A diversificação econômica e o surpreendente índice de indus­ trialização durante os anos 1980 caracterizam os Tigres Asiáticos, compostos por Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong (região administrativa especial da China, que antes era território e colônia inglesa). Os Tigres Asiáticos estão economicamente muito integrados com os atuais países centrais do sistema capitalista – como Estados Uni­ dos e China – e hospedam várias filiais de empresas estrangeiras. Um grande problema que enfrentam, porém, é que essas empresas pagam baixos salários e seus funcionários têm pouco acesso aos direitos trabalhistas. A Índia Com um parque industrial variado, a Índia exporta bens indus­ trializados, principalmente softwares – programas de computador e jogos de videogame – e outras mercadorias ligadas à informática, bem como produtos primários, como trigo e arroz. O país tem tradi­ ção em formação profissional qualificada nos ramos de engenharia, informática e matemática, o que contribui para o desenvolvimento desses setores industriais. A Índia é o segundo país mais populoso do planeta, com 1,25 bilhão de habitantes, segundo dados de 2012 da Agência de Referência Populacional. O país vive em grande contradição: apesar do recente e significa­ tivo crescimento econômico, apresenta uma das piores distribuições de renda do mundo. É a quarta economia e, no entanto, a maioria dos seus habitantes é muito pobre; segundo estimativas da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) para 2010, cerca de 30% da população vivia abaixo da linha da pobreza. 59 Geografia – Unidade 3 O mapa a seguir mostra a densidade populacional do país, alta­ mente concentrada nas maiores cidades, situadas, principalmente, nos vales dos rios Indo e Ganges. © La Documentation française Índia: densidade de população por Estado Índia: densidade de população por Estado TURCOMENISTÃO UZBEQUISTÃO TADJIQUISTÃO Fontes: Censo da Índia 2001; http://censusindia.net e http://www.odci.gov/cia/publications/factbook Jammu e Caxemira AFEGANISTÃO Himachal Pradesh Punjab Chandigarh 7 903 Uttarakhand Haryana Délhi 9 294 Uttar Pradesh Bihar Sikkim PAQUISTÃO CHINA Arunachal Pradesh NEPAL IRÃ BUTÃO Assam Nagaland Meghalaya Manipur Tripura Mizoram BANGLADESH Roberto GIMENO, Patrice MITRANO, julho de 2003 Trópico de Câncer MIANMA Rajasthan Diu Gujarat Daman Dadrá e Nagar Haveli Maharashtra M A R Goa Karnataka A R Á B I C O Kerala lhas Laquedivas Bengala Ocid. Jharkhand Orissa Madhya Pradesh Chhattisgarh Andhra Pradesh G O L F O D E TAILÂNDIA B ENG A L A Pondicherry Tamil Nadu Densidade (hab/km2) dados de 2001 9 294 Ilhas Andaman 2 100 984 = densidade média 210 12 Projeção Mercator 500 km SRI LANKA Ilhas Nicobar LA DOCUMENTATION Française. Questions internationales, 15, set.-out. 2005. Disponível em: <http://cartographie.sciences-po.fr/fr/inde-densit-de-population-par-tats-2001>. Acesso em: 14 jun. 2013. Tradução: Renée Zicman. A precariedade das condições de vida da população indiana agrava­ -se com as profundas diferenças étnicas e religiosas do país. O sistema de castas, comum na Índia, é uma divisão social baseada na diferen­ ciação de famílias e grupos de pessoas pela “pureza de origem” e cor de pele, e as classifica de acordo com sua origem familiar e local de nascimento. Esse sistema, apesar de abolido oficialmente pelo governo 60 Geografia – Unidade 3 indiano desde 1950, tem herança milenar e continua influenciando essa organização social – baseada em direitos desiguais para pessoas per­ tencentes a castas diferentes. As pessoas possuem status sociais muito diferenciados e, de acordo com sua casta, podem ocupar certos cargos e exercer determinadas funções. Quem pertence às castas mais baixas – a maioria da população indiana – está destinado a servir às castas supe­ riores, exercendo funções manuais e domésticas. A Rússia A Rússia é o país com a maior extensão do planeta, com mais de 17 milhões de quilômetros quadrados. Em 2012, conforme dados da Agência de Referência Populacional, tinha mais de 143 milhões de habitantes, o que representa baixa densidade demográfica, em torno de oito habitantes por quilômetro quadrado. Até 1991, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) era um conjunto de repúblicas, unidas por um governo central em Moscou, e a mais importante e poderosa delas era a Rússia. O país – governado sob o regime socialista, estabelecido na década de 1920 – tinha produção agrícola e industrial em poder do Estado e, portanto, as máquinas, as fábricas e os campos eram por ele administrados. Os investimentos nas indústrias de bens de produção, como metalúrgicas, siderúrgicas e petroquímicas, por exemplo, tinham prioridade, bem como a fabricação de armamentos – tática para garantir a defesa do território contra os países capitalistas –, em detrimento de investi­ mento na indústria de bens de consumo. A classe social mais relevante eram os trabalhadores das fábri­ cas, já que o regime socialista estabelecido no país havia abolido a classe burguesa capitalista e organizava a sociedade de acordo com as demandas da classe operária. Portanto, a retomada da industria­ lização era uma estratégia para melhoria das condições de vida da população. Para se tornar uma potência militar, a URSS investiu for­ temente em infraestruturas que existem até hoje, como edifícios públi­ cos e indústrias, grandes rodovias e ferrovias – a exemplo da Transi­ beriana, que atravessa o país de oeste a leste. História 7o ano/2o termo Unidade 1 História 8o ano/3o termo Unidade 1 Esse desenvolvimento com ênfase nas indústrias de base e bélica, porém, foi responsável por um desfalque na economia civil: não havia no país produtos de consumo – alimentos, eletrodomésticos, automó­ veis etc. – suficientes para a demanda interna. A separação da econo­ mia militar da economia civil explica a baixa produtividade e a má qualidade da indústria civil, bem como os baixos salários pagos por 61 Geografia – Unidade 3 ela. No decorrer das décadas de 1970 e 1980, ocorreram várias refor­ mas políticas e econômicas que tentaram reverter o quadro de insufi­ ciência produtiva e regularizar o abastecimento de mercadorias. Além disso, as repúblicas que faziam parte da URSS eram forma­ das por diversos povos, etnias, idiomas e religiões, e começaram a surgir movimentos que lutavam pela independência. Em decorrência desses problemas, a partir do final da década de 1980 e ao longo da década de 1990, a Rússia e as demais repúbli­ cas pertencentes à URSS passaram por intensas mudanças, em um conjunto de reformas denominadas Perestroika. Com isso, houve a abertura econômica para indústrias estrangeiras; aumento de preços de mercadorias e de serviços e da inflação; privatização de empresas estatais e crescimento do desemprego. Esses acontecimentos marca­ ram a transição da economia socialista para a economia capitalista e, em seguida, a fragmentação da União Soviética em várias repúblicas independentes, uma delas a própria Rússia. Hoje, a principal atividade econômica russa é o extrativismo e a exportação de minério de ferro, petróleo e carvão, além da fabricação de máquinas pesadas. O país ainda apresenta problemas ligados ao fim do socialismo: parte da população vive em situação de pobreza e existem conflitos por controle de território naqueles países que deixaram de fazer parte da URSS. Com o fim da URSS, surgiu a Comunidade dos Estados Indepen­ dentes (CEI), na tentativa de descentralizar o poder da Rússia com a independência das repúblicas e consequente criação de países como a Ucrânia, a Geórgia e o Casaquistão. Porém, internacionalmente, a Rússia tomou o lugar da antiga URSS em relação à economia, em especial quanto ao comércio de petróleo e gás natural. Chegaram ao país várias indústrias multinacionais, que viram na população a pos­ sibilidade de um grande mercado consumidor. Por outro lado, essa centralização de poder na Rússia e sua política imperialista na região fizeram surgir inúmeros movimentos separatistas. O mapa “Rússia: estratégias para o transporte de recursos energé­ ticos”, apresentado na próxima página, expõe as principais dinâmicas ligadas às principais fontes de energia na Rússia. 62 Geografia – Unidade 3 Oceano Glacial Ártico NORUEGA DINAMARCA Shtokman SUÉCIA Mar de Barents FINLÂNDIA POLÔNIA Oceano Pacífico Mar de Kara Archangels Yamburg BELARUS Yaroslav Moscou Kiev Ukhta Péchora Perm Samara GEÓRGIA CASAQUISTÃO Aktau ARMÊNIA Pavlodar Tomsk Novosibirsk Baku Krasnoyarsk Kemerovo Novokuzneck MONGÓLIA UZBEQUISTÃO Mar Cáspio TURCOMENISTÃO Em direção à China Ashkhabad QUIRGUISTÃO TADJIQUISTÃO 0 Achinsk Mar de Aral AZERBAIJÃO IRÃ Omsk Atirau Tbilisi ra Anga Tiumen Volg Volgograd Sourgout Ufa a Mar Negro Ob Petrovsky 1 000 km AFEGANISTÃO Mar Okhotsk Yakutsk sey Yenis Odesa Novy Urengoy Nadim Nizhny Novgorod UCRÂNIA Norilsk a Minsk Len ESTÔNIA LETÔNIA LITUÂNIA São Petersburgo Philippe Rekacewicz, outubro de 2007 Rússia: estratégias para o transporte de recursos energéticos CHINA Em direção ao Paquistão Komsomolsk-on-Amur Lago Baijkal Daqing Irkoutsk Ulan Bator Em direção à China (Beijing) e às duas Coreias CHINA Em direção ao Japão Mar do Japão/ Mar do Leste JAPÃO Reservas comprovadas de petróleo e gás Exploração de petróleo Oleoduto em serviço Oleoduto em projeto Rússia Exploração de gás Gasoduto em serviço Gasoduto em projeto Fonte: Agência Internacional de Energia (AIE) Novos Estados surgidos a partir da dissolução da União Soviética REKACEWICZ, Philippe. Mapping the World/Le Monde Diplomatique. Cartographier le présent, 21 out. 2007. Disponível em: <http://www.cartografareilpresente.org/article182.html>. Acesso em: 14 jun. 2013. Tradução: Renée Zicman. Atividade 6 Conhecendo a Rússia 1. De acordo com o conteúdo visto, e usando seus conhecimentos anteriores, responda: a) Qual é a localização geográfica da Rússia? b) Quais são as características da economia e da política interna e externa desse país? c) Quais são as principais diferenças entre a Rússia atual e a URSS? E por que a URSS foi dissolvida? 63 Geografia – Unidade 3 2. Faça uma pesquisa em jornais e na internet sobre a Rússia atual e suas relações econômicas e/ou políticas com países vizinhos. De­ pois, apresente o resultado para a turma. Você estudou Nesta Unidade, foram apresentadas as configurações físicas e socioespaciais do con­ tinente asiático e sua heterogeneidade. Sua extensão territorial torna possível a existência de grande variedade de caracterís­ ticas físicas e culturais. Tais características físicas possibilitam a exploração de matéria­ -prima para fins econômicos – como mostrado nos mapas – e a extração de diversos recursos naturais, como petróleo e gás natural, muito explorados no Oriente Médio e na Rússia. No entanto, também é área de muitos dos conflitos que surgem na disputa pelo poder sobre essas fontes de riqueza. A diversidade climática possibilita o desenvolvimento de diferentes tipos de vegeta­ ção e o uso variado dos espaços geográficos pela população. O estudo sobre a demogra­ fia mostrou o enorme contingente demográfico da Ásia e que esse é o continente mais populoso do planeta. Os aspectos sociais asiáticos evidenciam as disparidades entre as regiões estudadas, podendo-se ver que existem países desenvolvidos e muitos outros subdesenvolvidos e com graves problemas sociais. Também é possível observar a existência de uma grande variedade de culturas e cos­ tumes, além de conflitos étnicos e religiosos e um grande poder econômico presente em grande parte desse continente. Todas essas características marcam a complexidade e a grandiosidade da Ásia. Pense sobre Há uma grande variedade de características físicas e socioeconômi­ cas na Ásia. Muitas dessas particularidades levam a conflitos tanto ter­ ritoriais, com importância econômica ou geopolítica, como de caráter religioso. Você acredita que, em meio aos grandes interesses dos grupos dominantes dessas nações asiáticas, a paz é possível? Por quê? 64