Estatística Professora conteudista: Ângela Pizzo Sumário Estatística Unidade I 1 INTRODUÇÃO À ESTATÍSTICA .........................................................................................................................1 1.1 Introdução ..................................................................................................................................................1 1.2 Importância da estatística ...................................................................................................................2 1.3 Grandes áreas da estatística ...............................................................................................................2 1.4 Fases do método estatístico............................................................................................................. 10 1.5 Dados estatísticos ................................................................................................................................ 13 1.6 Formas iniciais de tratamento dos dados .................................................................................. 15 1.7 Notação por índices ............................................................................................................................ 15 1.7.1 Notação sigma (∑) ................................................................................................................................. 16 1.8 Séries estatísticas – simples e compostas .................................................................................. 19 1.8.1 Tipos de séries estatísticas .................................................................................................................. 20 1.8.2 Tabelas de dupla entrada ..................................................................................................................... 23 1.9 Apresentação de dados – gráficos e tabelas ............................................................................. 25 2 MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL PARA DADOS SIMPLES ......................................................... 29 2.1 A média aritmética simples (µ,x) ................................................................................................... 31 2.2 A média aritmética ponderada ....................................................................................................... 34 2.3 A mediana ............................................................................................................................................... 35 2.4 A moda ..................................................................................................................................................... 37 3 MEDIDAS DE DISPERSÃO PARA DADOS SIMPLES.............................................................................. 38 3.1 Amplitude total ..................................................................................................................................... 42 3.2 Desvio médio absoluto ....................................................................................................................... 43 3.3 Variância .................................................................................................................................................. 45 3.4 Desvio padrão ........................................................................................................................................ 49 Unidade II 4 DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIAS ............................................................................................................. 53 4.1 A construção de uma distribuição de frequências para dados contínuos.................... 54 4.2 A construção de uma distribuição de frequências para dados discretos ...................... 61 4.3 Representação gráfica de dados agrupados ............................................................................. 62 5 AS MEDIDAS DE POSIÇÃO E VARIABILIDADE EM UMA DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA....................................................................................................................................................71 5.1 As medidas de posição ....................................................................................................................... 72 5.1.1 A média ....................................................................................................................................................... 72 5.1.2 A mediana .................................................................................................................................................. 74 5.1.3 A moda ........................................................................................................................................................ 75 5.2 As medidas de dispersão numa distribuição de frequência................................................ 76 5.2.1 O desvio médio ........................................................................................................................................ 76 5.2.2 Variância ..................................................................................................................................................... 77 5.2.3 Desvio padrão........................................................................................................................................... 78 6 CORRELAÇÃO E REGRESSÃO LINEAR ...................................................................................................... 83 6.1 Introdução ............................................................................................................................................... 83 6.2 Coeficientes de correlação entre duas variáveis ..................................................................... 85 6.3 Coeficiente de correlação linear .................................................................................................... 87 6.4 Na prática ................................................................................................................................................ 90 ESTATÍSTICA Unidade I 1 INTRODUÇÃO À ESTATÍSTICA 1.1 Introdução A palavra estatística lembra, à maioria das pessoas, recenseamentos. Os censos existem há milhares de anos e constituem um esforço imenso e caro feito pelos governos com o objetivo de conhecer seus habitantes, sua condição 5 socioeconômica, sua cultura, religião etc. Portanto, associar estatística ao censo é perfeitamente correto do ponto de vista histórico, sendo interessante salientar que as palavras estatística e estado têm a mesma origem latina: status. A estatística é também comumente associada às pesquisas de opinião pública, aos vários índices governamentais, aos gráficos 10 e médias publicadas diariamente na imprensa. Na realidade, entretanto, a estatística engloba muitos outros aspectos, sendo fundamental na análise de dados provenientes de quaisquer processos em que exista variabilidade. 15 É possível distinguir duas concepções para a palavra estatística: No plural (estatísticas), indica qualquer coleção de dados numéricos, reunidos com a finalidade de fornecer informações acerca de uma atividade qualquer. Assim, por exemplo, as estatísticas 20 demográficas referem-se aos dados numéricos sobre nascimentos, falecimentos, matrimônios, desquites etc. As estatísticas econômicas consistem em dados numéricos relacionados com emprego, produção, vendas e com outras atividades ligadas aos 1 Unidade I vários setores da vida econômica. No singular (estatística), indica a atividade humana especializada ou um corpo de técnicas, ou, ainda, uma metodologia desenvolvida para a coleta, a classificação, a apresentação, a análise e a interpretação de dados quantitativos 5 e a utilização desses dados para a tomada de decisões. Estatística é um conjunto de técnicas e métodos que nos auxiliam no processo de tomada de decisão na presença de incerteza. 1.2 Importância da estatística O mundo está repleto de problemas. Para resolvermos a maioria deles, necessitamos de informações. Mas que tipo de informações? Quantas? E após obtê-las, o que fazer com elas? A estatística lida com essas informações, associando os dados ao 10 problema, descobrindo como e o que coletar e obter conclusões a partir de todas essas informações de tal forma que possam ser entendidas por outras pessoas. Portanto, os métodos estatísticos auxiliam o cientista social, o economista, o engenheiro, o agrônomo e muitos outros 15 profissionais a realizarem o seu trabalho com mais eficiência. Vejamos alguns exemplos: Os estatísticos do governo conduzem censos de população, moradia, produtos industriais, agricultura e outros. São feitas compilações sobre vendas, produção, inventário, folha de 20 pagamento e outros dados das indústrias e empresas. Essas estatísticas informam ao administrador como a sua empresa está crescendo, seu crescimento em relação a outras empresas e como planejar ações futuras. A análise dos dados é muito importante para se fazer um planejamento adequado. 1.3 Grandes áreas da estatística 25 Para fins de apresentação, é usual dividir a estatística em três grandes áreas, embora não se trate de ramos isolados: • amostragem, que é o mecanismo de coleta de dados; 2 No serviço social: Na área do serviço social, a estatística tem dado uma contribuição efetiva no levantamento e no relato da situação social das diversas comunidades, particularmente das carentes. A relevância do trabalho estatístico é de fundamental importância para o planejamento de ações que busquem o equilíbrio social. Entre as muitas aplicações, podemos citar: • caracterizar a população, sua estrutura etária, de renda e perfil socioeconômico; • analisar o crescimento do contingente de idosos; • avaliar a segurança social e identificar violência familiar; • analisar a evolução da alfabetização; • levantar e acompanhar as condições e tipos de moradia, ocupação territorial e acesso aos serviços de saneamento básico; • entender o comportamento do mercado de trabalho; • pesquisar dependência de substâncias psicoativas; • entender as tábuas de mortalidade e natalidade, entre outras. ESTATÍSTICA • estatística descritiva, que se ocupa da organização, apresentação e sintetização de dados; 5 • estatística inferencial, que constitui o conjunto de métodos para a tomada de decisões, nas situações em que existem incerteza e variação. Amostragem É o processo de escolha da amostra. É a parte inicial de qualquer estudo estatístico. Consiste na escolha criteriosa dos elementos a serem submetidos ao estudo. Exemplo 1: Pesquisas sobre tendências de votação - em épocas de eleição, é comum a realização de pesquisas com o objetivo de se conhecer as tendências do eleitorado. Para que os resultados sejam, de fato, representativos, toma-se o cuidado de entrevistar um conjunto de pessoas com características 15 socioeconômicas, culturais, religiosas etc. tão próximas quanto possível da população à qual os resultados da pesquisa serão estendidos. A escolha da amostra, a redação do questionário, a entrevista, a codificação dos dados, a apuração dos resultados são as etapas desse tipo de pesquisa. 10 20 Os tipos de metodologias de amostragem de dados que podem ser utilizados são: No caso do serviço social, a amostragem e sua metodologia definem o sucesso de um trabalho. Métodos probabilísticos Exigem que cada elemento da população possua determinada probabilidade de ser selecionado. Normalmente, possuem a 25 mesma probabilidade. Assim, se N for o tamanho da população, a probabilidade de cada elemento ser selecionado será 1/N. Trata-se do método que garante cientificamente a aplicação das técnicas estatísticas de inferências. Somente com base em amostragens probabilísticas é que se pode realizar inferências 30 ou induções sobre a população a partir do conhecimento da 3 Unidade I amostra. Trata-se de uma técnica especial para recolher amostras, que garante, tanto quanto possível, o acaso na escolha. Amostragem casual ou aleatória simples É o processo mais elementar e frequentemente utilizado. 5 É equivalente a um sorteio lotérico. Pode ser realizado numerando-se a população de 1 a n e sorteando-se, a seguir, por meio de um dispositivo aleatório qualquer, x números dessa sequência, os quais corresponderão aos elementos pertencentes à amostra. 10 Exemplo 2. Pretende-se obter uma amostra de 10%, representativa para a pesquisa da estatura de 90 alunos de uma escola: • 1º: numeramos os alunos de 1 a 90; 15 • 2º: escrevemos os números dos alunos, de 1 a 90, em pedaços iguais de papel, colocamos na urna e, após misturar, retiramos, um a um, nove números, que formarão a amostra. Obs.: quando o número de elementos da amostra é muito grande, esse tipo de sorteio torna-se muito trabalhoso. Nesse caso, utiliza-se uma tabela de números aleatórios, construída de 20 modo que os algarismos de 0 a 9 são distribuídos ao acaso nas linhas e colunas. Amostragem proporcional estratificada Quando a população se divide em estratos (subpopulações), convém que o sorteio dos elementos da amostra leve em 25 consideração tais estratos, daí obtemos os elementos da amostra proporcional ao número de elementos desses estratos. Exemplo 3. Para obter uma amostra proporcional estratificada, de 10%, do exemplo anterior, supondo que, dos 90 4 ESTATÍSTICA alunos, 54 sejam meninos e 36 sejam meninas. São, portanto, dois estratos (sexo masculino e sexo feminino). Logo, tem-se: Sexo Populacão 10 % Amostra Masculino 54 5,4 5 Feminino 36 3,6 4 Total 90 9,0 9 Numeramos então os alunos de 1 a 90, sendo 1 a 54 meninos e 55 a 90 meninas, e procedemos ao sorteio casual com urna ou 5 tabela de números aleatórios. Amostragem sistemática Quando os elementos da população já se acham ordenados, não há necessidade de construir o sistema de referência. São exemplos os prontuários médicos de um hospital, os prédios 10 de uma rua etc. Nesses casos, a seleção dos elementos que constituirão a amostra pode ser feita por um sistema imposto pelo pesquisador. Exemplo 4. Suponhamos uma rua com 900 casas, das quais deseja-se obter uma amostra formada por 50 casas 15 para uma pesquisa de opinião. Podemos, neste caso, usar o seguinte procedimento: como 900/50 = 18, escolhemos por sorteio casual um número de 1 a 18, o qual indicaria o primeiro elemento sorteado para a amostra; os demais elementos seriam periodicamente considerados de 18 em 18. Assim, se o número 20 sorteado fosse 4, a amostra seria: 4ª casa, 22ª casa, 40ª casa, 58ª casa, 76ª casa etc. Amostragem por conglomerados (ou agrupamentos) Algumas populações não permitem ou tornam extremamente difícil que se identifiquem seus elementos. Não obstante isso, 25 pode ser relativamente fácil identificar alguns subgrupos da 5 Unidade I população. Em tais casos, uma amostra aleatória simples desses subgrupos (conglomerados) pode se colhida, e uma contagem completa deve ser feita para o conglomerado sorteado. Agrupamentos típicos são quarteirões, famílias, organizações, 5 agências, edifícios etc. Exemplo 5. Em um levantamento da população de determinada cidade, podemos dispor do mapa indicando cada quarteirão e não dispor de uma relação atualizada dos seus moradores. Pode-se, então, colher uma amostra dos quarteirões 10 e fazer a contagem completa de todos os que residem naqueles quarteirões sorteados. Métodos não-probabilísticos São amostragens em que há uma escolha deliberada dos elementos da amostra. Não é possível generalizar os resultados das 15 pesquisas para a população, pois as amostras não-probabilísticas não garantem a representatividade da população. Amostragem acidental Trata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vão aparecendo, que são possíveis de se obter até completar 20 o número de elementos da amostra. Geralmente utilizada em pesquisas de opinião, em que os entrevistados são acidentalmente escolhidos. Exemplo 6. Pesquisas de opinião em praças públicas, ruas de grandes cidades. 25 Amostragem intencional De acordo com determinado critério, é escolhido intencionalmente um grupo de elementos que irá compor a amostra. O investigador se dirige intencionalmente a grupos de elementos dos quais deseja saber a opinião. 6 ESTATÍSTICA Exemplo 7. Em uma pesquisa sobre preferência por determinado cosmético, o pesquisador se dirige a um grande salão de beleza e entrevista as pessoas que ali se encontram. Amostragem por quotas 5 Um dos métodos de amostragem mais comumente usado em levantamentos de mercado e em prévias eleitorais. Ele abrange três fases: 1ª: classificação da população em termos de propriedades que se sabe, ou presume, serem relevantes para a característica 10 a ser estudada; 2ª: determinação da proporção da população para cada característica, com base na constituição conhecida, presumida ou estimada da população; 3ª: fixação de quotas para cada entrevistador, a quem tocará a responsabilidade de selecionar entrevistados, de modo que a 15 amostra total observada ou entrevistada contenha a proporção e cada classe tal como determinada na 2ª fase. Exemplo 8. Em uma pesquisa sobre o “trabalho das mulheres na atualidade”, provavelmente se terá interesse em 20 considerar: a divisão cidade e campo, a habitação, o número de filhos, a idade dos filhos, a renda média, as faixas etárias etc. A primeira tarefa é descobrir as proporções (porcentagens) dessas características na população. Imagina-se que haja 47% 25 de homens e 53% de mulheres na população. Logo, uma amostra de 50 pessoas deverá ter 23 homens e 27 mulheres. Então o pesquisador receberá uma “quota” para entrevistar 27 mulheres. A consideração de várias categorias exigirá uma composição amostral que atenda ao n determinado e às proporções 30 populacionais estipuladas. 7 Unidade I População e amostra O estudo de qualquer fenômeno, seja ele natural, social, econômico ou biológico exige a coleta e a análise de dados estatísticos. A coleta de dados é, pois, a fase inicial de qualquer 5 pesquisa. População é a coleção de todas as observações potenciais sobre determinado fenômeno. O conjunto de dados efetivamente observados, ou extraídos, constitui uma amostra da população. É sobre os dados da amostra que se desenvolvem os estudos, visando a fazer inferências sobre a população. Exemplo 9: Avaliação de um programa de ensino toma-se certo número de pares de turmas: a um conjunto de turmas ensina-se um assunto por um novo método, e ao outro, pelo método clássico. Aplica-se uma prova a ambos os grupos. 10 As notas observadas nesses conjuntos de turmas constituem a nossa amostra. Se os resultados do novo método forem melhores, iremos aplicá-lo a todas as turmas, isto é, à população. A partir da amostra, estabelecemos o que é conveniente para a população, ou seja, fazemos uma inferência sobre a população. 15 20 Exemplo 10: Renda média per capita em diversas regiões do país - toma-se um conjunto de indivíduos em cada região, escolhidos ao acaso, e sobre esse grupo fazem-se os estudos. Os indivíduos assim escolhidos constituem a amostra, e os resultados nela observados serão estendidos à população. Estatística descritiva É a parte mais conhecida. Quem vê o noticiário, na televisão ou nos jornais, sabe o quão frequente é o uso de médias, índices e gráficos nas notícias. Exemplo 11: Índice Nacional de Preços ao Consumidor 25 (INPC) - sua construção envolve a sintetização, em um único número, dos aumentos dos produtos de uma cesta básica. 8 ESTATÍSTICA Exemplo 12: Anuário Estatístico Brasileiro - o IBGE publica a cada ano este anuário, apresentando, em várias tabelas, os mais diversos dados sobre o Brasil: educação, saúde, transporte, economia, cultura etc. Embora simples, fáceis de serem 5 entendidas, as tabelas são o produto de um processo demorado e extremamente dispendioso de coleta e apuração de dados. Exemplo 13: Anuário Estatístico da Embratur - a Embratur publica este anuário, apresentando, em várias tabelas e gráficos, os mais diversos dados sobre turismo interno e dados 10 sobre entrada de turistas estrangeiros no Brasil. Estatística inferencial (ou indutiva) A tomada de decisões sobre a população, com base em estudos feitos sobre os dados da amostra, constitui o problema central da inferência estatística. 15 Exemplo 14: Análise financeira em investimentos sociais - os analistas financeiros de instituições governamentais ou não, estudam dados sobre a situação da economia, visando a explicar tendências dos níveis de produção e de consumo, projetando-os para o futuro. Exemplo 15: Ocorrência de terremotos - os geólogos estão continuamente coletando dados sobre a ocorrência de terremotos. Gostariam de inferir quando e onde ocorrerão tremores e qual a sua intensidade. Trata-se, sem dúvida, de uma questão complexa, que exige longa experiência geológica, além 25 de cuidadosa aplicação de métodos estatísticos. 20 Probabilidade O processo de generalização, que é característico do método indutivo, está associado a uma margem de incerteza. A existência da incerteza deve-se ao fato de que a conclusão, 30 que se pretende obter para o conjunto de todos os indivíduos 9 Unidade I analisados quanto a determinadas características comuns, baseia-se em uma parcela do total das observações. A medida da incerteza é tratada mediante técnicas e métodos que se fundamentam na teoria da probabilidade. Essa teoria procura 5 quantificar a incerteza existente em determinada situação. 1.4 Fases do método estatístico Quando se pretende empreender um estudo estatístico completo, existem diversas fases do trabalho que devem ser desenvolvidas para se chegar aos resultados finais do estudo. Fica claro assim que as três áreas da estatística não são separadas ou distintas, mas tendem a se entrelaçar. A descrição e o resumo dos dados tende a ser a primeira fase da análise dos mesmos, já a teoria e os fundamentos da amostragem se baseiam na teoria da probabilidade, que nos leva à uma inferência ou a uma tomada de decisões baseada nas informações apresentadas. As fases principais são as seguintes: 10 • definição do problema; • planejamento; • coleta de dados; • apuração dos dados; • apresentação dos dados; 15 • análise e interpretação dos dados. Descrevendo mais atentamente cada fase: Definição do problema A primeira fase do trabalho consiste em uma definição ou formulação correta do problema a ser estudado. Além de 20 considerar detidamente o problema objeto do estudo, o analista deverá examinar outros levantamentos realizados no mesmo campo e análogos, uma vez que parte da informação de que se necessita pode, muitas vezes, ser encontrada nesses últimos. 10 Observe quais são as fases principais do método estatístico – compõem a organização de um projeto, sua execução e apresentação final. ESTATÍSTICA Planejamento O passo seguinte, após a definição do problema, compreende a fase do planejamento, que consiste em se determinar o procedimento necessário para resolver o problema e, em especial, 5 como levantar informações sobre o assunto objeto do estudo. É preciso planejar o trabalho a ser realizado, tendo em vista o objetivo que se pretende atingir. É nesta fase que será escolhido o tipo de levantamento a ser utilizado. Sob esse aspecto, pode haver dois tipos de levantamento: 10 • levantamento censitário, quando a contagem for completa, abrangendo todo o universo; • levantamento por amostragem, quando a contagem for parcial. Outros elementos importantes que devem ser tratados nessa 15 mesma fase são: • cronograma das atividades: através do qual são fixados os prazos para as várias fases; • custos envolvidos; • exame das informações disponíveis; 20 • delineamento da amostra etc. Coleta dos dados O terceiro passo é essencialmente operacional, compreendendo a coleta das informações propriamente ditas. Nesta fase do método estatístico, é conveniente estabelecer 25 uma distinção entre duas espécies de dados: • dados primários: quando são publicados ou comunicados pela própria pessoa ou organização que os tenha escolhido; 11 Unidade I • dados secundários: quando são publicados ou comunicados por outra organização. Um conjunto de dados é, pois, primário ou secundário em relação a alguém. As tabelas do censo demográfico são fontes 5 primárias. Quando determinado jornal publica estatísticas extraídas de várias fontes e relacionadas com diversos setores industriais, os dados são secundários para quem desejar utilizar-se deles em alguma pesquisa que esteja desenvolvendo. A coleta de dados pode ser realizada de duas maneiras: 10 15 • coleta direta: quando é obtida diretamente da fonte, como no caso da empresa que realiza uma pesquisa para saber a preferência dos consumidores pela sua marca. • coleta indireta: quando é inferida a partir dos elementos conseguidos pela coleta direta, ou através do conhecimento de outros fenômenos que, de algum modo, estejam relacionados com o fenômeno em questão. Apuração dos dados Antes de começar a analisar os dados, é conveniente que lhes seja dado algum tratamento prévio, a fim de torná-los mais 20 expressivos. A quarta etapa do processo é, então, a da apuração ou sumarização, que consiste em resumir os dados através de sua contagem e agrupamento. Apresentação dos dados Há duas formas de apresentação ou exposição dos dados 25 observados, que não se excluem mutualmente: • apresentação tabular: é uma apresentação numérica dos dados. Consiste em dispor os dados em linhas e colunas distribuídas de modo ordenado, segundo algumas regras 12 ESTATÍSTICA 5 10 práticas adotadas pelos diversos sistemas estatísticos. As tabelas têm a vantagem de conseguir expor, sinteticamente e em um só local, os resultados sobre determinado assunto, de modo a se obter uma visão global mais rápida daquilo que se pretende analisar. • apresentação gráfica: constitui uma apresentação geométrica dos dados numéricos. Embora apresentação tabular seja de extrema importância, no sentido de facilitar a análise numérica de dados, não permite ao analista obter uma visão tão rápida, fácil e clara do fenômeno e sua variação como conseguida através de um gráfico. Observe em jornais e revistas que, normalmente, as informações gráficas têm assimilação mais rápida por parte dos leitores. Análise e interpretação dos dados Nesta última etapa, o interesse maior reside em tirar conclusões que auxiliem o pesquisador a resolver seu problema. 15 A análise dos dados estatísticos está ligada essencialmente ao cálculo de medidas, cuja finalidade principal é descrever o fenômeno. Assim, o conjunto de dados a ser analisado pode ser expresso por números-resumos, as estatísticas, que evidenciam características particulares desse conjunto. O significado exato 20 de cada um dos valores obtidos através do cálculo das várias medidas estatísticas disponíveis deve ser bem interpretado. É possível mesmo, nessa fase, arriscar algumas generalizações, as quais envolverão, como mencionado anteriormente, algum grau de incerteza, porque não se pode estar seguro de que o que 25 foi constatado para aquele conjunto de dados (a amostra) se verificará igualmente para a população. 1.5 Dados estatísticos Quando se trabalha com a observação, a mensuração, a análise e a interpretação de números, esses números nos conduzem a índices inflacionários, índices de desemprego, 30 probabilidade de determinado candidato ganhar as eleições etc. Esses números, portanto, serão chamados de dados estatísticos. 13 Unidade I Esses dados precisarão ser organizados e sumarizados para sua correta interpretação. Dado bruto significa que os dados não estão numericamente organizados e processados. O processamento e a organização 5 dos dados é que os transformam em informação, enfatizando seus aspectos mais importantes. A informação, portanto, é resultado de um tratamento dos dados. Para organizar e processar os dados estatísticos, podemos utilizar resumos visuais e numéricos, através de gráficos, mapas, 10 tabelas e modelos numéricos. A mensuração ou a observação de itens como índices de preços, renda mensal per capita de um Estado etc., dão origem aos dados estatísticos. Como esses itens originam valores que tendem a apresentar um certo grau de variabilidade quando são 15 medidos sucessivas vezes, chamamos, então de variáveis. • Variáveis contínuas: são as variáveis que podem assumir qualquer valor num intervalo contínuo (dado contínuo). Exemplos: altura, peso, velocidade etc. 20 25 30 14 • Variáveis discretas: em geral, originam-se da contagem de itens e só podem assumir valores inteiros. Exemplos: número de alunos em sala de aula, número de professores que trabalham na escola etc. • Variáveis nominais: são aquelas que existem com o objetivo de definir categorias, e as observações, mensurações e análises são feitas levando-se em conta essas mesmas categorias. Exemplos de categorias seriam: a separação por sexo, idade, nível de escolaridade etc. • Variáveis por posto: quando existe o desejo de dispor os elementos observados segundo uma ordem de preferência ou desempenho, atribuem-se valores É importante identificar os quatro tipos de variáveis: variáveis contínuas, variáveis discretas, variáveis nominais e variáveis por posto. ESTATÍSTICA relativos para indicar esta ordem. Exemplo: primeiro, segundo, terceiro. As variáveis discretas e contínuas são ditas variáveis quantitativas, porque envolvem dados numéricos. Já as variáveis 5 nominais e por posto precisam ser transformadas em valores numéricos para serem objeto da análise estatística, e são ditas variáveis qualitativas. • Variáveis discretas e contínuas = variáveis quantitativas. • Variáveis nominais e por posto = variáveis qualitativas. 1.6 Formas iniciais de tratamento dos dados Em geral, quando nos propomos a buscar, construir informações a partir de dados, deparamo-nos, inicialmente, com 10 um conjunto de dados brutos que pouco nos dizem. É preciso organizá-los minimamente para que eles comecem a fazer algum sentido, viabilizando sua análise. Uma primeira forma de organização dos dados é o chamado rol. Obtemos o rol quando organizamos os dados brutos em 15 ordem crescente ou decrescente de grandeza. A amplitude do rol é obtida pela diferença entre o maior e o menor número do rol. Utiliza-se o rol quando o conjunto de dados for pequeno, ou seja, for inferior a trinta observações. Por outro lado, quando se trata de um conjunto grande de dados, que seja superior a trinta observações, utilizamos 20 a distribuição de frequências, que consiste em organizar os dados brutos em classes, a fim de identificar o número de itens pertencentes a cada classe, denominado frequência de classe. Os dados são assim organizados em intervalos de classes. Esse 25 assunto será estudado na Unidade II. • Rol: inferior a trinta observações. • Distribuição de frequências:superior a trinta observações. 1.7 Notação por índices A notação por índices é bastante utilizada na estatística, sendo, assim, importante esclarecer seu significado. O símbolo xi (onde se lê “x índice i”) irá representar qualquer um dos n valores 15 Unidade I assumidos pela variável x, x1, x2, x3, x4, ..., xn. “n” é denominado índice e poderá assumir qualquer dos números entre 1, 2, 3, 4, ..., n. 1.7.1 Notação sigma (∑) A maioria dos processos estatísticos vai exigir o cálculo da 5 soma de um conjunto de números. A letra maiúscula grega sigma (∑) é utilizada para representar tais somas. Assim, se uma determinada variável y tiver os valores 3, 5, 7, 9 e 11, o ∑y será: ∑y = 3+5+7+9+11 10 ∑y = 35. Por outro lado, se o consumo semanal de arroz de x, durante um mês, foi 2kg, 4kg, 3kg, 5kg, o total consumido por x no mês teria sido: ∑x = 2+4+3+5 15 ∑x = 14, x teria consumido 14kg de arroz durante o mês referido. A notação sigma possui algumas propriedades que precisamos desenvolver, para facilitar os conteúdos que estudaremos nesta disciplina. 20 a) ∑ i=1 x = ∑ xi = ∑ x ; isso significa que devemos somar as n observações de x, começando com a primeira. n Por exemplo, num conjunto de dados em que xi = {2, 4, 6, 8, 10, 12}, em que n=6, temos: ∑ i=1xi = ∑ i=1xi = 2 + 4 + 6 + 8 + 10 + 12 ∑ xi = 42. n 25 16 6 ESTATÍSTICA Por outro lado, é possível utilizar essa notação quando se pretende analisar a soma de apenas uma parte dos dados disponibilizados, podendo-se, portanto, abreviar a soma de um conjunto de dados. Desta forma, podemos ter: 5 I) x1 + x2 + x 3 = ∑ i=1 xi 3 II) x8 + x 9 + x10 + x11 = ∑ xi . i=8 11 b) Se cada valor da variável x é multiplicado ou dividido por uma constante, temos que isso será igual ao valor da constante multiplicado ou dividido pela somatória de x. 10 ∑ c.x = c.∑ x Assim, 4 ∑ 4 xi = 4 x1 + 4 x2 + 4 x3 + 4 x4 i=1 4 = 4( x1 + x2 + x 3 + x 4 ) = 4 ∑ xi . i=1 Por exemplo: 15 Se xi = {2, 4, 6, 8, 10, 12}, onde n=6 e cada valor de x é multiplicado pela constante c=2, temos: ∑ cx = c∑ x 6 6 i=1 6 i=1 6 ∑ cxi = c∑ xi = 2(2) + 2(4) + 2(6) + 2(8) + 2(10) + 2(12) = 2(2 + 4 + 6 + 8 + 10 + 12) ∑ 2xi = 2∑ xi = 2(42) = 84. i=1 i=1 17 Unidade I c) O somatório de uma constante c será igual ao produto da constante pelo número de vezes (n) que ela se repete. Assim, temos: n ∑ ci = nc. i=i 5 Por exemplo, se numa determinada observação o conjunto de dados de xi = {7, 7, 7, 7, 7, 7}, onde n=6, temos que xi é uma constante c que se repete, então temos: xi = ci 6 6 i=1 i=1 ∑ xi = ∑ ci = nc = 7 + 7 + 7 + 7 + 7 + 7 = 6(7) = 42 . 10 d) O somatório de uma soma ou de uma diferença de duas variáveis será igual à soma ou diferença dos somatórios individuais das duas variáveis. Assim, temos: n n n i=1 n i=1 n i=1 n i=1 i=1 i=1 ∑ ( xi + yi ) = ∑ xi + ∑ yi ∑ ( xi − yi ) = ∑ xi − ∑ yi . 15 20 Por exemplo: i X Y (X-Y) 1 8 5 3 2 3 2 1 3 4 0 4 4 5 4 1 ∑� 20 11 9 ∑ (x − y) = 9 ∑ x − ∑ y = 20 − 11 = 9 . e) O somatório de um conjunto de dados xi ao quadrado nos obriga a elevar cada elemento de xi ao quadrado para efetuar a 25 soma. Assim, temos: n ∑ xi2 = x12 + x22 + x23 + ... + xn2 . i=1 18 ESTATÍSTICA Por exemplo, se numa dada observação o conjunto de dados de xi = {2, 4, 6, 8, 10}, onde n=5, temos: 5 ∑ xi2 = 22 + 42 + 62 + 82 + 102 = 4 + 16 + 36 + 64 + 100 = 220. i=1 f) O somatório ao quadrado de um conjunto de dados será obtido tomando-se a soma dos valores de xi e elevando-se ao 5 quadrado. Assim, temos: n ( ∑ xi )2 = ( x1 + x2 + x 3 + ... + xn )2 . i=1 Por exemplo, se temos um mesmo conjunto xi = {2, 4, 6, 8, 10}, onde n=5, tal qual no exemplo do item e, teremos um 10 resultado distinto. Vejamos, neste caso: Essa notação se encontra em livros de matemática. Busque outros exemplos. 5 ( ∑ xi )2 = (2 + 4 + 6 + 8 + 10)2 = (30)2 = 900 . i=1 1.8 Séries estatísticas – simples e compostas Uma série estatística define-se como toda e qualquer coleção de dados estatísticos referidos a uma mesma ordem de classificação: quantitativa. No sentido mais amplo, série é 15 uma sucessão de números referidos a qualquer variável. Se os números expressarem dados estatísticos, a série será chamada de série estatística. Em sentido mais estreito, pode-se dizer que uma série estatística é uma sucessão de dados estatísticos referidos a 20 caracteres qualitativos, ao passo que uma sucessão de dados estatísticos referidos a caracteres quantitativos configurará uma serração. Em outros termos, a palavra série é usada normalmente para designar um conjunto de dados dispostos de acordo com um caráter variável, residindo a qualidade serial na disposição 19 Unidade I desses valores, e não em uma disposição temporal ou espacial de indivíduos. As tabelas servem para apresentar séries estatísticas. Os três caracteres presentes na tabela que as apresenta são: 5 • a época (fator temporal ou cronológico) – a que se refere o fenômeno analisado; • o local (fator espacial ou geográfico) – onde o fenômeno acontece; 10 • o fenômeno (espécie do fato ou fator especificativo) – que é descrito. As séries são divididas em dois grupos: 15 • séries homógradas: aquelas em que a variável descrita apresenta variação discreta ou descontínua. São séries homógradas a série temporal, a série geográfica e a série específica. • séries heterógradas: aquelas nas quais o fenômeno ou o fato apresenta gradações ou subdivisões. Embora fixo, o fenômeno varia em intensidade. A distribuição de frequências é uma série heterógrada. 1.8.1 Tipos de séries estatísticas 20 As séries estatísticas diferenciam-se de acordo com a variação de um dos três elementos: época, local e fenômeno. • Série temporal Também chamada de série cronológica, série histórica, série evolutiva ou marcha, identifica-se pelo caráter variável do fator 25 cronológico. Assim, deve-se ter: 20 ESTATÍSTICA • elemento variável: época; • elementos fixos: local e fenômeno. Tabela 1.1 Operadora WKX – Venda de bilhetes aéreos – Mercado interno – 2007 Meses Vendas (em milhares de reais) Janeiro 2.300 Fevereiro 1.800 Março 2.200 Abril 2.210 Maio 2.360 Junho 2.600 Julho 2.690 Agosto 3.050 Setembro 3.500 Outubro 3.440 Novembro 3.100 Dezembro 2.760 Total anual 31.510 Fonte: Departamento de Análise de Mercado. • Série geográfica Também chamada de série territorial, série espacial ou 5 série de localização, identifica-se pelo caráter variável do fator geográfico. Assim, deve-se ter: • elemento variável: local; • elementos fixos: época e fenômeno. 21 Unidade I Tabela 1.2 Operadora WKX – Vendas por unidade da federação – 2007 Unidades da federação Vendas (em milhares de reais) Minas Gerais 4.000 Paraná 2.230 Rio Grande do Sul 6.470 Rio de Janeiro 8.300 São Paulo 10.090 Outros 420 Total Brasil 31.510 Fonte: Departamento de Análise de Mercado. • Série específica Também chamada de série categórica, série por categoria, 5 identifica-se pelo caráter variável de fator especificativo. Assim, deve-se ter: • elemento variável: fenômeno; • elemento fixos: local e época. 10 Tabela 1.3 Operadora WKX – Venda de bilhetes aéreos por linha – 2007 Linha do produto Vendas (em milhares de reais) Linha A 6.450 Linha B 9.310 Linha C 15.750 Todas as linhas 31.510 Fonte: Departamento de Análise de Mercado. 22 ESTATÍSTICA Tabela 1.4 Número de empregados das várias classes de salários no estado de São Paulo – 2007 Classes de salários (R$) Número de empregados Até 80 41.326 De 80 a 119 123.236 De 120 a 159 428.904 De 160 a 199 324.437 De 200 a 399 787.304 De 400 a 599 266.002 De 600 a 799 102.375 De 800 a 999 56.170 1000 e mais 103.788 Total 2.233.542 Fonte: Serviço de Estatística da Previdência e Trabalho (dados alterados para melhor compreensão). 1.8.2 Tabelas de dupla entrada As tabelas apresentadas anteriormente são tabelas estatísticas simples, em que apenas uma série está representada. É comum, todavia, haver necessidade de apresentar, em uma única tabela, mais do que uma série. Quando as séries aparecem 5 conjugadas, tem-se uma tabela de dupla entrada. Exemplos: • série específico-temporal; • série geográfico-temporal. 23 Unidade I Tabela 1.5 População economicamente ativa por setor de atividades – Brasil Setor População (1 000 Hab.) 1940 1950 1960 Primário 8.968 10.255 12.163 Secundário 1.414 2.347 2.962 Terciário 3.620 4.516 7.525 Fonte: IPEA. Tabela 1.6 População indígena brasileira Unidade de Produção Produção 1937 1938 1939 Acre 5.007 4.765 4.727 Amazonas 6.858 5.998 5.631 Pará 4.945 4.223 4.500 Mato Grosso 1.327 1.285 1.235 333 539 337 Outros Estados Fonte: Anuário Estatístico do Brasil – IBGE (dados alterados para melhor compreensão). Observação: nem sempre uma tabela representa uma série estatística. Por vezes, os dados reunidos não revelam uniformidade, sendo meramente um aglomerado de informações gerais sobre determinado assunto, as quais, embora úteis, não apresentam a consistência necessária para se configurar uma 10 série estatística. 5 24 ESTATÍSTICA Tabela 1.7 Situação dos espetáculos cinematográficos no Brasil – 1967 Especificação Dados numéricos Número de cinemas 2.488 Lotação dos cinemas 1.722.348 Sessões por dia 3.933 Filmes de longa metragem 131.330.488 Meia entrada 89.581.234 Fonte: Anuário Estatístico do Brasil – IBGE. 1.9 Apresentação de dados – gráficos e tabelas A representação gráfica das séries estatísticas tem por finalidade representar os resultados obtidos, permitindo 5 chegar-se à conclusões sobre a evolução do fenômeno ou sobre como se relacionam os valores da série. A escolha do gráfico mais apropriado ficará a critério do analista. Contudo, os elementos simplicidade, clareza e veracidade devem ser considerados quando da elaboração de um gráfico. 10 Diretrizes para a construção de um gráfico: • o título do gráfico deve ser o mais claro e completo possível, sendo necessário, acrescentem-se subtítulos; • a orientação geral dos gráficos deve ser da esquerda para a direita; 25 Unidade I • as quantidades devem ser representadas por grandezas lineares; • sempre que possível, a escala vertical há de ser escolhida de modo a aparecer a linha 0 (zero); 5 • só devem ser incluídas no desenho as coordenadas indispensáveis para guiar a vista na leitura, um tracejado muito cerrado dificulta o exame do gráfico; • a escala horizontal deve ser lida da esquerda para a direita, e a vertical, de baixo para cima; 10 • os títulos e marcações do gráfico dispor-se-ão de maneira que sejam facilmente legíveis, partindo da margem horizontal inferior ou da margem esquerda. Leitura e interpretação de um gráfico: 15 • declarar qual o fenômeno ou fenômenos representados, a região considerada, o período de tempo, a fonte dos dados etc.; • examinar o tipo de gráfico escolhido, verificar se é o mais adequado, criticar a sua execução, no conjunto e nos detalhes; 20 • analisar cada fenômeno separadamente, fazendo notar os pontos mais em evidência, o máximo e o mínimo, as mudanças mais bruscas; • investigar se há uma “tendência geral” crescente ou decrescente ou, então, se o fato exposto é estacionário; 25 26 • procurar descobrir a existência de possíveis ciclos periódicos, qual o período aproximado etc. ESTATÍSTICA Eis os tipos mais comuns de gráficos: Gráfico em linhas 500 400 300 Sequência 1 200 Sequência 2 100 0 1 2 3 4 5 6 7 Gráfico em colunas População 100 80 60 40 20 0 População 1940 1950 1960 1970 Gráfico em barras É semelhante ao gráfico em colunas, porém, os retângulos são dispostos horizontalmente. População do Brasil 1970 1960 População do Brasil 1950 1940 0 20 40 60 80 100 27 Unidade I Gráfico em setores Anos Receita (em R$ 1.000.000,00) 1975 90 1976 120 1977 150 Total 360 Fonte: Departamento da Fazenda, Município X. É a representação gráfica de uma série estatística, em círculo, por meio de setores. É utilizado principalmente quando se pretende comparar cada valor da série com o total. 5 10 15 Total __________360º Parte___________ xº • Para 1975: 360 – 360º 90 – xº x = 90º • Para 1976: 360 – 360º 120 – xº x = 120º • Para 1977: 360 – 360º 150 – xº x = 150º Receita do Município X 1975 1976 1977 28 ESTATÍSTICA Gráfico polar É a representação de uma série por meio de um polígono. Movimento mensal de gastos com saúde em um pequeno município Meses Valores (R$1.000,00) Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro 12 13 14 12 15 19 17 18 14 16 12 18 Dez Nov Out Jan 20 15 10 5 0 Fev Mar Abr Sequência 1 Mai Set Ago Jul Jun Resumindo: • a estatística utiliza métodos matemáticos para solucionar problemas reais de tomada de decisão quando há incerteza; • em situações nas quais poderíamos contar unicamente com a sorte, temos um instrumento que nos possibilita aumentar as chances de tomar a melhor decisão; • utiliza ferramentas matemáticas definidas. Mesmo lidando com um grande número de dados, essas ferramentas resumem a análise em tabelas ou gráficos; • na prática, a estatística pode ser empregada como base conceitual e fundamental em várias outras ciências, inclusive em análises gerenciais. 2 MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL PARA DADOS SIMPLES Na realização de qualquer estudo, quase nunca é possível examinar todos os elementos da população de interesse. Temos, 5 usualmente, de trabalhar com uma amostra da população. A 29 Unidade I inferência estatística nos dá elementos para generalizar, de maneira segura, as conclusões obtidas da amostra para a população. É errôneo pensar que, caso tivéssemos acesso a todos os elementos da população, seríamos mais precisos. Os erros 5 de coleta e manuseio de um grande número de dados são maiores do que as imprecisões a que estamos sujeitos quando generalizamos, via inferência, as conclusões de uma amostra bem selecionada. Em se tratando de amostra, a preocupação central é que ela 10 seja representativa. Assim que decidimos obter informações através de um levantamento amostral, temos imediatamente dois problemas: • definir cuidadosamente a população de interesse; • selecionar a característica que iremos pesquisar. 15 Portanto, temos situações profissionais em que nos bastam poucos dados ou estatísticas de dados simples. Por outro lado, há também situações em que um número maior de elementos deve ser investigado e tratado como distribuições de frequência. Quando estamos diante de um conjunto de dados, seja ele pequeno ou grande, em geral buscamos medidas que possam ser usadas para indicar um valor que tende a representar melhor aquele determinado conjunto de números. E as medidas mais usadas neste sentido são as chamadas medidas de tendência 25 eventual ou central, que são: a média, mediana e moda. 20 Sabe-se que esses valores serão medidos de forma distinta conforme um grande conjunto de dados ou um pequeno conjunto de dados. Também o cálculo desses valores irá ser afetado caso as variáveis sejam discretas ou contínuas. 30 ESTATÍSTICA Distribuição por frequência é a tabela em que se resumem grandes quantidades de dados, determinando o número de vezes que cada dado ocorre (frequência) e a porcentagem com que aparece (frequência relativa). 5 Atenção: nesta unidade trataremos do cálculo destas estatísticas para os chamados dados simples ou conjuntos de dados com menos de trinta elementos. Em estatística, a média é o valor médio de uma distribuição ou de um conjunto de dados, determinado segundo uma regra estabelecida a priori e que se utiliza para representar todos os valores da distribuição. Existem diversas formas de se calcular a média de um conjunto de números. Por exemplo, algumas delas são: aritmética, geométrica e harmônica. 2.1 A média aritmética simples (µ,x) A média aritmética é um dos valores mais representativos de um conjunto de dados. Obtém-se o valor da média aritmética 10 dividindo-se o somatório dos valores do conjunto de dados pelo número de valores total deste conjunto. Assim, temos que: n média = ∑ xi i=1 n . Para a população, calcula-se a média aritmética através dos 15 seguintes parâmetros: N µ= ∑ Xi i=i µ ⇒ Média aritmética da população (parâmetro) , onde N N ⇒ Total de observações da população (total da população) Xi ⇒ Cada variável populacional Para a amostra, calcula-se o valor médio utilizando-se os seguintes parâmetros: x ⇒ Média aritmética da amostra (estimativa) n x= ∑ xi i=1 n , onde n ⇒ Número de dados da amostra xi ⇒ Cada variável da amostra 31 Unidade I Vamos agora tomar um exemplo de média aritmética. Supondo um conjunto de dados xi = {2, 4, 6, 8, 10, 12}, onde N=6, temos: N µ= 5 ∑ Xi i=1 N = 2 + 4 + 6 + 8 + 10 + 12 = 7. 6 Embora tenhamos destacado uma diferença na notação utilizada para o cálculo da média aritmética em uma amostra e numa população, a expressão para o cálculo da média é a mesma tanto no cálculo da média de uma população quanto de uma amostra. Para simplificar o nosso estudo, padronizaremos a notação para o cálculo da média e passaremos a usar sempre a notação utilizada para o cálculo da média aritmética simples em conjuntos de dados amostrais, como no exemplo abaixo: Uma amostra das notas das provas de matemática dos estudantes da sétima série de uma grande escola de São Paulo 10 xi, onde xi = {87, 42, 64, 58, 90, 90, 85, 63, 47, 74, 100, 94} e n=12, temos: n x= ∑ xi i=1 n = 87 + 42 + 64 + 58 + 90 + 90 + 85 + 63 + 47 + 74 + 100 + 94 = 74, 5 . 12 A nota média na prova de matemática dos estudantes da 15 sétima série desta escola de São Paulo, por amostragem, é 74,5. São propriedades da média aritmética: 1.-em um conjunto de dados, é sempre possível o cálculo da média, independentemente de quais os elementos que compõem esse conjunto de dados. 20 2.-em um determinado conjunto de dados, o valor da média será único e corresponderá a uma constante. 3.-todos os valores de um determinado conjunto de dados irão afetar a média. Se um valor se modifica, a média aritmética também irá modificar-se. 32 São as propriedades que a média aritmética simples possui que a fazem a medida de tendência central mais usada e mais importante de todas. ESTATÍSTICA 5 10 4.-somando-se ou subtraindo-se uma determinada constante c a cada elemento de um determinado conjunto de dados xi = x1, x2, x3, ..., xn, a média aritmética ficará aumentada ou diminuída desta constante c. Se, por outro lado, multiplicarmos cada elemento deste conjunto de dados por uma constante c, a nova média será também multiplicada por esta constante c; se dividirmos cada elemento do conjunto de dados por esta mesma constante c, a média será dividida por c. Assim, se temos um conjunto xi = x1, x2, x2, ..., xn, a média será: n ∑ x1 i=1 x1 = n , logo n n x2 = 15 ∑ (c + x i ) i=1 n ⇒ x2 = ∑ xi i=1 n + nc ⇒ x2 = x1 + c . n 5.-A soma algébrica dos desvios dos números de um conjunto de dados em torno da média é zero. Isso pode ser representado da seguinte forma: ∑ xi − x = 0 Por exemplo, se temos um conjunto de dados xi = 2, 4, 6, 8, 10, onde n=5, temos que: 5 20 ∑ xi 2 + 4 + 6 + 8 + 10 =6, 5 5 Se aplicarmos a fórmula acima, temos: x= i=1 = ∑ xi − x = ∑ xi − 6 = (2 − 6) + (4 − 6) + (6 − 6) + (8 − 6) + (10 − 6) ∑ xi − x = −4 − 2 + 0 + 2 + 4 ∑ xi − x = 0 . A média aritmética é a mais utilizada no nosso dia a dia. É obtida dividindo-se a soma das observações pelo número delas. 33 Unidade I 2.2 A média aritmética ponderada Num conjunto de dados em que cada elemento ou cada observação possua a mesma importância, o cálculo da média aritmética simples mostrará bem a população ou a amostra estudada. Mas, se queremos atribuir pesos distintos ou 5 importâncias distintas aos elementos de um conjunto de dados, a estatística a ser adotada é a média aritmética ponderada, em que a cada valor xi deverá ser atribuído um determinado peso wi. A expressão estatística para o cálculo da média ponderada é: n xp = ∑ wixi i =1 n ∑ wi i=1 10 Supondo que um estudante tenha que efetuar uma série de quatro exames para obter sua média final para passar de ano. Cada exame possui um peso diferente na composição desta média, conforme a tabela abaixo: Exame 1 2 3 4 Nota 68 89 45 100 Peso 0,30 0,20 0,40 0,10 1,00 n xp = ∑ wixi i=1 n ∑ wi , logo i=1 xp = (0, 30)68 + (0, 20)89 + (0, 40)45 + 0,10(100) 0, 30 + 0, 20 + 0, 40 + 0,10 xp = 20, 4 + 17, 8 + 18 + 10 = 66, 2 34 ESTATÍSTICA A nota média será então 66,2, resultado diferente do que seria obtido se utilizássemos a média aritmética simples. Exemplificando média aritmética e ponderada: 5 10 Num conjunto de dados em que cada elemento ou cada observação possua importância diferente, utilizamos a média aritmética ponderada. • Um aluno tirou as notas 5, 7, 9 e 10 em quatro provas. A sua média será (5 + 7 + 9 + 10) / 4 = 7,75. • Um aluno fez um teste (peso 1) e uma prova (peso 2), tirando 10 no teste e 4 na prova. A sua média (ponderada) será (10 + 2 x 4) / 3 = 6. Se o teste e a prova tivessem mesmo peso (e não importa qual o valor do peso, importa apenas a relação entre os pesos), a média seria 7. 2.3 A mediana Uma outra medida importante de um conjunto de dados é a mediana. A mediana divide um determinado conjunto de dados, que 15 deverá estar ordenado, em dois grupos iguais, em que metade terá valores menores que a mediana e metade terá valores maiores que a mediana. Antes de calcular a mediana, é preciso organizar os valores em um rol em ordem crescente, para então contar até a metade dos 20 valores para encontrar a mediana. Em geral, após organizarmos os dados em um rol, podemos calcular a posição da mediana com a fórmula abaixo: posmed = (n + 1) , 2 onde n é o número de dados observados. 25 Por exemplo, para um conjunto de dados xi = {6, 9, 3, 5, 2, 9, 5, 5, 8, 7, 1, 7, 2}, onde n = 13, temos primeiro que organizar 35 Unidade I os dados em um rol, depois encontrar a posição da mediana e então saber qual será a mediana. Vejamos: rolxi = {1, 2, 2, 3, 5, 5, 5, 6, 7, 7, 8, 9, 9} posiçãomediana = 5 (n + 1) 13 + 1 = =7 2 2 mediana = 5 Para um conjunto de dados xi = {6, 4, 8, 3, 2, 9, 7, 1}, onde n=8, temos então: rolxi = {1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9} posiçãoomediana = 10 A mediana será o valor que está a meio caminho dos dois valores médios, neste caso entre 4 e 6. Como fazer? Deve-se tirar a média entre os dois valores do meio para obter o valor da mediana. Assim, temos: mediana = 15 (n + 1) 8 + 1 = = 4, 5. 2 2 4 +6 =5 2 Quando usamos a mediana? Empregamos a mediana quando: • desejamos obter o ponto que divide a distribuição em partes iguais; 20 • há valores extremos que afetam de uma maneira acentuada a média; • a variável em estudo é salário. 36 A mediana é outra medida de posição definida como o número que se encontra no centro de uma série de números, estando estes dispostos segundo uma ordem. Em outras palavras, a mediana de um conjunto de valores, ordenados, é o valor situado de tal forma no conjunto que o separa em dois subconjuntos de mesmo número de elementos. Obs.: se o número de elementos for ímpar, então a mediana será exatamente o valor “do meio”; se o número de elementos for par, então a mediana será exatamente a média “dos dois valores do meio”. Para determinar a mediana: • organize o conjunto de dados em um rol; • para um conjunto de dados cujo n = ímpar, a mediana será o valor do meio; • para um conjunto de dados cujo n = par, a mediana será a média dos dois valores do meio. ESTATÍSTICA 2.4 A moda Muitas vezes, em um conjunto de dados, existem valores que se repetem com uma frequência maior. A moda é justamente este valor ou estes valores que mais se repetem em um conjunto de dados. É possível haver estatísticas que não possuam moda 5 ou que possuam mais de uma moda. No exemplo que demos acima, para um conjunto de dados xi = {1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9}, não existe moda e diz-se que o conjunto ou distribuição é amodal. A moda é uma estatística muito mais descritiva, e sua 10 importância cresce na medida em que um valor ou grupo de valores se repete mais que outros, e neste sentido a moda indicaria o valor “típico” daquele conjunto de dados com maior ocorrência. Por exemplo, o conjunto de dados xi = 2, 2, 7, 9, 9, 9, 10, 10, 15 11, 12, 18} tem moda igual a 9, porque o número 9 é aquele com maior frequência, repetindo-se três vezes. Repetindo: denominamos moda a um conjunto de dados ou valores que ocorre com maior frequência. Então, em teoria da probabilidade e em estatística, a mediana é uma medida de tendência central, um número que caracteriza as observações de uma determinada variável de tal forma que este número (a mediana) de um grupo de dados ordenados separa a metade inferior da amostra, população ou probabilidade de distribuição, da metade superior. Mais concretamente, 1/2 da população terá valores inferiores ou iguais à mediana e 1/2 da população terá valores superiores ou iguais à mediana. Em casos de populações (n) ímpares, a mediana será o elemento central (n+1)/2. Para os casos de populações (n) pares, a mediana será o resultado da média simples dos elementos n/2 e (n/2)+1. Para a seguinte população: 1, 3, 5, 7, 9 – a mediana é 5 (igual à média); no entanto, para a população 1, 2, 4, 10, 13, a mediana é 4 (enquanto a média é 6). Para populações pares: 1, 2, 4, 7, 9, 10 – a mediana é (4+7)/2, que é 5,5. Por exemplo: o salário modal dos empregados de uma 20 indústria é o salário mais comum, isto é, o salário recebido pelo maior número de empregados dessa indústria. Exemplo: Sabendo que o número de casos de alergia em crianças de uma comunidade, durante uma semana, foi de 10, 14, 13, 15, 25 16, 18 e 12, encontre a média, a moda e a mediana para esses registros da doença. 37 Unidade I Média: n x= ∑ xi i=1 n = 10 + 14 + 13 + 15 + 16 + 18 + 12 98 = = 14. 7 7 Logo, x = 14 casos em média por dia, que representa um atendimento de 98 casos em média por semana. 5 Obs.: a média pode ser um número diferente de todos os valores da amostra que ela representa. Moda: como não existe um valor que aparece com maior frequência que os outros, não há valor de moda para esse exemplo. 10 Mediana: ordenando os dados, temos: 10 12 13 14 15 16 18 Desta forma, o valor mediano é o valor central dos dados, ou seja, 14 casos de alergia por dia. 3 MEDIDAS DE DISPERSÃO PARA DADOS SIMPLES Vimos que a moda, a mediana e a média podiam ser usadas 15 para resumir, num único número, aquilo que é “médio” ou “típico” de um conjunto de dados. Mas a informação contida fornecida pelas medidas de posição necessita em geral ser complementada pelas medidas de dispersão. Estas servem para indicar o quanto os dados se apresentam dispersos em torno da região central. 20 Caracterizam, portanto, o grau de variação existente no conjunto de valores. As medidas de dispersão que nos interessam são: • a amplitude total; • o desvio padrão; 38 Em estatística descritiva, a moda é o valor que detém o maior número de observações, ou seja, o valor ou valores mais frequentes. A moda não é necessariamente única, ao contrário da média ou da mediana. É especialmente útil quando os valores ou observações não são numéricos, uma vez que a média e a mediana podem não ser bem-definidas. A moda de {maçã, maçã, banana, laranja, laranja, laranja, pêssego} é laranja. A série {1, 3, 5, 5, 6, 6} apresenta duas modas (bimodal): 5 e 6. A série {1, 3, 2, 5, 8, 7, 9} não apresenta moda. ESTATÍSTICA • a variância; • o coeficiente de variação. Observe: quanto maior as medidas de dispersão, mais heterogêneos são os dados, e, ao contrário, quanto menor essas 5 medidas, mais homogêneo o conjunto. Para ilustrar a necessidade de conhecermos as medidas de dispersão de um conjunto de dados, iremos introduzir alguns exemplos. Exemplo 1 10 Sabe-se que em Honolulu (Havaí) e Houston (Texas) a temperatura média diária é quase a mesma, em torno de aproximadamente 23,9ºC. Pergunta-se: será que, por isso, podemos admitir que a temperatura é basicamente a mesma em ambas as localidades? Ou não será possível que enquanto 15 uma cidade é melhor para natação a outra o seja para atividades externas? Sabemos que a temperatura em Honolulu varia muito pouco ao longo do ano, oscilando, em geral, entre 21,1ºC e 26,7ºC. Por outro lado, a temperatura em Houston pode diferir 20 sazonalmente (nas estações do ano), isto é, apresentar-se baixa em janeiro (cerca de 4,4ºC) e alta em julho e agosto (bem perto de 37,8ºC). Desnecessário dizer que as praias em Houston não estão abarrotadas de gente o ano todo! Exemplo 2 25 Suponham que, numa particular cidade, tanto ladrões quanto professores secundários tenham uma renda média mensal de R$ 900,00. Será que essa informação indica que as duas distribuições de renda são necessariamente semelhantes? Muito ao contrário, poder-se-ia descobrir que 39 Unidade I elas diferem, e muito, num outro aspecto importante, que é o fato de as rendas dos professores concentrarem-se ao redor de R$ 900,00 (serem constantes, homogêneas), enquanto que as dos ladrões espalham-se mais (são descontínuas, 5 heterogêneas), o que reflete, portanto, maiores oportunidades para prisões, desemprego, pobreza e, em alguns casos, fortunas excepcionais. Tais fatos demonstram que necessitamos, além de uma medida de tendência central, de um índice que indique o grau 10 de dispersão dos dados em torno da média. Este índice é uma medida indicativa do que costumamos chamar de variabilidade (ou dispersão). Voltando ao exemplo 1, poderíamos dizer que a distribuição de temperatura em Houston (Texas) tem maior variabilidade do 15 que a distribuição de temperaturas em Honolulu (Havaí). Da mesma forma, podemos dizer que a distribuição de rendas entre professores apresenta menos variabilidade do que a distribuição de rendas entre ladrões. Exemplo 3 20 Considere os seguintes conjuntos de valores das variáveis X, Y e Z: X: 70, 70, 70, 70, 70. Y: 68, 69, 70, 71, 72. Z: 5, 15, 50, 120, 160. 25 Calculando a média aritmética de cada um destes conjuntos, obtemos: X = 70 Y = 70 Z = 70 40 ESTATÍSTICA Vemos, então, que os três conjuntos apresentam a mesma média aritmética: 70; entretanto, é fácil notar que o conjunto X é mais homogêneo que os conjuntos Y e Z. Para quantificar o quão heterogêneos os dados são, precisamos encontrar algumas 5 medidas de posição. Assim, quando se deseja entender, analisar e descrever de forma adequada um determinado conjunto de dados, faz-se necessário dispor não apenas de informações relativas às medidas de posição, vistas anteriormente. É preciso que se 10 disponha de informações relativas à variabilidade (dispersão) daqueles números que compõem o referido conjunto de dados. Essas medidas de variabilidade ou dispersão indicam se os dados observados estão próximos ou separados uns dos outros. Diferente das medidas de posição, as medidas de dispersão 15 não são autoexplicativas; sua aplicabilidade depende da comparação de populações ou amostras de mesmo tamanho e mesmas características para que se obtenha alguma informação importante a partir daquela determinada variabilidade. As principais medidas de dispersão são: a amplitude total (ou 20 intervalo), o desvio médio, a variância e o desvio padrão. A média serve de referência para todas essas medidas, exceto para o intervalo (ou amplitude total). À proporção que essas medidas se elevam, isso representa um aumento da dispersão. Isso significa que se a medida for igual a zero, não existe dispersão. Medidas de dispersão não são autoexplicativas, dependem de suas aplicações em tratamentos comparativos de dados. As medidas de variabilidade que têm a média aritmética como ponto de referência são importantes porque nos permitem avaliar o grau de dispersão das observações em relação a esta mesma média, isto é, permitem-nos avaliar o quão distante os dados de um determinado grupo de observações estão 30 da média calculada, dando-nos uma noção mais precisa da situação de determinada população ou amostra e condições de tirar conclusões e informações importantes daqueles dados disponíveis. 25 41 Unidade I Exemplo 4 Um estudante de economia resolve fazer uma pesquisa sobre os salários médios dos funcionários de determinado setor industrial em São Paulo. Na pesquisa, o estudante conseguiu os 5 seguintes dados em termos de salários mínimos mensais: xi = {1.0, 1.5, 2.0, 2.0, 2.0, 2.5, 3.0, 3.0, 80.0, 85.0}. Ao calcular o salário médio desse setor, ele chegou ao valor médio de 18,2 salários mínimos por mês. Ora, mas este dado, sem o cálculo de sua dispersão, em relação à média aritmética, pouco 10 nos diz sobre a realidade dessa população, e acabamos por ter uma visão distorcida do padrão de vida da maior parte dos funcionários deste setor analisado pelo estudante. As medidas de variabilidade ou dispersão nos permitem perceber essa distorção. Temos como principais medidas de dispersão, intervalo, 15 desvio médio, variância e desvio padrão. 3.1 Amplitude total O intervalo ou amplitude total de um determinado conjunto de dados é obtido pela diferença entre o maior e o menor valor neste conjunto de números. Indica, portanto, a distância entre a maior e a menor observação de um conjunto 20 de dados. Assim, temos: Amplitudetotal = Valormáximo ~ Valormínimo Por exemplo, para um conjunto de dados xi = {2, 3, 3, 5, 5, 5, 8, 10 12}, onde n=9, a amplitude total será: Atotal = Vmáximo - Vmínimo ⇒ Atotal = 12-2 = 10. 25 42 Em alguns casos, o intervalo ou amplitude total pode ser expresso simplesmente pela indicação do menor e do maior As medidas mais comuns de variabilidade para dados quantitativos são a variância, a sua raiz quadrada, o desvio padrão. A amplitude total, a distância interquantílica e o desvio absoluto são mais alguns exemplos de medidas de dispersão. ESTATÍSTICA número do conjunto de dados. No caso do exemplo anterior, a amplitude total poderia ser expressa simplesmente pela identificação do menor e do maior número, indicada como sendo de 2 a 12 ou 2-12. A grande vantagem da amplitude total é que ela apresenta uma certa facilidade de ser calculada, mesmo quando o conjunto de dados observados é relativamente grande. No entanto, como a amplitude total apenas leva em conta os dois extremos do conjunto de números, em alguns casos, ela pode ser uma medida 10 enganosa quanto à indicação da dispersão de um conjunto de números, tendo, portanto, uma utilidade limitada. 5 O intervalo de um determinado conjunto de dados é obtido pela diferença entre o maior e o menor valor neste conjunto de números. 3.2 Desvio médio absoluto O desvio médio absoluto inaugura o estudo das medidas de variabilidade que têm a média como ponto de referência. O chamado desvio nada mais é que a diferença entre cada 15 valor de um determinado conjunto de dados e a média deste mesmo conjunto de números (xi - x). O valor absoluto de um número será ele próprio, sem o sinal que lhe é associado, e é indicado por meio de duas linhas verticais que o enquadram. Assim, |-67|=67;|9|=9 É preciso calcular primeiro a média 20 aritmética dos dados disponíveis, que em geral se apresentam como dados amostrais. O desvio médio absoluto será calculado pela média dos desvios dos valores a contar da média, ignorando o sinal (+ ou -) do desvio, ou seja, convertendo os valores dos desvios em 25 valores absolutos, considerando-os todos desvios positivos. Assim, temos: n ∑ xi − x , n onde n é o número de observações. Dmédio = i=1 43 Unidade I Vamos agora tomar um exemplo de desvio médio. Para um conjunto de dados amostrais xi = 2, 4, 6, 8, 10, 12, onde n=6, determine o desvio médio. Temos, então: Dmédio = ∑ xi − x . n Precisamos primeiro calcular a média, para então passarmos 5 ao cálculo do desvio médio. Relembrando a fórmula do cálculo da média aritmética, temos: x= ∑ xi ⇒ x = 2 + 4 + 6 + 8 + 10 + 12 = 7 ⇒ x = 7. n 6 Agora podemos calcular os desvios para cada valor do conjunto de dados. Assim, temos: 10 xi - x 2-7 4-7 6-7 8-7 10-7 12-7 -5 -3 -1 1 3 5 0 Dmédio = ∑ xi − x = −5 + −3 + −1 + 1 + 3 + 5 n 5 + 3 + 1+ 1+ 3 + 5 =3 Dmédio = 6 Dmédio = 3 6 O valor encontrado acima representa a diferença média de 15 cada observação e a média da distribuição. Mas também neste caso só seria possível obter mais informações, a partir do desvio médio, comparando com outras populações ou amostras de mesmas características. Por exemplo, se um outro conjunto de dados, com as mesmas 20 características e tamanho, apresentasse um desvio médio absoluto igual a 2,4, ou seja, menor que o desvio médio absoluto calculado no exemplo acima, poderíamos dizer que este segundo conjunto de valores é mais homogêneo do que o nosso exemplo, já que a diferença de cada um dos seus elementos em relação à média 25 aritmética é menor. Teríamos, assim, uma dispersão menor. 44 O desvio é a diferença entre cada valor de um determinado conjunto de dados e a média deste mesmo conjunto de números. ESTATÍSTICA 3.3 Variância Como no cálculo do desvio médio, para o cálculo da variância precisaremos utilizar o desvio de cada elemento de um conjunto de dados em relação à média aritmética (xi - x). No entanto, ao invés de trabalharmos com os valores absolutos 5 (em módulo), agora os desvios são elevados ao quadrado antes da soma. Para o caso de dados amostrais, ao invés de dividirmos por n, dividimos por n-1 (que é o total da amostra menos uma unidade). A variância irá nos dizer o grau de dispersão de um 10 determinado grupo de dados com relação à média aritmética destes números. Assim, a variância populacional poderá ser calculada da seguinte forma: 2 σ 15 ( xi − µ)2 , onde ∑ = N de dados populacionais; A variância amostral poderá ser calculada pela fórmula que se segue: s2 = Em vez de trabalharmos com os valores em módulo, agora os desvios são elevados ao quadrado antes da soma. Para o caso de dados amostrais, em vez de dividirmos por n, dividimos por n-1. ∑ (xi − x)2 , onde n −1 45 Unidade I Por exemplo, seja um determinado conjunto de dados xi = {1, 3, 5, 7, 9, 11, 13}, onde n=7. Calcule a variância deste conjunto de dados, supondo: • que este conjunto de dados representa toda uma população; 5 • que este conjunto de dados representa uma amostra. a) Para calcular a variância deste conjunto de dados, considerando que ele representa toda uma população, devemos utilizar a seguinte fórmula: 10 2 σ ( xi − µ)2 ∑ , onde devemos considerar n=N. = N Devemos passar ao cálculo da média deste conjunto de dados, para então proceder ao cálculo da variância. Sendo assim, temos: µ= 15 ∑ xi ⇒ µ = 1 + 3 + 5 + 7 + 9 + 11 + 13 = 7. N 7 (média populacional) µ =7 Partindo da média, podemos agora calcular os desvios, e então partir para o cálculo da variância populacional, já que supomos que o conjunto de dados representava toda a população. Assim, temos: 20 46 µ xi - µ (xi - µ)2 7 7-1=6 62 7 7-3=4 42 7 7-5=2 22 7 7-7=0 0 7 7-9=-2 (-2)2 7 7-11=-4 (-4)2 7 7-13=-6 (-6)2 Σ� 0 112 2 σ ( xi − µ)2 ∑ = N 2 6 + 42 + 22 + ( −2)2 + ( −4)2 + ( −6)2 σ = 7 36 + 16 + 4 + 4 + 16 + 36 σ2 = = 16 7 2 σ2 = 16 . ESTATÍSTICA Assim, a variância populacional deste conjunto de dados seria igual a 16. b) Se, por outro lado, temos o mesmo conjunto de dados e supondo que ele representa apenas dados amostrais, devemos calcular a variância amostral de outra forma. Devemos partir do cálculo da média, para então calcularmos a variância. 5 Como vimos no módulo 2, a expressão para o cálculo da média aritmética em uma amostra é a mesma do cálculo da 10 média para uma população, mas utilizaremos para as amostras uma outra notação. Vejamos: x= ∑ xi ⇒ x = 7 (média amostral). n Normalmente, a média amostral aproxima-se da média populacional quanto maior o tamanho da amostra, mas não se 15 iguala a ela. Passemos, então, ao cálculo da variância amostral. Utilizaremos os mesmos passos do cálculo da variância populacional. Desta forma: s 20 2 ( xi − x )2 ∑ = n −1 x xi - x (xi - x)2 7 7-1=6 62 7 7-3=4 42 7 7-5=2 22 s 2 ( xi − x )2 ∑ = n −1 2 7 7-7=0 0 7 7-9=-2 (-2)2 7 7-11=-4 (-4)2 7 7-13=-6 (-6)2 6 + 42 + 22 + ( −2)2 + ( −4)2 + ( −6)2 s = 7 −1 36 + 16 + 4 + 4 + 16 + 36 112 s2 = = 7 −1 6 Σ� 0 112 s2 = 18, 666... 2 47 Unidade I A variância amostral deste conjunto de dados é igual a 18,666... Como a média aritmética, a variância possui algumas propriedades importantes que devemos colocar em 5 destaque e que facilitam o cálculo de alguns problemas mais complexos. 1) Somando-se ou subtraindo-se uma constante a cada elemento de um conjunto de dados, o valor da variância não se altera. 10 Por exemplo, um conjunto de dados xi = {2, 4, 6, 8}, em que n=4 e a média é igual a 5. A variância deste conjunto será dada como segue: 2 σ 2 σ 15 2 2 2 2 ( xi − µ)2 ∑ 2 (2 − 5) + (4 − 5) + (6 − 5) + (8 − 5) = ⇒σ = N 4 2 2 −3) + ( −1) + 1 + 32 9 + 1 + 1 + 9 20 ( = = =5 . = 4 4 4 Se somarmos uma constante c=4 a cada um dos elementos do conjunto de dados, temos um novo conjunto de dados yi = {6, 8, 10, 12}, em que a média será igual a 9. A variância será então: σ22 2 2 2 2 2 ( yi − µ2 ) ( 6 − 9 ) + ( 8 − 9 ) + (10 − 9 ) + (12 − 9 ) ∑ = = N 4 20 σ2 = ( −3) + ( −1) + (1) + ( 3) = 9 + 1 + 1 + 9 = 20 = 5 . 2 4 4 4 2 2 2 2 2 Sendo assim, demonstramos que σ = σ2 , ou seja, ao somarmos uma constante a cada elemento de um conjunto de dados, a variância permanece a mesma. 48 ESTATÍSTICA 2) Ao multiplicarmos uma constante c a cada elemento de um conjunto de dados, temos uma nova variância ao multiplicarmos a variância do conjunto de dados original por c2. 5 Assim, a nova variância será representada da seguinte forma: σ22 = c2 .σ12 10 3) Ao dividirmos cada elemento de um conjunto de dados por uma constante arbitrária c, obtém-se a nova variância, dividindo-se a antiga variância por c2. Assim, podemos apresentar a nova variância da seguinte forma: σ22 = σ12 c2 4) A variância de uma constante é igual a zero. 15 Existe uma fórmula alternativa e reduzida para o cálculo da variância populacional, deduzida da fórmula original, que é: σ xi2 ∑ = − µ2 s2x xi2 − ( ∑ xi )2 ∑ = 2 N Para a variância amostral também existe uma fórmula alternativa bastante utilizada e que não exige o cálculo da 20 média, e que decorre da fórmula acima: Relembrando as propriedades de variância: • ao somarmos uma constante a cada elemento de um conjunto de dados, a variância permanece a mesma; • ao multiplicarmos uma constante c a cada elemento de um conjunto de dados, temos uma nova variância ao multiplicarmos a variância do conjunto de dados original por c2; • ao dividirmos cada elemento de um conjunto de dados por uma constante arbitrária c, obtém-se a nova variância dividindo-se a antiga variância por c2; • variância de uma constante é igual a zero. n n −1 3.4 Desvio padrão Obtém-se o desvio padrão extraindo-se a raiz quadrada da variância. Assim como a variância e o desvio médio, o desvio 49 Unidade I padrão também representa uma medida de variabilidade absoluta e indica o desvio de cada um dos números xi de um dado conjunto de observações em relação à média µ. É também chamado por alguns autores de desvio da raiz média 5 quadrática. Matematicamente, o desvio padrão poderá ser representado da seguinte forma: Desvio padrão populacional: σ= 10 ∑ (xi − µ)2 N Desvio padrão amostral: s= ∑ (xi − x)2 n −1 Por exemplo, um conjunto de dados amostrais xi = {2, 4, 6}, onde n=3 e a média é igual a 4. Vamos então calcular o desvio padrão para a amostra: s= ∑ (xi− x)2 = n −1 (2 − 4 )2 + (4 − 4 )2 + (6 − 4 )2 = 3 −1 ( −2)2 + 0 + 22 8 = 4 =2 s= = 2 2 15 Este conjunto de dados irá apresentar um desvio padrão igual a 2. As propriedades da variância também são aplicáveis ao desvio padrão. Mas existem duas propriedades que serão distintas no caso do desvio padrão, devido a sua característica de raiz 20 quadrada média positiva da variância. Assim, ao multiplicarmos cada elemento de um conjunto de dados por uma constante c, o novo desvio padrão será igual ao antigo multiplicado pela constante. Temos, então: σ2 = c.σ1 50 ESTATÍSTICA Por outro lado, se dividirmos cada elemento de um conjunto de dados por uma constante c, o novo desvio padrão será igual ao anterior dividido pela constante c. Assim, temos então: 5 σ2 = σ1 c As demais propriedades da variância serão as mesmas para o desvio padrão. Em probabilidade e estatística, o desvio padrão é a medida mais comum da dispersão estatística. O desvio padrão 10 define-se como a raiz quadrada da variância. É definido desta forma de maneira a dar-nos uma medida da dispersão que: As propriedades da variância se aplicam ao desvio padrão, exceto: • quando multiplicarmos cada elemento de um conjunto de dados por uma constante c, o novo desvio padrão será igual ao antigo multiplicado pela constante; • quando dividirmos cada elemento de um conjunto de dados por uma constante c, o novo desvio padrão será igual ao anterior dividido pela constante c. • seja um número não negativo; • use as mesmas unidades de medida que os nossos dados. 15 Faz-se uma distinção entre o desvio padrão σ� (sigma) do total de uma população ou de uma variável aleatória, e o desvio padrão s de um sub-conjunto em amostra. O termo desvio padrão foi introduzido na estatística por Karl Pearson, no seu livro de 1894: Sobre a dissecção de curvas 20 de frequência assimétricas. Exemplo Sabendo-se que o número de casos atendidos em uma unidade social, durante uma semana, foi de 10, 14, 13, 15, 16, 18 e 12, pede-se calcular a amplitude, o desvio padrão (S), a 25 variância (S2) e o coeficiente de variação (cv). 51 Unidade I Solução Amplitude: R= 18 – 10 = 8 casos, ou seja, a maior variação do número de casos atendidos por 5 dia pela unidade social A é de 8. Obs.: sabemos que a média para estes dados é x = 14 casos ao dia. Desvio padrão: n ∑ (xi − x)2 i=1 s= 10 = n −1 = ( x1 − x )2 + ( x2 − x )2 + ... + ( xn − x )2 = n −1 (10 − 14 )2 + (14 − 14 )2 + (13 − 14 )2 + (15 − 14 )2 + (16 − 14 )2 + (18 − 14 )2 + (12 − 14 )2 = 7 −1 16 + 0 + 1 + 1 + 4 + 16 + 4 42 ( −4 )2 + (0)2 + ( −1)2 + (1)2 + (2)2 + (4 )2 + ( −2)2 = = = = 6 16 6 = 7 ≅ 2, 65 casos atendidos por semana. Variância: 15 S2 = (S)2=(2,65)2 ≅ 7(casos)2 Coeficiente de variação: S 2, 65 = = 0,1893 , ou seja, existe uma variabilidade x 14 de 18,93% dos dados em relação à média. cv = 52