Grupo de Psicoeducação para Transtorno Bipolar em uma

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Grupo de Psicoeducação para Transtorno Bipolar em uma Clínica Psiquiátrica:
relato de uma experiência de estágio
INTRODUÇÃO
O transtorno bipolar (TB) é uma doença mental crônica, complexa e com altos
índices de morbidade e mortalidade, sendo caracterizada por episódios de mania ou
hipomania, alternados com períodos de depressão e/ou eutimia.Na mania/hipomania
existe um humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável podendo
haver perturbações no sono, agitação psicomotora, pensamento e fala acelerada e
também distraibilidade. Na depressão, há a descrição de uma tristeza profunda
(acompanhada muitas vezes de choro), incapacidade de sentir alegria ou prazer,
lentificação ou agitação psicomotora, alteração no sono e apetite, dificuldades de
concentração e pensamentos de cunho negativo, podendo ter ideias ou tentativas de
suicídio.Estima-se que a bipolaridade pode afetar em torno de 1% da população geral.
Contudo, estudos queconsideram o espectro bipolar indicam uma prevalência de 5%.
Em geral, a manifestação dos primeiros sintomas ocorre na adolescência, mais
especificamente entre os 18 e 22 anos (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION,
2013; MENEZES; SOUZA, 2012).
Uma das intervenções que podem auxiliar o paciente com TAB é por meio da
psicoeducação (MATTAel al., 2010) . Ela pode ser vista como o estabelecimento de um
fluxo de informações de terapeuta para paciente e vice-versa. Como qualquer
intervenção terapêutica, a psicoeducação é baseada no bom senso. Seu papel educativo
aparece desde o início até o final do tratamento, sendo que a tarefa do terapeuta é educar
e familiarizar o paciente em relação aos seus problemas e a sua patologia, esclarecendoo acerca das implicações e consequências do diagnóstico estabelecido.O primeiro
objetivo é fazer do paciente um colaborador ativo, aliado dos profissionais de saúde
envolvidos e, conseqüentemente, tornar o procedimento terapêutico mais efetivo
(FIGUEIREDO; SOUZA; DELL AGLIO JR.; ARGIMON, 2009; MATTA et al., 2010).
OBJETIVO
O presente trabalho tem como objetivo descrever a experiência de um grupo de
psicoeducação com pacientes com diagnóstico de transtorno bipolar internados em uma
clínica psiquiátrica na cidade de Passo Fundo, realizado no estágio básico da Escola de
Psicologia da FaculdadeMeridional –IMED.
METODOLOGIA
Os grupos de psicoeducação para pacientes com TB têm como objetivo explicar
as formas e passos do tratamento, elucidar os sinais e sintomas do transtorno, explanar o
modelo cognitivo do transtorno, melhorar a adesão ao tratamento farmacológico,
identificar as situações ou fatores de risco, discutir e planejar estratégias para prevenção
de recaída e também discutir mitos e verdades sobre o transtorno.
Os grupos são realizados pelas estagiárias de psicologia com duração de
aproximadamente uma hora em uma sala para realização de grupos terapêuticos situada
na clínica psiquiátrica. Os pacientes com diagnóstico de TB sãoreunidos e são
abordados assuntos relevantes ao transtorno, tais como: como os sintomas, etiologia,
prevalência, prognóstico, curso e tratamento da doença. Para trabalhar sobre o assunto,
as estagiárias utilizam de matérias impressos, reportagens de revista e auxílio de quadro
e pincelpara melhor explanação e visualização dos pacientes. O grupo proporciona um
melhor entendimento da patologia e o relato de cada paciente auxilia os demais,
ocorrendo trocas, entendimentos e experiências, principalmente voltadas a como
conviver com esse diagnóstico.
Para Menezes e Souza (2011),a psicoeducação é considerada como uma das
principais estratégias para modificar aspectos negativos vivenciados pelos portadores de
TB e envolve fornecer informações aos pacientes e familiares sobre a natureza e o
tratamento da doença, provendo ensinamentos teóricos e práticos para que possam
compreender e lidar melhor com a mesma. As informações transmitidas aos pacientes e
seus familiares devem ser verdadeiras e apoiadas em evidências. Evidencias apontam
que quando ocorre uma psicoeducação a nível familiar os relacionamentos entre
pacientes e demais familiares ficam menos estressantes e a taxa de recaída e
reinternações são diminuídas. (ZANELLATO; LARANJEIRA, 2013). Além disso, tal
estratégia tem como objetivo ajudar o paciente a melhorar seu insightsobre a doença,
lidar com a estigmatização, melhorar a adesão ao tratamento, ensinar os sinais
prodrômicos precoces, promover hábitos saudáveis e a regularidade no estilo de vida e
evitar o abuso de substâncias.
A psicoeducação pode ser uma estratégia aplicada individualmente ou em grupo
(MUSSI, 2012). Um dos aspectos mais importantes da psicoeducação é a
democratização das informações que dizem respeito ao próprio indivíduo. Neste
sentido, informar as características comuns ao transtorno mental, que, entretanto é
vivenciado por cada um de uma forma particular, é fundamental para ampliar o
autoconhecimento do portador (SANTANA, 2011).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A informação sobre a patologia, seu curso e a aprendizagem e detecção de sinais
e sintomas iniciais são os objetivos principais da psicoeducação no TB. Através dos
grupospsicoeducativos, possibilita-se um espaço para esclarecimentos, informação,
educação, conscientização e troca de experiências entre o pacientes sobre o transtorno e
os tratamentos disponíveis. Este contexto de aprendizado promove uma melhor adesão
ao tratamento, previne recaídas e futuras internações, melhorando seu funcionamento
social e,consequentemente, traz uma melhor qualidade de vida para o sujeito e seus
familiares.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
AMERICAN PSYCHIATRICASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais DSM 5. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
FIGUEIREDO, Â. L., de et al . O uso da psicoeducação no tratamento do transtorno
bipolar. Rev. bras. ter. comport. cogn., São Paulo , v. 11, n. 1, p. 15-24, 2009.
MATTA, A. da; YATES, D. B. ; SILVEIRA, P. G. ; BIZARRO, L. ; TRENTINI, C.M.
Intervenções Cognitivo-Comportamentais no Transtorno de Humor Bipolar. Revista
Interamericana de Psicología/InteramericanJournalofPsychology, v.11, n.1, p. 432441, 2010.
MENEZES, S. L.; SOUZA, M. C. B. M. Implicações de um grupo de Psicoeducação no
cotidiano de portadores de Transtorno Afetivo Bipolar.Rev. Esc. Enferm.São Paulo, v.
46, n1, p. 124-131, 2012.
MENEZES, S. L.; SOUZA, M. C. B. M.. Grupo de psicoeducação no transtorno afetivo
bipolar: reflexão sobre o modo asilar e o modo psicossocial. Rev. Esc.Enferm. São
Paulo, v. 45, n4, p. 996-1001, 2011.
MUSSI, S. V.Transtorno bipolar: adesão ao tratamento e psicoeducação. 273 f.
Dissertação de (Mestrado em Análise do Comportamento) – Universidade Estadual de
Londrina, Centro de Ciências Biológicas, Londrina, 2012.
SANTANA, A. F. de O. Psicoeducação para pacientes psiquiátricos e seus
familiares. Disponível em: http://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0252.pdfAcesso
em: 10 de out. 2014
ZANELLATO, N. A; Laranjeira, R. O tratamento da dependência química e as
terapias cognitivo comportamentais: um guia para terapeutas. Porto Alegre:
Artmed,2013.568 p.
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