Requer Voto de Louvor pelo aniversário de 80 anos do cantor e

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CÂMARA DOS DEPUTADOS
REQUERIMENTO Nº
, DE 2016.
(Do Sr. Rômulo Gouveia)
Requer Voto de Louvor
pelo aniversário de 80
anos
do
cantor
e
compositor
paraibano,
João Gonçalves.
Senhor Presidente:
Requeiro a Vossa Excelência, nos
termos do art. 117, inciso XIX, § 3º do Regimento Interno da
Câmara dos Deputados, que se digne a registrar nos Anais
desta Casa e publicado nos órgãos de Comunicação do
Congresso Nacional, Voto de Louvor pelo aniversário de 80 anos
do cantor e compositor paraibano, João Gonçalves.
JUSTIFICATIVA
João Gonçalves nasceu em 29 de
maio de 1936 em Campina Grande – PB. Desde de criança
cantava e inventava parodias. Gostava de cantar qualquer estilo
e ritmo. Na fase adulta em roda de bar e tomando umas e
outras com os amigos, continuou cantando e compondo.
O campinense João Gonçalves é um
dos pioneiros do forró de duplo sentido. No início dos anos 70,
ele emplacou uma série de estrondosos sucessos nacionais,
entre os quais Severina Xique-Xique, Mata o véio, A filha de
Mané Bento (estas na voz de Genival Lacerda). Como cantor,
João estourou, em 1973, com Pescaria em Boqueirão, do
CÂMARA DOS DEPUTADOS
impagável refrão: “Ô lapa de minhoca/ Eita que minhocão/
Com uma minhoca dessas/ Se pega até tubarão”.
Ele já foi chamado “cantor do
minhocão” por causa da grande repercussão, em nível nacional,
da música “Pescaria em Boqueirão” e “rei do duplo sentido”,
uma referência às letras que compõe para os seus discos e para
os forrozeiros que cantam suas músicas.
Mas antes de ser cantor, ele era
compositor. A carreira começou em 1970, quando Joacir
Batista, Messias Holanda, Genival Lacerda e Trio Nordestino
despertaram para o grande talento do compositor. Nesta época,
um dos grandes sucessos de Genival Lacerda – “Severina
xique-xique“, letra de João Gonçalves, estourou em todo o país,
enfatizando a sua característica do duplo sentido.
Suas músicas foram gravadas por
muitos artistas, tocaram bastante no rádio, ele ganhou
dinheiro, mas não levava vida mansa. Sua carreira transcorreu
durante o período mais barra-pesada da ditadura militar. João
Gonçalves tornou-se visitante contumaz das dependências da
Polícia Federal: Ele praticamente foi proibido de trabalhar na
Paraíba, pela Polícia Federal. Foi preso duas vezes, uma em
João Pessoa, e outra em Cajazeiras.
A implicância policial era contra
Pescaria em Boqueirão. Na prisão em Cajazeiras, ele lembra que
nem ousou cantar a música. “A banda só tocou. Quem cantou a
música inteirinha foi o público”.
Mas não adiantou. O
arbitrário policial alegou que já havia avisado que ele não
poderia cantar “A minhoca” (como o forró ficou conhecido) em
território paraibano.
João não sofria apenas a prepotência
da polícia, foi também um dos compositores da época mais
perseguidos pela censura (e isto não está nos livros que
registram este período mais infeliz da nossa história): Ele
mandava 40, 30 músicas para fazer um LP com 12 faixas. O
pessoal da censura via o nome João Gonçalves e já ia cortando
as músicas. Por causa daquela que diz; o bode comendo a
cabra, a polícia tocou fogo em 3,6 mil cópias do meu disco. As
CÂMARA DOS DEPUTADOS
bandas de hoje, fosse naquele tempo nem gravavam, cujas
letras, se comparadas com as de bandas como Saia Rodada ou
Cavaleiros do forró, são inocentes trocadilhos infantis.
Embora
grave
esporadicamente,
tenha seus discos fora de catálogo, João Gonçalves continua
sendo uma lenda entre os forrozeiros e, pela temática de suas
composições, constantemente procurado pelos empresários das
bandas. Eles gravam as antigas. Catuaba com Amendoim
gravou Mariá, Severina Xique-Xique. Tem até uma música que
fez para Tom Oliveira que a Aviões do forró gravou, Locadora de
mulher, mas não é de letra pesada, é só engraçada, com o
refrão: Eu descobri uma locadora de mulher/ Lá tem mulher do
tipo que o homem quiser.
Uma carreira de 40 anos, doze
discos de vinil, quatro CD’s na praça e mais de mil músicas
gravadas sintetizam um pouco da carreira artística do
compositor e cantor, João Gonçalves – O rei do duplo sentido.
João Gonçalves, hoje, mora numa
casa modesta, no distante bairro do Cruzeiro, na periferia de
Campina Grande. Mas não se queixa. Reconhece que gastou
sem pensar quando ganhava muito dinheiro com discos, shows
e direitos autorais, mas ainda compõe. Genival Lacerda e
outros artistas de forró gravam suas músicas, mas direito
autorais recebo muito pouco. Atualmente a pirataria não deixa
cantor nenhum ganhar dinheiro.
Sala de Sessões, em
de
RÔMULO GOUVEIA
Deputado Federal
PSD/PB
de 2016.
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