ELEN DE LIMA AGUIAR MENEZES Engenheira Agrônoma pela UFRRJ, mestrado em Entomologia pela UFLA e doutorado em Fitotecnia (com concentração em Entomologia) pela UFRRJ. Pesquisadora da Embrapa Agrobiologia de 1998 a 2009, mas continua atuando em parceria nas pesquisas em agricultura orgânica. Recentemente, exerce o cargo efetivo de professora adjunta de Entomologia na UFRRJ, onde também exerce a função de Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Fitossanidade e Biotecnologia Aplicada. Diversidade no sistema de produção de hortaliças e relação com a redução de agrotóxicos Elen de Lima Aguiar-Menezes1 1 Depto. Entomologia e Fitopatologia, Instituto de Biologia, UFRRJ. BR 465, km 7, 23890-000 Seropédica – RJ, [email protected] RESUMO Nos últimos anos, especialmente após a Rio-92, a humanidade tem-se mostrado preocupada com os problemas de conservação do meio ambiente provocados por várias atividades humanas, incluindo a agropecuária. Isso tem resultado na busca de tecnologias para a implantação de sistemas agropecuários sustentáveis, a qual deve fundamentar-se nos princípios da agroecologia, apoiando-se em práticas agrícolas que promovam a agrobiodiversidade e os processos biológicos naturais e no baixo uso de insumos externos, beneficiando-se de vários serviços ecológicos, como o controle biológico natural. Em relação ao manejo de pragas, nenhuma outra prática proporciona serviços ecológicos que asseguraram a proteção de plantas contra as pragas quanto a diversidade da vegetação dos sistemas agrícolas, a qual age por meio de ações direta ou indireta contra a praga. No primeiro caso, as plantas associadas à cultura principal impõem barreiras físicas e/ou químicas que dificultam ou impedem que as pragas dessa cultura se estabeleçam sobre a mesma. A ação indireta refere-se aos benefícios que as plantas associadas à cultura principal proporcionam aos inimigos naturais autóctones das pragas dessa cultura, possibilitando a persistência e o aumento da abundância, diversidade e eficiência desses inimigos naturais nos sistemas agrícolas. Dentre esses benefícios, destacam-se alternativas de alimento (pólen e néctar, presas ou hospedeiros “alternativos”), abrigo, sítios de acasalamento e oviposição, os quais são recursos vitais para sobrevivência e reprodução desses insetos benéficos. Nesse último aspecto, vários estudos, em sua maioria conduzida nos Estados Unidos da América, Europa, Nova Zelândia e Austrália, mostram que as Apiaceae, Asteraceae, Brassicaceae, Poaceae, Fabaceae e Polygonaceae estão entre as plantas mais atrativas para os inimigos naturais, particularmente insetos predadores e parasitóides, que se beneficiam ao se alimentarem do pólen e/ ou néctar dessas espécies. Todavia, em função da riquíssima flora brasileira, com certeza temos a nossa disposição uma diversidade de espécies botânicas para Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 128 serem investigadas. Como os efeitos da diversificação vegetal não podem ser generalizados, torna-se necessário a geração de conhecimento para consolidar o manejo de pragas através da diversificação vegetal dos agroecossistemas brasileiras. nas condições Palavras-chave: manejo ambiental, manejo ecológico de pragas, controle biológico conservativo, biodiversidade funcional, agroecologia. 1. O PAPEL DA BIODIVERSIDADE NO MANEJO DE PRAGAS A diversidade, ou biodiversidade, pode ser entendida como a variação genética dentro de cada espécie de ser vivo, mas aqui consideraremos o termo como o número e a abundância relativa das diferentes espécies de seres vivos no espaço e no tempo em um sistema definido, no qual desempenham importantes funções ecológicas para a manutenção dos ecossistemas através de níveis complexos de interações biológicas entre essas espécies, como a polinização, a herbivoria, o parasitismo, a predação e a simbiose, resultando em processos de auto-regulação do fluxo de energia e ciclagem de nutrientes. Através dos tempos, o homem vem manejando os ecossistemas naturalmente diversificados para o exercício da agricultura, transformando-os nos chamados agroecossistemas, no intuito de maximizar a produção de alimentos, fibra e energia. Imbuído deste propósito, o homem retirou a vegetação natural para instalar as monoculturas, ou seja, o cultivo de uma única espécie vegetal, normalmente por um período relativamente curto (plantios anuais), resultando na perda da biodiversidade dos ecossistemas naturais, principalmente quando foi adotado o pacote tecnológico da Revolução Verde, a partir da década de 70, que caracteriza a chamada agricultura convencional ou industrial. A simplificação vegetal dos agroecossitemas, que alcançou sua máxima expressão com as monoculturas, associada às perturbações inerentes ao processo produtivo (por exemplo, uso de agrotóxicos orgânicos sintéticos, adubos minerais sintéticos, irrigação, etc.), tornam os agroecossitemas em ambientes altamente instáveis, visto que as características intrínsecas de auto-regulação das comunidades dos ecossistemas naturais, proporcionadas pela biodiversidade, são perdidas. A monocultura interrompe interações biológicas que se desenvolveram ao longo dos anos entre a fauna e a flora nos ecossistemas naturais, com a consequente remoção de diversos processos biológicos naturais, entre eles, o controle biológico. Nas monoculturas, os insetos herbívoros, por exemplo, encontram menos barreiras para encontrar a planta hospedeira (seu alimento) e, assim, exibem taxas mais alta de colonização da mesma, tempos de permanência mais longos no local onde se encontra a planta hospedeira e maior potencial reprodutivo, certamente pelo aumento da facilidade com que podem localizar seu alimento, bem como pela grande quantidade de alimento disponível, que, por sua vez, diminui a taxa relativa de mortalidade dos insetos herbívoros e a competição entre os mesmos. Contrariamente, em tais sistemas simplificados, os inimigos naturais dos insetos herbívoros não encontram as condições ideais para sobreviver e se multiplicar, reduzindo ainda mais a taxa de mortalidade dos insetos herbívoros. Neste cenário, os fitoparasitas, como os insetos e ácaros fitófagos e agentes fitopatogênicos, encontram condições ideais para se multiplicarem a ponto de causarem prejuízos econômicos, quando Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 129 então, dizemos que os fitoparasitas alcançaram o status de praga, exigindo intervenções constantes do homem para manter as populações das pragas sob controle. Portanto, o grande desafio atual da agricultura é identificar as melhores práticas de manejo dos agroecossistemas que estimulem a biodiversidade que favoreça os processos biológicos vitais para a sustentabilidade desses sistemas agrícolas através da geração de serviços ecológicos chave, tais como controle biológico, fixação biológica de nitrogênio, ciclagem de nutrientes e conservação da água e do solo. Em relação ao manejo de pragas, nenhum outro aspecto dos sistemas agrícolas proporciona serviços ecológicos fundamentais para assegurar a proteção de plantas contra as pragas quanto à diversidade da vegetação. 2. MODOS DE AÇÃO DA DIVERSIDADE VEGETAL NO MANEJO DE PRAGAS Vários estudos mostram que sistemas agrícolas diversificados podem reduzir a incidência de pragas através de dois modos: ação direta sobre a população da própria praga, ou ação indireta, devido possibilitarem o aumento da abundância e da diversidade dos inimigos naturais das pragas. Muitos exemplos desses estudos podem ser encontrados em Lands et al. (2000), Altieri el al. (2003) e Aguiar-Menezes (2004). Esses modos de ação têm sido basicamente explicados por duas hipóteses: Hipótese da concentração de recursos - Esta hipótese prevê que as populações das pragas podem ser diretamente influenciadas pela concentração ou dispersão espacial de suas plantas hospedeiras. Muitas pragas, particularmente as especializadas (com série estreita de espécies de plantas hospedeiras), têm maior probabilidade de encontrar e colonizar suas plantas hospedeiras quando presentes em plantios densos ou homogêneos, porque fornecem recursos concentrados e condições físicas uniformes, favorecendo a multiplicação da praga. Contrariamente, quanto mais baixa a concentração do recurso (planta hospedeira em plantios heterogêneos ou diversificados), mais difícil será para a praga localizar a planta hospedeira ou maior poderá ser a probabilidade de que a mesma deixe o hábitat, resultando numa menor taxa de acasalamento, oviposição e alimentação e maior taxa de emigração em sistemas diversificados do que em monoculturas. Em geral, as plantas não-hospedeiras da praga impõem barreiras físicas e/ou químicas voltadas para dificultar a localização, a reprodução e/ou a colonização da planta hospedeira pela praga. Essas barreiras podem ser por mascaramento da planta hospedeira, repelência química, inibição da alimentação ou oviposição, prevenção do movimento e/ou pela imigração das pragas. Neste aspecto, a diversidade vegetal tem uma ação desfavorável e direta sobre as pragas, reduzindo a sua incidência nos cultivos. A seguir são citados alguns estudos que demonstraram essa ação. Ryan et. al (1980) observaram que o número de ovos depositados por Delia brassicae Bohé (Diptera: Anthomyiidae) em plantas de repolho (Brassica oleraceae var. capitata) foi menor quando consorciadas com trevo branco (Trifolium repens L.) e alface (Lactuca sativa L.) do que quando cultivadas em monocultivo sob solo desnudo. Power (1987), comparando taxas de movimento da cigarrinha Dalbulus maidis (De Long & Wolcott) (Hemiptera: Cicadellidae) em monocultura de milho (Zea mays L., Poaceae) Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 130 e em consórcio com feijão (cultura não hospedeira), observou que a taxa de movimento da cigarrinha ao longo das fileiras de milho foi drasticamente reduzida e a taxa de desaparecimento dessa praga foi duas vezes mais rápida no consórcio do que na monocultura. Elmstrom et al. (1988) mensuram as diferentes taxas de emigração e imigração do besouro-pulga, Phyllotreta cruciferae Goeze (Coleoptera: Chrysomelidae), sendo que a imigração foi 1,3 vez mais rápida na monocultura de brócolis (Brassica oleraceae var. italica) do que quando essa hortaliça foi consorciada com o trevo branco, onde a taxa de emigração foi duas vezes mais rápida. Garcia & Altieri (1993), em seus estudos sobre o impacto do consórcio brócolis e leguminosas (Vicia faba L. e Vicia sativa L., Fabaceae) na comunidade de artrópodes, verificaram que, no monocultivo, a distância de vôo do besouro-pulga (Phyllotreta cruciferae) foi significativamente menor e que o tempo de permanência dessa praga sobre as plantas de brócolis foi significativamente maior, enquanto que nas parcelas de brócolis consorciado com Vicia, o tempo de permanência dessa praga foi significativamente menor e com distâncias de vôos maiores, aumentando a probabilidade da praga deixar o consórcio. Hipótese do inimigo natural - Esta hipótese prediz que a abundância e a diversidade dos inimigos naturais tendem a ser maior nos sistemas diversificados, porque oferecem maior disponibilidade de recursos vitais para a sobrevivência e a reprodução desses insetos benéficos. Isto porque os inimigos naturais, particularmente insetos predadores e parasitóides, não vivem apenas às expensas da praga, ou seja, de sua presa ou seu hospedeiro, respectivamente. Essa questão foi muito bem abordada por Lewis et al. (1998) com respeito aos parasitóides. Esses recursos vitais consistem de alimentos essenciais, abrigo, microclima adequado para a sobrevivência, locais de refúgio ou da ação dos agrotóxicos ou da ação de fatores ambientais extremos, onde, muitas vezes, servem como locais de hibernação, e locais de acasalamento e/ou oviposição que são fornecidos por plantas não-hospedeiras das pragas. Entre os alimentos essenciais estão os recursos florais: o pólen (fonte de proteína) e o néctar (fonte de carboidratos). Esses recursos florais, incluindo o néctar dos nectários extraflorais, de diferentes espécies botânicas são vitais para os adultos do parasitóide (estágio de vida não carnívoro, ou seja, são de vida livre, sendo que apenas as suas larvas são parasíticas), bem como para certos insetos predadores, como os adultos das moscas da família Syrphidae (Diptera) e dos bichos lixeiros (Neuroptera: Chrysopidae), que, igualmente os parasitóides, não são carnívoros na fase adulta. Esses recursos – pólen e néctar – podem aumentar substancialmente a longevidade e a fecundidade das fêmeas dos parasitóides e de certos predadores, bem como é vital para a maturação dos ovos de alguns parasitóides e de certos insetos predadores, como as fêmeas de Syrphidae, cujas larvas são ávidas predadoras de pulgões. Para outros insetos predadores, como as joaninhas (Coleoptera: Coccinellidae), cujas larvas e os adultos são também ávidos predadores de pulgões, além de cochonilhas e ácaros fitófagos, esses recursos podem representar um complemento na sua dieta quando se alimenta de uma presa de qualidade nutricional inferior ou na escassez de presas preferidas. Por isso, a presença desses recursos florais no sistema tende a reduzir a probabilidade de que os inimigos naturais deixem o local e/ou se tornem localmente extintos. Assim, com esses recursos vitais disponíveis, a emigração dos inimigos naturais a partir dos sistemas Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 131 agrícolas com a presença de flores pode ser minimizada. A cor e o cheiro das flores, por exemplo, também podem ser atrativos para os inimigos naturais e podem promover a imigração a partir de áreas com ausência de recursos florais (Haslett, 1989; Patt et al., 1997b). Flores de corola branca e amarela, por exemplo, têm sido consideradas como boas candidatas para atração de moscas Syrphidae, embora algumas espécies sejam mais seletivas, enquanto que outras são generalistas, visitando flores de mais diversas cores e formas. Ademais, o aumento da eficiência dos inimigos naturais como agentes de controle biológico de pragas, medida pelo aumento das taxas de parasitismo ou predação, tende a ocorrer nos sistemas agrícolas com a presença de flores devido ao efeito combinado do aumento da sobrevivência, longevidade, fecundidade, tempo de retenção e/ou imigração para as áreas com recursos florais disponíveis. Outro aspecto importante é que como essas plantas podem proporcionar uma fonte concentrada de recurso, elas necessitam tomar somente uma pequena porção da área total destinada ao cultivo comercial para ser efetiva. Assim sendo, a presença de plantas floríferas dentro dos agroecossistemas pode ser uma importante ferramenta para aumentar a conservação e a multiplicação dos parasitóides, insetos predadores e ácaros predadores. A conservação dos inimigos naturais autóctones, ou mesmo, aqueles multiplicados no laboratório e liberados no campo, é imprescindível para estabelecer o equilíbrio biológico do sistema produtivo e reduzir os custos de produção. Essas plantas assumem uma importância ainda maior quando se constata que, como resultado do pacote tecnológico da agricultura convencional, as áreas de cultivo e a paisagem agrícola tiveram sua diversidade reduzida, alcançando sua forma extrema nas áreas de monoculturas, e consequentemente as fontes de recursos naturais vitais para os inimigos naturais são frequentemente raras nessas áreas e em sua vizinhança. Plantas fornecedoras de pólen e/ou néctar aos inimigos naturais Desde a década de 60, os trabalhos de Leius mostraram que os adultos de parasitóides visitam flores da vegetação espontânea em busca de pólen e néctar (Leuis, 1960; 1967), enquanto que os trabalhos de Smith mostram a influência do pólen no desenvolvimento de insetos predadores, particularmente das joaninhas (Smith, 1960; 1961; 1965). Leius (1967) verificou que os índices de parasitismo de ovos e lagartas da mariposa Malacosama americanum (F.) (Lepidoptera: Lasiocampidae) e de larvas de Cydia pomonella (L.) (Lepidoptera: Tortricidae) foram, respectivamente, dezoito, quatro e cinco vezes mais altos em pomares de macieiras com muitas flores silvestres e densa população de plantas herbáceas do que naqueles com uma vegetação espontânea esparsa. Estudos de Smith (1960; 1961) demonstraram a influencia de várias fontes de pólen no desenvolvimento de várias espécies de insetos predadores da família Coccinellidae (Coleoptera). Por exemplo, esse autor demonstrou que o desenvolvimento do predador polífago Coleomegilla maculata (DeGeer) (Coleoptera: Coccinellidae) é mais rápido e a taxa de sobrevivência é maior, quando alimentado com uma mistura do pulgão-do-milho Rhopalosiphum maidis (Fitch) (Heteroptera: Aphididae) mais pólen de milho (Zea mays), do que quando as larvas receberam esses alimentos isoladamente (Smith, 1965). De acordo Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 132 com Hoffmann & Fordsham (1993), o pólen pode constituir até 50% da dieta alimentar de C. maculata. Baggen & Gurr (1998) avaliaram, em testes de laboratório e campo, plantas em floração de Coriandrum sativum L. (coentro, Apiaceae), Anethum graveolens L. (Apiaceae) e Vicia faba L. (Fabaceae) como fontes de pólen e néctar para Copidosoma koehleri Blanchard (Hymenoptera: Encyrtidae), parasitóide de Phthorimaea operculella (Zeller) (Lepidoptera: Gelechiidae), uma praga-chave da cultura da batatinha, visando verificar os efeitos dessas fontes sobre a fecundidade e longevidade desse parasitóide e na taxa de parasitismo das lagartas de P. operculella causada por esse parasitóide. Essas plantas contribuíram para o aumento das taxas de parasitismo da praga por C. koehleri, porém, elas também foram exploradas pela praga, que também teve a fecundidade e a longevidade aumentadas. Posteriormente, em outros testes, o parasitóide e a praga foram expostos a flores de Borago officinalis L. (Boraginaceae), Fagopyrum esculentum Moench (Polygonaceae) e Tropaeleum majus L. (Tropeolaceae). Os resultados mostraram que B. officinalis seria a melhor planta a ser usada no campo por ser uma fonte de alimento seletiva visto permitir o acesso dos parasitóide aos recursos florais, mas não da praga. Em experimentos semelhantes ao anterior, Baggen et al. (1999) constataram que entre as espécies de plantas testadas como fonte de pólen e néctar, Phacelia tanacetifolia Benth. (Hydrophyllaceae) seria uma outra fonte de alimento seletiva para C. koehleri devido beneficiar sua longevidade, mas ter um grande efeito negativo na fecundidade P. operculella. Nesse contexto, é importante salientar o estudo de Gilbert (1981) e de Patt et al. (1997a), visto que demonstram que a identificação e a seleção das plantas fornecedoras de pólen e/ou néctar para insetos predadores e parasitóides devem ser norteadas pela compreensão das interações entre os mesmos e as plantas candidatas. Esses autores destacaram a importância do conhecimento das interações entre as características estruturais das plantas, como a arquitetura floral (posição dos nectários em relação às outras partes das flores), e as características morfológicas dos insetos, como as dimensões da cabeça e do aparelho bucal. Segundo Gilbert (1981), flores de Apiaceae, como de Coriandrum sativum e Foeniculum vulgare (Miller) (erva-doce), têm corola curta, facilitando o acesso ao néctar para moscas predadoras de pulgões da família Syrphidae. Patt et al. (1997a) observaram o comportamento de forrageamento de Edovum puttleri Grissel e Pediobius foveolatus Crawford (Hymenoptera: Eulophidae), parasitóides do besouro do Colorado, Leptinotarsa decemlineata (Say) (Coleoptera: Chrysomelidae), uma praga importante da batatinha nos EUA. Os resultados mostraram que E. puttleri alimentou-se efetivamente apenas nas plantas com nectários expostos, especialmente em Pastinica sativa L. (Apiaceae), Bupleurum rotundifolia L. (Apiaceae), Euphorbia cyparissius (Euphorbiaceae) e Ruta graveolens L. (Rutaceae), enquanto que P. foveolatus alimentou-se efetivamente em E. cyparissius e Anethum graveolens, que é uma outra espécie de planta com nectários expostos, bem como naquelas espécies de plantas com nectários parcialmente escondidos pelas pétalas e estames, especialmente Coriandrum sativum. Ambas as espécies de parasitóides foram incapazes de acessar os nectários das flores do tipo taça de Lobularia maritima L. (Brassicaceae) e da Mentha spicata L. (Lamiaceae), e das flores agrupadas em capítulos das Asteraceae (Ageratum houstonianum Mill., Achillea millifolium L., Galansoga Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 133 parviflora Cav. e Matricaria chamomila L.) porque a cabeça desses insetos é mais larga do que a abertura das flores dessas espécies botânicas. Mais recentemente, Vattala et al. (2006) avaliaram a influencia da morfologia floral de sete espécies botânicas na longevidade de Microctonus hyperodae (Hymenoptera: Braconidae), parasitóide da broca do azevém, Listronotus bonariensis (Coleoptera: Curculionidae). Esses autores observaram que M. hyperodae não foi capaz de acessar o néctar das flores de quatro espécies: Trifolium pratense L. (Fabaceae), Trifolium repens, Lobularia maritima e Phacelia tanacetifolia, mas acessou o néctar das outras três espécies: Fagopyrum esculentum, Coriandrum sativum e Sinapis alba L. (Brassicaceae), todavia, apenas o néctar das duas primeiras espécies causou aumento na longevidade do parasitóide em comparação ao mel e à água. Segundo os autores, a abertura e a profundidade da corola foram determinantes no acesso do parasitóide ao néctar floral. A profundidade da corola variou de um mínimo de 0 (C. sativum) a um máximo de 11,3 ± 0,41 mm (T. pratense) e a abertura da corola variou de um máximo de 6,84 ± 0,22 mm (F. esculentum) a um mínimo de 0,19 ± 0,13 mm (T. repens), enquanto que a largura média da cabeça das fêmeas de M. hyperodae mediu 0,32 ± 0,16 mm, explicando a acessibilidade do parasitóide ao néctar das flores de C. sativum e F. esculentum. Begum et al. (2006) também chamam atenção quanto à importância da identificação de plantas que beneficiam somente os inimigos naturais. Esses autores avaliaram o efeito de algumas espécies de plantas em parâmetros biológicos de adultos do parasitóide de ovos Trichogramma carverae Oatman and Pinto (Hymenoptera: Trichogrammatidae) e de adultos e larvas de seu hospedeiro: Epiphyas postvittana (Walker) (Lepidoptera: Tortricidae), uma séria praga dos vinhedos da Austrália e Nova Zelândia. Quanto ao parasitóide, a taxa de sobrevivência dos adultos de T. carverae foi maior na presença de flores de Loburaria maritima, Fagopyrum esculentum e Borage officinalis do que de flores de Brassica juncea (L.) Czernj. (Brassicaceae) ou Coriandrum sativum, ou quando as flores foram removidas e no tratamento controle (plantas em estágio vegetativo). A fecundidade diária de T. carverae foi maior na presença de flores de L. maritima do que de F. esculentum e no tratamento com remoção das flores. Não houve aumento significativo de fecundidade nos tratamento com flores de B. juncea e B. officinalis. Em relação à praga, a longevidade de machos e fêmeas de E. postvittana foi significativamente menor quando criados em gaiolas com C. sativum e L. maritima, com ou sem flores, em comparação a dieta artificial à base de mel. Os adultos de E. postvittana sobreviveram por mais tempo na presença de flores de B. officinalis e F. esculentum, igualmente quando alimentados com a dieta artificial. O tempo de desenvolvimento das larvas de E. postvittana foi bem menor em plantas intactas de C. sativum e L. maritima do que em plantas intactas de B. juncea, B. officinalis, F. esculentum e Trifolium repens (um hospedeiro conhecido de E. postvittana). A taxa de parasitismo de ovos de E. postvittana por T. carverae foi significativamente maior nos tratamentos com flores (C. sativum, L. maritima e F. esculentum) do que nos tratamento sem flores (cobertura com vegetação natural desprovidas de flores ou solo desnudo). Diante desses resultados, os autores puderam concluir que L. maritima proporciona maiores benefícios para T. carverae e não foi usada pelos adultos e pelas larvas de E. postvittana, recomendando essa espécie de planta como uma fonte de recursos florais seletiva e mais adequada para ser usada como planta de cobertura de solo nos vinhedos. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 134 Segundo Venzon et al. (2005), na seleção de plantas a serem utilizadas para beneficiar os inimigos naturais, deve-se observar a qualidade nutricional, disponibilidade, acessibilidade e atratividade dos recursos oferecidos pela planta ao inimigo natural; bem como a utilização desses recursos por outros membros da teia alimentar presentes no ecossistema em questão. Grafton-Cardwell et al. (1999) demonstraram a importância do pólen de leguminosas na sobrevivência e fecundidade das fêmeas do ácaro predador Euseius tularensis (Congdon) (Acarina: Phytoseiidae). Foram avaliadas com fonte de pólen as seguintes espécies de leguminosas (Fabaceae): Vicia faba L. (fava), Vicia sativa L. (ervilhaca comum), Vicia villosa var. Lana (ervilhaca peluda), Pisum sativum L. var. Arvense (ervilha-do-campo), Trifolium incarnatum L. (trevo encarnado), Trifolium hirtum Allioni (trevo rosa), Trifolium repens L. (trevo branco) e Trifolium pratense L. (trevo vermelho). Excetuando-se duas espécies de Trifolium (T. hirtum e T. repens), o pólen das demais leguminosas proporcionou altas taxas de sobrevivência (54,1 e 88,0%) e de fecundidade (8,47 a 17,36 ovos/fêmea) para E. tularensis. O estudo de Johanowicz & Mitchell (2000) é um exemplo que demonstra a importância do néctar na longevidade dos parasitóides. Esses autores avaliaram os efeitos do néctar das flores de Lobularia maritima na longevidade de fêmeas do parasitóide Cotesia marginiventris (Cresson) (Hymenoptera: Braconidae) e Diadegma insulare (Cresson) (Hymenoptera: Ichneumonidae) em experimento de casa de vegetação. C. marginiventris e D. insulare sobreviveram por um período aproximadamente de 4,8 a 12,7 vezes mais longo, quando forneceram, respectivamente, mel e flores de L. maritima do que apenas água. De acordo com esses autores, flores de outras duas espécies que aumentam significativamente a longevidade e a fecundidade de D. insulare são as da Brassica kaber (L.) (mostarda silvestre) (Brassicaceae) e a de um tipo selvagem de cenoura (Daucus sp.; Apiaceae). Contudo, esses autores argumentam que a inclusão dessas duas espécies de plantas nos sistemas de produção de repolho no norte da Flórida para o controle de lagartas, como a traça das crucíferas (Plutella xylostella (L.), Lepidoptera: Plutellidae) e a lagarta-do-repolho (Trichoplusia ni (Hübner), Lepidoptera: Noctuidae), poderia ser problemática, uma vez que a mostarda silvestre é considerada pelos agricultores locais como uma planta invasora, enquanto que a cenoura selvagem pode não florescer suficientemente rápido se plantada na mesma época do repolho. Esses autores concluem que a alternativa mais promissora seria a L. maritima porque não é agressiva e desenvolve-se bem no inverno, florescendo rapidamente e por longo período e atrai grande diversidade de inimigos naturais, incluindo vespas parasíticas, moscas Syrphidae e percevejos predadores. Essa espécie de planta é incluída em muitas misturas de sementes de flores vendidas no comércio dos Estados Unidos para serem usadas Ò com a finalidade de atrair esses insetos benéficos, como, por exemplo, a Good Bug Blend (da Peaceful Valley Farm & Suplly, Grass Valley, CA). Irvin et al. (1999) constataram que flores de Coriandrum sativum e Fagopyrum esculentum aumentaram a longevidade, abundância e o parasitismo de Dolichogenidea tasmanica (Cameron) (Hymenoptera: Braconidae) em laboratório. Estudos posteriores conduzidos em condições de laboratório por Berndt & Wratten (2005) demonstraram que a longevidade e a fecundidade do parasitóide D. tasmanica são também aumentadas na presença de flores de Lobularia maritima. Fêmeas desse parasitóide com acesso a essas flores apresentaram longevidade cerca de sete vezes maior que àquelas criadas na ausência das flores. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 135 Em condições da campo, Telenga (1958) assinalou que a abundância de Aphytis proclia (Walker) (Hymenoptera: Aphelinidae), parasitóide do piolho-de-são-josé, Quadraspidiotus perniciosus Comstock (Homoptera: Diaspididae), aumentou em decorrência do emprego de Phacelia tanacetifolia como cultivo de cobertura nos pomares de macieira. Três plantios consecutivos da facélia resultaram no aumento do parasitismo de uma taxa inicial de 5% em solo descoberto para 75% quando essa planta produtora de néctar foi introduzida no sistema. A mesma espécie de planta também foi capaz de proporcionar aumento na abundância do parasitóide Aphelinus mali (Hard.) (Hymenoptera: Aphelinidae), contribuindo para o controle de pulgões, bem como da atividade do parasitóide de ovos Trichogramma spp. nos pomares de macieira. No norte da Califórnia, Altieri (1984) constatou que as densidades populacionais de determinadas pragas da couve-de-bruxela (Brassica oleraceae grupo gemmifera), como o pulgão Brevicoryne brassicae (L.) (Hemiptera: Aphididae) e o besouro-pulga Phyllotreta cruciferae Goeze (Coleoptera: Chrysomelidae), foram significativamente menores quando cultivada em associação com ervilhaca (Vicia sp.) do que na monocultura dessa brássica. Observou ainda que a couve-de-bruxela em associação com o feijão fava (Vicia faba) e a mostarda silvestre (Brassica campestris Oed.) abrigava mais espécies de inimigos naturais (seis espécies de predadores e oito espécies de parasitóides) do que a monocultura da couve-de-bruxela (três espécies de predadores e três espécies de parasitóides). Aparentemente, as flores, os nectários extraflorais, e as presas e/ou os hospedeiros alternativos presentes nas plantas associadas (ervilhaca e feijão fava) permitiram esse incremento de espécies de inimigos naturais no consórcio, que resultou no aumento da taxa de mortalidade daquelas pragas. Garcia & Altieri (1993), em seus estudos sobre o impacto do consórcio brócolis e leguminosas (Vicia faba e Vicia sativa) na comunidade de artrópodes, verificaram que a população do pulgão Brevicorine brassicae foi significativamente menor nas parcelas de brócolis com V. faba, onde a percentagem de parasitismo por Diaretiella rapae (McIntosh) (Hymenoptera: Braconidae) foi alta. Observaram também que a população de moscas predadoras de pulgões da família Syrphidae manteve-se baixa nas parcelas de monocultivo de brócolis e elevada nas parcelas com brócolis consorciado com V. sativa. Concluíram que esse aumento na população desses inimigos naturais do pulgão pode ter sido resultado da presença de nectários extraflorais dessas leguminosas. Patt et al. (1997b) avaliaram, em condições de campo, plantas com nectários florais para determinar quais poderiam beneficiar predadores do besouro desfolhador da batata do Colorado (Leptinotarsa decemlineata). Observaram que Anethum graveolens e Coriandrum sativum tinham flores compatíveis com a morfologia da cabeça da joaninha Coleomegilla maculata (DeGeer) (Coleoptera: Coccinellidae) e do bicho-lixeiro Chrysoperla carnea Stephens (Neuroptera: Chrysopidae). Observações de campo do comportamento de forrageamento desses insetos predadores comprovaram a eficácia do uso dessas plantas como fontes de néctar e pólen para esses insetos em plantio consorciado com berinjela (Solanum melongena L., Solanaceae), uma vez que resultou no aumento do número desses predadores, com consequente aumento da taxa de predação das massas de ovos de L. decemlineata. Como podemos notar, grande parte dos estudos sobre a influência dos recursos florais sobre parâmetros biológicos e eficiência de parasitóides e predadores foi conduzida nos Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 136 Estados Unidos da América, Europa, Nova Zelândia e Austrália, os quais mostram que espécies de plantas das famílias Apiaceae (= Umbeliferae), Asteraceae (= Compositae), Brassicaceae (= Cruciferae), Poaceae (= Gramineae), Fabaceae (= Leguminosae) e Polygonaceae estão entre as espécies mais atrativas para esses inimigos naturais, que se beneficiam ao se alimentarem do pólen e/ou néctar dessas espécies. Essa plantas são muito conhecidas pelo termo “beneficial insectary plants” nos países de língua inglesa (Valenzuela, 1994; Singh, 2004). Contudo, nos últimos anos, as pesquisas nessa área vêm aumentando no Brasil. Um trabalho pioneiro desenvolvido nas condições brasileiras foi o de Gravena (1992). Em um estudo conduzido em pomares de citros, esse autor observou que a cobertura do solo desses pomares com Ageratum conyzoides L. (mentrasto ou erva de são joão, Asteraceae) aumentou a população de ácaros predadores da família Phytoseiidae, reduzindo a população do ácaro fitófago Phyllocoptruta oleivora (ácaro da ferrugem) abaixo do nível de dano econômico. Silveira et al. (2003) observaram que plantas da vegetação espontâneas servem de abrigo para percevejos predadores do gênero Orius (Hemiptera: Anthocoridae), dentre essas plantas, destacaram-se picão-preto (Bidens pilosa L.), caruru (Amaranthus sp.) e apagafogo (Alternanthera ficoidea L.) como refúgio de Orius thyestes Herring e Orius perpunctatus (Reuter). Venzon et al. (2006) avaliaram o efeito do pólen de duas espécies de leguminosas (Fabaceae) usadas para adubação verde: guandu (Cajanus cajan L.) e crotalária (Crotalaria juncea L.) em comparação ao pólen de manona (Ricinus communis L.; Euphorbiaceae), com e sem adição de mel, na longevidade e na capacidade reprodutiva de Chrysoperla externa (Hagen) (Neuroptera: Chrysopidae). A longevidade dos machos e das fêmeas e o número total de ovos/fêmea do predador foram semelhantes nas dietas de pólen de guandu e de crotalária, e aumentou significativamente quando mel foi adicionado ao pólen. Fêmeas alimentadas somente com pólen de mamona ou somente com mel não ovipositaram. Os resultados sugeriram que para aumentar a efetividade desse predador, os sistemas de cultivos deveriam ser diversificados com plantas que forneçam pólen em combinação com plantas que forneçam néctar. Em estudos conduzidos por Medeiros (2007) para avaliar a ingestão de pólen pelos predadores Chrysoperla externa e Hippodamia convergens Guérin-Menéville (Coleoptera: Coccinellidae), foi observado que pólen de gramíneas (Poaceae) foi mais abundante no trato digestivo de C. externa e pólen da família Asteraceae foi mais comum em H. convergens. Oliveira (2009) observou que a dieta constituída por pólen de capim-elefante, Pennisetum purpureum (Schum) (Poaceae) foi consumida por larvas de C. externa, permitindo seu completo desenvolvimento. Em relação aos adultos, observou efeitos positivos sobre a capacidade reprodutiva quando foi adicionado mel ao pólen dessa gramínea. Resende (2008) e Resende et al. (2010), em estudo de campo, conduzidos na Baixada Fluminense, demonstraram que o consórcio entre couve (cv. Hevi-Crop) e coentro (cv. Asteca), sob manejo orgânico, mostra-se viável, baseando-se no ín-dice de equivalência de área cultivada, e que o coentro quando em floração beneficia as populações de joaninhas predadoras, au-mentando sua diversidade e abundância na área de cultivo, criando condi-ções para o controle biológico natural. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 137 Togni (2009) avaliou o consórcio entre tomateiro (Lycopersicon esculetum, Solanaceae) e coentro em comparação ao monocultivo de tomateiro nas condições do Cerrado e observou que adultos e ninfas de Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae) foram menos abundantes no consórcio, principalmente após as cinco primeiras semanas de amostragem. A presença do coentro resultou em maior abundância e diversidade de espécies de inimigos naturais, principalmente após a floração. Observou-se ainda que o coentro não interferiu na produtividade do tomateiro. Silveira et al. (2009) avaliaram, em experimento de campo, o efeito da presença de linhas de cravo-de-defunto (Tagetes erecta L.) como cultura atrativa a inimigos naturais instaladas na bordadura de campos de cebola orgânica. Como resultados, os autores observaram a manutenção de linhas de cravo-de-defunto próximas ao cultivo de cebola promoveu maior riqueza e diversidade de artrópodes, bem como maior número de entomófagos, resultando em menor presença de fitófagos nas plantas, auxiliando na regulação natural das pragas da cultura. Zaché (2009) avaliou o efeito da presença dessa mesma espécie de Tagete plantada com a mesma finalidade em cultivo orgânico de alface. O autor observou que o T. erecta é uma planta promissora para ser utilizada como atrativa em cultivo orgânico de alface, pois aumenta a diversidade, riqueza e abundância de inimigos naturais, sem aumentar os problemas com pragas. Plantas fornecedoras de presas ou hospedeiros “alternativos” para os inimigos naturais Além dos recursos florais, as plantas não-hospedeiras da praga podem prover presas ou hospedeiros “alternativos” para os predadores ou parasitóides, respectivamente, mormente quando infestadas por ácaros e/ou insetos fitófagos não-pragas da cultural principal, os quais podem funcionar como fontes alternativas de alimentos para os inimigos naturais generalistas, fazendo-os permanecer no campo nas épocas em que a população da praga está baixa ou ausente. No Vale Central da Califórnia, EUA, por exemplo, a manutenção de moitas de sorgode-alepo ou capim-sudão, Sorghum halepense (L.) (Poaceae) em vinhedos, representou uma modificação do hábitat que aumentou de modo significativo a atividade de Galendromus (=Metaseiulus) occidentalis (Nesbitt) (Acari: Phytoseiidae), um ácaro predador de ácaros fitoparasitas da videira, como o Eotetranychus willamettei (McGregor) (Acari: Tetranychidae). Observou-se que o sorgo-de-alepo abrigava uma outra espécie de ácaro fitófago que servia de presa alternativa para esse ácaro predador, mantendo-o no sistema, o que, por sua vez, também levou a população de Tetranychus pacificus McGregor (Acarina: Tetranychidae), um outro ácaro fitófago, a nível inferior ao de dano econômico (Flaherty, 1969). Um outro caso clássico diz respeito ao parasitóide de ovos Anagros epos Girault (Hymenoptera: Mymaridae), cuja capacidade de controlar a população da cigarrinha Erythroneura elegantula Osborn (Hemiptera: Cicadellidae), praga da videira na Califórnia, foi bastante aumentada nos vinhedos (Vitis vinifera L., Vitaceae) próximos de áreas com amora-preta-silvestre (Rubus sp., Rosaceae) como parte da vegetação nativa no Vale Central da Califórnia, EUA (Doutt & Nakata, 1973; Flint, & van den Bosh, 1981; Murphy et al. 1998) Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 138 . Embora a amora-preta-silvestre tenha sido considerada uma planta espontânea indesejável devido seu crescimento rápido e agressivo, além da presença de espinhos, desde 1961, os viticultores dessa região reconheceram os aspectos benéficos da amora-preta. A. epos é um microhimenóptero não hibernante e sobrevive ao inverno multiplicando-se em ovos de uma outra cigarrinha (hospedeiro “alternativo”): Dikrella californica (Lawson) (Hemiptera: Cicadellidae), a qual se hospeda nas folhas da amora-preta-silvestre. Isso ocorre porque nessa época, os vinhedos perdem suas folhas e E. elegantula move-se para as margens do vinhedo e hibernam na forma adulta (torna-se inativa). Dessa forma, após sobreviver ao inverno à custa do hospedeiro alternativo, os adultos de A. epos migram para os vinhedos na primavera (Figura 1), propiciando o controle de E. elegantula, ao contrário do que ocorre com os vinhedos afastados das áreas com as amoreiras silvestres. Lixa (2008) observou que o endro (Anethum graveolens) propicia aumento significativo na abundância de joaninhas predadoras (Coleoptera: Coccinellidae) comparativamente ao coentro (Coriandrum sativum) e à erva-doce (Foeniculum vulgare). Essas apiáceas aumentaram a abundância dos coccinelídeos Cycloneda sanguinea, Hippodamia convergens e Eriopis connexa no campo, servindo como sítios de sobrevivência e reprodução para os mesmos, fornecendo ainda recursos alimentares, como pólen (Figura 2) e presa (Figura 3), local de abrigo para larvas, pupas e adultos, além de servirem de substrato de acasalamento e oviposição. O potencial dessa espécies botânicas como planta atrativas de inimigos naturais foi abordado por Aguiar-Menezes et al. (2008). Figura 1. Ciclo de vida de Anagros epos (Hymenoptera: Mymaridae) nos vinhedos e arbustos de amorapreta (“blackberry brambles”) no Vale Central da Califórnia (adaptado de Flint & van den Bosh, 1981). Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 139 Portanto, se diversidade da vegetação integra plantas que forneçam recursos vitais para os inimigos naturais, proporcionando a sobrevivência e a multiplicação dos mesmos no agroecossistema, podemos dizer que essa diversidade tem uma ação desfavorável e indireta sobre as pragas. Esse tipo de manejo também é conhecido como controle biológico conservativo. Figura 2. Adulto da joaninha Cycloneda sanguinea alimentando-se de pólen das flores de erva-doce. Figura 3. Adulto da joaninha Cycloneda sanguinea alimentando-se de pulgão do coentro. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 140 Na Tabela 1 são apresentados mais alguns exemplos encontrados na literatura a respeito do efeito positivo da planta associada (ou “companheira”) à uma cultura principal (de valor econômico) na redução da densidade populacional de pragas, especialmente insetos e ácaros fitófagos, através da provisão de vários recursos vitais aos inimigos naturais dessas pragas que favorecem a sobrevivência e/ou a reprodução desses organismos benéficos. O uso de inseticidas seletivos em relação aos inimigos naturais (isto é, atóxicos ou menos tóxicos a esses seres benéficos) e a própria aplicação seletiva dos inseticidas (por exemplo, aplicar inseticida granulado no solo) devem ser considerados também como uma forma de controle biológico conservativo. Todavia, essas práticas apenas protegem os inimigos naturais da ação tóxica dos inseticidas, sem favorecer sua multiplicação. Ademais, tem-se a dependência econômica que esses insumos externos podem trazer para os produtores rurais, afetando a sustentabilidade dos sistemas de produção. Como o agravamento de muitos problemas com pragas está cada vez mais relacionado à expansão das monoculturas às custa da perda da vegetação natural, a estratégia-chave, portanto, é reincorporar a diversidade vegetal nos agroecossistemas, tanto na área de cultivo como ao nível de paisagem agrícola, e manejá-la de forma mais efetiva para promover os processos biológicos naturais, principalmente o controle biológico. A diversificação da vegetação nos agroecossistemas pode ser realizada tanto no tempo como no espaço. É possível adotar várias práticas agrícolas, como os consórcios entre uma ou mais culturas agrícolas, ou entre uma cultura e outras espécies de plantas companheiras Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 141 (por exemplo, os adubos verdes que não são consideradas culturas agrícolas), bem como o uso de plantas de cobertura do solo. O consórcio de culturas é uma prática agrícola bastante comum no cultivo de hortaliças em pequenas unidades de produção de regiões tropicais, sobretudo aquelas de base familiar. O aumento da produção por unidade de área cultivada é uma das principais razões para o emprego de consórcios de culturas. Contudo, há determinados consórcios nos quais a riqueza das interações entre a flora e a fauna representa serviços ecológicos de acentuada importância, dentre eles a redução do nível de danos ocasionados por insetos-pragas, através do desfavorecimento à colonização da cultura agrícola pela praga, ou de estímulos aos inimigos naturais. Outra prática possível no cultivo de hortaliças é a manutenção de plantas espontâneas, compondo “ilhas de mato” ou fazendo capina seletiva. Na agricultura convencional, essas plantas são denominadas ervas daninhas ou invasoras. Apesar de ser inquestionável que a vegetação espontânea estressa as culturas através dos processos de interferência e competição, daí advindo sua denominação de “erva daninha”, a presença das mesmas em campos cultivados não pode ser pré-julgada como danosa e, por vezes, não requer controle imediato. Um dos maiores desafios do manejo das plantas espontâneas (ou do mato) é evitar o período crítico de competição, que corresponde ao período máximo em que a vegetação espontânea pode ser tolerada no sistema de cultivo sem afetar a produção. Nesse contexto, na produção orgânica, a prática consiste na convivência com as plantas espontâneas, em vez de eliminá-las totalmente, visto que muitas espécies da vegetação espontânea são importantes como fontes de recursos alimentares – pólen, néctar, presa/hospedeiros alternativos – ou abrigo para agentes de controle biológico. Portanto, devem-se manter ilhas de vegetação espontâneas e/ou praticar a capina seletiva (Figura 4), eliminando as plantas espontâneas que sejam realmente problemáticas e mantendo as que, não apresentando alto potencial de competição com as plantas cultivadas, sabidamente favorecem os inimigos naturais. a b Figura 4. Vista parcial da Fazendinha Agroecológica Km 47 (Seropédica, RJ), mostrando um canteiro de repolho onde foram preservadas ervas espontâneas, tal como a serralha (Sonchus oleraceus, Compositae) (a), cujos botões florais são intensamente infestadas por pulgões (b), que servem de hospedeiro alternativo para insetos predadores, como as joaninhas. Na foto, é destacada a presença de adulto de Cycloneda sanguinea (Coleoptera: Coccinellidae), um importante predador dos pulgões da couve. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 142 CONCLUSÃO Na busca por sistemas agrícolas sustentáveis, de baixo uso de insumos e energeticamente eficientes, uma estratégia chave é restaurar a diversidade da vegetação na paisagem agrícola dentro e no entorno da propriedade rural. Dentre os serviços ecológicos proporcionados pela diversidade da vegetação está a redução do nível de danos ocasionados pelas pragas, através de ações diretas sobre as pragas, como a repelência e o mascaramento das plantas hospedeiras da praga, ou por meio de ações indiretas, como os estímulos à persistência e ao aumento da abundância e diversidade dos inimigos naturais das pragas. Todavia, como os efeitos da diversificação vegetal não podem ser generalizados, torna-se necessário a geração de conhecimento para consolidar o manejo de pragas através da diversificação vegetal dos agroecossistemas brasileiros. REFERÊNCIAS AGUIAR-MENEZES EL. 2004. Diversidade vegetal: uma estratégia para o manejo de pragas em sistemas sustentáveis de produção agrícola. Seropédica: Embrapa Agrobiologia. 68p. (Embrapa Agrobiologia. Documentos, 177). AGUIAR-MENEZES EL; LIXA AT; RESENDE ALS. 2008. Joaninhas predadoras, as aliadas do produtor no combate às pragas. A Lavoura 111: 38-41. ALTIERI MA. 1984. Patterns of insect diversity in monocultures and polycultures of brussel sprout. Protection Ecology 6: 227-232. ALTIERI MA; SILVA EN; NICHOLLS CI. 2003. O papel da biodiversidade no manejo de pragas. Ribeirão Preto: Holos. 226p. BAGGEN LR; GURR GM. 1998. 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