PEDAGOGIA DAS CORES: UM OLHAR DA ESCOLA COMO ESPAÇO LÚDICO DE APRENDIZAGEM NOTAS INTRODUTÓRIAS* Jaqueline da Silva de Jesus¹; Marcelo Máximo Purificação (Orientador)¹ 1. Graduanda em Pedagogia - UNIFIMES 2. Professor dos Cursos de Pedagogia e Psicologia - UNIFIMES RESUMO As cores interagem em nosso cotidiano mesmo sem nossa permissão, o marketing, a mídia, o comércio, políticos e até lideres religiosos já entenderam que as cores estimulam o individuo a comprar sem precisar, comer sem ter fome, acreditar no descrédito e assim por diante, somente a escola não entendeu a importância de usar as cores a seu favor para estimular os sentidos no aprendizado, criação e comportamento do educando. O presente projeto de pesquisa, tem por objetivo apresentar a pedagogia das cores como uma possibilidade de aprendizagem significativa para o aluno da educação infantil e ensino fundamental I, por meio do viés lúdico identificando a importância da cor como ferramenta da comunicação, marketing, ensino/aprendizagem e desenvolvimento. Usar-se-á como método a pesquisa bibliográfica a partir de releituras sobre a temática e a observação. O aparato teórico que dará suporte a este trabalho passa por: Gandini (1999); Pauli (2004); PCNS (1997); LDB (1996); Vygotsky (1999), Gauthier (1998). Palavras-chave: Pedagogia das cores, criança, escola, aprendizagem e, desenvolvimento. .INTRODUÇÃO Segundo Paulo Freire um dos sentidos mais exatos da alfabetização é aprender a escrever sua vida, como autor e testemunho de sua própria história, isto é, biografar-se, existenciar-se, historiciar-se. Alfabetizar é conscientizar. A partir do momento em que ele (indivíduo, criança, o ser em si) toma consciência, ele começa a descodificar-se e o que antes era fechamento, agora vai se abrindo, a consciência passa a escutar os apelos que a convocam sempre mais além de seus limites: faz-se críticas construindo seu mundo. O alfabetizando, ao começar a escrever livremente não copia palavras, mas expressa juízo. Contudo, se o marketing e a mídia em geral utilizam as cores para alcançar objetivo: vendas/lucros, a escola ainda permanece em preto e branco utilizando-se do tradicional sem olhara para os lados, acreditando que a única salvação para uma boa educação é a tecnologia dentro da sala de aula, isso é um engano, não precisamos gastar mundos e fundos para ter um ambiente produtivo. Basta olhar ao redor e interagir com o meio. A sala de aula deve ter cores que estimulem o aprendizado como o (amarelo), cores que estimulem a integração do grupo e a socialização como o (laranja), cores que não precisam de excesso, podem ser apenas em um simples detalhe. O cérebro capta a cor, estimula o organismo e esse processa a favor da proposta oferecida. O mundo aqui fora é colorido e estimulante, por que a escola não pode ser colorida? MÉTODO Aplica-se como metodologia a visão e levantamento bibliográfico a respeito de psicologia, publicidade e propaganda, comunicação e marketing, influência das cores em todos os aspectos no dia a dia do ser humano em si, assim focados e selecionados para fundamentar corretamente o conteúdo desejado. A metodologia para a realização deste estudo é simples e objetiva, buscando esclarecimentos e foco. A segunda parte da metodologia é a compilação de dados relevantes também ligados a outras áreas, tais já citadas. O resultado final traz uma reunião de informações prontas e relevantes para a construção do trabalho e esclarecimento final. A pesquisa qualitativa responde a questoes muito particulares . Ela se preocupa, nas ciencias sociais, com o nivel de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspiraçoes, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relaçoes, dos processos e dos fenomenos que não podem ser reduzidos a operacionalização de variáveis. (MINAYIO,1993,p. 21-22). Quanto a abordagem do problema, para Pereira (2007) ela é exploratória, em que seu objetivo é proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Na maioria dos casos, estas pesquisas envolvem: levantamento bibliografico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão. Quanto ao método Pereira (2007) a classifica como sendo uma pesquisa bibliográfica. Ocorre quando realizada a partir de material científico já publicado, constituído principalmente de teses dissertações, livros, artigos de periódicos científicos e anais de congressos científicos, material eletrônico. RESULTADOS E DISCUSSÃO As cores são facilitadores no processo de assimilação dos ensinamentos na educação e desenvolvimento dos filhos (aluno), a criança em si. Entretanto, é preciso que pais, cuidadores e professores estejam preparados para utilizar essa importante ferramenta de aprendizagem e desenvolvimento. Não basta encher a casa, a escola ou o espaço físico em que a criança se encontra de figuras coloridas e não estimular essa criança. É de fundamental importância que pais, cuidadores e professores associem a cor ao objeto. Com uma dose de criatividade o professor pode criar situações interesantíssimas através das cores, objetos e suas formas distintas, que por sua vez podem ser o atrativo que faltava para a criança se sentir estimulada e por consequência se desenvolver. Essas cores também influenciam no cuidado pessoal, no caso, higiene pessoal, a utilização de escovas de dente ou esponja de banho colorida motivam indiretamente a criança a manter-se limpa. As cores, o espaço físico e as possibilidades de desenvolvimento da criança; O espaço físico criado para a criança deverá estar organizado de acordo com a faixa etária da criança, propondo desafios cognitivos e motores que farão avançar no desenvolvimento de suas potencialidades. O espaço dever estar povoado de objetos (brinquedos) bem coloridos que retratem a cultura e o meio social em que criança está inserida. Gandini (1999, p 150) diz que: “ o espaço reflete a cultura das pessoas que nele vivem de muitas formas, e em um exame cuidadoso revela até mesmo as camadas distintas dessa influência cultural. Contudo, podemos observar que as cores se inter-relacionam com nossas vidas, elas estão articuladas paralelamente ao meio em que vivemos, querendo ou não elas fazem parte de nosso cotidiano. As cores se emergem na arte, nos objetos, nas casas, nas fachadas, e todo o ambiente dica colorido. Busca-se torna-lo agradável, belo, aconchegante, dinâmico, didático. Em nosso cotidiano, quase que imperceptivelmente as pessoas se referem às cores definindo as coisas por meio delas. Segundo Pauli (2004), as são vistas como se fizessem parte da aparência dos objetos, brinquedos e outros, criando uma associação entre ambos: a cor das nuvens, a cor da fachada de um comércio, uma casa, a cor de um vestido, a cor de um carro. A associação das cores na vida das pessoas e os aspectos culturais; Um estudo elaborado por Ferreira, Melo, Carvalho e Leite (2000) demonstra a associação das cores a diversas situações da vida das pessoas. Com base nessa propriedade, faz-se uso de cores para indicar condições diversas: perigo, atenção, qualidade de alimentos, acidez, e alcalinidade em experimentos químicos e outras. Essas associações, segundo o estudo, dependem de diversos aspectos: geográficos, culturais, idade. No que diz respeito aos fatores geográficos essas associações preferenciais podem facilmente ser identificadas na preferência por certas cores. Segundo Jackson (1994) as pessoas de lugares tropicais gostam mais de cores saturadas e com brilho: já os moradores de regiões mais temperadas possuem uma tendência para cores sombrias. Isso se deve, possivelmente ao fato de serem essas as cores que estão mais acostumadas a ver no seu habitat natural. Um exemplo de que a associação é dependente de aspectos culturais é a cor branca. No ocidente ela é associada à pureza e à alegria, sendo muito usada por noivos no dia do casamento. No oriente, é a cor da morte e da dor, sendo um vermelho a cor convencional para o vestido de noiva. O parâmetro idade também deve ser considerado. No caso de crianças pequenas é bem perceptível. Apesar de muitos pais, cuidadores estimularem o uso das cores pastéis, as crianças em geral são atraídas por cores vivas, principalmente quando se trata de brinquedos. Hoje, os adolescentes muitas vezes rejeitam o uso de cores e optam por preto (Ferreira, Melo, Carvalho e Leite, 2000), provavelmente como uma forma de chocar, de protestar ou de associar-se a grupos específicos. À medida que envelhecem, muitas pessoas passam a preferir cores mais neutras. Aqui o fator cultural provavelmente também seja responsável por essa mudança: convencionou-se que idoso fica melhor em cores neutras, mas há carência de pesquisas na área. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pensar pedagogicamente é estar com a mente funcionando constantemente na busca de novas soluções para facilitar o aprendizado. “Só a Educação tem a chave para abrir a porta da ignorância e desigualdade que assola nosso país, ela tira as travas do conservadorismo, deixando que o homem veja o pontinho de luz do conhecimento e trilhe seu caminho andando em sua direção. Somente com a abertura dessa porta a criança de hoje será o adulto cidadão de amanhã.” (GELLES). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9394. República Federativa do Brasil, 20 de dezembro de 1996. Ferreira, S. B. L., Melo, R. N., Carvalho, S. E. R., & Leite, J. C. S. P. (2000). Requisitos não funcionais para interfaces com o usuário – O uso das cores. Recuperado: 20 set. 2004. Disponível: htp//www.nt.pucrio.br. GANDINI, Lella. Espaços Educacionais e de Envolvimento Pessoal. In: EDWARDS, Carolyn; GANDINI, Lella; FORMAN, George. As cem linguagens da criança: a abordagem de Réggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre: Artes Médicas Sul Ltda.,1999. GAUTHIER, Clermont (et al.). Por uma teoria da pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o saber docente. Trad. Francisco Pereira. Ijuí: Ed. Unijuí, 1998. Jackson, R. M. (1994). A Computer Generated color: Guide to presentation and display. New York: John Wiley & Sons. MINAYO, M.C.de S. (org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Rio de Janeiro: Vozes, 1993. p 21-22. Pauli, E. (2004). Teoria e estética das cores. htp//ww.cfh.ufsc.br/~simpozio/megaestetica/e-cores. Recuperado: 10 out. 2004. Disponível: PEREIRA, José Matias. Manual de Metodologia da Pesquisa Científica. São Paulo: Atlas, 2007. VIGOTSKY, L. S. Psicologia da Arte. Trad. Paulo Bezerra. SP: Martins Fontes, 1999.