1_O Nervo Trigemio - Atlas de Técnicas de Bloqueios

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Trigêmio
LUIZ MARCIANO CANGIANI
Figura 1.1: Nervos Cranianos - O Nervo Trigêmeo
Anatomia
O trigêmeo é o nervo craniano mais calibroso (Fig. 1.1). Tem origem aparente na superfície
central da ponte, próximo de sua borda superior, por uma raiz sensitiva maior e uma raiz
motora menor, sendo que esta última localiza-se medial e anteriormente àquela. As fibras de
raiz sensitiva se originam das células do gânglio trigeminal também chamado de seminular ou
de Gasser. O gânglio trigeminal ocupa o recesso (cavo trigeminal) da dura-máter que cobre a
impressão trigeminal próximo ao ápice da parte petrosa do osso temporal. Ele está situado
Intracranialmente na fossa cerebral média. As fibras da raiz motora provém do núcleo motor do
nervo trigêmeo. O trigêmeo é o nervo sensitivo da face, da maior parte do couro cabeludo, dos
dentes, das cavidades oral, nasal e orbitaria. É também, o nervo motor dos músculos da
mastigação.
A grande raiz sensitiva do nervo trigêmeo após formar o gânglio trigeminal, divide-se em três
ramos principais: Nervo Oftálmico, Maxilar e Mandibular (Fig. 1.2).
O Nervo Oftálmico é exclusivamente sensitivo e o menor ramo do trigêmeo. Corre pela
parede lateral do seio cavernoso até a fissura orbital superior. Pouco antes de penetrar na
órbita, divide-se em três nervos:
frontal, nasociliar e lacrimal
O nervo frontal é o maior ramo do nervo oftálmico. Depois de atravessar a fissura orbitaria
superior, divide-se num pequeno ramo interno, o nervo supra+roclear e num grande ramo
externo: o nervo supraorbitário. O Nervo supra+roclear emerge da órbita entre a tróclea e o
forame supraorbitário dando inervaçõo à conjuntiva, pele da pálpebra superior e parte inferior
da fronte, próximo ao plano mediano. O nervo supraorbi+ário emerge da cavidade orbitaria,
passando através do forame supraorbitário,
l - Nervo Oftálmico
1 - Nervo Trigêmio
2 - Gânglio de Gasser
3 - Nervo Mandibular
4 - Nervo Maxilar
5 - Nervo Oftálmico
6 - Nervo Frontal
7 - Nervo Supraorbitário
8 - Nervo Lacrimal
II • Nervo Maxilar
III
9 - Nervo Supraorbitário
17
10-Nervo Supratroclear
18
11 - Ramo Lateral do N. Supraorbitário
12 - Ramo Mediai do N. Supraorbitário
13-Nasociliar
21
14-N.Zigomático
22
15-N.
16
25
19
20
Infraorbitário
Gânglio
Pterigopalatino
23
24
- Nervo Mandibular
- Ramos Nasais Posteriores
- Ramos Alveolares do N. Maxilar
- N. Nasopalatino
- N. Palatino Anterior
- N.Bucal
- N. Mentoniano
- N.Auriculotemporal
- N. Lingual
- N. Alveolar Inferior
fornecendo nesse trajeto inervaçõo para a pálpebra superior e sua conjuntiva. Sobe, a seguir,
junto com a artéria e veias supraorbitais, dividindo-se em um ramo medial e outro lateral, que
inervam a pele da fronte e da parte anterior do couro cabeludo, mucosa do septo frontal e
pericrânio, O nervo infra+roclear ao deixar a órbita, passa por baixo da tróclea e fornece ramos,
à pele das pálpebras e da parte lateral do nariz acima do ângulo medial do olho, à conjuntiva,
saco lacrimal e à carúncula lacrimal.
O nervo nasociliar de
tamanho intermediário entre o frontal e o lacrimal, após passar a fenda orbitaria superior cruza
o nervo óptico buscando a parede
medial da órbita e divide-se nos ramos etmoidal superior, etmoidal anterior, infratroclear e
ciliares longos. O nervo nasociliar é sensitivo e inerva a cavidade nasal anterior, parte dos
seios nasais e dos olhos. O nervo etmoidal posterior penetra no forame etmoidal posterior para
dar inervaçõo aos seios esfenoidal e etmoidal. Este nervo encontra-se na parede interna da
órbita, antes de penetrar no forame etmoidal posterior. O nervo etmoidal anterior também está
situado na parede interna da órbita, passa através do forame etmoidal anterior, penetra na
cavidade craniana e, após passar sobre a
superfície da lamina cribiforme do osso etmóide, desce para a cavidade nasal, situando-se em
um sulco da superfície interna do osso nasal. Fornece dois ramos nasais internos: um ramo
medial para a mucosa da parte anterior do septo nasal e um ramo lateral para a parte anterior
da parede lateral da cavidade nasal, que emerge, finalmente, com o nome de nervo nasal
externo, a nível da borda inferior do osso nasal, indo inervar a pele da parte da asa e vestíbulo
do nariz.
Os nervos ciliares longos separam-se do nasociliar, quando este cruza ao nervo óptico. Eles
acompanham os nervos ciliares curtos do gânglio ciliar e inervam o corpo ciliar, íris e córnea.
Eles contém, normalmente, fibras simpáticas para dilatar a pupila.
O nervo lacrimal é o menor deles e após passar a fissura orbital superior, recebe um ramo
do nervo zigomático temporal que é ramo do nervo maxilar, que se acredita conter fibras
secretoras para a glândula lacrimal. Ele inerva a glândula lacrimal e conjuntiva, perfura o septo
orbital e termina na pele da pálpebra superior, lateralmente.
O Nervo Maxilar é exclusivamente sensitivo. Passa pelo forame redondo maior do osso
esfenóide e penetra na fossa pterigomaxilar, dividindo-se nos seguintes ramos:
O nervo zigomático que entra na órbita pela fissura orbitaria inferior, dirigindo-se para
diante pela parede lateral da órbita até perfurar o osso zigomático e prover inervação para a
região anterior da têmpora e o canto externo do olho. O nervo maxilar emite ramos
comunicantes para o gânglio esfenopalatino situado logo abaixo dele, de onde saem os ramos
nasais posteriores que penetram na fossa nasal suprindo sua mucosa na porção pósteroinferior. Um desses ramos, o nervo nasopalatino, caminha anteriormente, abaixo do septo
nasal e através do forame incisivo emite filamentos para a parte anterior do palato duro.
Figura 1.3: Área de inervação do: (1) nervo oftálmico;
(2) nervo maxilar e; (3) nervo mandibular. Vista de perfil
Os nervos palatinos anterior, médio e posterior que descem pelo conduto palatino
posterior, distribuindo-se pelo palato duro, palato mole e amígdalas palatinas.
Figura 1.5:
Nervos
Supraorbitários, Supratroclear, Infraorbitário e Mentoniano.
Figura 1.4: Área de inervação do; (1) nervo oftálmico;
(2) nervo maxilar e; (3) nervo mandibular. Vista de frente.
O nervo alveolar póstero-superíor que juntamente com os nervos alveolares médio e ônterosuperiores (ramo do nervo infraorbitàrio) formam o plexo dentário superior, suprindo o seio
maxilar, bochechas, dentes e gengivas...
O nervo infraorbitàrio, continuação direta do nervo maxilar que ganha a órbita pela fissura
orbitaria inferior, seguindo anteriormente no seu assoalho (de onde emite os nervos
alveolares), até sair pelo forame infraorbitàrio, dividindo-se nos ramos palpebral, nasal e labial
que se distribuem desde a pálpebra inferior até o lábio superior, incluindo a asa do nariz.
O Nervo Mandibular é um nervo misto, que sai do crânio através do forame oval e chega à
fossa infratemporal, dando seus primeiros ramos motores. A esta altura, divide-se em ramos
sensitivos, sendo o primeiro, o nervo bucal e a seguir os nervos auriculotemporal, lingual e
alveolar inferior.
As figuras 1,3 e 1.4 mostram as áreas de sensibilidade a nível cutâneo conferidas
pêlos nervos oftálmico, maxilar e mandibular.
No bloqueio dos ramos do trigêmeo existe sempre um ponto de referência óssea e,
em alguns casos, o ponto de referência de um nervo pode servir de referência para
localização de outro ponto, como na figura 1,5.
Conhecendo-se a anatomia do trigêmeo e suas ramificações pode-se bloqueá-lo em
vários níveis ou segmentos. No entanto, tem especial importância para o
anestesiologista, o bloqueio dos nervos supraorbitário, supratroclear, nasociliar,
infraorbitàrio, mentoniano, maxilar, auriculotemporal e aqueles que inervam os olhos e
seus anexos,
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