A Alimentação na Idade Média Problematização O que as diferenças entre a dieta dos nobres, cleros e servos pode nos revelar? Como a alimentação pode ser utilizada para o entendimento das diferenças sociais? O ritual da alimentação pode ser um teatralização das relações de poder? As Invasões Bárbaras As invasões bárbaras marcaram: o fim do império romano Início da Idade Média Feudalização da Europa Ocorreu a regressão da economia e da vida cotidiana ao estágio de mundo rural, com a substituição do comércio de longas rotas por produções de base local Os Servos O s c a m p o n e s e s e r a m r e s p o n s á v e i s p o r praticamente toda a sobrevivência no período O consumo de ervas, raízes e também de frutas silvestres (quando disponíveis) A dieta era complementada com produtos que eram coletados nas florestas próximas aos feudos O consumo de pães não era comum se acreditava Pois os servos pagavam a banalidade, taxa cobrada para a utilização dos fornos e moinhos O Feudo O estabelecimento dos feudos e das vilas campesinas privilegiava a proximidade de rios e lagos O que lhes permitiam a pesca e o acesso à água para a sobrevivência Os feudos eram divididos em mansos, que demarcar as áreas de atuação e convívio Manso senhorial: onde se estabelecia o castelo dos senhores Manso servil: que acomodava as terras e casas dos camponeses Manso de reserva: área de caça, pesca e coleta. A Produção de Alimentos Os servos criavam animais em pequena escala, como: porcos, as ovelhas, os bodes e galinhas e patos Cultivavam hortas, plantando cebolas, cenouras, alhos, ervas aromáticas e nabos A produtividade era baixa devido às técnicas rudimentares e escassez de equipamentos Iletrados, desconheciam técnicas agro-pastoris utilizadas pelos gregos e os romanos A Escassez Alimentar Durante o inverno ocorria o aumento de doenças em virtude da escassez de vegetais Esses alimentos praticamente desapareciam das empobrecidas refeições dos servos. A caça nem sempre era permitida pelos senhores e A Igreja restringia o consumo de carnes vermelhas Que eram substituídas por peixes, queijos, frutas secas, ovos e a gordura por azeite de oliva O peixe era considerado menos nutritivo que a carne vermelha. O Caldo O único utensílio de cozinha dos servos era um caldeirão, Que ficava suspenso sobre uma fogueira Nele eram depositados vários alimentos que eram cozidos de uma só vez Para não se misturassem eram colocados em saquinhos ou invólucros cerâmico Produziam duas refeições por dia: A primeira eram os alimentos cozidos, servidos como almoço, entre as 10 e as 11 horas da manhã A outra era o caldo/guisado/sopa desse cozimento, servido no final do dia entre 5 e 6 da tarde O Caldeirão Os caldeirões não eram higienizados e isso ocasionava o acumulo de sobras em seu interior Os resíduos davam o sabor, o tempero ou condimento para as refeições posteriores Além de quebrar o sal das carnes e peixes, condimentando os alimentos, já que o sal era raro e caro Mas gerava a contaminação por bactérias e fungos, causando problemas intestinais e estomacais Os Senhores As cozinhas possuíam muitos utensílios como caldeirões, panelas, colheres, facas, espetos Além de fornos, grelhas e fogões a lenha Os serviçais tinham garantia de benefícios como uma alimentação diversificada e farta No cotidiano os senhores tinham uma alimentação frugal, em mesas simples com familiares Dependendo da importância dos hóspedes a qualidade dos alimentos, serviços e entretenimento eram melhores ou piores O Banquete Com a chegavam visitantes ilustres as refeições transformavam-se em banquete: mesa farta, muitos serviçais, música, dança, malabarismos, mágica... O cardápio incluía aves, peixes, carnes vermelhas, cereais, frutas, legumes, cervejas e vinhos Os banquetes tinham a intenção de demonstrar o poder e a influência dos senhores A Vida dos Religiosos Era marcada pela fartura Recebiam grandes e freqüentes doações dos servos e dos senhores Os religiosos plantavam verduras, legumes, cereais e criavam suínos, ovinos, caprinos, bovinos e aves Letrados, herdaram as tradições culinárias grecoromanas A dieta dos clérigos era farta, diversificada e até refinada: Faisão a moda de Alcântara (Espanha): desossado na parte dianteira, recheado de foie gras e trufas cozidas no vinho. A Produção dos Clérigos As áreas controladas pelo Clero eram desenvolvidas e produtivas como autênticas empresas agrícolas Produziam queijos, vinhos, cervejas, cidras... Queijos importantes foram criados nas abadias e em mosteiros medievais, como o Cluny, o Citeaux, o Igny, o Rochefort e o Maroilles O consumo de vinho, herança dos romanos, foi ritualizada pelo cristianismo: o sangue de Cristo Era diluído em água, reduzindo seu efeito, Além adição de ervas, frutas, sementes, especiarias , cascas e resinas de árvores para dar aroma e paladar. Referências BOLAFFI, Gabriel. A saga da comida. Rio de Janeiro: Record, 2000. FERNANDEZ-ARMESTO, F. Comida – uma história. Rio de Janeiro: Record, 2004. FLANDRIN, Jean-Louis e MONTANARI, Massimo. História da Alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. FRANCO, Ariovaldo. De caçador a gourmet: uma história da gastronomia. 2ª ed. São Paulo: Senac, 2001. FREIXA, Dolores; CHAVES, Guta. Gastronomia no Brasil e no mundo. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2008.