O PENSAMENTO ALGÉBRICO E A LINGUAGEM MATEMÁTICA NA ESPIRAL PITAGÓRICA Murillo Preto Cardoso Junior1 Regina Célia Grando2 RESUMO O referente texto apresenta a primeira parte do desenvolvimento de uma tarefa de uma sequência didática, a qual foi desenvolvida para produzir dados para uma pesquisa de Mestrado em Educação do Programa Stricto Sensu em Educação da Universidade São Francisco. A tarefa faz relação a uma investigação matemática que aborda o desenvolvimento do pensamento algébrico e da linguagem matemática em uma turma de 9° Ano do Ensino Fundamental da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo. O texto a aborda os diálogo e discussões de um grupo de alunos sobre a tarefa proposta, mostrando o desenvolvimento do pensamento algébrico não simbólico evidenciados nestes momentos e traz as impressões do professor-pesquisador sobre a atividade desenvolvida. Palavras-Chave: Pensamento Algébrico; Linguagem Matemática; Investigações nas Aulas de Matemática; Introdução Como temos visto nas escolas, a matemática tem sido considerada uma das disciplinas mais apavorante ou vista como aquela que mais causa arrepios aos alunos, tornando-se assustadora até mesmo para pessoas que ainda não foram apresentadas a ela. Nesta perspectiva evidenciamos que para muitos alunos a matemática é algo incompreensível e de difícil compreensão, muitos tendem a considerar que não possuem o “dom” para aprender a matemática ou mesmo não veem significado em aprender a matemática ensinada nas escolas, o que a torna desinteressante e desestimulante nesta perspectiva. Porém, observamos que a maioria dos estudantes tem facilidade em aprender e desenvolver a matemática enquanto esta se desenvolve no campo de situações concretas, mas quando a matemática passa a assumir um campo flexível, mutável, 1 Professor de Matemática da rede estadual de São Paulo e mestrando em Educação pelo Programa Stricto Sensu em Educação da Universidade São Francisco (USF), e-mail: [email protected] 2 Doutora em Educação pela Universidade de Campinas/UNICAMP. Professora do Curso de PósGraduação da Universidade São Francisco – USF/Itatiba. E-mail: [email protected] dinâmico (movimento, variação) e abstrato, as coisas começam a ficar um tanto quanto confusas. Moura e Sousa (2008, p.46) evidenciam que, De modo geral, a dificuldade que o aluno demonstra ter ao aprender álgebra é considerada natural, por entender-se que o nível de abstração da álgebra é de difícil acesso à aprendizagem do iniciante em matemática. É evidente que uma das maiores dificuldades dos alunos na aprendizagem da matemática está relacionada ao ensino da álgebra, principalmente quanto à ideia da abstração referente aos conceitos dessa temática. Portanto não é de se estranhar que alunos questionem os conceitos algébricos e prefiram utilizar conceitos e exemplificações que apenas fiquem no campo do concreto. Moura e Sousa (2008) ainda evidenciam que em grande parte das pesquisas realizadas, tendo como base o tema algébrico, apresentam a dificuldade dos alunos em compreender o conceito de variável, o formalismo da linguagem matemática e ainda apontam este último como um dos principais responsáveis pela dificuldade dos alunos em compreender os significados algébricos. Mesmo que observada como natural, assim como as autoras afirmam, e que a passagem do concreto para o abstrato seja um dos fatores de mais alta complexidade no estudo da matemática, consideramos importante que investiguemos maneiras de mediarmos o ensino de tais conceitos, visto que o conceito de variável está intrínseco ao mundo de transformações e dinamismo em que vivemos. Desta forma, o presente texto tem o intuito de apresentar uma tarefa correspondente a uma sequência didática desenvolvida para a produção de dados para Dissertação de Mestrado em Educação3, a qual se encontra em produção e tem como foco o “olhar” para desenvolvimento da linguagem matemática, do pensamento algébrico e principalmente quanto à formulação do conceito de variável em uma turma do 9º Ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede pública estadual do município de Louveira – SP. O texto possui, também, o caráter de apresentar as observações feitas por um grupo de alunas sobre uma parte da tarefa e as constatações evidenciadas por elas e pelo professor-pesquisador durante o momento de desenvolvimento da tarefa. 3 Dissertação de mestrado em andamento pelo Programa Stricto Sensu em Educação da Universidade São Francisco (USF) sob a orientação da Prof. Dra. Regina Célia Grando. A tarefa abordada se refere a uma investigação matemática na Espiral Pitagórica, onde evidenciamos o desenvolvimento do pensamento algébrico. Mesmo que não atingindo o simbolismo matemático formal, como destacaremos ao longo de nosso texto, o qual muitas vezes é exigido pela formalidade da linguagem matemática, consideramos que o pensamento algébrico está presente na fala, na escrita, nas discussões e diálogos realizados pelos alunos no momento destacado anteriormente. Por que investigar? Quando pensamos em aulas de matemáticas, na maioria das vezes, visualizamos um professor explicando diversos métodos e algoritmos de resolução de contas e alunos sentados prestando atenção sem mover um dedo para tentar compreender cada passagem que o professor realiza em sua explanação sobre o assunto. Porém acreditamos que o ensino da matemática possa tomar outros caminhos, um caminho mais interessante que leve os alunos a participarem mais ativamente das aulas, a produzirem conhecimentos através da mediação do professor e com isto produzam significados relevantes sobre o tema abordado durante as aulas. Acreditamos que tais caminhos possam conduzir os nossos alunos a uma autonomia de ensino e que não sejam apenas reprodutores de um saber já estruturado. Para diversos autores, a matemática é vista através de uma perspectiva de inquirição constante, pois esta surge através do questionamento de situações-problemas e o desenvolvimento de soluções para tais problemas, sendo assim a matemática uma situação de investigação em sua essência. Porém, a mesma, perdeu sua essência quando escolarizada tornando-se realmente algo a se decorar e reproduzir, ao nosso modo de ver desestimulante. Pensando sobre estas preposições, adotamos a filosofia da investigação e da inquirição em uma tentativa de aproximar a essência matemática descrita filosoficamente. Deste modo, passamos a compreender assim como Ponte, Brocado e Oliveira (2003, p. 23) que investigação, como atividade de ensino-aprendizagem, ajuda a trazer para a sala de aula o espírito da atividade matemática genuína, constituindo, por isso, uma poderosa metáfora educativa. O aluno é chamado a agir como um matemático, não só na formulação de questões e conjecturas e na realização de provas e refutações, mas também na apresentação de resultados e na discussão e argumentação com os seus colegas e o professor. A tarefa: Observando regularidades na construção da Espiral Pitagórica A Espiral Pitagórica é uma representação geométrica apresentada pela sociedade Pitagórica, a qual possuía por si um misticismo muito grande em torno de seu formato, o que desenvolveu muito interesse de estudos de sociedades posteriores. A espiral Pitagórica (ver imagem 1) é construída através de inúmeros triângulos retângulos, cada qual sendo obtido através da hipotenusa do triângulo retângulo anterior, e apresenta regularidades quanto a cada nova hipotenusa encontrada e a quantidade de raízes quadradas não exatas de números naturais compreendidas entre dois números inteiros consecutivos. Além de apresentar o formato de uma concha, das galáxias e até mesmo de um feto humano, por isso de tantas discussões quanto ao seu misticismo e a relação com a natureza (imagem 2e 3). (imagens 1, 2 e 3) Uma de suas funções no ensino da matemática é proporcionar aos alunos um olhar para um novo campo numérico, os irracionais, que surge através da relação do Teorema de Pitágoras4 (Ver representação geométrica, imagem 4) e que colocou toda a filosofia da sociedade pitagórica em crise. Pensamos que colocar os nossos alunos 4 Teorema do famoso matemático e filósofo grego, Pitágoras, que definiu que para um triângulo que possuía o ângulo de 90° (ângulo reto), existem dois lados menores adjacentes ao ângulo reto chamados de catetos, um lado maior que é oposto ao ângulo reto chamado de hipotenusa e que o quadrado do lado maior (hipotenusa) poderia ser obtido pela soma dos quadrados dos lados menores (catetos), definindo assim a expressão a² = b² + c². perante as discussões e problemas enfrentados pela própria sociedade possa desenvolver situações de investigação interessantes a serem discutidas. Apenas para situar o leitor, a Sociedade Pitagórica era formada pelos discípulos e pessoas que compadeciam das mesmas crenças do famoso filósofo e matemático grego, Pitágoras. A referida sociedade acreditava que tudo no mundo poderia ser representado numericamente e demostrado pelos números. Com o surgimento dos números irracionais e a sua impossibilidade de escrita exata, a Sociedade Pitagórica sentiu seus alicerces tremerem, porém pôde superar tal fragilidade graças à representação geométrica dos números que não podiam ser mensuráveis através da escrita. Representação geométrica do Teorema de Pitágoras A priori, a atividade aqui a ser relatada não fazia parte do composto de atividades da sequência que elaborávamos para o nossa investigação sobre a produção do conceito de variável e da linguagem algébrica. Quando propomos a construção da espiral aos alunos, observamos que o apenas realizar a construção geométrica da tal espiral era um tema banal e desestimulante, já que os mesmos apenas reproduziam ferramentas matemáticas e não eram motivados a construí-la. Porém notamos o interesse, em alguns alunos, por alguns padrões e regularidades que eles conseguiam observar durante a construção geométrica. Partindo da construção da espiral e do questionamento de alguns alunos quando a existência de tais regularidades, pensamos em articular a tarefa com a investigação e a observação de regularidades. Consideramos que as observações das regularidades que acontecem durante os movimentos numéricos e matemáticos, os alunos podem começar a estabelecer o conceito de variável algébrica, mesmo que esta inicialmente não se apresente no campo simbólico, ou seja, na linguagem matemática formal. Através destes pressupostos desenvolvemos a atividade que esta apresentada a seguir. Tarefa 1 – A Espiral Pitagórica 1) Construam a espiral pitagórica, partindo do triângulo retângulo de catetos 1. 2) Observe a espiral que você construiu e escreva o que vocês podem concluir sobre: a) O que acontece com os valores encontrados nas hipotenusas obtidas na espiral pitagórica? _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ ________________________ b) Na espiral encontram-se alguns valores que apresentam raiz quadrada exata e outros não, portanto escreva quantas raízes não exatas existem entre os valores 1 e 2; 2 e 3; 3 e 4. Existe alguma relação acontecendo entre estes valores? Quais conclusões vocês podem ter sobre o que acontece? _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ ______________________ Observamos que após a “reviravolta” na tarefa os alunos começaram a tomar mais “gosto” em desenvolvê-la e se mobilizaram a investigar as regularidades que iam acontecendo no desenrolar da tarefa. Cada grupo ao seu tempo percebeu que não precisava calcular a hipotenusa do novo triângulo retângulo gerado pela espiral pitagórica, o que para eles foi fascinante principalmente por não terem que refazerem novos cálculos para completar a tarefa. Observemos, a seguir, a espiral pitagórica produzida por um grupo de alunas e algumas discussões e diálogos realizadas no grupo durante a desenrolar da tarefa, o qual foi atentamente anotado no diário de campo do professor-pesquisador (os nomes das alunas foram alterados). Josiane: Espera um pouco, o primeiro foi 1, o segundo a √2 e o terceiro √3. [Josiane falava enquanto marcava os valores em uma folha] Amanda: Tudo bem. Mas o que nós podemos tirar disto? Luciana: Será, Josi, que você está querendo dizer que o próximo deve ser raiz quadrada de 4? Ou eu estou “viajando”? Josiane: Aham. Natália: Não entendi nada do que você disse. Josiane: Assim, olha aqui. [Josiane volta à folha que tinha começado a marcar os três valores iniciais] Josiane: Se colocarmos raiz no primeiro fica assim. [Josiane mostra na folha que os números ficariam da seguinte forma: √1, √2, √3] Josiane: Então o próximo é raiz quadrada de 4, raiz quadrada de 5 e assim por diante. [enquanto falava Josiane marcava no papel os próximos valores] Amanda: Certo, mas por que você colocou raiz quadrada no primeiro? Natália: Eh, a parte do próximo eu percebi, mas quanto à raiz do um, eu fiquei na dúvida se isso pode ser feito. [A indagação de Amanda e Natália é compreensível pela dificuldade das diversas formas de se representar um mesmo valor] Luciana: Assim, você pode colocar a raiz no um, porque a raiz quadrada de um é um.[Luciana tenta justificar a possibilidade de representação através do cálculo] Josiane: Isso mesmo, tanto faz colocar um ou raiz quadrada de 1. Eles são a mesma coisa. [Luciana e Josiane tentam explicar a questão da equivalência numérica e que o número um pode ser representado de uma forma diferente] Natália: Fiquei na mesma. Luciana: Assim, lembra quando aprendemos frações equivalentes? Nós podíamos representar a mesma fração de formas diferentes. [Luciana retoma o conceito de frações que se equivalem para explicar para Natália o que a Josiane queria mostrar] Natália: Lembro mais ou menos. Amanda: Eu lembro, era aquele negócio de mostrar que o número dois era a mesma coisa que dois divido por um ou quatro dividido por dois. Natália: Tudo bem. Então não precisamos colocar o número um, podemos colocar outra coisa, então poderia ser quatro dividido por quatro. Amanda: Sim. Ah, então no lugar da raiz quadrada de quatro podemos colocar o dois. [Amanda pega o papel de Josiane e anota em cima da √4 o número 2] Natália: Agora ficou fácil, nem precisa fazer as contas é só construir a espiral. Josiane: Aham. Ainda bem. [A satisfação de não necessitar dos cálculos numéricos para deduzir o próximo valor fica evidente na expressão das alunas] Como podemos perceber através do diálogo e das discussões das alunas Josiane, Natália, Amanda e Luciana, a investigação da regularidade dos valores das hipotenusas obtidas de cada um dos triângulos retângulos da espiral pitagórica suscitou uma observação sobre o que acontecia nos valores, mas mais importante que isso gerou uma discussão sobre a representação numérica. E culminou-se em algumas conclusões interessantes principalmente que um número não precisa ser necessariamente representado do mesmo modo que o imaginamos. Esta discussão nos remete ao pensamento algébrico, o que era algo fixo torna-se algo em movimento, mutável e variável. Não queremos dizer estas alunas desenvolveram o conceito de variável, porém elas começam a apresentar um olhar diferenciado quanto à formulação de número, em palavras corriqueiras poderíamos dizer que o fixo, o sólido e estático foi “quebrado” e o conceito de variável provavelmente começou a ser desenvolvido. Outra constatação que evidenciamos da discussão, acima, é que as alunas não discutiram sobre o motivo dos valores das hipotenusas, da espiral pitagórica, apresentarem as características que elas observaram. Desta forma, evidenciamos a necessidade de uma intervenção que as levassem a pensar sobre o “por que” aquilo acontecia. As intervenções podem ser visualizadas pelo diálogo entre o professorpesquisador e o grupo transcrito a seguir. Professor-pesquisador: E ai meninas, o que vocês conseguiram concluir? Josiane: Assim, professor. [Josiane mostra a folha enquanto fala sobre o que perceberam] Os valores vão mudando em um em um, só que sempre na raiz quadrada. Amanda: Essa foi fácil sor. [Enquanto isso Josiane mostra os valores obtidos que são 1, √2, √3, √4, √5, √6, √7, assim por diante] Josiane: Alguns não precisamos representar na forma de uma raiz, como é o caso desses. [Josiane mostra os valores que não precisariam ficar na raiz por apresentarem uma raiz quadrada exata, neste caso o 1, 4, 9, 16, 25 assim por diante] Professor-pesquisador: Hum, interessante não acham? Luciana: Aham, mas deu um certo trabalho, pra falar a verdade. Natália: Foi a Josiane que percebeu, se ela não tivesse percebido estávamos calculando o Teorema de Pitágoras até a agora. Professor-pesuisador: Verdade. Mas deixa-me perguntar uma coisa pra vocês. Amanda: IIIIIH. Lavem o sor, com as perguntas malucas dele. Professor-pesquisador: Não. Só queria saber o “por que” isso acontece. Amanda: Tá vendo. Falei. [Risos] Natália: Sor e os seus porquês. Num tá de bom de bom tamanho apenas escrever a quanto dá. [Enquanto isso Josiane e Luciana retomavam a folha e voltava olhar as contas do Teorema de Pitágoras que tinham feito] Professor-pesquisador: O que vocês estão fazendo? [Pergunta direcionada a Josiane e Luciana] Luciana: Estamos olhando as contas do Teorema de Pitágoras pra ver se encontramos alguma relação pra ir aumentando assim. [A atenção das integrantes do grupo se voltam para o que a Josiane e Luciana estavam fazendo] Professor-pesquisador: Mas por que no Teorema de Pitágoras? Josiane: Porque é a espiral pitagórica. Então o “por que” deve estar no Teorema de Pitágoras. [Concordamos que esta resposta não era esperada] Professor-pesquisador: Tudo bem. Se chegarem a alguma conclusão me chamem. Beleza? [Consideramos que despertado o interesse em responder a questão colocada pelo professor-pesquisador iniciamos uma nova investigação] Em uma investigação as intervenções do professor são necessárias para conduzir os alunos prossigam na investigação, encontrem novas investigações ou busquem justificar as conclusões que alcançaram. Desta forma, concordamos com Ponte (et al, 1999) que em uma tarefa investigativa é papel do professor verificar se eles estão a trabalhar de modo produtivo, formular questões, observar se estão tentando conjecturas e procurando justificá-las. Continuando a narrativa do diálogo com o grupo, após alguns minutos de termos proposto a próxima situação. Professor-pesquisador: E ai, chegaram a alguma conclusão? Josiane: Sim, é simples como sempre somamos o um ao quadrado a antiga hipotenusa ao quadrado, pois ela virou um cateto do triângulo que estamos construindo sempre vai acrescentar um. [Josiane apresenta uma justificativa oral sobre o “por que” aquilo acontecia] Luciana: Sor é só você olhar aqui nas contas. [Luciana mostra as contas para justificar a resposta dada por Josiane] Josiane: Então sor. [Josiane pega a folha para explicar] Como a raiz quadrada de dois vem de um ao quadrado mais um ao quadrado no teorema de Pitágoras. [1² + 1²] E a raiz quadrada de três pela a raiz de dois ao quadrado mais um ao quadrado no mesmo teorema. [(√2)² + 1²] Sempre vai aumentar um porque sempre é acrescentado um cateto de valor um. [Observamos que a conclusão que Josiane e Luciana chegaram estava correta, porém as alunas Amanda e Natália não participaram da discussão o que apresentava que talvez elas não tenham entendido] Professor-pesquisador: Muito bem, e vocês meninas entenderam? [Pergunta feita para as alunas Amanda e Natália]. Amanda: Eh. Não muito. Professor-pesquisador: Meninas, agora expliquem para as duas como chegaram a essa conclusão. [Pedido feito para as alunas Josiane e Luciana. Consideramos que o momento de exposição do pensamento é fator crucial para o aprendizado, o ato de pedir que as alunas expliquem para as colegas faz com que elas voltem a refletir sobre a situação e organizar o seu pensamento para expor a ideia que tinham em mente] A imagem a seguir mostra o registro final entregue pelo grupo de alunos, neste texto abordamos, apenas, a primeira parte da tarefa desenvolvida com o grupo de alunas devido à extensão dos diálogos e discussões produzidas. Algumas observações e conclusões Mesmo sendo apenas uma parte do desenvolvimento da tarefa, consideramos que esta mostra o desenvolvimento do pensamento algébrico em movimento, desde o rompimento do estigma da representação numérica, quando o grupo de alunas passa a compreender, pela justificativa dada pelas alunas Josiane e Luciana, que um número não necessita ser expresso de uma forma fixa, mas que eles podem ser representados por outras maneiras. A observação de regularidade e padrões, como o evidenciado para a construção da espiral e os valores das hipotenusas como o padrão de se acrescentar o cateto de valor um para gerar o próximo triângulo retângulo como o gerador da regularidade apresentada. Observamos, por fim, que com a perspectiva da investigação, da procura das regularidades e relações entre os valores da espiral pitagórica os alunos tornaram-se mais motivados e estimulados a desenvolver a referida tarefa, além de despertar o espirito investigativo em alguns destes, não podemos obviamente dizer que todos foram envolvidos, pois alguns ficaram apenas no campo da exploração da situação apresentada, porém consideramos que os resultados foram mais significativos do que apenas a construção da espiral como na primeira proposta aos alunos. Referências Bibliográficas MOURA, Anna Regina L; SOUSA, Maria do Carmo de. Dando movimento ao Pensamento algébrico. ZETETIKÉ p.63–76. Cempem. FE – Unicamp – v. 16 – n. 30 – jul./dez. – 2008. SOUSA, Maria do Carmo de. O ensino de Álgebra numa perspectiva lógico-Histórica: um estudo das elaborações correlatas de professores do Ensino Fundamental. Tese de Doutorado. Unicamp. 2004. PONTE, J. P.; BROCADO, J. & OLIVEIRA, H. (2003). Investigações Matemáticas na Sala de Aula. Belo Horizonte: Autêntica, 149p. PONTE, J. P., OLIVEIRA, H., BRUNHEIRA, L., VARANDAS, J. M., & FERREIRA, C. (1999). O trabalho do professor numa aula de investigação matemática. Quadrante, 7(2), 41-70.