CARACTERIZAÇÃO MORFOANATÔMICA DA LÂMINA FOLIAR DE Stachys byzantina C. KOCH Kátya Bonfim Ataides Smiljanic <[email protected]> Centro Universitário de Mineiros (UNIFIMES) Rua 22, s/nº - Setor Aeroporto – Cx. P. 104 – Mineiros/GO – CEP 75830-000 RESUMO: Este trabalho teve por objetivo descrever a morfoanatomia da lâmina foliar de S. byzantina como contribuição para a taxonomia e sistemática da família Lamiaceae. O material botânico foi coletado em horta na Fazenda Experimental Luiz Eduardo Oliveira Sales - FELEOS em Mineiros – GO, fixado em F.A.A. (50%), estocado em etanol (70%). Os cortes transversais e paradérmicos foram feitos com lâmina de aço, imersos em uma solução de Hipoclorito de Sódio, lavados em álcool e água destilada e corados com Azul de Astra (1%) e Safranina (1%), e em seguida comporam lâminas semi-permanentes. S. byzantina apresentou epiderme unisseriada com paredes anticlinais sinuosas, cutícula fina, estômatos diacíticos e tricomas glandulares tectores e glandulares (peltados e capitados) em grande quantidade. O mesofilo é dorsiventral e anfiestomático. Os feixes vasculares são colaterais fibras voltadas para o xilema. O pecíolo apresentou três feixes vasculares colaterais, fibras voltadas para o xilema, várias camadas de colênquima angular na região do feixe vascular e os mesmos tricomas presentes na lâmina foliar foram também observados no pecíolo. Estruturação anatômica da lâmina foliar observada foi semelhante a outras espécies da família Lamiaceae. PALAVRAS-CHAVE: Anatomia vegetal. Botânica ecológica. Botânica estrutural, Lamiaceae. INTRODUÇÃO A espécie Stachys byzantina é conhecida popularmente como peixinho e pertence à classe Magnoliatae, subclasse Asteridae, família Lamiaceae (CRONQUIST, 1968). A família Lamiaceae é originária da região do Mediterrâneo e Oriente próximo (BARROSO, 1991) e é representada por aproximadamente 200 gêneros e 3.200 espécies (JOLY, 1991). S. byzantina é uma espécie herbácea, perene e rústica, com baixas exigências nutricionais, atingindo entre 20-40 cm de altura e formando touceiras com dezenas de propágulos. As flores são pequenas, brancas ou rosa dispostas em inflorescências em racimos. As folhas são elípticas, carnosas e rugosas densamente cobertas em ambas as faces por tricomas apresentando coloração cinza-prateada (LORENZI e SOUZA, 2001). Extratos de S. byzantina demonstrou atividade antimicrobiana contra Staphylococcus aureus que é resistente à vancomicina (JAMSHIDI et al. 2011). Cultivada como planta ornamental, alimentar e medicinal em praticamente o mundo todo apresenta sinonímias botânicas como S. lanata ou S. olympica. Suas folhas podem ser utilizadas no preparo de sucos, refogados, sopas, omeletes, e recheios diversos. Quando preparadas à milanesa tomam sabor de peixe (BRASIL, 2010). Este trabalho teve por objetivo descrever a morfoanatomia da lâmina foliar de S. byzantina como contribuição para a taxonomia e sistemática da família Lamiaceae. MATERIAL E MÉTODOS O material botânico foi coletado em horta na Fazenda Experimental Luiz Eduardo Oliveira Sales FELEOS em Mineiros - GO. Para caracterização anatômica, folhas totalmente expandidas foram colhidas aleatoriamente e em seguida, fixadas em F.A.A. (50%) e posteriormente estocadas em etanol (70%) (JOHANSEN, 1940). A folha foi cortada transversalmente por meio de uma lâmina de aço na porção mediana, borda da lâmina foliar e pecíolo para análise estrutural dos tecidos e cortes paradérmicos foram feitos para visualização dos estômatos, tricomas e outras estruturas epidérmicas. Cada corte foi imerso em uma solução de Hipoclorito de Sódio comercial até a sua total descoloração, sendo imediatamente lavados em álcool e água destilada. Por fim, as secções passaram por uma seqüência de corantes, Azul de Astra (1%) e Safranina (1%), (JOHANSEN, 1940) e a partir de então, vieram a compor lâminas semipermanentes. As observações e documentações fotográficas foram feitas em um microscópio fotônico do Laboratório de Microscopia do Centro Universitário de Mineiros - UNIFIMES. Os resultados encontrados, meramente descritivos, foram discutidos e comparados à estudos similares feitos com plantas afins. RESULTADOS E DISCUSSÃO S. byzantina é uma planta herbácea, ereta com folhas simples, elípticas, nervuras peninérveas, carnosas e rugosas, densamente cobertas em ambas as faces por tricomas apresentando coloração cinzaprateada. As folhas são dispostas opostamente sobre os caules e medem entre 5 a 10 cm de comprimento, pecioladas, semi-amplexicaules com as margens da folha onduladas e os ápices foliares atenuados. A epiderme foliar apresenta-se unisseriada, com paredes anticlinais sinuosas, tanto na face adaxial quanto abaxial. A cutícula é fina e os estômatos são diacíticos presentes em ambas as faces (folha anfietomática) e em posição mais elevada que as outras células epidérmicas. Este tipo de está de acordo como o tipo descrito por Metcalfe e Chalk (1988) para a família Lamiaceae. A cutícula é considerada como uma estrutura de resistência aos patógenos e aos insetos e deve ser analisada com prudência, pois depende da quantidade e qualidade da composição química desta estrutura, além das características do agente de inter-relação (SILVA et al, 2005). Os patógenos podem depender ou não de pressão mecânica para entrar na planta hospedeira e a cutícula possui regiões descontínuas como em células secretoras de tricomas glandulares, em papilas de certas flores e até mesmo poros (CUTTER, 1986). Foi observada a presença de grande quantidade de tricomas simples, tectores e glandulares revestindo as duas faces (adaxial e abaxial). Para Larcher (2000) os estômatos têm relação direta com as condições abióticas e a sua presença em ambas as faces reflete importante adaptação relacionada a presença de grande quantidade de tricomas tectores, pois mantém a saturação de vapor de água ao redor da folha, reduz a transpiração, economiza água das plantas, regula a temperatura pela reflexão dos raios solares e atuando como uma barreira física. Os tricomas tectores são multicelulares, unisseriados e extremamente longos e densos terminando com ponta aguda, eretos ou curvos revestido por uma cutícula granulosa. A base é composta por células de número variado, poligonais com aspecto de rosetas. A alta densidade de tricomas tectores dificulta a germinação de esporos, multiplicação de bactérias, ovoposição de insetos adultos além da nutrição e a mobilidade de larvas conferindo assim uma maior resistência á patógenos e herbívoros (CUTTER, 1986). Entre os tricomas glandulares foram observados os capitados (pedicelo de comprimento variado, composto de número diverso de células e cabeça secretora globosa com cinco células) e peltados (pedicelo curto semelhante à base, cabeça ampla achatada formada por mais de quatro células arranjadas em disco). De um modo geral, os exsudatos dos tricomas secretores são eliminados para o meio externo pela ruptura da cutícula causada pelo contato de predadores (WERKER, 1993) e a sua presença se constituem em defesa química da planta. A folha é dorsiventral com uma a duas camadas de parênquima paliçádico representando entre 50 a 60% do mesofilo, que de acordo com Appezzato e Carmelo (2003) caracteres de mesofítico. Os feixes vasculares são colaterais de médio e pequeno porte envolvido em bainha parenquimática. A nervura central apresenta calotas de fibras voltadas para o xilema e entre duas a três camadas de colênquima angular na face adaxial e entre uma a duas na abaxial. As fibras são células longas, com paredes secundárias mais ou menos espessas e geralmente ocorrem em feixes e possuem a função de sustentação nas plantas adultas (ESAU, 1976). Estruturação anatômica da lâmina foliar semelhante foi observada por Satil et al (2007) para outras espécies da família Lamiaceae. Foram visualizados no parênquima alguns cristais prismáticos. O pecíolo em secção transversal apresentou três feixes vasculares colaterais, um central e maior e dois menores nas alas com calotas de fibras voltadas para o xilema. Várias camadas de colênquima angular na região do feixe vascular central que diminui progressivamente em direção as alas. Os mesmos tipos de tricomas presentes na lâmina foliar foram também observados no pecíolo. CONCLUSÃO S. byzantina apresentou epiderme unisseriada com paredes anticlinais sinuosas, cutícula fina, estômatos diacíticos, tricomas tectores e glandulares em grande quantidade. O mesofilo é dorsiventral, anfiestomático, com feixes vasculares colaterais e fibras voltadas para o xilema; pecíolo com três feixes vasculares colaterais, fibras voltadas para o xilema, várias camadas de colênquima angular na região do feixe vascular e epiderme com tricomas tectores e glandulares. REFERÊNCIAS APPEZZATO-DA-GLÓRIA, B.; CARMELLO-GUERREIRO, S. M. Anatomia Vegetal. Viçosa: UFV, 2003. 438. BARROSO, G. M. Sistemática das angiospermas do Brasil. Viçosa: UFV, Imprensa Universitária, 1991. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Manual de hortaliças não-convencionais / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. – Brasília: Mapa/ACS, 2010. 92 p. CRONQUIST, A. The evolucion and classifiation of flowering plants. Honghton Mifflin, Boston, 1968. CUTTER, E. Anatomia vegetal: Parte I - Células e tecidos. 2º ed. São Paulo: Roca, 1986. ESAU, K. Anatomia das plantas com sementes. Tradução por Berta L. Morretes. São Paulo: Edgard Blücher, Editora da USP, 1976. 293p. JAMSHIDI M., GHARAEI FATHABAD E., ESLAMIFAR M. Antibacterial activity of some medicinal plants against antibiotics. Planta Medica. Conference: 59th International Congress and Annual Meeting of the Society for Medicinal Plant and Natural Product Research Antalya Turkey. Conference Publication: (var.pagings). 77 (12), 2011. JOHANSEN, D. A. Plant microtechnique. New York: Mc Graw-Hill BookCo.Inc., 1940. 523p. JOLY, A. B. Botânica: introdução à taxonomia vegetal. 12º edição. São Paulo: Editora Nacional, 1991. LARCHER, W. Ecofisiologia Vegetal. São Carlos: Rima, 2000. 531p. LORENZI H.; SOUZA, M. H. Plantas ornamentais no Brasil arbustivas, herbáceas e trepadeiras. 3° edição. São Paulo: Editora Plantarium, 2001. 1088p. METCALFE, C.R.; CHALK, L. Anatomy of the dicotyledons. Oxford at the Clarendon Press, l988. 276 p. SILVA, L.M.; ALQUINI, Y.; CAVALLET, V.J. 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