Hábitos alimentares de alunos de uma escola pública no horário do

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Hábitos alimentares de alunos de uma escola pública no horário do recreio:
Implicações para a prática pedagógica.
Ramiri Pinheiro Valério1, Thaís Rayane Alves Pimentel2, Marcelo Alves Costa3,
Westerley Roberto Caetano4, Roberto Vieira Dutra Junior5, Wanderson do Amaral
Portilho6.
1) Acadêmica do curso de Licenciatura em Educação Física da FAF - [email protected]
2) Acadêmica do curso de Licenciatura em Educação Física da FAF - [email protected]
3) Acadêmico do curso de Licenciatura em Educação Física da FAF - [email protected]
4) Acadêmico do curso de Licenciatura em Educação Física da FAF - [email protected]
5) Acadêmico do curso de Licenciatura em Educação Física da FAF - [email protected]
6) Especialista. Mestrando em Educação Física pela UFES e Professor do curso de Licenciatura em
Educação Física da FAF – [email protected]
Introdução .
As relações entre a educação física e a saúde parecem estarem um tanto nebulosas e
se tornado de difícil entendimento principalmente para aqueles que ainda estão na formação
inicial. As principais dificuldades residem no entendimento entre os limites e as
responsabilidades da educação física em abordar o tema saúde no interior da escola. Se está
claro que a educação física não mais se justifica na escola pela promoção da saúde, ainda
não está claro sobre o que se deve ensinar e como se deve ensinar sobre saúde, como
também não está claro de quem deve ser a responsabilidade em educar para a saúde no
interior da escola.
Sobre esta problemática, algumas pistas têm surgido através da gradativa implantação
das Propostas Curriculares Estaduais, que resolvem em parte o problema, já que
determinam/ orientam sobre o que ensinar, restando ao professor se dedicar a tarefa de como
ensinar. Nesse sentido se nos orientarmos pela Proposta Curricular do Estado de Minas
Gerais para o ensino da educação física, uma das Habilidades/ Competências a serem
desenvolvidas pelo aluno diz respeito a Compreensão entre alimentação, saúde e qualidade
de vida.
Em contrapartida, sem entrar no mérito de a proposta estar sendo cumprida ou não,
percebemos durante o cumprimento do Estágio Supervisionado I que os hábitos alimentares
dos alunos não correspondiam aos princípios de uma alimentação saudável. Como tais
observações ainda eram superficiais, nos detivemos a tarefa de construção deste trabalho na
tentativa de sistematizar nossas observações e estruturar intervenções que possibilitem uma
maior conscientização de toda a comunidade escolar sobre as relações entre Alimentação,
Saúde e Qualidade de vida.
Desta forma, os objetivos deste trabalho são: Conhecer a produção teórica da área a
respeito dos hábitos alimentares na infância; Conhecer os hábitos alimentares de escolares no
horário do recreio; Analisar a informação nutricional dos principais alimentos consumidos
pelos escolares no horário do recreio.
Métodos.
Nossa pesquisa se caracteriza por uma pesquisa qualitativa de caráter descritivo, a
qual foi utilizada em duas etapas, uma etapa de revisão bibliográfica, onde realizamos uma
pesquisa no portal Google Acadêmico utilizando os descritores “hábitos alimentares’+
escolares” e “educação física’ + saúde” através da qual identificamos a produção da área a
respeito do tema. Na segunda etapa da pesquisa realizamos observações dos hábitos
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alimentares de escolares em 3 escolas diferentes, as foram feitas em turmas do Ensino
Fundamental I, com crianças de 6 – 10 anos de idade utilizando duas estratégias, a
observação direta de que alimentos (merenda) os alunos possuíam durante o horário do
recreio e que tipo de embalagens eram deixadas nos cestos de lixo após o recreio. Uma vez
identificados os alimentos, passamos a analisar a informação nutricional presente nas
embalagens destes alimentos informavam e quais as implicações destas informações para
discussão sobre saúde no interior da escola.
Resultados e Discussões.
Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, saúde é “o completo estado de
bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de enfermidade”. No
entanto, para orientar nosso entendimento sobre saúde, optamos por rejeitar o conceito de
saúde apontado pela OMS, por acreditarmos que, ao agrupar em um só conceito as
definições de bem-estar mental e social e ausência de enfermidades, ele é limitador de um
diagnóstico de vida saudável, já que fica difícil alguém se enquadrar nele. Revisitamos
então, o chamado conceito ampliado em saúde, para o qual, em sentido amplo,
[...] a saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda,
meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da
terra e acesso aos serviços de saúde. Sendo assim, é principalmente resultado das
formas de organização social, de produção, as quais podem gerar grandes
desigualdades nos níveis de vida. (Brasil, 1986, p. 4)
Nesse sentido, uma alimentação equilibrada torna-se importante para suprir as
necessidades que nosso organismo e nosso corpo necessitam para manter seus níveis de
saúde e qualidade de vida, principalmente em associação com quantidades adequadas de
sono e prática regular de exercícios físicos. O equilíbrio entre alimentos ricos em proteínas,
carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais, dentre outros nutrientes são indispensáveis para
uma adequada manutenção das funções do nosso organismo, porém, nos dias atuais, os
alimentos ingeridos estão cada vez mais exacerbados em teor de carboidratos, sódio e açúcar
e gorduras pelo fato de os alimentos saudáveis estarem sendo trocados pela praticidade dos
industrializados, fato este observado principalmente em escolares, que passam grande parte
do seu dia na rede escolar e durante o momento do recreio consomem alimentos pouco
nutritivos, ricos em substâncias nocivas à saúde. A prática dos hábitos alimentares saudáveis
em crianças tem se mostrado escassos.
Galante e Caruso (2005) enfatizam que o primeiro passo para uma alimentação
saudável é a ingestão de quantidade de alimentos adequados e dos nutrientes adequadamente
balanceados. Nos dias de hoje, este tipo de atitude não é fácil de ocorrer devido às
facilidades oferecidas pelo mercado tais como: restaurantes, fast foods, e outros que
influenciam as pessoas a consumirem alimentos sem necessidade.
Ao analisarmos os alunos entre 6 e 9 anos de duas escolas públicas e uma escola
privada no horário do recreio, verificamos nos escolares investigados, uma alta ingestão de
produtos industrializados, como refrigerantes, biscoitos recheados, achocolatados, sucos,
gulozitos, balas e doces no geral, sendo que foi muito baixa a frequência com que
encontramos alimentos in natura como frutas por exemplo.
Nossas análises da informação nutricional dos alimentos encontrados, apontam para
um alto teor de carboidratos, sódio e gorduras. A incidência é maior nos escolares da rede
pública, por conter maior número de crianças de baixa renda. Devido ao baixo custo dos
alimentos industrializados, a praticidade, e falta de tempo dos pais, seus filhos não possuem
uma alimentação adequada, o que aumenta e muito os risos tanto de desnutrição, quanto de
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obesidade infantil e futuros possíveis hipertensos, diabéticos, portadores de doenças
cardíacas, crianças com problemas de auto estima e aceitação, devido a sua imagem
corporal, dentre outros efeitos sobre a saúde e qualidade de vida.
Já nas escolas privada, com um poder aquisitivo maior, os alunos têm uma
alimentação diferente, observou-se maior ingestão de frutas, e alimentos preparados em casa,
como sucos e sanduíches, mas também uma alta ingestão de refrigerantes, laticínios e
salgados fritos e sanduíches que mesmo que sejam vendidos sobre a alcunha de “naturais”
deixam muitas dúvidas sobre seus componentes, principalmente pela impossibilidade de
avaliação da sua informação nutricional.
Segundo Levy-Costa et al (2005),
A evolução dos padrões de consumo alimentar nas últimas três décadas, passível de
estudo apenas nas áreas metropolitanas do Brasil, evidenciou declínio no consumo
de alimentos básicos e tradicionais da dieta do brasileiro, como o arroz e o feijão.
Houve aumentos de até 400% no consumo de produtos industrializados, como
biscoitos e refrigerantes, persistência do consumo excessivo de açúcar e insuficiente
de frutas e hortaliças e aumento sistemático no teor da dieta em gorduras em geral e
em gorduras saturadas. Tomados em conjunto, os resultados encontrados apontam
para tendências desfavoráveis do padrão alimentar, sobretudo do ponto de vista da
obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, certos tipos de câncer e outras
enfermidades crônicas associadas a dietas com alta densidade energética, escassez
de fibras e micronutrientes e excesso de gorduras em geral e de gorduras saturadas
(LEVY-COSTA et al, 2005, p. 535).
Segundo a OMS, ingerir mais de doze colheres de café de açúcar que por dia, o
equivalente a 50g de açúcar, é deixar o corpo mais propício a doenças como diabetes, cárie,
câncer e hipertensão e o limite de consumo de sódio recomendado é de 2,0 gramas diários. Os
carboidratos são em torno de 130 gramas por dia, de acordo com The National Academy
Press. Dietary Reference Intakes for Energy, Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids,
Cholesterol, Protein, and Amino Acids (Macronutrients), (2005). O consumo diário entre as
crianças tem ultrapassado esses valores considerados adequados à saúde, nota-se a falta de
conhecimento das crianças, dos pais e da própria instituição escolar quanto aos riscos
provocados pelo elevado consumo destes nutrientes.
Conclusões.
A partir do nosso estudo é possível considerar que um olhar mais criterioso a respeito
dos cuidados com os hábitos alimentares durante a infância, principalmente dentro da
instituição escolar a partir do consumo alimentar na hora do recreio, tanto em escolas públicas
quanto privadas, de forma a prevenir as doenças correlatas que possam a aparecer. A
disciplina de educação física deve ser uma das responsáveis por educar em saúde, mas tal
cuidado deve ser de responsabilidade de toda comunidade escolar.
Descritores/Palavras-chave: Educação Física escolar; hábitos alimentares; saúde, qualidade
de vida.
Referências.
BRASIL. Ministério da Saúde. VIII Conferência Nacional de Saúde. Brasília: Ministério da
Saúde, 1986. (Anais)
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GALANTE, A. P.; CARUSO L. Como a alimentação pode diminuir o risco de doenças?
Paulus, São Paulo, 2005.
IMFNB, Institute of Medicine. Food and Nutrition Board. Dietary Reference Intakes for
Energy, Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acids
(Macronutrients). Washington: National Academy Press, 2000. Disponível em
URL:http://www.nap.edu/ acessado em 2005 fev 05.
LEVY-COSTA, Renata Bertazzi et al. Disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil:
distribuição e evolução (1974-2003).Revista de Saúde Pública, [s.l.], v. 39, n. 4, p.530-540,
ago. 2005. FapUNIFESP (SciELO). DOI: 10.1590/s0034-89102005000400003. Disponível
em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S00349102005000400003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 10 out. 2015.
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