Os 200 anos de Darwin, os 150 da Origem das Espécies e a

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CIÊNCIAS
Os 200 anos de Darwin,
os 150 da Origem das Espécies
e a importância de Wallace
Luiz Eduardo Corrêa Lima
Biólogo, Professor, Pesquisador, Ambientalista e Escritor; Membro
Fundador da Academia Caçapavense de Letras (Cadeira 25). Membro
Associado do Instituto de Estudos Valeparaibanos (IEV).
ângulo 116, jan./mar., 2009, p. 38-41.
vida de celibato e de religiosidade. Assim, o jovem
Darwin, aos 22 anos, partiu da Inglaterra para dar a
volta ao mundo e para tentar se preparar mentalmente
para sua vida futura como religioso. Durante os quase
cinco anos da viagem, Darwin teve tempo suficiente
para descobrir que não seguiria de maneira nenhuma a carreira eclesiástica, mas também teve tempo
para decidir que também não seria médico, pois seu
interesse pela História Natural, primeiramente a Geologia e depois também a Biologia, particularmente a
Botânica e a Zoologia, cresceu e se desenvolveu muito
ao longo da viagem. O jovem Darwin certamente teria um problema para resolver com seu pai, quando
a Beagle retornasse à Inglaterra, mas essa seria outra
questão a ser resolvida posteriormente.
Darwin saiu da Inglaterra como um visitante de
luxo, um observador, ou melhor, um acompanhante
do Capitão do Navio, Robert Fitzroy e aproveitou
para seguir os passos do Naturalista da Expedição,
o médico Robert McKormick, de quem Darwin ficou
muito amigo, por conta de sua doença e dos cuidados
de sua internação médica quando passava pela cidade
de Valparaíso, no Chile. Assim, Darwin se viu, lado a
lado, com o naturalista e aos poucos foi assumindo,
ainda que indiretamente, o posto de Naturalista da
Expedição. Por coincidência, por acaso ou por determinação do destino, o Doutor McKormick acabou
contraindo forte infecção durante a viagem e acabou
falecendo. Desta maneira Darwin assumiu o posto de
naturalista da Beagle. Foi a partir desse instante que
as coisas começaram a acontecer, seus pensamentos
começaram a mudar e as idéias evolucionistas começaram a tomar corpo e lugar na sua mente.
Cada lugar, cada passagem, cada momento era
algo de fantástico para o jovem naturalista que nunca
havia saído da Inglaterra e que não tinha nenhuma
idéia da grande Diversidade Biológica e Geológica do
Planeta Terra. A cada instante, em cada porto, em cada
praia e em cada ilha sempre surgiam coisas novas,
absolutamente nunca vistas pelos olhos da grande
maioria dos naturalistas daquela época, mormente do
jovem Darwin. Algumas coisas eram conhecidas apenas por relatos produzidos pelos viajantes anteriores
e pelas obras de arte realizadas pelo bico da pena de
alguns desenhistas famosos, porém havia efetivamente pouco material, tanto geológico quanto biológico
coletado e colecionado. Embora a viagem tivesse um
objetivo específico, Darwin resolveu coletar bastante
material e colecionou tudo o que foi possível.
Com tanta novidade e com tanto material,
Darwin começou a questionar o porquê de existir tanta variabilidade entre os indivíduos de uma mesma
espécie e também das inúmeras semelhanças adaptativas que existiam entre as formas vivas de diferentes
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Sou Evolucionista convicto e Darwinista confesso, portanto não tenho nenhuma pretensão de tirar
de Darwin o mérito pela sua argumentação sobre a
Seleção Natural como mecanismo fundamental para
tentar explicar o processo evolutivo que levou a essa
magnitude da biodiversidade orgânica que hoje temos no Planeta Terra. Ao contrário, quero mais é que
o pensamento evolutivo baseado nas idéias de Darwin
sejam efetivados no conhecimento da humanidade
como verdade única, pelo menos até hoje, que pode
explicar o mecanismo da Evolução. Por outro lado, há
aspectos da história que precisam ser contados e há,
inclusive, outro grande personagem que é tão importante quanto Darwin e que quase nunca é citado, pelo
menos fora dos meios acadêmicos e científicos, quando se faz em referências às idéias de Darwin sobre a
Evolução Biológica e sobre a Seleção Natural.
Por conta disso, ainda que sem possuir grande
bagagem histórica a respeito desse assunto, resolvi
me atrever e escrever um pouco mais sobre essa questão, no intuito de tentar tornar mais claro e verdadeiro o processo histórico e de reconhecer o devido valor
desse outro personagem insigne da História Natural passada e da Biologia Moderna. Entretanto, para
chegar onde quero, deverei passar por outros relatos
históricos sobre Darwin, ressaltando sua vida, sua
viagem pitoresca, sua angústia e por fim a publicação
de sua teoria no livro não religioso mais lido do mundo até hoje, qual seja, A origem das espécies, que estará
completando 150 anos da publicação de sua primeira
edição, em novembro deste ano de 2009.
Acredito que todos devem saber sobre a famosa viagem de Charles Darwin pelo mundo, com
22 anos de idade, a bordo no navio inglês HMS
Beagle, a partir de dezembro de 1831, porém nunca é demais reforçar a citação. Uma viagem, que
inicialmente seria de, no máximo dois anos, e que
acabou levando quase cinco anos para ser concluída, foi o grande estímulo para que Darwin se definisse profissionalmente como naturalista.
Charles Darwin que era filho de uma família nobre da Inglaterra e tinha sua vida previamente definida para seguir uma carreira ligada ao clero (possivelmente seria padre), por conta de um compromisso das
Famílias Tradicionais Inglesas daquela época. Porém,
o jovem Darwin queria ser médico e não concordava
muito (na verdade não concordava nada) com a promessa feita por seu pai, a esse respeito em seu nome,
até porque tinha muitas dúvidas quanto às questões
religiosas imperantes naquele momento.
Darwin, depois de muitas tentativas de fugir ao
compromisso eclesiástico, conseguiu convencer seu
pai de deixá-lo participar da viagem da Beagle, antes
de ingressar efetivamente no Seminário e seguir a sua
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Ao centro HMS Beagle na Austrália, aquarela de Owen Stanley, 1841.
regiões geográficas. Ele observou que embora as formas fossem diferentes, elas tinham algumas características em comum e isso iniciou uma revolução no
seu pensamento e um conceito contrário àquele que a
tradição religiosa havia lhe ensinado. Darwin estava
começando a perceber que as coisas, pelo menos os
organismos vivos, eram capazes de mudar e isso contrariava drasticamente toda a sua formação filosófica
e ideológica a respeito da vida no Planeta.
O pensamento Fixista (imutabilidade das formas
vivas) que, até então, era o único que ele efetiva e sistematicamente conhecia, começara a cair por terra em
seus pensamentos, pois as evidências eram cada vez
mais fortes do contrário. Aliás, a exemplo ou talvez
por influência de seu avô paterno, Erasmus Darwin,
Charles sentia que o Fixismo não parecia fazer muito sentido. Erasmus Darwin foi médico e autor de
algumas obras sobre História Natural, a principal
delas foi Zoonomia, publicada em 1795, na qual já
considerava alguns aspectos sobre a possibilidade
da Evolução (transformação das espécies). Desde
menino, Charles Darwim sempre foi grande admirador da obra de seu avô e achava interessante pensar
evolutivamente. Porém, como seria possível explicar
o que ele estava observando sem contrariar velhos
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dogmas estabelecidos pelas religiões, em particular
o cristianismo, daquela época?
Darwin escreveu muitos artigos e mandou muito material de volta para a Inglaterra, isso ainda do
interior da Beagle. Quando voltou à Inglaterra, rompeu com seu pai, com a idéia de ser médico e principalmente com a obrigação da carreira eclesiástica. Daí
em diante, dedicou-se exclusivamente à História Natural, descreveu várias espécies e publicou inúmeros
trabalhos sobre o material que coletou e sobre as observações que fez. Alguns de seus trabalhos daquela
época, na área de Botânica, de Zoologia e de Paleontologia são referências até hoje. Entretanto alguma coisa
ainda o preocupava: como as formas vivas, apesar de
diferentes, eram tão parecidas? O que estaria por trás
dessa semelhança entre as formas vivas, senão um parentesco resultante de mudança adaptativa?
Em vários de seus artigos, Darwin deixou escapar algumas de suas idéias, principalmente as relacionadas com a influência do ambiente sobre os
organismos, porém sem assumir abertamente sua Teoria, pois ele sabia o que poderia acontecer e temia as
consequências da publicação ampla e efetiva de seus
pensamentos sobre a Evolução e os mecanismos evolutivos. De vez em quando, Darwin comentava um
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anos. Essas duas viagens levaram Wallace a concluir
as mesmas coisas que o “velho” Darwin já havia
concluído e que não publicara, até então. Além disso, Wallace foi capaz de observar e de definir outras
coisas muito interessantes para a Biologia como será
visto mais à frente nesse ensaio.
Darwin se viu ameaçado no trabalho de toda
a sua vida. Tudo aquilo que estudou e que concluiu
ao longo de quase 30 anos de pesquisas iria para a
autoria de um jovem rapaz, totalmente desconhecido
dos meios científicos. Todo o trabalho de sua vida poderia ser perdido. Darwin respondeu a Wallace e inclusive trocou algumas outras correspondências, nas
quais assumiu alguns argumentos e idéias propostas
por Wallace e disse que estava pronto para lançar a
sua grande obra. Assim, no dia 1 de julho de 1858, na
reunião da Lynnean Society de Londres, Charles Darwin e seu amigo, o geólogo, Charles Lyeel, apresentaram conjuntamente as suas idéias evolucionistas,
nas quais consideravam que a Seleção Natural era o
agente operador da Evolução. Os argumentos de Lyeel sobre as modificações geológicas na superfície do
planeta foram fundamentais para o desenvolvimento
da teoria de Darwin.
Foi desta maneira e a partir desse episódio que
Darwin resolveu acabar de organizar o seu livro e assim, pouco mais de um ano depois, em 22 de novembro de 1859, foi lançada a primeira Edição da obra
A origem das espécies, a qual já estava esgotada no
dia anterior ao seu lançamento, até porque, nessas
alturas, ela já não trazia grandes novidades. Já havia tanta discussão sobre o assunto na Inglaterra e
no meio científico daquele tempo, que, de alguma
forma, toda a comunidade científica, embora não
conhecesse exatamente o que havia no texto, já tinha pleno conhecimento sobre o teor genérico da
obra. A publicação, por vários aspectos, constituiuse num grande marco na história da ciência de toda
a humanidade.
De lá para cá, foram mais de 650 edições diferentes, em praticamente todos os idiomas conhecidos. A
obra de Darwin é o terceiro livro mais lido no mundo,
só perdendo para a Bíblia e o Alcorão. São quase 150
anos da publicação, mas até hoje a obra: A origem das
espécies continua vendendo e angariando adeptos a
sua idéia básica, qual seja, da Evolução Biológica através do processo de Seleção Natural.
Obviamente a Ciência, nesses 150 anos, cresceu
e esclareceu muitas coisas que estavam pouco claras
no trabalho original de Darwin, pois ele não tinha
nenhum conhecimento de Bioquímica e do DNA,
de Genética e das idéias sobre Mutação e mesmo de
Ecologia, conceitos que só foram desenvolvidos posteriormente. Trabalhos ulteriores de Theodosius
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pouco sobre as suas idéias com alguns de seus colegas e amigos mais próximos, entretanto, salvo raras
exceções, aparentemente, ele não ia além de simples e
meras especulações sobre o assunto.
O tempo foi passando e Darwin resolveu juntar
suas idéias em uma obra: A origem das espécies, mas
ainda não resolveu publicá-la. A partir desse momento, passou a conversar mais abertamente com seus
amigos sobre a obra e sobre as idéias nela contidas.
Rapidamente, os amigos de Darwin se dividiram
em dois grupos, um mais numeroso que era contra a
publicação e outro menor que era favorável ao lançamento das novas idéias, mas que sabia que a publicação traria consequências desagradáveis para Darwin.
Nessas alturas, Darwin já era um cientista famoso e muito respeitado na Inglaterra e tinha por isso
mesmo uma reputação e um nome que não podia deixar manchar. Além disso, sua família, particularmente sua mulher, ainda mantinha relações estritas com
a igreja e ele não queria arrumar problemas. Porém,
suas evidências e seus argumentos eram cada vez
mais fortes, suas idéias ficavam cada vez mais claras e
seus amigos mais próximos insistiam que ele deveria
apresentar sua obra sem receio.
Mais de 20 anos se passaram desde que Darwin havia voltado de sua viagem com a Beagle e até
então, já com cerca de 50 anos de idade, ainda estava indeciso, quanto à publicação de suas idéias. Darwin era um homem relativamente maduro, porém
sempre preocupado e angustiado, porque tinha vivido um grande martírio nos últimos anos lutando
contra si mesmo, na eterna dúvida entre publicar e
não publicar o seu livro, lançando abertamente seu
pensamento ao mundo.
Foi nesse momento da história que Darwin recebeu uma carta de um jovem naturalista, ainda desconhecido dos meios acadêmicos, Alfred Russell Wallace, que dizia ter ouvido falar das idéias de Darwin e do
livro que estava desenvolvendo e pretendia publicar.
Wallace disse a Darwin que parecia haver chegado às
mesmas conclusões e estava aguardando a publicação
do seu livro para também poder fazer algumas comunicações sobre o assunto. Entretanto, Wallace chamou
a atenção de Darwin, ressaltando que se Darwin não
resolvesse publicar logo essas novas idéias, então que
ele, Wallace, iria publicá-las, porque estava convicto
da mudança das espécies. O jovem Wallace, 14 anos
mais novo que Darwin poderia assim ter tomado o
lugar de Darwin na história.
Da mesma maneira que Darwin, Wallace acabara de fazer uma viagem pelo mundo, não tão longa
quanto à viagem de Darwin, pois levou apenas 2 anos
e ainda fez uma grande viagem exploratória ao Arquipélago Malásio, a qual também levou cerca de 2
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Dobzhansky, Ernest Mayr, George Simpson e mais recentemente de Richard Dalkins, Edward Wilson, Stephen Gould e vários outros, confirmaram as premissas
de Darwin e hoje, não há no meio científico, praticamente ninguém que se manifeste contrariamente às
idéias contidas na Origem das espécies, as quais ficaram
conhecidas como Darwinismo. Se o Darwinismo ainda tem antagonistas é apenas pelo interesse religioso e dogmático de algumas crenças retrógradas que
vendem a idéia errada e absurda de que acreditar no
processo evolutivo seja negar a existência de Deus, o
que efetivamente não é verdade.
No meio científico, o que se discute são os mecanismos pelos quais a Seleção Natural atua, mas ninguém duvida de sua ação contínua visando à adaptação e à consequente melhoria constante das espécies
no ambiente onde são encontradas. A sobrevivência
dos organismos está diretamente ligada à capacidade de adaptação ao ambiente que eles desenvolvem
ao longo do tempo. O Neodarwinismo ou Teoria Sintética da Evolução, que reúne as idéias de Darwin,
Wallace e o conhecimento científico moderno sobre
os mecanismos de Reprodução Sexuada, Genética,
Bioquímica é hoje o fundamento primário e norteador
da Biologia como Ciência Natural. Aliás, no dizer de
Karl Popper, considerado o maior filósofo do século
XX, a Biologia só consegue existir como ciência natural por conta da existência da Evolução e consequentemente das teorias evolucionistas, do contrário ela
Alfred Russell Wallace
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poderia ser reduzida a um simples ramo da Física.
Darwin realmente era um gênio, pois tudo o que
concluiu foi por conta de sua capacidade de observação e de seu cérebro privilegiado. Entretanto, talvez
ele não ficasse tão famoso, sua teoria não fosse se quer
conhecida e ele, talvez não fosse o grande personagem
da História da Humanidade que hoje ele é, se não tivesse recebido a “bendita carta” que recebeu daquele
jovem cientista, qual seja, Alfred Russell Wallace.
Pois, então meus amigos, é exatamente sobre
esse jovem que quero discorrer um pouco mais para
tentar minimizar a injustiça histórica pelo total esquecimento de Wallace como fator fundamental, tanto
motivador de Darwin, como gerador de informações,
muitas das quais o próprio Darwin aproveitou e
citou em seu trabalho, quando se comenta sobre a
mais importante Teoria Evolucionista até o presente
momento: A Teoria Darwinista da Seleção Natural. A
Teoria é chamada de Darwinista, mas as idéias e os
argumentos nela contidos são de Darwin, Wallace,
Lyell e de alguns outros homens geniais que viveram naquela época e mesmo um pouco antes, como
é o caso de Thomas Malthus.
Alfred Russell Wallace nasceu no País de Gales,
há 180 anos, no dia 8 de janeiro de 1828 e desde cedo
demonstrou a sua capacidade para a História Natural. Entretanto, Wallace não teve as boas condições
sociais e econômicas que Darwin tinha e, por isso
mesmo, antes de ser naturalista fez muitas outras
coisas. A situação de Wallace só se concretizou quando seu irmão mais velho, que também era seu sócio,
morreu e assim ele herdou um patrimônio significativo. Wallace então resolveu fazer uma volta ao mundo
para conhecer as maravilhas de fora da Grã-Bretanha.
Essa viagem lhe abriu os olhos à verdade que Darwin
já havia observado alguns anos antes.
Logo depois ele resolveu pesquisar mais a fundo o Arquipélago Malásio e passou dois anos colecionando material daquelas ilhas e isso lhe permitiu
inúmeros trabalhos e grandes conclusões a respeito
da relação entre a Geografia e a Biologia. Wallace é
considerado um grande benemérito daquela região,
sendo homenageado por aquele país até hoje e ainda
há muitas informações de Wallace, adquiridas naquela época, sendo estudadas e discutidas atualmente.
As duas viagens de Wallace, sua tenacidade
como observador e sua inteligência lhe proporcionaram feitos brilhantes e trabalhos fabulosos, os
quais são aceitos pela Ciência, até hoje, sem nenhuma mudança. O principal desses trabalhos foi
a Divisão do Mundo em Regiões Zoogeográficas.
Wallace foi o primeiro cientista a observar e propor
que as faunas das diferentes regiões do Planeta são
diferentes e características para cada região, pois o
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ambiente é fator condicionante nos organismos que
ocupam determinado local. Desta forma ele mapeou
o mundo e o dividiu em 6 Regiões Zoogeográficas:
Paleártica, Neártica, Etiópica, Oriental, Australiana e Neotropical. Mais recentemente foi definida e
acrescentada às seis regiões de Wallace, uma sétima
região, a Região Antártica, que Wallace não poderia
ter descrito porque naquele tempo, nem ele e nem
ninguém sabia ao certo, se quer, que no Continente
Antártico existia vida.
A precisão de Wallace na definição dos limites
geográficos de suas Regiões Zoogeográficas foi de
tal ordem, que até hoje, cerca de 150 anos depois,
ninguém mudou absolutamente nada no que se refere às dimensões e às áreas por ele definidas. Ele
chegou ao cúmulo da precisão, ao separar duas ilhas
oceânicas do Índico, Bali e Lombok, que distam apenas 32 quilômetros entre si, como pertencentes a Regiões Zoogeográficas distintas, traçando entre elas
uma linha imaginária, que ficou conhecida, até hoje,
como a LINHA DE WALLACE e que passou a ser o
marco de divisão entre as Regiões Zoogeográficas
Oriental e Australiana.
Cabe ressaltar que os únicos aparelhos que
Wallace tinha eram a sua Capacidade de Observação
e o seu Tino Científico. Wallace é conhecido como o
“Pai da Biogeografia”, hoje um dos mais importantes
ramos das Ciências Naturais e sua classificação para
as Regiões Zoogeográficas continua permanecendo
na base de toda a Biogeografia Moderna e de todo estudo sobre a Distribuição Geográfica dos organismos
vivos do Planeta.
ângulo 116, jan./mar., 2009, p. 38-41.
Wallace foi realmente um sujeito genial e um
cientista fantástico, que embora tenha tido seu lugar
efetivo na Ciência, ainda não teve o seu devido reconhecimento histórico. O mundo científico sabe que
deve muito a Wallace, porém a humanidade ainda
não conhece sua importância e a verdadeira história
da Teoria da Seleção Natural, criada por Charles Darwin, mas que recebeu muitos adendos advindos de
Alfred Russel Wallace.
Por conta disso, agora que estamos comemorando os 200 anos de nascimento de Darwin, os 150 anos
da publicação da primeira edição da Origem das espécies”, obra máxima do Evolucionismo, e os 180 anos
do nascimento de Wallace, torna-se fundamental que
sejam prestadas homenagens a Charles Darwin seu
autor intelectual principal, mas também é necessário que se divulgue e que se apresente à população
aquele que foi um grande colaborador do autor e em
última análise, ainda que indiretamente, o grande responsável pela publicação da obra, isto é, Alfred Russel Wallace, haja vista que sem sua efetiva opinião,
talvez Darwin não tivesse publicado a obra A origem
das espécies e consequentemente não teria lançado ao
mundo a Teoria da Seleção Natural como agente causador da Evolução.
Na verdade, esses dois gênios, Darwin e Wallace, merecem respeito e espaço na história da humanidade pelos seus feitos fabulosos em favor do conhecimento da História Natural e obviamente pelos seus
trabalhos em prol das Teorias de Evolução Biológica
(Evolucionismo) e pelas suas respectivas importâncias para as Ciências Naturais como um todo.
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Página de rosto da 1ª. Edição da Origem das Espécies
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