Todos de olho no aquário

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Prática Pedagógica
Todos de olho no aquário
Conhecer esse ecossistema leva a entender as relações de
dependência entre os seres vivos
Paula Peres
NOVA ESCOLA
Bruna Nicolielo
A observação foi seguida de etapas de aprofundamento sobre os ecossistemas
O estudo da anatomia dos peixes e a produção de fotos-legendas foram
intercaladas à pesquisa
O estudo da anatomia dos peixes e a produção de fotos-legendas foram
intercaladas à pesquisa
O estudo da anatomia dos peixes e a produção de fotos-legendas foram
intercaladas à pesquisa
O estudo da anatomia dos peixes e a produção de fotos-legendas foram
intercaladas à pesquisa
A turma montou e arrumou o aquário, o que rendeu muitas pesquisas e debates
O tanque revitalizado ganhou luz, água em condições adequadas, plantas e vários
peixes
Um aquário malcuidado, nas dependências da EMEB Octávio Edgard de Oliveira,
em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, foi o ponto de
partida para a garotada do 4º ano pesquisar sobre seres vivos. "O trabalho não se
restringiu à questão de ?salvar o tanque da escola?. Ele focou no conceito de
sistema, com atividades para as crianças pensarem sobre como as coisas estão
organizadas para garantir a vida dos peixes", diz Luciana Hubner, consultora
pedagógica da Abramundo. Essa abordagem é defendida pela pesquisadora
argentina Ana Espinoza no livro Ciências na Escola - Novas Perspectivas para a
Formação dos Alunos (168 págs., Ed. Ática, tel. 4003-3061, 31,50 reais). Ela enfatiza
que os ecossistemas são compostos de uma rede complexa de relações. "Um
sistema não é apenas um conjunto de elementos, mas, sim, uma distribuição
particular destes que permite a criação de interações específicas."
Inicialmente, o professor Roberto Leandro dos Santos propôs a observação do
tanque. A garotada o desenhou, além de fazer uma lista dos itens vistos ali: água
suja, apenas um peixe, cascalho e alguns objetos de decoração. Depois, as
crianças estudaram sobre a água - que consideraram ser a casa natural dos
peixes - e seu ciclo por meio de um livro didático e de um vídeo. Todas se
surpreenderam ao concluir que a água do planeta é sempre a mesma.
O educador, então, voltou a atenção da classe para o aquário. O grupo recolheu
uma amostra da água e a observou. "Ela era turva, tinha cheiro e provavelmente
gosto", diz Santos. Várias hipóteses surgiram: "Essa cor deve ser por causa do xixi
do peixe", disse Gabriela Aparecida Fernandes da Cruz, 9 anos. Os alunos
lembraram, de acordo com o que viram sobre o ciclo da água, que nos rios e
mares ela está em constante movimento, no tanque, não. "Eles concluíram que os
peixes produzem sujeira, que na natureza é limpa por outros animais. O aquário
deve ser mantido por alguém", diz Santos.
O docente comentou, então, que toda água tem propriedades, como nível de
acidez e temperatura, que podem ser medidas. Ele recolheu amostras da água do
aquário e da torneira da escola e, com material apropriado (à venda em casas
especializadas), checou as duas características, além do nível de amônia e de
cloro. Depois, todos pesquisaram na internet sobre o hábitat dos peixes.
Descobriram que as características da água determinam as espécies que podem
viver nela. "Destaquei que esses indicadores mudam e nem todos os peixes
conseguem viver no mar ou no rio, por exemplo."
Santos levou um aluno de Biologia da Universidade de São Paulo (USP) para
conversar com a meninada. O convidado trouxe um peixe já morto para explicar a
função de cada parte de seu organismo. Assim, todos observaram que o animal
respira embaixo d?água por meio das brânquias.
As crianças também pesquisaram na internet sobre tipos de aquário. Santos
aproveitou esses momentos para ajudá-las a usar as ferramentas de busca,
orientando sobre as palavras-chave e a comparação de resultados. Com a prática,
elas foram criando uma lista de sites confiáveis.
Hora de montar o tanque
Depois da investigação, a turma gostou dos peixes de água doce. O professor
explicou que era preciso descobrir quais são as condições da água em que vivem,
para tentar reproduzi-las. Todos fizeram uma tabela no quadro com as espécies
escolhidas e as condições de vida de cada uma delas. Assim, puderam definir as
características da água do aquário e selecionar os animais. Os estudantes
também adicionaram à lista exemplares que fazem a limpeza desses ambientes.
"Essa etapa foi fundamental para que a turma entendesse a importância de
conhecer bem o ecossistema e evitar a compra de peixes que poderiam morrer
num meio com condições impróprias", explica Santos. O antigo morador do
tanque, de uma espécie com caracteríticas incompatíveis com as dos escolhidos,
foi doado.
Para reproduzir o fundo de um rio, os alunos escolheram pedras, plantas e o
cascalho de água doce. Surgiram muitas dúvidas: "Qualquer planta pode ser
colocada num aquário? Como elas respiram embaixo d?água? Elas têm brânquias,
como os peixes?". A classe levantou algumas hipóteses e foi pesquisar mais, pois
não sabia como era a respiração e a nutrição dos vegetais. Um dos alunos, então,
referiu-se à fotossíntese, e Santos pediu que todos buscassem informações sobre
o tema. De volta à classe, tudo foi sistematizado pelo professor. Para ajudar os
estudantes a concluir como a planta puxa água do solo, Santos fez duas
experiências: colocou rolos de papel mergulhados num copo d?água e
crisântemos brancos em vasos com água colorida.
Todos voltaram ao laboratório de informática para pesquisar as espécies de
plantas aquáticas mais adequadas para o ecossistema que estavam criando. O
processo se assemelhou ao realizado na hora de escolher os peixes: os resultados
foram levados à sala de aula e as informações, registradas em forma de tabela no
quadro. "Se a planta precisa de luz para se alimentar e dar oxigênio para os
peixes, então o aquário também vai precisar de iluminação", sugeriu Mary Victoria
Araújo Evaristo Luna, 9 anos.
A turma colocou a vegetação e a decoração no aquário e, depois, a água, que foi
estabilizada. Por fim, entraram os animais. Paralelamente à pesquisa e à
montagem, a garotada produziu fichas informativas sobre as espécie usadas,
assim como explicações sobre o aquário. Os textos vinham acompanhados de
fotografias das crianças fazendo a linguagem de sinais - um dos estudantes,
surdo, tinha intérprete e era acompanhado pelo professor do Atendimento
Educacional Especializado (AEE), que antecipava os assuntos que seriam
debatidos nas aulas seguintes.
Ao fim do projeto, com o aquário revitalizado, os estudantes comemoraram: a
escola tinha ganho um bonito ambiente e eles tinham aprendido muita coisa
sobre ecossistemas.
1 Examinando um sistema Escolha um ecossistema que necessite de revitalização
e proponha que a turma o observe atentamente. O aquário é uma das opções.
2 Investigação e descobertas Oriente a pesquisa para que todos descubram
maneiras de revitalizar esse ecossistema, com a inclusão de novas espécies de seres
vivos.
3 Organização do ambiente Depois da definição sobre os elementos do
ecossistema, sugira sua montagem, atentando para evitar possíveis desequilíbrios.
Endereço da página:
https://novaescola.org.br/conteudo/3497/todos-de-olho-no-aquario
Publicado em NOVA ESCOLA Edição 272, 01 de Maio de 2014
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