BV581 - Fisiologia Vegetal Básica - Desenvolvimento Aula 1: Introdução e conceitos Prof. Marcelo C. Dornelas Arabidopsis thaliana é uma planta modelo em biologia vegetal Arabidopsis thaliana é uma erva daninha comum em climas temperados. É um membro da família Brassicaceae, que inclui a couve e a mostarda. É uma planta de autofecundação e produz dede 5 a 10 mil sementes, completando todo seu ciclo em cerca de 6 semanas. Devido ao seu pequeno tamanho e curto ciclo de vida, é um excelente organismo modelo. Adicionalmente, o genoma de Arabidopsis foi totalmente sequenciado no início dos anos 2000. Arabidopsis possui 5 cromossomos (lote haplóide), que contêm 130Mpb de DNA que codifica cerca de 25.500 proteínas identificadas. Mais de 14% do genoma é composto de elementos transponíveis e os genomas cloroplastidial e mitochondrial também foram sequenciados. Eles são pequenos e codificam 79 e 58 proteínas, respectivamente. É o genoma vegetal mais estudado. Desenvolvimento animal versus desenvolvimento vegetal A questão central em todo estudo do desenvolvimento dos organismos superiores é ¨Como o padrão observado no corpo adulto de um organismo é construído a partir de uma única célula (zigoto)?¨ Esta questão é estudada a partir do paradigma de que plantas e animais compartilham a mesma molécula que codifica os genes (DNA), compartilham ainda alguns elementos celulares (membranas, mitocôndrias, diferentes tipos de retículos, complexo de Golgi, etc.), mas possuem uma arquitetura do corpo e mecanismos de crescimento bastante diferentes... O desenvolvimento vegetal é modular e reiterado (um módulo = Fitômero) Meristema apical Folha Nó Fitômero Entrenó Gema axilar Primórdio A formação das diferentes estruturas do corpo de um animal superior restringe-se quase exclusivamente ao desenvolvimento embrionário. Já o corpo vegetal é formado quase exclusivamente durante o desenvolvimento pósembrionário (após a germinação). Durante a embriogênese, vegetais superiores formam os dois meristemas, apical caulinar e apical radicular. Após a germinação é a elaboração destes meristemas, com a produção de tecidos e órgãos, que formará praticamente todo o corpo da planta adulta. O desenvolvimento vegetal é modular e reiterado Durante o desenvolvimento pós-embrionário, o corpo aéreo da planta é modular (a parte subterrânea também, mas esta é menos evidente). Isto significa que as diferentes arquiteturas dos corpos dos vegetais podem ser reduzidas a diferentes combinações de módulos denominados fitômeros. Cada fitômero é composto de nó, entrenó e uma folha. O posicionamento dos diferentes fitômeros (módulos) pelo meristema apical caulinar é reiterado (ou seja, repetido em uma ordem sequencial) e obedece a uma sequência que pode ser espécie-específica, denominada filotaxia . Além das informações da filotaxia, que derivam do transporte polar de auxina no meristema apical caulinar (veja a primeira aula de Auxinas), o posicionamento dos diferentes órgãos da planta, a partir da polaridade apicalbasal do embrião, pode ser explicado pela Teoria de Compartimentalização, idealizada pelo pesquisador espanhol García -Bellido na década de 1970. COMO DESENHAR UMA CASA SEGUNDO GARCÍA-BELLIDO (TEORIA DE COMPARTIMENTALIZAÇÃO) Ao contrário do que ocorre durante a formação de padrão (distribuição dos diferentes tipos celulares) durante o desenvolvimento animal (em que divisão celular, morte celular programada e migração celular contribuem com o processo), a formação de padrão em plantas deve-se quase exclusivamente à divisão celular (divisões periclinais, anticlinais, divisões assimétricas, etc). A presença da parede celular inviabiliza a migração celular em plantas e a ocorrência de processos de morte celular programada é rara em vegetais. Desta forma, as células vegetais estão em constante processo de sinalização entre si para a manutenção da informação posicional de cada célula em relação ao corpo total da planta. Esta comunicação é feita a partir da transdução de sinais hormonais, que envolve a participação de mensageiros secundários e diferentes processo de transdução de informação como fosforilação e ubitiquinação, e possui como efeito final a transcrição diferencial de genes. Mecanismo de transdução de sinais SINAL RECEPTOR PAREDE/ MEMBRANA NÚCLEO CASCATA DE TRANSDUÇÃO TRANSCRIÇÃO DIFERENCIAL DE GENES