Arterial Spin Labeling é um método de RM usado para mapeamento da perfusão cerebral, que dispensa uso de agentes de contraste e cujo sinal de imagem é facilmente quantificável. Trata-se essencialmente de uma uma sequência de pulsos do tipo inversion recovery, mas na qual os pulsos de inversão preparatórios – nela apelidados de etiquetagem – são aplicados fora do FOV da imagem, no caso, no pescoço. O sinal de ASL é tênue porque ele vem da pequena quantidade de sangue etiquetado que transita da região de etiquetagem até o leito capilar durante o tempo de inversão (TI): 30mL, ou aproximadamente 2% do volume do cérebro. Devido à baixa disponibilidade de sinal, a obtenção de imagens ASL com resolução e qualidade comparáveis às de outros métodos já empregados clinicamente, tem sido um desafio. O método ASL surgiu há 25 anos, mas foi só com os avanços tecnológicos e ganhos em qualidade de imagem conquistados na última década que o método ganhou notoriedade. Até 2006, nos 15 primeiros anos após seu surgimento, o método foi objeto central de aproximadamente 3 centenas de estudos. Nos cinco anos seguintes ele aparece em 600 publicações; no quinquênio subsequente o número dobra novamente: de 2012 até hoje já temos 1.200 publicações sobre – ou usando – ASL. O método tem sido explorado em praticamente todos os casos clínicos em que se costuma avaliar perfusão por RM com injeção de Gadolíneo; e inúmeros estudos de validação comparam a medida ASL com outras medidas de perfusão quantitativas aceitas como referência, tal como a cara medida por PET de água radioativa. ASL também tem sido usado para medir modulações no estado perfusional do cérebro em estudos de RM funcional e sobre a reatividade vascular ao CO2. Vale lembrar que diferentemente do BOLD, o método de ASL oferece uma medida de perfusão pura. Seu sinal de imagem não depende de múltiplos outros fatores que compõem o sinal BOLD. ASL tem sido usada para calibrar o sinal BOLD, o que teoricamente permite estimar o consumo de oxigênio cerebral. Para aqueles que desejam saber mais sobre o método, recomendamos clássicos da literatura especializada, como o paper da UPenn introduzindo o método ASL (MRM 1992;23(1):37-45) e o da UCLA propondo a etiquetagem pseudo-contínua (MRM 2008; 60(6):1488-1497). Outra ótima referência é o recente white paper da ISMRM trazendo recomendações sobre uso de sequências ASL (MRM 2015;73(1):102-116).