GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL CAPÍTULO III – NOÇÕES DE GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA, SOLOS E ROCHAS • Orgânicas: carvão mineral, calcário, dolomito. • Químicas: estalactite, estalagmite, sal-gema. MINERAIS E ROCHAS - Mineral: toda a substância natural presente na crosta terrestre. Consiste em um elemento ou composto químico, resultante, principalmente, por processos inorgânicos. Os minerais apresentam uma composição química definida. Excetuando a água e o mercúrio, os minerais se encontram em estado sólido e apresentam uma série de características específicas, como a estrutura (estado cristalino, com os átomos dispostos de forma regular); a clivagem (possibilidade de divisão em planos específicos, como se fosse em planos paralelos); fraturas (rompimento de forma irregular); dureza (resistência ao risco, avaliada pela escala de Mohs, na qual o talco corresponde à classificação 1 e o diamante, à classificação 10). Exemplificando: o granito é uma rocha, composta pelos seguintes minerais: feldspato (composto pelos elementos químicos oxigênio, alumínio e potássio); quartzo (oxigênio e silício) e mica (oxigênio, silício, alumínio e potássio). Os minerais podem ser classificados em minerais metálicos (abundantes, como o ferro e o manganês e raros, como o ouro e a prata) e não-metálicos, como os fosfatos, nitratos, gesso, petróleo, gás natural, etc. - Minério: mineral do qual se extrai, com aproveitamento econômico, uma substância química de interesse na utilização industrial. Exemplificando: a bauxita, que consiste numa rocha, é formada por substâncias compostas, chamadas minerais, entre os quais se encontra se o óxido de alumínio, além de outras substâncias, como óxidos de ferro, sílica, etc. O processo de purificação industrial resulta na alumina, óxido de alumínio puro, que, submetido a uma reação química, produz o alumínio metálico (substância simples), com maior valor agregado e de utilização econômica nas industriais. Concluindo: a bauxita é o principal minério de alumínio. - Rochas: são agregados naturais formados por um ou mais minerais. - Classificação: podem ser classificadas com base em vários critérios. Para o nosso estudo, a mais importante é a classificação quanto à origem: → Magmáticas ou ígneas: resultantes da solidificação do magma pastoso, sendo bastante resistentes e antigas. Podem ser: • Plutônicas ou intrusivas (formação no interior da crosta terrestre, como o granito, o diorito e o gabro). • Extrusivas ou vulcânicas (formação no exterior da crosta, devido ao contato da lava com a atmosfera, como o basalto, o diabásio e a obsidiana). → Sedimentares: são resultantes do processo de litificação, ou seja, são formadas pela deposição de partículas ou sedimentos originários de processos erosivos atuantes sobre outras rochas. Podem ser: • Clásticas: arenito, areia, argilito, etc. → Metamórficas: resultantes do processo de transformação de outras rochas devido à ação de altas pressões e temperaturas, como o gnaisse, a ardósia e o mármore. As rochas metamórficas e magmáticas são designadas como rochas cristalinas devido à organização molecular regular na forma de cristais. É importante considerar o denominado ciclo das rochas ou petrológico em que, devido a processos erosivos, de transporte e de cristalização, as rochas podem se transformar em outras rochas, chegando, inclusive, a ser reabsorvidas no manto pastoso, como ilustrado na figura abaixo. Fonte: Coelho, Marcos de Amorim. Geografia Geral. Editora Ática, São Paulo, 1992. SOLOS "O solo não é estável, nem inerte; muito pelo contrário: constitui um meio complexo em perpétua transformação, submetendo-se a leis próprias que regem sua formação, sua evolução e sua destruição. Forma-se no ponto de contato da atmosfera, da litosfera e da biosfera; participa intimamente nesses mundos tão diversos, pois mantém relações constitutivas com o mundo mineral, assim como com os seres vivos." Extraído de DORST, Jean. "Antes que a natureza morra: por uma ecologia política." São Paulo: EDUSP, 1973. A Pedologia ou Edafologia corresponde à ciência que estuda os solos, sua morfologia, composição, distribuição espacial e classificação. Os solos correspondem à camada superficial da crosta terrestre e são formados por ação do intemperismo, processo que corresponde ao conjunto de fenômenos físico-químicos responsável pela desagregação das rochas. Podem-se identificar duas etapas no processo de formação dos solos, a saber: 1) o processo de decomposição das rochas, fase em que ocorre a sua desintegração, originando os minerais. Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 1 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL 2) o processo de incorporação de material orgânica (vegetal e animal), conferindo a coesão ao solo e a fertilidade através do húmus. Diversos fatores contribuem para a formação dos solos, como os elementos climáticos (temperatura, ventos, chuvas), o tipo de rocha matriz, o tipo de vegetação, e a topografia. A ação de todos estes fatores combinada dá origem a diferentes tipos de solo quanto à espessura, como solos rasos (que medem apenas alguns centímetros); médios e profundos (que podem atingir alguns metros de profundidade). Diversos são os elementos constituintes dos solos, a saber: - a água do solo, fundamental para a absorção dos nutrientes por parte das plantas e para fazer a distribuição da seiva produzida por elas; - o ar do solo, fundamental para as trocas gasosas e para promover a respiração das raízes; - os elementos e partículas minerais, como a argila, a areia, o potássio, o fósforo e o cálcio. Estes últimos atuando como nutrientes. - a matéria orgânica, relacionada a ação dos microorganismos que proporcionam a fixação do nitrogênio do ar e o restitui, assim como fósforo e o enxofre quando da decomposição. Considera-se fértil um solo rico em nutrientes. Os nutrientes são classificados em macronutrientes (nitrogênio, fósforo e potássio) e micronutrientes (Fe, Mg, Zn e Cu). Se observarmos uma coluna de solo, dependendo de sua maturidade e profundidade, podemos observar que ele se apresenta dividido em horizontes, como demonstrado na ilustração abaixo. Fonte: Unicamp - Horizonte A: corresponde ao solo superficial que apresenta a maior quantidade de matéria orgânica decomposta que se encontra misturada aos elementos minerais. É importante para a prática agrícola e pode sofrer processos de lixiviação e erosão. - Horizonte B: trata-se de um horizonte já bastante intemperizado, correspondendo ao subsolo. Apresentase constituído, principalmente, por minerais e com menor percentual de matéria orgânica. Sofre uma ação menos intensa dos agentes erosivos. - Horizonte C: corresponde à rocha fragmentada, constituindo o material original do solo. - Horizonte D: corresponde à rocha matriz não alterada. Os solos podem apresentar vários graus de profundidade, podendo ir de alguns centímetros a vários metros. O solo que só apresenta o horizonte A é um solo jovem (litossolo). O solo com os horizontes A e C é um solo raso, como o cambissolo. O solo com a presença de todos os horizontes é um solo já maduro, como o solo podzólico. Podem-se classificar os solos dentro de três grupos: - zonais: consistem em solos bem formados e maduros que apresentam os horizontes A, B e C e que possuem como principal elemento formador o clima. Podemos citar como exemplos destes solos o latossolo, o podzol, os solos de tundra e os solos desérticos. - Interzonais: consistem em solos que refletem a influência do relevo local e o tipo de rocha matriz. Como exemplos, podemos citar os solos hidromórficos e os grumossolos (massapé). - Azonais: são solos pouco desenvolvidos e recentes, como os litossolos, os solos aluviais e os cambissolos. Um dos aspectos mais preocupantes em relação à questão ambiental é o intenso processo de erosão que caracteriza determinadas áreas do planeta. A erosão elimina, segundo levantamentos, aproximadamente 11 milhões de hectares de terras cultiváveis. Projeta-se que, se este processo continuar, 275 milhões de hectares de terras agricultáveis serão perdidos até o ano 2025, representando em torno de 18% das terras agricultáveis. As estimativas dão conta que a perda de solos atinge a ordem de 75 milhões de toneladas/ano no mundo. Além da questão ambiental, a erosão, com as suas conseqüências, tem profundas implicações sociais, agravando a pobreza, encarecendo os produtos agrícolas e promovendo o desemprego e o êxodo rural. Além das chuvas, a ação antrópica é a principal responsável pelo processo de erosão, como o desmatamento; as queimadas; o manejo inadequado do solo; a exploração excessiva através da agropecuária extensiva e a prática da monocultura. O desmatamento, além de retirar os elementos nutrientes, empobrecendo os solos, desprotege-os, pois a matéria orgânica é um importante elemento de coesão. O solo fica, também, submetido ao impacto direto da chuva. Este processo também conduz ao aumento do escoamento superficial, reduzindo a infiltração das chuvas e os lençóis freáticos, e acarretando no aumento da lixiviação e da laterização. A lixiviação consiste na lavagem dos sais minerais pelas águas correntes. Este fenômeno é mais característico dos climas intertropicais em que a evaporação é menor que a quantidade de água que chega ao solo. Este fenômeno acentua o assoreamento dos rios, o que, por sua vez, reduz a navegabilidade dos rios, reduz a pesca e provoca enchentes. A lixiviação está associada ao fenômeno da laterização. As lateritas consistem em crostas ferruginosas, devido à elevada concentração de hidróxidos de ferro e de carbono, dando origem ao que, no interior do Brasil, é denominado canga, tipo de solo avermelhado impróprio à prática agrícola. É comum, devido à erosão, o surgimento de voçorocas ou barrocas que constituem grandes fendas que se abrem no manto superficial do solo. Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 2 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL clima subtropical e o Podzol Acinzentado, no Nordeste. Também podem ser suscetíveis à erosão. - Cambissolo: também se encontra em quase todo o território, sendo mais característico nas porções orientais dos planaltos do Sul, como na Serra do Mar e da Mantiqueira. Apresenta o horizonte B incipientemente desenvolvidos. A suscetibilidade à erosão depende de sua profundidade. As queimadas, prática relacionada à agricultura itinerante, destrói os sais minerais do solo, tornando-o infértil devido ao seu rápido esgotamento. As práticas agrícolas têm uma relação direta com os impactos aos solos, seja pela inadequação das técnicas e do manuseio do solo, como a utilização de máquinas pesadas, seja pela sua contaminação por agrotóxicos e pelo seu empobrecimento devido à monocultura e ao tipo de cultura praticada. A ilustração abaixo mostra a perda de solo em função do tipo de prática agrícola. Entre as práticas alternativas que são indicadas para reduzir os processos erosivos citam-se a rotação de culturas, a utilização de práticas agrícolas mais orgânicas, com cultivos mais compatíveis com o tipo de solo e clima e a utilização do terraceamento e das curvas de níveis em áreas inclinadas. No Brasil, a EMBRAPA tem contribuído, de forma significativa para o conhecimento do assunto e pelo desenvolvimento de novas tecnologias de forma a evitar ou minimizar os problemas relativos à erosão, bastante expressivos no país devido às características dos nossos solos e climas, aspectos agravados pelas praticas agrícolas desenvolvidas. Principais classes de solos do Brasil - Planossolo: é encontrado, principalmente, na região Nordeste; área do Pantanal Matogrossense, na Amazônia, no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, em regiões mais planas. Apresenta uma drenagem deficiente em função de um horizonte B argiloso. Bastante suscetível à erosão. - Bruno Não-Cálcico: característico do Sertão Nordestino. Apresenta horizonte A com cor clara e que se torna endurecido na ausência de água. Apresenta grande suscetibilidade à erosão. - Regossolo: é um solo raso, com ausência do horizonte B e C, portanto, pouco desenvolvidos. Apresentam estrutura bastante arenosa e com variação de cor. É encontrado em áreas de colinas e declives suaves, no Sertão e Agreste nordestinos e na região serrana do Sudeste. Outros solos encontrados em território brasileiro são: o Litossolo, o Vertissolo, o Gleissolo, o Plintossolo, os solos Aluviais, etc. Os mapas abaixo mostram a relação entre a suscetibilidade à erosão e as principais linhas do relevo do Brasil (classificação de Jurandir L. S. Ross). Podemos perceber que as áreas de maior risco à erosão são as áreas de Planaltos e as áreas das Chapadas da Bacia do Paraná. Identificam-se, no Brasil, trinta e seis classes de solos principais. O sistema brasileiro de classificação de solos permite relacionar, em linhas gerais, as classes de solos aos domínios morfoclimáticos. Abaixo, estão relacionados alguns dos principais solos brasileiros e suas características genéricas. - Latossolo: encontrado em amplas áreas do país, em áreas de florestas, de cerrado, portanto, são encontrados na Amazônia, no Planalto Central e no Sudeste, na áreas de Mares de Morros. Apresentam o horizonte B, sendo bastante intemperizados, maduros e profundos, com elevado índice de acidez. Há diversos tipos de Latossolos em função de sua composição e cor, como o Latossolos Bruno, Latossolo Ferrífero, Latossolo Roxo, etc. São menos suscetíveis à erosão - Podzol: trata-se de solo com grande teor de argila, o que diminui a permeabilidade e favorece o escoamento superficial e a erosão. Também se encontram vários tipos de Podzóis, como o Podzol Vermelho-Amarelo, encontrado em quase todo o território e o mais comum; o Podzol Amarelo, nas zonas úmidas costeiras e na Amazônia; o Podzol Bruno-Acinzentado, em áreas de MAPA 1 1- Fraco 2- Fraco a moderado 3- Moderado a forte 4- Forte a muito forte 5- Extremamente forte MAPA 2 Planaltos 1- Em bacias sedimentares 2- Em estruturas cristalinas e dobradas antigas Depressões 3- Em estruturas sedimentares 4- Em estruturas cristalinas Planícies NOÇÕES DE GEOLOGIA A Geologia é a ciência que tem por objeto de estudo a estrutura e a evolução física do planeta, desta forma, dedica-se a estudar a totalidade dos fenômenos Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 3 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL que atua no interior e no exterior do planeta. Pode ser subdividida em Geologia Histórica, Geologia Física, Geologia Econômica, etc. Para maior orientação no estudo das estruturas geológicas, observar o quadro abaixo que retrata a escala geológica de tempo com as suas subdivisões e características principais, objeto de estudo da Geologia Histórica. Observar que estamos diante de um sistema em que as eras se dividem em períodos, estes em épocas; as épocas em idades e estas em fases. A Geologia identifica três tipos de estruturas geológicas ou unidades geotectônicas que marcam as áreas continentais: - Bacias Sedimentares: podem datar de diferentes eras geológicas. As bacias sedimentares das eras Paleozóica e Mesozóica são consideradas antigas e as bacias da era Cenozóica são modernas, algumas ainda em processo de formação. Consistem em grandes depressões que foram preenchidas, ao longo do tempo geológico, por sedimentos e detritos provenientes de áreas contíguas que se estruturam numa disposição horizontal. Apresentam o predomínio de rochas sedimentares e possuem as reservas de combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão mineral. Podemos citar como exemplos, as bacias Amazônica, Parisiense e Russa. - Áreas Cratônicas: consistem no embasamento rochoso fundamental da crosta terrestre. São as mais antigas estruturas do planeta, datando da era PréCambriana. Os Escudos Cristalinos são estruturas antigas, correspondendo aos primeiros afloramentos da crosta terrestre. São constituídos, predominantemente, por rochas magmáticas e metamórficas e apresentamse bastante estáveis e consolidados. Exemplos característicos são os escudos Brasileiro, Canadense, das Guianas e Patagônico. São áreas ricas em minerais metálicos, como o ferro, o manganês, etc. - Dobramentos: são estruturas resultantes de movimentos tectônicos que, devido a pressões horizontais sofre estruturas rochosas mais flexíveis, promovem dobramentos da crosta terrestre e possibilitam a formação de cordilheiras e montanhas. Os Dobramentos Modernos são resultantes da orogenia terciária (período Terciário da era Cenozóica). São áreas de grande instabilidade geológica, sujeitas aos abalos sísmicos e ao vulcanismo. Exemplos significativos de Dobramentos Terciários são o Himalaia, as Montanhas Rochosas e os Andes. O mapa a seguir permite visualizar, de forma genérica, estas estruturas distribuídas pelo planeta. Fonte: "Collins-Longmans Planned Atlas", Londres: Collins- Longmans, 1988 Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 4 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL ESTRUTURA GEOLÓGICA DO BRASIL Das três estruturas geológicas identificadas anteriormente, o Brasil só apresenta as bacias sedimentares e os maciços antigos. O território brasileiro não apresenta orogenia terciária. Os dobramentos brasileiros são antigos, já bastante erodidos e que remontam à Era Pré-Cambriana, , como é o caso das Serras do Mar e da Mantiqueira (Era Arqueozóica) e da Serra do Espinhaço (Era Proterozóica). Os terrenos do território brasileiro apresentam-se bem consolidados e pouco suscetíveis à ação de movimentos tectônicos, ainda que, às vezes, ocorram abalos sísmicos, geralmente de pequena intensidade. Além da antiguidade dos terrenos, esta estabilidade se deve ao fato de o Brasil se encontrar no interior da Placa SulAmericana, ou seja, distante da área de instabilidade no limite das placas de Nazca Sul-Americana, como se pode observar no mapa que retrata as estruturas geológicas da Plataforma Sul-Americana, constituída pelas áreas de escudos cristalinos e bacias sedimentares. grande importância econômica devido à ocorrência de recursos fósseis como o carvão mineral nas estruturas sedimentares da região Sul do país e o petróleo, na Bacia do Recôncavo e nas bacias marítimas, como a Bacia de Campos. É importante ressaltar, no entanto, que os núcleos de algumas destas bacias já podem ser encontrados em períodos geológicos anteriores, como no caso das Bacias do Parnaíba, Amazônica e do Paraná. Entre os eventos importantes na histórica geológica do Brasil, podemos destacar, além da formação das bacias sedimentares, ao longo do tempo geológico, como visto acima, a transgressão marinha que submeteu o imenso continente de Gondwana, formando o denominado mar Devoniano. A individualização das bacias sedimentares brasileiras só ocorreu após e epirogênese da América do Sul que provocou a regressão marinha. Outro evento significativo foi a ocorrência de derrames vulcânicos durante o Jurássico e o Cretáceo (Era Mesozóica), na região Centro-Sul, formando os basaltos e diabásios que, com o intemperismo, deram origem à terra roxa. Os Escudos Cristalinos do Brasil perfazem 36% do território brasileiro, sendo que 32,1% correspondem a terrenos arqueozóicos, constituindo o denominado Complexo Cristalino Brasileiro e 3,9% correspondem a terrenos proterozóicos. Os crátons apresenta-se distribuídos por dois grandes grupos: o Escudo das Guianas, com terrenos arqueozóicos, e o Escudo Brasileiro que se encontra subdividido em vários núcleos, alguns com terrenos arqueozóicos (Xingu e São Francisco) e outros com terrenos proterozóicos (Tocantins, Mantiqueira, Borborema). Os terrenos proterozóicos destacam-se pelo fato de abrigarem as principais reservas minerais do país, fato que se explica pela intensa movimentação tectônica durante a era Proterozóica que conduziu à concentração acentuada de recursos minerais nas camadas mais superficiais da crosta terrestre. Pesquisas mais recentes também demonstraram a ocorrência de importantes reservas minerais em terrenos arqueozóicos. O mapa a seguir mostra a relação entre as estruturas geológicas e a ocorrência mineral. Fonte: CUNHA, Sandra Baptista da e GUERRA, Antonio J. Teixeira (Org.). Geomorfologia do Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. As bacias sedimentares ocupam posição predominante na estrutura geológica do Brasil. Corresponde a 64% da área total do país. Estas bacias representam diversas eras geológicas. As mais antigas são da Era Paleozóica, como a bacia do São-Francisco e a bacia do Paraná e da Era Mesozóica, como a bacia do Parnaíba. As bacias sedimentares mais recentes, datando da Era Cenozóica são as bacias do Xingu e Costeira (terciárias) e da Amazônia e do Pantanal (quaternárias), que ainda se encontram em processo de consolidação. As bacias sedimentares apresentam Fonte: SIMIELLI, M.E. "Geoatlas". São Paulo: Ática, 2002. p. 82, 83. NOÇÕES DE GEROMORFOLOGIA A Geomorfologia corresponde a uma especialização da Geografia Física e da Geologia, relacionando-se intimamente com elas e que tem por objeto de estudo o relevo. Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 5 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL O relevo corresponde às diferentes configurações que a crosta terrestre assume. Procura, portanto, descrever, classificar e explicar as diferentes formas da superfície terrestre, sua origem e sua evolução. Dois conjuntos de fatores contribuem para a estruturação e modificação do relevo: - Agentes internos ou endógenos: são denominados estruturantes, pois dão origem a novas formas de relevo e estão relacionados às forças internas que atuam no planeta, como a ação das correntes de convecção e a pressão do magma pastoso e o deslocamento das placas tectônicas. Os agentes internos são os seguintes: 1. Tectonismo: relacionam-se às pressões magmáticas sobre a crosta terrestre, provocando deformações na superfície. Podemos identificar dois tipos principais de tectonismo: a. Orogênese: originam-se de pressões horizontais sobre estruturas geológicas flexíveis e ocasionam o surgimento de dobramentos. A expressão significa a formação ou surgimento de montanhas. b. Epirogênese: originam-se de pressões verticais sobre estruturas geológicas rígidas e ocasionam as falhas e fraturas da crosta terrestre. Correspondem ao soerguimento dos terrenos. Este movimento ocasiona, com frequência o surgimento de falhas. Entre as consequências deste fenômeno podemos destacar as diáclases (formação de fendas, sem que ocorra o desnivelamento do terreno) e paráclases (deslocamento caracterizado pela posição de nível diferente no terreno, ocasionando degraus). Cabe destacar, no caso das falhas que a estrutura conhecida como graben, quando serve de leito a um rio, constitui o denominado rift valley com mais de 9 mil quilômetros na África. As ilustrações a seguir exemplificam as principais formas e estruturas relacionadas às falhas e aos dobramentos. Fonte: Atlas Visuais, a Terra. Editora Ática. São Paulo, 1995 (adaptado pelo autor). Fonte: Atlas Visuais, a Terra. Editora Ática. São Paulo, 1995 (adaptado pelo autor). As montanhas podem ser formadas a partir de dobramentos, falhas ou blocos e do vulcanismo. 2. Vulcanismo: os principais aspectos relacionados ao vulcanismo já foram estudados na unidade sobre a Tectônica das Placas. Correspondem a crateras ou fissuras que ocorrem na crosta terrestre através das quais o magma pastoso sobe até a superfície em forma de lava, constituindo uma forma semelhante a um cone e produzindo uma série de fenômenos associados. A maioria das montanhas vulcânicas forma-se ao longo dos limites das placas tectônicas Observar, nas ilustrações a seguir, alguns aspectos característicos da formação das montanhas. Fonte: Atlas Visuais, a Terra. Editora Ática. São Paulo, 1995 (adaptado pelo autor). Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 6 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL passam a meandros. fluir mais calmamente, formando os Fonte: Atlas Visuais, a Terra. Editora Ática. São Paulo, 1995 (adaptado pelo autor). Fonte: Atlas Visuais, a Terra. Editora Ática. São Paulo, 1995 (adaptado pelo autor). Agentes externos ou exógenos: são denominados agentes modeladores e estão correlacionados à energia solar que se manifesta através dos elementos climáticos e suas conseqüências. Estes agentes se manifestam, sobretudo, através de processos erosivos, de transporte e de sedimentação ou acumulação. Podem-se identificar diversos destes agentes. Fonte: Atlas Visuais, a Terra. Editora Ática. São Paulo, 1995 (adaptado pelo autor). 1. Intemperismo ou meteorização. Consiste no processo em que a ação dos agentes atmosféricos e biológicos ocasiona alterações químicas e físicas nos minerais e rochas, decompondo-os e desintegrando-os. O intemperismo físico pode ser ocasionado por mudanças de temperatura (termoclastia), por congelamento e degelo (crioclastia) e pela abrasão dos materiais carregados por rios, ventos e geleiras. O intemperismo químico provoca a alteração na composição química das rochas, como a dissolução de minerais pela água. 2. Ação das Águas a. Águas subterrâneas. Podem modificar alterações nas formas dos terrenos em função da ação mecânica e química que exercem, como na formação de cavernas e grutas. b. Águas superficiais. Podem ser citadas as enxurradas e as torrentes, que correspondem a temporários e violentos cursos d’água que podem ocasionar deslizamentos e processos erosivos. A ação das águas pluviais também é significativa no processo erosivo. Cabe destacar a erosão fluvial: os rios exercem uma ação destrutiva, de transporte e acumulação. Neste processo, se desenvolvem os vales em V, planícies aluviais e deltas. No curso superior, devido a maior declividade, os fluxo fluvial é mais intenso, provocando maior ação erosiva. Os rios, ao atingirem um patamar de estabilidade ou se deslocarem sobre áreas mais planas, c. Águas do mar. As águas do mar podem exercer uma ação erosiva (abrasão marinha) em associação com as características geológicas da área. A abrasão marinha ocasionada pelo solapamento das ondas sobre a costa provoca as falésias ou barreiras (altos paredões escarpados próximos ao litoral). O trabalho de acumulação marinha tem como resultantes o surgimento de bancos de areia, praias, restingas (faixas de areia depositadas de forma paralela ao litoral pelas correntes marinhas, nas entradas de baías e enseadas que quando se fecham fazem surgir lagoas litorâneas – lagunas) e tômbolos (formação arenosa que une uma ilha ao continente). A transgressão marinha ocasiona a formação de estuários, enseadas e baías e a regressão marinha ocasiona a formação de deltas, ilhas e arquipélagos. Cabe acentuar que o desenvolvimento de restingas conduz à retificação da linha de litoral. As ilustrações a seguir mostram a ajudam a entender estes fenômenos. Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 7 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL Fonte: Atlas Visuais, a Terra. Editora Ática. São Paulo, 1995 (adaptado pelo autor). Fonte: Atlas Visuais, a Terra. Editora Ática. São Paulo, 1995 (adaptado pelo autor). 4. Geleiras. A erosão glacial ou das geleiras é ocasionada pela infiltração da água nas fendas do terreno e seu posterior congelamento, gerando o estriamento das rochas, a erosão e a sua destruição. Este trabalho erosivo ocasiona os denominados vales em forma de U e os fiordes (golfo profundo, estreito e sinuoso, formado por braço de mar que penetra no continente) . As geleiras também exercem uma ação de deposição, ocasionando, por exemplo, as colinas morainicas (acumulação de material rochoso transportado pelas geleiras). Visualizar alguns destes processos nas ilustrações a seguir. Fonte: Atlas Visuais, a Terra. Editora Ática. São Paulo, 1995 (adaptado pelo autor). 3. Ventos. A ação dos ventos é bastante significativa em regiões áridas e semi-áridas. Podemos identificar vários processos relacionados à sua ação, como a deflação que corresponde aos detritos decompostos das rochas carregados pelos ventos (trabalho de limpeza); a corrosão que corresponde ao trabalho erosivo provocado pela colisão dos grãos de areia e a ablação, correspondendo ao trabalho de escavamento. Os ventos exercem, portanto, uma ação erosiva e também um trabalho de transporte e de acumulação que tem como resultado a formação de dunas. Observe as ilustrações abaixo para melhor compreensão desta ação. Fonte: Atlas Visuais, a Terra. Editora Ática. São Paulo, 1995 (adaptado pelo autor). Fonte: Atlas Visuais, a Terra. Editora Ática. São Paulo, 1995 (adaptado pelo autor). Fonte: Atlas Visuais, a Terra. Editora Ática. São Paulo, 1995 (adaptado pelo autor). Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 8 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL RELEVO BRASILEIRO O território brasileiro foi submetido a uma ação intensa dos agentes externos, sendo, marcado, portanto, pela grande variedade morfológica, com a existência de planaltos, planícies, depressões, chapadas, etc. Seu território, como já estudado, não se encontra submetido à ação recente de agentes internos, como o vulcanismo e o tectonismo, desta maneira, não apresenta formas oriundas da atuação destes agentes, como elevadas cordilheiras. No estudo do relevo, é de fundamental importância entender os conceitos morfológicos básicos e não confundi-los com as estruturas geológicas que lhes servem de substrato rochoso. PEQUENO DECIONÁRIO TÉCNICO TROCADO EM MIÚDOS Fonte: Nova Escola. Ano X, n0 88, outubro de 1995. Deve-se considerar que a antiguidade dos terrenos brasileiros, com intensos processos erosivos, facilitados pela ação das forças internas da Terra e da sucessão de ciclos climáticos, cuja alternância de climas quentes e úmidos com climas áridos ou semi-áridos, justifica uma modesta altimetria, pois 99% do território encontram-se abaixo de 1.200 m de altitude sendo que 58,5% do território do Brasil encontra-se entre 201 m e 1.200 m. Este território foi submetido intensamente a processos modeladores durante a Era Cenozóica. É importante destacar que apesar do ponto culminante do país encontrar-se ao norte (Pico da Neblina, com 3.014 m), as terras mais elevadas concentram-se na Região Sudeste. CLASSIFICAÇÃO DO RELEVO O desenvolvimento tardio dos estudos geológicos e geomorfológicos, no Brasil, se refletiu na precariedade das classificações do relevo levadas a efeito a partir da 1a metade do séc. XIX. Além de omitirem unidades de relevo importantes, confundiam, por vezes, na classificação, conceitos geológicos com conceitos geomorfológicos. A classificação de Aroldo de Azevedo (criada em 1949) passou a ser amplamente utilizada, pois, além de simples, mostrava inovações significativas ao incorporar uma terminologia geomorfológica, pelo menos em relação às principais unidades de relevo. Tratou-se de uma classificação em que o relevo do Brasil era visualizado em grandes unidades de planaltos e planícies O Planalto Brasileiro era dividido em Planalto Atlântico, Planalto Central e Planalto Meridional. Essa classificação teve por base a altimetria do relevo: as planícies são áreas aplainadas que alcançam até 200 m de altitude; os planaltos são áreas aplainadas acima de 200 m. Percebe-se que os 4 planaltos (das Guianas, Atlântico, Meridional e Central) e as 4 planícies (Costeira, Amazônica, do Pantanal e dos Pampas) Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 9 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL coincidiam, de forma geral, com a estrutura geológica do território. planícies (que correspondem a 5%), ou seja, 28 unidades de relevo no total. A tipologia do professor Aziz Nacib Ab'Sáber, criada em 1958, manteve essa divisão em planaltos e planícies, porém dividiu o Planalto Brasileiro em Planalto Central, Planalto do Maranhão-Piauí, Planalto Nordestino, Planalto do Leste e Sudeste e planalto Meridional. Esses cinco planaltos foram definidos segundo critérios geomorfológicos estruturais, ou seja foram combinadas as formas com base em sua geologia. Nessa classificação, os planaltos são áreas em que o processo de erosão é mais intenso do que o de sedimentação e as planícies são as áreas em que ocorre o contrário. O professor Aziz Ab’Sáber já contou, para o estudo de algumas regiões, com levantamentos de aerofotogrametria. Fonte: ROSS, J.L.S. (Org.), Geografia do Brasil. 20 ed. São Paulo: Edusp, 1998 (Adaptado) Em 1995, surgiu a classificação proposta pelo prof.: Jurandyr Ross, cuja equipe contou com um imenso acervo de informações possibilitado pelo Projeto Radambrasil (Um Radar para a Amazônia) do Ministério das Minas e Energia, levantamento realizado entre 1970 e 1985. Este projeto que, a princípio estaria restrito à Amazônia, acabou fazendo levantamentos em todo o território brasileiro e contou com recursos de aerofotogrametria, fotografando o solo brasileiro com um equipamento especial de radar instalado num avião. Essa nova tipologia levou em consideração fatores especiais, que atuaram como critérios taxonômicos: a origem e evolução geológica das diversas áreas, o processo de erosão/sedimentação que ocorrem nos tempos atuais, a atuação dos climas e o nível altimétrico do lugar. Com isso, o relevo brasileiro é formado por 11 planaltos e 11 depressões (que correspondem a 95% do território nacional) e 06 A complexidade desta classficação, quando comparada às anteriores, pode oferecer certas dificuldades ao estudo, portanto, é importante ressaltar alguns tópicos que podem servir como referências importantes de estudo. Considerar os critérios de classificação apontados acima; lembrar que esta classificação introduziu o conceito de depressão, ou seja, grande quantidade de terrenos planos de inclinação suave, que antes eram confundidos com planícies, foram redefinidos como depressões; as áreas de planícies foram substancialmente reduzidas. Um aspecto muito importante é comparar as diferentes classificações. O antigo Planalto Central nào mais existe: foi dividido em treze unidades distintas, pois não era apenas constituído por chapadas, mas também por planatos, depressões e planície (Planície do Araguaia). Algumas destas áreas foram integradas aos Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba, aos Planaltos e Serras de Goiás-Minas e à Bacia do Paraná. A Chapada dos Parecis foi individualizada. O antigo Planalto das Guianas foi subdividido em duas unidades: a Depressão Marginal NorteAmazônica(200 e 300 metros) e os Planaltos Residuais Norte-Amazônicos (médias de 1 200 metros), onde se encontram os pontos mais elevados do país. Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 10 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL O antigo Planalto Nordestino passou a ser designado como Depressão Sertaneja e do São Francisco, variando de 80 m a 450 m. No Sertão do Nordeste há relevos residuais chamados de “inselbergs” ou “montanhas-ilhas”, originários de erosão diferencial das rochas que as constituem; como, por exemplo, as chapadas do Araripe e do Apodi. Esta unidadeiIncorporou áreas do antigo Planalto Central e a Borborema foi individualizada como Planalto da Borborema. O antigo Planalto Meridional também deixou de existir. Foi subdividido em duas unidades: Planalto e Chapadas da Bacia do Paraná, variando de 400 a 1 500 metros e a Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná, variando de 600 a 900 metros. Na zona de contato entre estas duas unidades, surgem as denominadas cuestas que constituem um relevo dissimétrico produto de erosão diferencial sobre camadas de rochas de resistências diferentes aos agentes externos do relevo. As “cuestas” apresentam uma encosta íngreme de um lado (frente de cuesta) e outra levemente inclinada. Esta escarpa levemente inclinada é constituída de rochas magmáticas metamórficas mais resistentes à erosão; por outro lado, a frente de cuesta é formada de terrenos menos resistentes. Observar, a partir do mapa de classificação do relevo, que o relevo brasileiro pode ser visualizado a partir de três recortes transversais ou perfis fundamentais, como ilustrado a seguir. Fonte: ROSS, J.L.S. (Org.), Geografia do Brasil. 20 ed. São Paulo: Edusp, 1998 (Adaptado) Fonte: SALLES, Ignez Helena. Conceitos de Geografia Física. Ícone Editora, São Paulo, 1907 (Adaptado). A antiga Planície Amazônica dividida em três unidades: a Depressão da Amazônia Ocidental (100 m a 200 m); o Planalto da Amazônia Oriental (400 m a 500 m) e a Planície Amazônica que foi reduzida a aproximadamente 5% da antiga área, pois a planície típica corresponde a faixa estreita que acompanha o vale dos cursos d’água, conforme pode ser visto na ilustração abaixo. Fonte: Puccamp O antigo Planalto Uruguaio-Sul-Rio-Grandense também foi subdividido em duas novas unidades: o Planalto Sul-Rio-Grandense (média de 450 m) e a Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense (até 200 m). Os planaltos brasileiros apresentam altitudes superiores a 300 m, não são uniformes; apresentam diferenças, de acordo com sua estrutura geológica e sua evolução geomorfológica: - Os planaltos em bacias sedimentares: limitados por depressões periféricas ou marginais; com relevos escarpados representados por frentes de cuestas. Exemplos: planaltos da Amazônia Oriental, os planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba e os planaltos e chapadas da bacia do Paraná. - Os planaltos em intrusões e coberturas residuais de plataforma: resultado de ciclos erosivos variados e se caracterizam por uma série de morros e serras isolados, relacionados a intrusões graníticas, derrames vulcânicos antigos e dobramentos précambrianos, a exceção do planalto e chapada dos Parecis, que é do Cretáceo (mais de 65 milhões de anos). Exemplos: os planaltos residuais norteamazônicos e os planaltos residuais sul-amazônicos. - Os planaltos em núcleos cristalinos arqueados: planalto da Borborema e planalto sul-rio-grandense. Ambos fazem parte do cinturão orogênico da faixa Atlântica. - Os Planaltos em cinturões orogênicos: ocorrem nas faixas de orogenia antiga e se constituem de relevos residuais apoiados em rochas geralmente metamórficas, associadas a intrusivas. Nesses planaltos, localizam-se inúmeras serras, geralmente associadas a resíduos de estruturas intensamente dobradas e erodidas. Como exemplos, temos os planaltos e serras do Atlântico Leste-Sudeste, sobressaindo as serras do Mar, da Mantiqueira e do Espinhaço, e as fossas tectônicas como o vale do Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 11 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL Paraíba do Sul; os planaltos e serras de Goiás e Minas, que estão ligados à faixa de dobramento do cinturão de Brasília, destacando-se as serras da Canastra e Dourada, e as serras residuais do Alto Paraguai que fazem parte do chamado cinturão orogênico ParaguaiAraguaia, com dois setores, um ao sul e outro ao norte do Pantanal Mato-grossense, com as denominações locais de serra da Bodoquena e Província Serrana, respectivamente. A ação intensa da erosão, típica dos climas úmidos, fica evidente nos denominados “mares de morros” ou “morros em meia-laranja” da Serra da Mantiqueira, marcados pela topografia arredondada devido ao intenso intemperismo, como ilustrado na foto a seguir. As montanhas brasileiras, com altitudes superiores a 1.200 m, estendem-se por apenas 0,5% do nosso território. Elas podem aparecer tanto nas áreas cristalinas como nas sedimentares, mas raramente ultrapassam a cota de 3.000 m – são, portanto, de altitudes muito baixas quando comparadas aos dobramentos terciários em outras regiões do planeta. As planícies brasileiras são terras baixas e geralmente planas, de sedimentação recente, em pleno processo de formação, que ocorre por causa da sucessiva deposição de material de origem marinha, lacustre ou fluvial em áreas planas como se verifica nas várzeas e “igapós” da Amazônia, no Pantanal Matogrossense ou planície Mato-Grossense com oscilação de altitude entre 100 e 150 m. As Depressões brasileiras são áreas rebaixadas, entre 100 e 500 m, formadas pela atividade erosiva entre as bacias sedimentares e as estruturas geológicas mais antigas, com exceção da Amazônia ocidental. Nessas unidades de relevo as marcas dos climas do passado e a alternância das diversas fases de erosão são mais facilmente notadas. Algumas das depressões localizadas às margens de bacias sedimentares são chamadas de depressões marginais e periféricas. O Brasil não apresenta depressões absolutas (abaixo do nível do mar), mas apenas depressões relativas. TEXTOS COMPLEMENTARES ENTREVISTA JURANDYR ROSS Professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) desde 1983, o geógrafo é destaque na área no Brasil. Nesta entrevista inédita, ele fala sobre sua trajetória, suas classificações do relevo nacional e por que é tão difícil ensinar geomorfologia nas escolas. Discutindo a Geografia - Primeiramente fale um pouco sobre sua origem, onde nasceu e estudou... Jurandyr Ross - Nasci em 1947, no município de Promissão, no interior de São Paulo, mas passei minha infância na porção norte do Estado do Paraná. Sou um produto da migração do café. Cresci na zona rural até os 16 anos. Com essa idade, vim para São Paulo. Sempre estudei em escola pública. Durante seis meses, fiz um curso preparatório para o vestibular. Inicialmente a minha idéia era prestar vestibular para agronomia. Foi no cursinho que eu mudei o rumo da minha vida para a geografia. DG - o que levou o sr. a essa mudança? JR - Comecei a perceber que eu havia perdido o vínculo com o meio rural. Já era um rapaz urbanizado. Além disso, chamava muito a minha atenção as discussões que a geografia humana realizava. Fui atraído pelos debates que ela enfatizava, sobretudo por meio de um autor, Yves Lacoste, e um livro de sua autoria que discutia o mundo subdesenvolvido. DG - E como foi a faculdade? JR - Fiz graduação na Universidade de São Paulo e no terceiro ano comecei a me interessar pela geografia física, em especial pelas disciplinas de geomorfologia e climatologia. DG - E o que levou o sr. a se especializar em geomorfologia (ciência que estuda as formas do relevo terrestre)? JR - Na USP, fui aluno do professor Aziz Ab'Saber. Suas aulas eram magníficas. Ele descrevia as coisas do Brasil de uma forma maravilhosa. DG - Isso o ajudou a despertar o fascínio pela geomorfologia? JR - Sim. Como fazia diversas viagens pelo Brasil no período de férias, passei a me interessar pela geomorfologia para compreender aquilo que eu estudava na sala de aula e o que via em minhas andanças. Outro fator que me levou a estudar com mais profundidade a área foi a necessidade de ensinar meus alunos a compreender melhor o que estava no livro didático, pois havia uma grande distância entre a teoria e a prática. DG - O sr. participou do chamado Projeto Radambrasil. O que foi esse projeto? JR - Foi um projeto desenvolvido no período militar para mapeamento dos recursos naturais, principalmente os existentes na Amazônia. Foram feitos estudos geológicos, geomorfológicos, botânicos e climáticos. Todos com base nas imagens e estudos de campo. Posteriormente foram realizados levantamentos de praticamente todo o território. A duração do projeto foi de aproximadamente 15 anos. Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 12 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL DG - E como o projeto contribuiu em seu trabalho para uma nova classificação do relevo brasileiro? JR - Eu transmitia para os meus alunos grande parte das informações que obtive no Radambrasil, mas de uma forma fragmentada, uma informação oral sem nenhuma base bibliográfica para consulta. Pensei então em fazer um mapa pequeno com um texto sucinto. A concretização da idéia consumiu um tempo razoável para avaliar os levantamentos sistemáticos que foram realizados pelo Radambrasil somados aos conhecimentos que adquiri no meu trabalho de mapeamento e a síntese que tinha na cabeça. Com base nisso produzi um documento pensando em auxiliar o curso de graduação de geografia da USP. Vale lembrar que eu não estava desprezando as outras contribuições, a dos professores Aroldo de Azevedo e Aziz Ab'saber. Mas estava tentando dar um avanço nas discussões e estudos geomorfológicos sobre o país. Com essa nova proposta de classificação, trabalhada em gabinete e em sala de aula, resolvi publicá-Ia na revista do Departamento de Geografia (número 4) e apresentá-Ia no Simpósio de Geografia Física Aplicada (ocorrido em Nova Friburgo, em 1989), para que assim o debate acadêmico fosse mais amplo. Posteriormente, a reitoria da Universidade de São Paulo propôs a realização de um livro de geografia do Brasil com tudo aquilo que o departamento realizava de mais avançado e atualizado. Um dos capítulos que o compõe faz uma abordagem dos principais aspectos metodológicos para a realização dessa nova classificação. Paralelamente a isso, duas revistas de grande circulação nacional publicaram reportagens abordando as propostas que havia desenvolvido e aío debate e o conhecimento sobre elas tomaram corpo. Além disso, encaminhei uma cópia dessas informações para no mínimo 20 autores de livros didáticos. Só dois responderam algo a respeito, Melhem Adas e Celso Antunes. DG - Quais são as principais características de sua classificação? JR - A classificação foi feita com base em mapeamentos sistemáticos, não se preocupando em fazer apenas um reconhecimento geral do campo, estabelecendo contornos de unidades em limites duvidosos, imaginários e com grau de imprecisão muito grande. Além disso, procurei hierarquizar as unidades por meio dos aspectos morfoestruturais, ou seja, das macroestruturas geológicas que definem as grandes formas do relevo e, dentro desse contexto, as formas menores que são decorrentes da ação escultural (morfoesculturas), realizadas pelas erosões química e física. É lógico que pode ser uma generalização. Você deixa de informar detalhes porque não há possibilidade efetiva de estabelecer tudo num trabalho de síntese, mas as grandes linhas, os grandes compartimentos do relevo brasileiro estão lá, explicados e demarcados: os planaltos, as planícies e as depressões. Gostaria de ressaltar um outro aspecto ainda não compreendido por todos: não fui eu que criei o conceito de depressão contido no relevo nacional. Quem fez isso foi o professor Aziz Ab'Saber, que publicou um trabalho no início da década de 20, nos Cadernos do Instituto de Geografia da USP. O que eu fiz foi ressaltar as depressões como unidades de compartimentos de relevo. Houve uma celeuma que alguns quiseram estabelecer entre mim e o professor Aziz que não tem a menor lógica, pois há de minha parte um grande respeito pelo seu trabalho. Absorvi seus estudos, incorporei-os e fui para frente. DG - Por que há uma grande aversão dos alunos do Ensino Médio em estudar geomorfologia? JR - Porque ensiná-Ia é uma coisa difícil. Tanto é que entrei na geografia e não gostava de geomorfologia. Mas acredito que há um grande problema na forma como os professores ensinam o assunto. Ou não ensinam ou transmitem as idéias quase sempre na base da memorização. Esse é o pior modo de ensinar, pois se você quer que um aluno fuja desse assunto é só obrigáIo a decorar as unidades de relevo do Brasil ou nomes de serras, rios... Cria-se assim uma grande aversão ao tema. DG - E qual é o seu conselho para os professores melhorarem a transmissão das informações geomorfológicas? JR - O grande segredo é mostrar ao aluno em que ambiente geomorfológico ele está, como é o seu espaço, o seu lugar. A partir desse contato é que se podem buscar novos ambientes, novos lugares e utilizar o livro didático como ferramenta que auxilie novas compreensões. DG - E quais serão suas próximas realizações científicas? JR - Em pesquisa, quero desenvolver uma produção na chamada linha de geografia construtiva. Ou seja, incorporar a geografia da natureza aos interesses da sociedade. O produto dela é o planejamento territorial com base no potencial dos recursos, nas potencialidades humanas em explorar os elementos naturais levando também em consideração as fragilidades dos ambientes. I sso converge para o zoneamento ecológico econômico, para o desenvolvimento de análises integradas entre sociedade e natureza. Dessa maneira fortalece-se o papel do pesquisador na construção de uma geografia com ampla aplicação. Fonte: Discutindo a Geografia. Ano 1 – N0 1. Ed. Escala, São Paulo, julho de 2004 QUESTÕES OBJETIVAS 1.(UFF) A letra da canção enfoca o tempo e o espaço que transcorrem e transformam tanto a matéria quanto o pensamento. Os versos da canção de Gilberto Gil, “Pães de Açúcar/Corcovados/Fustigados pela chuva e pelo eterno vento”, podem referir-se a um conceito da geografia física, o qual “constitui o conjunto de processos operantes na superfície terrestre que ocasionam a decomposição dos minerais das rochas, graças à ação de agentes atmosféricos e biológicos” (Leinz, V. e Amaral, S. Geologia Geral). O conceito acima referido é o: a) intemperismo b) metamorfismo c) magmatismo d) organicismo e) tectonismo Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 13 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL 2) (UNICAMP SP) Em 1902 os paulistas organizam o primeiro campeonato de futebol no Brasil. No mesmo ano, surgem os primeiros campos de várzea, que logo se espalham pelos bairros operários, e já em 1908/1910, a várzea paulistana congregava vários e concorridos campeonatos, de forma que São Paulo não é apenas pioneira nacional no futebol “oficial”, mas também, e sobretudo, no “futebol popular”. A retificação dos rios Pinheiros e Tietê, a partir dos anos 1950, eliminou da paisagem urbana inúmeros campos de várzea, provavelmente mais de uma centena. (Adaptado de G.M. Jesus, “Várzeas, operários e futebol: uma outra Geografia”. Geographia. Rio de Janeiro, v. 4, n. 8, p. 84-92, 2002.) b) Glaciação havida no período Carbonífero, propiciando o surgimento de fontes de energia. c) Dobramentos típicos da era Cenozóica, responsáveis pelo surgimento do Aqüífero Guarani. d) Transgressão marinha do período Devoniano, que resultou em grandes depósitos de sais minerais. e) Derrame basáltico ocorrido na era Mesozóica, com a decorrente formação de solos férteis. 4. As áreas assinaladas no mapa por X-Y-Z correspondem, respectivamente, às seguintes unidades do relevo brasileiro: Várzea é uma forma geomorfológica associada às margens de rios caracterizadas pela topografia plana (o que facilita o uso como campos de futebol) e a) sujeita a inundações periódicas anuais, quando ocorre a deposição de sedimentos finos. Está posicionada entre o terraço e o rio. b) sujeita a inundações apenas em anos muito chuvosos, quando ocorre a deposição de sedimentos grossos. Está posicionada entre o terraço e o rio. c) sujeita a inundações periódicas anuais, quando ocorre a deposição de sedimentos finos. Está posicionada entre a vertente e o terraço. d) sujeita a inundações apenas em anos muito chuvosos, quando ocorre a deposição de sedimentos finos. Está posicionada entre a vertente e o terraço. 3.(UFF) Entre 1800 e 1850, a cafeicultura expandiu-se pelo vale do Paraíba a partir do Rio de Janeiro. Nos 40 anos seguintes ela avança pelo interior paulista na região dominada pela depressão periférica da borda leste da bacia do Paraná. A partir de 1900, o café prossegue sua marcha em direção à porção ocidental do Estado de São Paulo, atingindo o vale do Rio Paraná. Em meados do século XX, todo o extremo oeste paulista e parte expressiva do noroeste paranaense já haviam se inserido nessa produção. O mapa seguinte assinala um importante fator natural relacionado à expansão da cafeicultura descrita acima. a) Planaltos Residuais Norte-Amazônicos / Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba / Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná. b) Depressões Marginais Amazônicas / Depressão Sertaneja e do São Francisco / Depressão Periférica Sul-Rio-grandense. c) Planaltos Residuais Norte-Amazônicos / Depressão Sertaneja e do São Francisco / Chapadas da Bacia do Paraná. d) Depressões Marginais Amazônicas / Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba / Chapadas da Bacia do Paraná. e) Planaltos Residuais Norte-Amazônicos / Planalto da Borborema / Depressão Periférica Sul-Rio-grandense. 5. Observe o mapa abaixo: No trecho compreendido entre os pontos A e B, na figura, verificam-se as seguintes formas de relevo: planície, planalto em bacia sedimentar, depressão, depressão, planalto em bacia sedimentar e depressão. De acordo com a classificação de Ross (1990), tais formas de relevo correspondem, respectivamente, às unidades do relevo brasileiro indicadas em uma das opções abaixo. Marque-a. UNIDADES DO RELEVO BRASILEIRO Fonte: LEINS, Viktor, AMARAL, Sérgio, Geologia Geral, Editora Nacional, pág. 284. Assinale a alternativa que aponta esse fator, bem como o aspecto particular dele originado, que propiciou essa influência sobre a cultura cafeeira. a) Soeguimento do período Terciário, favorecendo o uso dos rios para obtenção de energia. Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 14 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL a) Pantanal do rio Guaporé; planalto e chapada dos Parecis; depressão Sul - Amazônica; depressão periférica da borda leste do rio Paraná; planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba e depressão Sertaneja - São Francisco. b) Pantanal Mato - Grossense; planaltos e chapadas da bacia do Paraná, depressão do Araguaia - Tocantins; depressão do Tocantins; planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba e depressão Sertaneja - São Francisco. c) Pantanal Mato - Grossense; planaltos e chapadas da bacia do Paraná; depressão Cuiabana; depressão Araguaia - Tocantins; planaltos e chapadas do Parnaíba e depressão do rio Miranda. d) Pantanal do rio Guaporé; planaltos e chapadas da bacia do Paraná; depressão Cuiabana; depressão do Tocantins; planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba e depressão Sertaneja - São Francisco. e) Pantanal Mato - Grossense; planalto e chapadas dos Parecis; depressão do Araguaia - Tocantins; depressão do Tocantins; planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba e depressão do rio Miranda. Sobre os processos endógenos ativos de estruturação do relevo, pode-se afirmar que I - os movimentos epirogenéticos são responsáveis por falhamentos na crosta terrestre. II - os abalos sísmicos são provocados por processos de lixiviação e laterização do solo. III - os dobramentos são resultantes de pressões horizontais em estruturas rochosas. IV - os vulcanismos são mais comuns em áreas de contato entre as placas tectônicas. Quanto às afirmações acima, são verdadeiras apenas a) I, II e IV b) I, II e III c) II, III e IV d) I, III e IV 8. (UFRS) Observe a figura a seguir, que representa uma paisagem com modificações nas suas formas de relevo. 6. (FUVEST SP) Esta foto ilustra uma das formas do relevo brasileiro, que são as chapadas. Fonte: SUERTEGARAY, D. (org.). "Terra: feições ilustradas." Porto Alegre: UFRGS, 2003. Com base na figura e no comportamento dos processos geomorfológicos, são feitas as seguintes afirmações. É correto afirmar que essa forma de relevo está a) distribuída pelas regiões Norte e Centro-Oeste, em terrenos cristalinos, geralmente moldados pela ação do vento. b) localizada no litoral da região Sul e decorre, em geral, da ação destrutiva da água do mar sobre rochas sedimentares. c) concentrada no interior das regiões Sul e Sudeste e formou-se, na maior parte dos casos, a partir do intemperismo de rochas cristalinas. d) restrita a trechos do litoral Norte-Nordeste, sendo resultante, sobretudo, da ação modeladora da chuva, em terrenos cristalinos. e) presente nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, tendo sua formação associada, principalmente, a processos erosivos em planaltos sedimentares. 7. (UFU) O relevo terrestre, conjunto de formas apresentadas pela litosfera, "[...] é fruto da atuação de duas forças opostas - a endógena (interna) e a exógena (externa)". ROSS, J. L. S. (org). "Geografia do Brasil". São Paulo: Edusp, 1995, p.33. I - Os degraus de cortes, realizados para a criação de superfícies planas necessárias à construção de moradias e arruamento, modificam a geometria e a declividade das vertentes, expondo o solo aos efeitos da ação direta dos agentes climáticos. II - As modificações ocasionadas pela ocupação humana proporcionam uma diminuição do escoamento superficial decorrente da impermeabilização da superfície pela compactação do solo. III - As alterações realizadas nas formas de relevo não alteram a estabilidade das vertentes que possuem cobertura vegetal de gramíneas e matas naturais. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 9. (MACKENZIE) Os processos exógenos são responsáveis pelo modelado do relevo terrestre e sua atuação varia de acordo com o clima. Portanto, é correto afirmar que: Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 15 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL a) é muito comum, em áreas de clima tropical, a presença de solos profundos, em virtude da intensa ação de intemperismo químico. b) em áreas desérticas, a grande amplitude térmica entre o dia e a noite dificulta a meteorização física. c) em área de clima equatorial, o processo de intemperismo químico é mais lento, por não existirem grandes oscilações térmicas diárias. d) a má infiltração e má drenagem da água em áreas de clima de altas montanhas favorecem tanto o intemperismo químico como a erosão. e) em áreas de clima polar, a ação do intemperismo químico se faz mais presente em virtude do congelamento da água que se expande em seu volume. 10. (UFES) No mapa a seguir, estão representados compartimentos do relevo brasileiro segundo a classificação de Jurandyr Ross, que é baseada em critérios morfogenéticos. a) as formas do relevo regional devem-se a um longo processo de formação, resultante de uma orogênese extremamente antiga e um longo processo erosivo, o que explica suas altitudes modestas. b) a compartimentação do relevo regional deve-se, entre outras coisas, a movimentos de blocos que criaram desníveis, rejuvenescendo velhas formas de relevo arrasado; por isso, alternamse cristas graníticas mais elevadas, planaltos e depressões. c) a estruturação do relevo regional deve-se à sujeição a agentes tectônicos e esforços compressivos alternantes, em épocas recentes, conforme atesta sua altimetria. d) a configuração do relevo regional deve-se a uma atuação preponderante, nos últimos milhões de anos, de agentes exógenos diversos, tais como água, vento e gelo, o que condicionou o arredondamento e modelagem de suas formas. 12. (FATEC) Considere o mapa adiante para responder à questão. (Simielli, M. E. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2000:80. Adaptado) A legenda CORRETA do mapa é: a) 1 - Depressões em estruturas sedimentares e 2 Planaltos em bacias sedimentares. b) 1 - Planaltos em estruturas cristalinas e dobradas antigas e 2 - Depressões em estruturas sedimentares. c) 1 - Planaltos em estruturas cristalinas e dobradas antigas e 2 - Planaltos em bacias sedimentares. d) 1 - Planaltos em estruturas cristalinas e dobradas antigas e 2 - Planícies em estruturas sedimentares recentes. e) 1 - Planícies em estruturas sedimentares recentes e 2 - Depressões em estruturas sedimentares. 11. (PUCMG) Observe o perfil topográfico da região Sudeste brasileira. Sobre os processos que conduziram à configuração do relevo regional, NÃO se pode afirmar que: Simielli, M.E. - Geoatlas, São Paulo, Ática, 2000, p. 83 Está correta a alternativa a) Tipo de rocha - Sedimentar Ocorrência mineral - petróleo/carvão b) Tipo de rocha - Cristalina Ocorrência mineral - bauxita/carvão c) Tipo de rocha - Metamórfica Ocorrência mineral - petróleo/bauxita d) Tipo de rocha - Cristalina Ocorrência mineral - carvão/ferro e) Tipo de rocha - Sedimentar Ocorrência mineral - ferro/bauxita Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 16 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL 13. (UFMG) Analise este mapa, em que está representada a distribuição de uma das grandes unidades geológicas da América do Sul: fragmentos desagregados que nela se encontram são removidos pelo escoamento superficial da água." (Tricart, Jean - adaptado IBGE, 1970) O texto acima trata: FONTE: SCHOBBENHAUS, Carlos et al. (Coords.). Geologia do Brasil. Brasília: Departamento Nacional da Produção Mineral, 1984. Cap. I, p. 10. A partir da análise feita, é CORRETO afirmar que, nas áreas hachuradas nesse mapa, predominam a) bacias sedimentares paleozóicas e mesozóicas, que abrigam importantes jazidas de petróleo e gás, o que as torna áreas alvo de interesse para a exploração econômica. b) escudos e maciços antigos submetidos a intensa e prolongada ação erosiva ao longo do tempo geológico. c) cadeias de montanha localizadas em limites de placas litosféricas, que, em razão de seu posicionamento latitudinal, quebram a zonalidade climática. d) derrames vulcânicos atualmente modelados em planaltos de topografia pouco acidentada e revestidos por solos de fertilidade elevada. 14. (UFC) A formação dos solos é condicionada, essencialmente, pelos climas. Neste contexto, os solos zonais refletem este condicionamento. Com base nessas informações, assinale a alternativa correta. a) Latossolo, podzólico, desértico e tundra são exemplos de solos Zonais. b) O solo aluvial constitui um dos melhores exemplos de solos Zonais. c) Os latossolos, que ocorrem na maior parte da Zona Temperada, são solos típicos de climas quentes e úmidos ou subúmidos. d) Os latossolos são solos rasos das áreas tropicais, submetidos à alternância entre estações chuvosas e secas, portanto não enfrentam problemas de lixiviação. e) Os podzólicos são constituídos por grãos finíssimos, originários da fragmentação das rochas, durante as glaciações quaternárias. Mantêm-se sem desmoronamentos, em paredões verticais de até 150 metros. 15. (PUCPR) Leia o texto: "Em uma região, o microclima da superfície do solo varia profundamente - sob a floresta e sobre a rocha nua, por exemplo. A superfície da rocha nua é submetida a freqüentes e grandes variações de temperaturas e de umidade que lhe facilitam a desagregação. Quando ela é batida pela chuva, por ocasião dos aguaceiros, os a) do processo erosivo, típico das áreas cobertas por florestas aciculifoliadas, que, substituídas pela atividade agrícola intensiva, expõem o solo à ação da lixiviação, resultando em intensa sedimentação. b) do intemperismo, iniciando o processo de erosão, num ambiente tropical quente e úmido. c) do ambiente mediterrâneo, onde as rochas expostas sofrem desgaste, formando solos eluviais de média fertilidade. d) do processo de formação dos solos nas zonas intertropicais, onde a rocha matriz destruída produz uma camada mineral, caracterizada pela presença de material orgânico em decomposição, constituindo o latossolo. e) do processo de formação de planícies aluvionais em ambientes climáticos com períodos alternados seco e úmido, comuns nas zonas tropicais. 16. (FGV) A combinação correta entre o ambiente climático, processos erosivos e formas de relevo resultantes dessa interação está contida na alternativa: a) ambiente climático: tropical (quente e úmido); processo exógeno predominante: intemperismo químico das águas fluviais e pluviais; exemplos de formas de relevo: topos arredondados nas áreas de serras e planaltos. b) ambiente climático: árido e semi-árido; processo exógeno predominante: intemperismo químico maior que a ação eólica; exemplos de formas de relevo: campos e dunas e inselbergs surgidos após a pediplanação. c) ambiente climático: tropical (quente e úmido); processo exógeno predominante: intemperismo físico decorrente das variações térmicas; exemplos de formas de relevo: vales em U e depressões interplanálticas. d) ambiente climático: frio e seco; processo exógeno predominante: intemperismo químico maior que a ação eólica; exemplos de formas de relevo: topos arredondados nas áreas de serras e planaltos. e) ambiente climático: árido e semi-árido; processo exógeno predominante: intemperismo químico das águas fluviais e pluviais; exemplos de formas de relevo: vales em U e depressões interplanálticas. 17. (CESGRANRIO) Sobre os agentes que modelam o relevo terrestre, as modificações que ocorrem na crosta e as formas que assumem essas alterações, é INCORRETO afirmar que: a) os movimentos tectônicos, que provocam dobras e falhas, são os mais duradouros e os que mais profundas alterações determinam nas paisagens. b) o vulcanismo extrusivo determina derrames de rochas ácidas e básicas, sendo que as últimas formam depósitos mais extensos. c) os falhamentos ocorrem, de um modo geral, em terrenos pouco resistentes, e são responsáveis pela Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 17 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL formação de "horts" (blocos deprimidos) e "graben" (blocos levantados). d) as águas correntes são os mais importantes agentes de erosão o sedimentação, exercendo sua ação sobretudo através do trabalho fluvial. e) a erosão eólia dá lugar a formas pitorescas (mais estreitas na base), em virtude de a ação do vento ser mais intensa na superfície. 18. (UEFS BA) Os principais tipos de relevo do Brasil foram esculpidos sobre rochas de milhões e milhões de anos. (TERRA..., 2010, p. 36). Sobre os tipos de relevo, no Brasil, é correto afirmar: a) A forma dominante do relevo é o planalto, onde os processos erosivos predominam sobre os processos de sedimentação. b) As depressões da Amazônia Oriental, da Borborema e da borda oeste do rio Paraná merecem destaque entre as depressões brasileiras. c) Os picos da Bandeira e Agulhas Negras, os mais elevados do país, sobressaem-se nas formações jovens do Sudeste. d) Os dobramentos modernos atingiram duramente a região serrana do extremo norte do país. e) As planícies típicas ocupam grande parte do território brasileiro, principalmente na Amazônia Ocidental. 19. (UNESP SP) Euclides da Cunha em Os Sertões descreve a campanha de Canudos. No esboço geológico do Sertão de Canudos, feito por ele, é possível distinguir a região. b) ao Planalto Arenítico-Basáltico na região Sul, no estado de Santa Catarina, da vegetação de campos, da bacia hidrográfica do rio Paraná, de clima de altitude – tropical de altitude. c) ao Planalto das Guianas na região Nordeste, da caatinga, da bacia hidrográfica do rio São Francisco e bacias secundárias, de clima equatorial. d) ao Planalto Atlântico na região Sudeste, da mata atlântica, da bacia hidrográfica do rio Paraná e bacias secundárias, de clima árido. e) ao Planalto Central Brasileiro na região Norte, da bacia hidrográfica do rio Tocantins, da vegetação de campos, de clima de altitude – tropical de altitude. 20. (UFPE) Observe o bloco-diagrama e assinale a alternativa correta: a) O n0 01 corresponde a um planalto, onde a deposição de materiais ou detritos é maior que o desgaste ou erosão. b) O n0 02 refere-se à escarpa do planalto, onde ocorre um processo de deposição de detritos. c) O n0 03 corresponde a uma planície, onde o desgaste ou erosão é maior que a deposição de materiais ou detritos. d) O n0 01 corresponde a um planalto, cujo topo é uma superfície de arrasamento, no qual ocorre um processo de desgaste ou erosão. e) O n0 03 indica uma área de planície, onde se apresenta a rede hidrográfica, e corresponde a uma superfície de arrasamento. QUESTÕES ANALÍTICAS 1. (UNICAMP SP) Rocha é um agregado natural composto por um ou vários minerais e, em alguns casos, resulta da acumulação de materiais orgânicos. As rochas são classificadas como ígneas, metamórficas ou sedimentares. (Euclides da Cunha, 1866 – 1909. Os Sertões, cópia de Alfredo Aquino, 1979. Adaptado.) Em seu livro, abordava e enfatizava os elementos geográficos que dificultavam as rotas dos que se dirigiam para Canudos. A descrição refere-se a) à Depressão Sertaneja e Sanfranciscana na região nordestina, no estado da Bahia, da caatinga, da bacia hidrográfica do rio São Francisco, de clima nordestino – semiárido. a) Quais são os processos de formação das rochas metamórficas? b) A Região Sul do Brasil destaca-se na produção de carvão mineral, que é extraído de rochas sedimentares do período Carbonífero. Que condições ambientais permitiram a acumulação desse material orgânico e que processos levaram à posterior formação do carvão mineral? Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 18 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL 2. (UNESP SP) Observe o segmento de reta AB traçado no mapa. A sua extensão é de 1.425 km e percorre o rumo Noroeste-Sudeste. a) Identifique corretamente as formas de relevo I e II apontadas na figura. b) Explique o processo de formação das formas de relevo I e II. 5. Nos climas tropicais úmidos, são comuns os solos espessos. Entretanto, alguns fatores naturais podem mudar essa tendência geral. Observe a figura a seguir, representativa dessas áreas. (Graça Maria Lemos Ferreira, Atlas Geográfico. São Paulo, Moderna, 1998. Adaptado.) Adaptado de LEPSCH, 2001 Mencione as principais bacias hidrográficas e as principais unidades de relevo atravessadas pelo segmento AB. 3. (FUVEST SP) Considere a figura e seus conhecimentos para responder. a) Cite dois fatores que causam a diferença de espessura do solo entre o perfil I e II. b) Explique um dos fatores citados. 6. (UNICAMP SP) O relevo cárstico ou karst refere-se predominantemente a feições subterrâneas, como cavernas. Observe a representação na figura abaixo e responda às questões: a) Anote, na folha de respostas, os números de 1 a 5 correspondentes a cada unidade de relevo ou de estrutura geológica. b) Compare as áreas A e B quanto às atividades agrárias espacialmente predominantes, relacionando essas atividades a características do relevo. 4. (UNIFESP SP) Observe a figura. (Adaptado de W. Teixeira et al., Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000, p. 131.) a) Quais as condições básicas para o desenvolvimento do modelado cárstico? b) Defina os nomes dos espeleotemas indicados na figura pelos números 1 e 2. 7. (UNICAMP) O gráfico a seguir indica, segundo as latitudes terrestres, as principais características de (As grandes unidades de relevo. Penteado, 1994.) Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 19 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL formação do solo. Com o auxílio do gráfico, faça o que se pede: O Aqüífero Guarani é o maior reservatório de água doce da América do Sul, com 45 quatrilhões de litros. Fonte: Ministério do Meio Ambiente. (Adaptado de Jornal do Brasil, 06/08/2000.) Adaptado de Wilson Texeira, Maria Cristina Motta de Toledo, Thomas Rich Fairchild e Fábio Taioli (orgs.), "Decifrando a Terra". São Paulo: Oficina de Textos, 2000, p. 154. A figura acima representa o maior reservatório de água doce da América do Sul. a) Explique como a precipitação e a quantidade de matéria orgânica interferem na intensidade de intemperismo da rocha e na formação do solo. A sua formação ocorreu em determinado tipo de terreno e, mais tarde, através de derrames, foi criado uma espécie de tampão que cobriu o aqüífero, contribuindo para a boa qualidade de suas águas. b) Observa-se, no gráfico, que nas regiões equatoriais os solos, são mais profundos e com elevados teores de alumínio. Por que isso ocorre? Identifique o tipo de rocha que cobriu o aqüífero e a estrutura geológica da sua formação. c) A salinização do solo é um dos principais problemas ambientais que atingem as sociedades modernas, pois inviabiliza a produção agrícola nas áreas onde a mesma ocorre. Dentre as zonas bioclimáticas representadas no gráfico, indique em qual delas ocorre o processo de salinização. Justifique sua resposta. 8. (UFU) Observe a figura a seguir e faça o que se pede: Unidades do Relevo Brasileiro 10. (UFSCAR) Esse domínio paisagístico possui formas de relevo conhecidas como "meias-laranjas", que têm origem em serras localizadas sobre terrenos cristalinos, que foram fortemente erodidas, principalmente pelas chuvas. Ele constitui, do ponto de vista das construções humanas, o meio físico mais complexo e difícil, se comparado ao de outras paisagens naturais do Brasil. a) Como se chama esse domínio morfoclimático e onde se localiza? b) Explique por que essa paisagem natural é a mais problemática do país, do ponto de vista das construções humanas. 11. (UNICAMP) "O entendimento do relevo é fundamental para solucionar os problemas relativos à expansão dos sítios urbanos." (Jurandyr L. S. Ross, "Geomorfologia, ambiente e planejamento", São Paulo, Contexto, 1990, p. 18.) Fonte: Adaptado de ROSS, J.L.S (org). "Geografia do Brasil". São Paulo: Edusp, 1995, p. 53 a) Quais as unidades de relevo representadas na figura pelos números 3 e 26? b) Cite duas características físicas de cada uma delas. Considerando a afirmação e a figura anterior, responda: 9. (UERJ) RIQUEZA SUBTERRÂNEA Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 20 GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL a) Quais são as três diferentes formas de relevo apresentadas na figura? b) analise o papel do relevo na distribuição das precipitações pluviométricas. b) Que unidades de relevo não são propícias à urbanização? Justifique sua resposta. c) Por que muitos assentamentos humanos foram historicamente desenvolvidos nas várzeas dos rios? 12. (UNESP) Analise os perfis 1, 2 e 3. Observe o mapa. a) Relacione cada perfil aos traçados identificados, no mapa, com as letras a, b e c. b) Considerando a altitude, destaque a principal diferença entre eles. 13. (FUVEST) "...e ostentou-se aos nossos olhos um profundo vale alegre... . O próprio vale ... estende-se entre as últimas vertentes da Serra do Mar e da ... Mantiqueira, para o Sul. O Paraíba corre nele, depois de sair dos estreitos vales da primeira cadeia de montanhas, e toma em Jacareí direção justamente oposta à anterior" (Adap. SPIX E MARTIUS: 1823) O texto anterior reproduz a impressão causada pelo vale do Rio Paraíba do Sul aos viajantes que, vindos do Rio de Janeiro, o avistavam a partir de seu extremo NE. A partir do mapa, do texto e do perfil A - B, a) identifique no mapa as unidades de relevo I, II e III e mencione os processos que deram origem a elas. Prof.: Carlos Alberto (Cacá) 21