O ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO COMO FORMA DE PREVENIR O RISCO DE INUNDAÇÕES URBANAS Maria Gouveia Aluna de Doutoramento, Departamento de Geografia e Turismo e CEGOT, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra [email protected] Em Mirandela, as inundações são um fator condicionante para a vida dos cidadãos que aí residem, trabalham ou se deslocam para a visitar. Luciano Lourenço Departamento de Geografia e Turismo e CEGOT, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra [email protected] Avenida Princesa do Tua, 2012 (Autora: Maria Gouveia) Cidade de Mirandela O estudo realizado tem como objetivo a compreensão da influência do processo de urbanização na manifestação de cheias e consequentes inundações na cidade de Mirandela, utilizando-se ferramentas de SIG. Caraterizar o processo de urbanização Variação do número de habitantes residentes HABITANTES Variação do número de edifícios ÁREAS IMPERMEÁVEIS EDIFÍCIOS • INE, Censos 1981, 1991, 2001 e 2011 • Concelho • Freguesia • Área de estudo, com base nas subsecções estatísticas Cartografia das áreas impermeabilizadas em diferentes momentos temporais, na área de estudo • INE, Censos 1981, 1991, 2001 e 2011 • Concelho • Freguesia • Área de estudo, com base nas subsecções estatísticas • Vetorização da área urbana • Cartografia raster de 1980 e 2012 • Área de estudo Portugal O concelho de Mirandela localiza-se no nordeste de Portugal, tem 65.900 ha e 30 freguesias. Segundo os censos de 2011, a população residente era de 23850 habitantes. O conhecimento da variação do número de habitantes residentes e do número de edifícios baseou-se nos dados e na cartografia que o INE disponibiliza por subsecção estatística para os anos de 1991, 2001 e 2011. Essa análise é efetuada para o concelho, para a freguesia de Mirandela e para a área de estudo. Em 1991, a população total que residia na área de estudo, era de 726 habitantes, o que representava cerca de 2,8% da população residente na área do concelho e cerca de 8,8% da população residente na área da freguesia, sendo a densidade populacional de 440 habitantes/km2. 2001 Em 2001, a população total que residia na área de estudo, era de 1096 habitantes, o que representava cerca de 4,2% da população residente na área do concelho e 9,7% da população residente na área da freguesia, sendo a densidade populacional de 664 habitantes/km2. A cidade carateriza-se por se desenvolver nas duas margens do rio Tua e da ribeira de Carvalhais, havendo, na margem esquerda dos dois cursos de água uma maior pressão urbanística. A área de estudo tem 165 ha e compreende dois espaços descontínuos. Na área a norte estabeleceu-se o Parque de Campismo “Três Rios Maravilha” e a outa área acompanha os traçados do rio Tua e da ribeira de Carvalhais e situa-se em plena cidade. A área de estudo foi delimitada com base nas caraterísticas do terreno, tais como estradas ou margens de cursos de água e tendo em conta a espacialização da ocorrência de inundações desde o ano de 1909, com base em relatos de notícias de jornais. Evolução da distribuição de habitantes 1991 Concelho de Mirandela Fontes: CAOP, DGT, 2015; Carta Militar de Portugal, folhas n.º 76 e 77, 1/25000, IGeoE, 1995 Evolução da distribuição de edifícios 1991 2011 Em 2011, a população total que residia na área de estudo, era de 959 habitantes, o que representava 4,0% da população residente na área do concelho e 8,0% da população residente na área da freguesia, sendo a densidade populacional de 581 habitantes/km2. Em 1991, o local onde se encontrava o maior número de edifícios (31 edifícios), corresponde ao sector central da área de estudo, junto à foz da ribeira de Carvalhais, entre a sua margem esquerda e a rua da República. 2001 Em 2001, o local onde se encontrava o maior número de edifícios (38 edifícios), corresponde ao sector central da área de estudo, junto à foz da ribeira de Carvalhais, entre a sua margem esquerda e a rua da República. 2011 Em 2011, a maior concentração de edifícios (33 edifícios) era, sobretudo, um pouco mais a norte do que nos anos de 1991 e 2001, localizando-se entre a avenida da Galiza e a rua da Ponte Romana. Evolução das áreas impermeáveis 1980 2012 A evolução do número de habitantes e de edifícios e o conhecimento da sua distribuição espacial, bem como o consequente aumento das áreas impermeabilizadas, permitem concluir que surgirão maiores dificuldades de infiltração da água proveniente de situações de cheia do rio Tua e que a existência de mais obstáculos irá facilitar a ocorrência de inundações cada vez mais catastróficas. A área impermeabilizada é aferida através da vectorização da área urbana que se situa dentro da área de estudo, isto é, foi criado um único polígono que abrange todos os espaços artificiais presentes em dois momentos temporais, utilizando-se, como base de trabalho, as imagens vetoriais em formato raster do ano de 1980 e os ortofotomapas do ano de 2012. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • • • • • DELTARES (2010) – Flood Risk Management, Delft Direção-Geral dos Recursos e Aproveitamentos Hidráulicos (1984) – Curso Internacional de Hidrologia Operativa, Vol. II, Lisboa LOURENÇO, Luciano (1988) – Caderno de trabalhos práticos de geografia física, 1ª parte, FLUC, Coimbra RAMOS, Catarina (2009) – Dinâmica fluvial e ordenamento do Território, CEG-UL, Lisboa SARAIVA, Maria (1999) – O rio como paisagem, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa