O circo vai à escola Não é nenhuma novidade trabalhar com

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O circo vai à escola
Não é nenhuma novidade trabalhar com atividades circenses em escolas, principalmente no
Ensino Fundamental I - eu mesma já realizei esse trabalho há 10 anos - e o ano passado resolvi
retomar o projeto com uma turminha do 6º ano do Ensino Fundamental II do Colégio Padre de
Man, na cidade de Coronel Fabriciano/MG.
Durante toda essa minha trajetória dentro da Educação Física, venho percebendo que não
preciso de ideias mirabolantes para proporcionar uma aula interessante e provida de
movimentos felizes, é necessário sim, um olhar e um objetivo diferente do que simplesmente
cumprir a função, um olhar com foco na curiosidade e na felicidade de quem está praticando.
Posso repetir o que já fiz há alguns anos ou o que muitos já fizeram, somente preciso saber se
meu grupo atual tem curiosidade e necessidade, para então apresentar a proposta dentro da
realidade e do perfil do grupo.
A partir desse pressuposto e de ter uma turminha do 6º ano com características bem
“elétricas”, por alguns gostarem de fazer brincadeiras engraçadas e em uma de nossas aulas
de Ginástica Olímpica (saltos) terem mencionado que as acrobacias circenses eram parecidas
com os movimentos que estávamos realizando, sugeri a ideia do estudo e da montagem de um
circo, e eles toparam.
Então escrevi o projeto por volta do mês de março e iniciamos os estudos: a proposta era
trabalhar com atividades corporais que fizessem parte do universo das atividades circenses.
Elencamos as atividades próprias do circo, conhecemos o circo antigo, o moderno e o
contemporâneo, vimos a evolução e as características do circo em cada época. Eles acharam
interessante o ponto em que a transmissão dos saberes sobre as modalidades do circo ficava
restrita às famílias que os passavam de geração em geração, mas que já a partir do circo
contemporâneo ocorre uma abertura dos conhecimentos e dos saberes circenses para pessoas
que não eram nascidas de tradicionais famílias circenses, mas que tinham interesse em fazer
parte do grupo. Outro ponto que rendeu uma boa discussão foi que hoje muitos acrobatas
foram atletas da ginástica olímpica e que os animais foram extintos do circo. Com essas
curiosidades e características foram ampliando o olhar sobre esse maravilhoso espetáculo.
Conhecemos um pouco do circo no Império Romano e descobrimos que em Roma havia um
chamado “Circo Máximo de Roma”, que não se parecia em nada com o que chamamos de
circo hoje em dia. Apesar do nome, era, na verdade, o maior hipódromo romano e uma das
maiores arenas de esportes já construídas. E que a corrida de bigas, era uma das atrações
desse circo e era também uma das modalidades das olimpíadas antigas na Grécia. Assim
realizamos uma “corrida de bigas”, adaptada para a aula.
A partir do estudo teórico, avançamos para a vivência das modalidades circenses, assim
divididas: elementos da ginástica artística (rolamentos e saltos), elementos da ginástica
acrobática (figuras acrobáticas e pirâmides), elementos da ginástica rítmica (corda, arco, bola,
fita), funambulismo (perna de pau e trave de equilíbrio), manipulações – malabarismos (bolas,
clavas e bastões), encenações com oficinas e esquetes de palhaço.
Após todos vivenciarem as atividades, chegou o momento de construir o “Nosso Circo” - esse
foi o nome do circo escolhido pela turma -, então elencamos as tarefas e funções para a
realização do projeto, cuja distribuição fora definida conforme os interesses e habilidades dos
alunos.
“Nosso Circo” foi assim organizado: equipe de cenário, que ficou responsável em procurar
materiais alternativos para criar um picadeiro, lugar para a plateia e acessórios para criar um
clima de circo; equipe de sonoplastia, que pesquisaria sons e músicas circenses, disponibilizálas-ia para o grupo e geriria a apresentação musical no dia do circo; a equipe de fotografia, que
registraria todos os momentos e inclusive as apresentações; a equipe de montagem e
execução, que seria composta pelos apresentadores, palhaços, bailarinas, malabaristas,
acrobatas com elaborações de pirâmides, mágicos, ginastas e a GRD com fita, bola e arco.
Todos estavam bem empolgados e realizamos vários ensaios, preparamos o figurino e a
culminância do projeto foi a apresentação do “Nosso Circo” para os alunos do Ensino
Fundamental I da própria escola, no contra turno. Foi um sucesso, os alunos foram muito
aplaudidos e se sentiram felicíssimos.
Esse ano ao iniciar o trabalho com a mesma turma, uma das perguntas que ouvi, foi se iríamos
realizar novamente o circo, então percebi o quão importante havia sido para eles, o que me
motivou a escrever o projeto para a revista, na certeza de que eles ficarão ainda mais felizes ao
verem a publicação.
Creio que o trabalho atingiu o objetivo proposto, que era despertar para uma arte tão bonita e
propiciar atividades prazerosas e repletas de possibilidades corporais.
Profª Márcia Maria Almeida Figueiredo
Cref 000646/MG
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