XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. ESTUDO DOS PARÂMETROS CINÉTICOS DE ARRHENIUS POR MEIO DA REAÇÃO DE ÁCIDO CLORÍDRICO E ALUMÍNIO – UMA PROPOSTA DE AULA PRÁTICA Luana Maria de Lima Nascimento1, José Cícero Alves da Silva2, José Francielson Queiroz Pereira,3 Andréa Monteiro Santana Silva Brito4 Introdução A Cinética é a área da química que estuda a velocidade em que as reações ocorrem (ATKINS, 2001, p. 643). Levando em consideração a estrutura submicroscópica da matéria, uma reação química pode ocorrer somente quando os átomos, íons, ou moléculas dos reagentes estão em contato. Assim, a velocidade de uma dada reação depende da frequência com que as partículas reagentes colidem. Nem todas as colisões levam a uma reação química, pois muitas vezes elas não satisfazem os requisitos energéticos para que a reação ocorra. Em alguns casos, as moléculas colidem com energia suficiente, mas em orientações inapropriadas para que a reação se complete. Os principais fatores que afetam a velocidade de uma reação são aqueles que afetam as colisões entre as partículas. Assim, um aumento na concentração de reagentes, aumenta a velocidade da reação porque as colisões se tornam mais frequentes. Um aumento de temperatura aumenta a energia cinética das partículas e consequentemente a energia das colisões também será maior. O aumento da superfície exposta também aumenta a velocidade da reação, pois um maior número de partículas poderá sofrer colisões (ATKINS, 2001, p. 643). Muitas reações, tais como, explosões de misturas de hidrogênio e oxigênio ocorrem tão rapidamente que a determinação acurada de suas velocidades se torna difícil. Já outras reações, tal como a ferrugem de algumas ligas, ocorre tão lentamente que, novamente, é muito difícil de medir a velocidade de reação. Por outro lado, existem muitas reações que ocorrem a velocidades intermediárias, fáceis de medir. Um desses casos é a reação entre uma solução de ácido clorídrico e alumínio. Embora Costa (2005) tenha indicado a reação de ácido clorídrico com alumínio como um experimento para o estudo cinético, o mesmo não aprofundou os experimentos para a investigação dos parâmetros cinéticos dessa reação. Os parâmetros cinéticos podem ser determinados fazendo-se vários ensaios, à mesma temperatura, variando-se apenas a concentração de um dos reagentes. A dependência da constante de velocidade com a temperatura pode ser investigada realizando-se ensaios nas mesmas condições de concentração, variando-se apenas a temperatura. A expressão matemática que relaciona a constante de velocidade com a temperatura é chamada equação de Arrhenius: k= Ae-Ea/RT eq.1 Onde A é o coeficiente de proporcionalidade, conhecido por fator pré-exponencial, T a temperatura em Kelvin, R a constante universal dos gases (8,314 J/Kmol) e E a a energia de ativação. Esta equação pode ser reescrita da seguinte forma: lnk= -Ea/R(1/T) + lnA eq.2 Portanto, traçando-se um gráfico ln k x 1/T(em Kelvin) determina-se à energia de ativação. As duas constantes, A e Ea, são conhecidas como parâmetros de Arrhenius da reação, são encontradas experimentalmente e são praticamente independentes da temperatura, mas depende da reação que está sendo estudada. Assim, o presente trabalho teve como objetivo utilizar a reação simples de ácido clorídrico e alumínio para estudar os parâmetros cinéticos (Ea e A) com a turma de química geral II do curso de licenciatura em química da Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST) da UFRPE. Material e Métodos Inicialmente, foram separados cinco tubos de ensaios e marcados com as letras A, B, C, D e E. Submetendo-os ao que pede na tabela 1. As reações aconteceram em temperatura ambiente (25 oC) e nas temperaturas de 10ºC e 50oC. Após a adição dos volumes nos tubos, os mesmos foram imersos em um recipiente com água às temperaturas já determinadas, a fim de observar as reações nas diferentes temperaturas. Só então os alumínios (considerado reagente limitante), cortados nos mesmos tamanhos, foram acrescentados aos tubos, homogeneizando a solução com uma leve agitação e acionando o cronômetro em seguida. Para cada tubo, foi medido o tempo necessário para o alumínio ser consumido totalmente. 1 Graduanda em Licenciatura Plena em Química na Unidade Acadêmica de (UAST/UFRPE).E-mail: [email protected] 2 Graduado em Licenciatura Plena em Química na Unidade Acadêmica de (UAST/UFRPE). E-mail: [email protected] 3 Graduado em Licenciatura Plena em Química na Unidade Acadêmica de (UAST/UFRPE). E-mail: [email protected] 4 Professora Adjunta do curso de Licenciatura Plena em Química na Unidade Pernambuco (UAST/UFRPE). E-mail: [email protected] Serra Talhada da Universidade Federal Rural de Pernambuco Serra Talhada da Universidade Federal Rural de Pernambuco Serra Talhada da Universidade Federal Rural de Pernambuco Acadêmica de Serra Talhada da Universidade Federal Rural de XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. Resultados e Discussão Inicialmente calculou-se a concentração molar de ácido clorídrico e de alumínio presentes nos diversos ensaios. Com os tempos obtidos, calculou-se a velocidade média em que cada ensaio ocorreu, usando-se para tanto a expressão da velocidade média de consumo de alumínio V = - [Al] /t. Com estes dados, construiu-se a tabela 2. Empregando a equação da lei da velocidade, V= k[Al]a[HCl]b, calculou-se as ordens de reação a e b. A lei da velocidade obtida com os dados, foi v=k[HCl]3[Al], portanto, uma reação de 4ª ordem. Uma vez conhecido [HCl], [Al], a, b, e as velocidades de cada ensaio, foi possível determinar o valor da constante k à temperatura ambiente ou a qualquer outra temperatura. Para cada temperatura escolhida na proposta se obteve uma constante diferente, conforme tabela 3. Para encontrar a energia de ativação e o fator pré-exponencial traçou-se um gráfico ln k x 1/T (em Kelvin), figura 1. Pela equação 2, a inclinação da curva é igual a - Ea/R, então, o valor encontrado para a reação do alumínio com ácido clorídrico é igual a 3,46 kJ/mol e o fator A, é o próprio coeficiente linear da reta, cujo valor obtido foi 4,15x10 -4 L3 /s mol3. Com essa prática foi possível apresentar os parâmetros cinéticos que influenciam na velocidade das reações químicas de forma mais simples nas aulas de química 2 do curso de licenciatura em química da UAST. Agradecimentos PROGEST/UFRPE pela bolsa de monitoria na disciplina Química II. Referências Atkins, P. W. Princípios de Química: Questionamento a vida moderna e o meio ambiente. Porto Alegre: Bookman, 2001. Costa, T. S.; Ornelas, D. L.; Guimarães, P. I. C.; Mercon, F.; Experimentos com Alumínio. Revista Química Nova na Escola, Nº 23, Maio 2006. XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. Tabela 1. Tubos A B C D E Ensaios Experimentais ENSAIOS Solução de Ácido Clorídrico 6 mol/L Alumínio Volume (mL) Massa (g) 3 0,001 3 0,002 3 0,003 1,5 0,001 0,75 0,001 Água Destilada Volume (mL) 1,5 2,25 Velocidade de reação para a temperatura ambiente Tabela 2. Tubos A B C D E Tabela 3. [HCl]mol/L 6 6 6 3 1,5 Tempo (s) 112,7 112,8 108,19 646,58 2882,21 Velocidade Média de Consumo de Alumínio (mol/L.s) - 1,095.10-4 - 2,189.10-4 - 3,424.10-4 - 3,819.10-5 - 1,714.10-5 Dados para construção do gráfico lnk versus 1/T. Temperatura (°C) T (K) 10 283 25 298 50 323 Figura 1. [Al]mol/L 1,2345.10-2 2,4692.10-2 3,7037.10-2 2,4692.10-2 4,9383.10-2 1/T ( K-1) 3,53.10-3 3,36.10-3 3,10.10-3 Gráfico lnk versus 1/T k ( L3mol-3s-1) 9,510.10-5 1,029.10-4 1,139.10-4 lnk - 9,260 - 9,182 - 9,080