CEAB – MEDICINA AEROESPACIAL Medicina Aeroespacial É um ramo da medicina preventiva que atua na profilaxia e no tratamento de problemas orgânicos e psíquicos decorrentes da atividade aeronáutica. Atmosfera Camada gasosa que envolve a terra e acompanha seus movimentos em torno do sol. Compõe-se de: 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 01% de outros gases. Está dividida em várias camadas: Troposfera – 11Km (63.270 pés) Tropopausa – 24 Km (79.920 pés) Estratosfera – 70 Km (233.100 pés) Ionosfera – 500 Km Exosfera – 1.000 Km Quanto maior a altitude menor é a Pressão Atmosférica, ao nível do mar é de 760 mmHg, já a 18.000 pés corresponde a 380 mmHg e está presente na Lei de Dalton: num reservatório fechado à pressão total exercida sobre a parede do reservatório é a somatória das pressões dos gases presentes. Fisioanatomia Respiratória Compreende as vias aéreas superiores, fossas nasais, faringe e laringe, a traquéia que se divide em dois tubos denominados brônquios e os pulmões. A respiração é responsável pela troca gasosa. Compreende dois movimentos distintos, a inspiração e a expiração. Hipóxia É definida como a diminuição da oxigenação dos tecidos (ou menor quantidade de O2 nas células). Quanto maior for a altitude, mais rapidamente se instalam os sintomas da hipóxia: Altura (em pés) Tempo de consciência 25.000 3 a 5 minutos 30.000 1 a 2 minutos 45.000 1 CEAB – Centro Educacional da Aviação do Brasil Rua Arthur de Azevedo, 132/140 – Pinheiros – SP - Tel: 11 - 3081-4949 e-mail: [email protected] - www.ceabbrasil.com.br CEAB – MEDICINA AEROESPACIAL 9 a 15 segundos Como vimos no quadro anterior o tempo em que se apresenta os sintomas da hipóxia é proporcional à altitude acarretando sintomas da hipóxia, são elas: sonolência, inquietação, irritabilidade, cansaço, incoordenação motora, prejuízo no julgamento, cianose e inconsciência. A Hipóxia está divida em: Hipobárica: É definida como diminuição da pressão parcial do oxigênio nos alvéolos pulmonares e, conseqüentemente, nas células do organismo. Ocorre em altitudes superiores a 10.000 pés. Também chamada de mal da altitude ou mal da montanha. Anóxia: É a fase onde ocorre deficiência de oxigenação do sangue nos pulmões (falta total de O2). Seu tratamento consiste em Oxigenioterapia. Pode ocorrer por duas razões distintas: Hipóxia hipobárica – onde a pressão parcial de oxigênio está diminuída (acima de 24.000 pés), não ocorrendo a difusão do oxigênio para o sangue. Hipóxia hipóxica / hipoxêmica – causada por problemas pulmonares como pneumonia, câncer de pulmão etc (falta parcial de O2). Hipêmica ou Anêmica: Ocorre pela dificuldade no transporte de oxigênio. As hemácias apresentam problemas para transportar o oxigênio por falda das mesmas. Estão relacionadas a anemias (ferroprivas, nutricionais) ou por intoxicação pelo monóxido de carbono. Estagnante, Isquêmica ou Estátisca: É definida pela diminuição da velocidade do fluxo sanguíneo e conseqüentemente deficiência de oxigenação das células. Está associada a problemas circulatórios como por exemplo à insuficiência cardíaca congestiva (ICC). Histotóxica: Define-se pela deficiência de aproveitamento tecidual do oxigênio. Está relacionada a intoxicações das células por cocaína, estricnina, álcool ou cianureto. O tecido impregnado não absorve as moléculas de oxigênio. Disbarismo É a denominação que se dá às modificações orgânicas em decorrência da alteração da pressão barométrica, ou pressão atmosférica. Podem ser de dois tipos: Aerodilatação: Dilatação de gases cavitários presentes em: Aparelho digestivo – pode ser eliminado facilmente pela boca através do eructo e pelo ânus através dos flatos. Assim sendo, é possível promover a equalização das pressões. Caso haja algum impedimento para eliminação desses gases o indivíduo pode apresentar: aumento no abdômen, sensação de desconforto e 2 CEAB – Centro Educacional da Aviação do Brasil Rua Arthur de Azevedo, 132/140 – Pinheiros – SP - Tel: 11 - 3081-4949 e-mail: [email protected] - www.ceabbrasil.com.br CEAB – MEDICINA AEROESPACIAL cólicas. O tratamento, no caso, é mais de caráter preventivo evitando a ingestão de alimentos gases formadores e bebidas gaseificadas. Ouvido Médio (aerotite) – Dentre as demais cavidades é a de maior dificuldade de equalização. Possui 3 ossículos, martelo, bigorna e estribo que são responsáveis pela condução das ondas sonoras captadas pelo tímpano até o ouvido interno, também chamado de labirinto. Com a pressurização ou despressurizarão o ar no ouvido médio se altera, ocasionando aumento (após a decolagem) e redução (pouso) da pressão interna acarretando sensações desagradáveis. Para isso o indivíduo deve movimentar a mandíbula, bocejar e deglutir. Caso ainda persistam os sintomas, é indicada a manobra de Valsava, que consiste em fechar as narinas e a baça e exercer força de expiração. Os tripulantes, geralmente são afastados de vôo, por apresentarem-se gripados por ter esse problema a ver com o ouvido. Seios da Face – São pequenas cavidades existentes nos ossos do crânio que associado a outros fatores (resfriados, sinusites, rinites), inclusive tempo de exposição, a pessoa desenvolve a aerosinusite, caracterizada por dor, que poderá ser frontal ou maxilar. O tratamento é a administração de descongestionante nasal e analgésico. Alvéolos dentários – Situação de menor ocorrência, causadas pela dilatação de ar existente junto à raiz do dente. Nestes casos o passageiro deve receber um analgésico e procurar atendimento dentário assim que possível, pois pode estar com processos inflamatórios. Aeroembolismo: Neste estudo são consideradas as alterações orgânicas decorrentes da oscilação da pressão atmosférica nos gases que se encontram dissolvidos nos líquidos corpóreos (lei de Henry relaciona gás líquido com pressão). Ocorre acima de 30.000 pés, é caracterizada pela presença de gás nitrogênio no sangue (bolhas de nitrogênio nos tecidos acumulados nas articulações). Seus sintomas estão presentes na pele chamada de creeps itch, nas articulações chamadas de bends, as mais comuns no pulmão chamada Chokes e no sistema nervoso central chamada starggers. Para todas elas a solução é a pressurização da cabine. Hiperventilação A hiperventilação consiste, basicamente, em respirar mais rápido do que o norma. O coração bate mais rápido e existe a sensação que não se consegue obter ar suficiente. Ao respirar em ritmo mais acelerado obtém-se oxigênio em “excesso”. Suas causas podem estar ansiedades, ataques de pânico, desordens ao nível do sistema nervoso central. Também é chamada de hipocapnia ou hipocarbia (menor quantidade de CO2 no sangue). Pode gerar alcalose e hipóxia cerebral. Sua forma de tratamento consiste em respirar em um saco plástico para que o CO2 possa 3 CEAB – Centro Educacional da Aviação do Brasil Rua Arthur de Azevedo, 132/140 – Pinheiros – SP - Tel: 11 - 3081-4949 e-mail: [email protected] - www.ceabbrasil.com.br CEAB – MEDICINA AEROESPACIAL ser inalado equalizando assim a relação de um para outro, restabelecendo a vida do indivíduo nesta situação. Fatores Estressantes do Vôo Radiações: Atravessam a atmosfera, vários tipos de radiação. As radiações denominadas de não ionizantes são do tipo das ondas luminosas, raios infravermelhos, ultravioletas, transmissão radiofônica, aquelas originadas de explosões solares, cósmicas etc. Outro tipo de radiação, as ionizantes, são ondas eletromagnéticas, responsáveis por causarem alterações celulares no organismo humano. As lesões, geralmente acometem a medula óssea e o fígado, que são os órgãos mais sensíveis a cargas excessivas de radiação. Ruídos e Vibrações: O deslocamento da aeronave e o funcionamento de seus motores, determinam vibrações complexas. São transmitidas através da fuselagem e do ar e, ao atingirem o organismo, originam outros movimentos vibratórios, denominados de ondas de ressonância ocasionando desconforto e fadiga aérea. Alteração do Ritmo Circadiano: Ocorre com o cruzamento de fuso horário (4 ou mais fusos tanto para leste como oeste) e altera o “relógio biológico”. Para tanto o sono é fundamental para adaptar o organismo ao novo horário, leva geralmente 24 a 48 horas. Baixa Umidade no Interior das Aeronaves: O ar no interior da cabine é seco e refrigerado, há um ressecamento da pele e mucosas predispondo a epistaxe. As conjuntivas também ficam ressecadas, é recomendável aos usuários de lentes de contato retirá-las para evitar ulcerações de córnea. É muito importante a hidratação abundante. Fadiga Aérea: Pode ser resumido como um esgotamento físico e psicológico. Alimentação: ingestão excessiva de proteínas (carnes) e alimentos ricos em lipídios (gorduras) requerem maior quantidade de oxigênio para seu metabolismo. Mudança de clima: grande diferença climática, por exemplo, sai de temperaturas muito baixas (negativas) e, horas depois, desembarca em regiões de intenso calor com temperaturas próximas a 40º C. Enjôo: Doença relacionada ao movimento, o indivíduo pode apresentar palidez, sudorese, sonolência, uma discreta hipotensão, náuseas e vômitos. A seguir há alguns fatores que predispõe ao enjôo: Reações Vagotônicas – ocorre por uma reação emocional, do tipo medo. Excitação do labirinto – o ouvido interno é responsável pela sensação de equilíbrio, além da audição. Durante o vôo, as constantes oscilações de aceleração e vibrações determinam uma grande excitação do labirinto, surgindo então as náuseas e vômitos. Excitação oculomotora – provém dos reflexos oculares. 4 CEAB – Centro Educacional da Aviação do Brasil Rua Arthur de Azevedo, 132/140 – Pinheiros – SP - Tel: 11 - 3081-4949 e-mail: [email protected] - www.ceabbrasil.com.br CEAB – MEDICINA AEROESPACIAL Estímulos táteis – vide ao próprio nome, também contribui para a desorientação espacial. Deslocamento de vísceras – provocadas pelo movimento da aeronave invertendo os movimentos viscerais Estímulo olfativo – odores fortes ou desagradáveis podem desencadear o enjôo. Para diminuir os efeitos da aceleração no organismo, em passageiros suscetíveis ao enjôo, pode-se orientá-los a: - manter a cabeça apoiada numa mesma posição – diminui a excitação do labirinto; - fechar as pálpebras, fazer uso de uma venda nos olhos ou fixar o olhar dentro de um ponto da cabine – diminui a excitação oculomotora; - apoiar-se firmemente no assento da poltrona, fazendo leve pressão nos pontos de contato – diminui os estímulos táteis; - afrouxar roupas e manter o ponto de ventilação sobre a cadeira, aberto. - Pode ser oferecido uma medicação antiemética. O enjôo a bordo, apesar de incômodo, não se constitui em ocorrência grave. 5 CEAB – Centro Educacional da Aviação do Brasil Rua Arthur de Azevedo, 132/140 – Pinheiros – SP - Tel: 11 - 3081-4949 e-mail: [email protected] - www.ceabbrasil.com.br