1 O CUIDADO DE ENFERMAGEM A PACIENTES COM DOENÇAS ARTERIAIS ALMEIDA, Pâmela Batista de1 BUDÓ, Maria de Lourdes Denardin2 SILVEIRA, Celso Leonel3 ROSA, Adonias Santos4 SILVA, Silvana Oliveira5 SILVA, Silvana Cruz da6 Resumo: As Doenças Vasculares Periféricas acometem grande parte da população mundial, gerando altos custos ao setor da Saúde Público. As Doenças artérias são desencadeadas por diversos fatores, tais como maus hábitos alimentares associados ao sedentarismo, tabagismo e hereditariedade. O tratamento das doenças vasculares possui um alto custo, que reflete na qualidade de vida do paciente nos gastos do Sistema Público de Saúde. A Enfermagem é de extrema importância na realização de cuidados com o tratamento das doenças vasculares e nas orientações, na perspectiva de incentivar o autocuidado e a melhora na qualidade de vida aos pacientes, diminuir os custos do Sistema Público de Saúde, e nesse sentido diminuindo as internações hospitalares e o risco de infecções. Descritores: Doenças Vasculares Periféricas; Terapêutica; Enfermagem. Introdução: A população idosa mundial cresce constantemente, estudos indicam que no ano de 2025 o Brasil será o sexto país com o maior número de idosos. As inovações tecnológicas e o sedentarismo contribuem significativamente para o crescimento no número de indivíduos idosos acometidos por doenças crônicas 1. As Doenças Vasculares Periféricas (DVP) caracterizam-se como um problema de circulação que provoca estreitamento ou obstrução dos vasos que conduzem o sangue ou linfa para braços e pernas, prejudicando o fluxo normal 2. As Doenças Vasculares Arteriais, principalmente as ateroscleróticas, possuem como sintomatologia: claudicação intermitente, dor em repouso, alteração na cor e/ou temperatura da pele e até mesmo lesões tróficas (feridas). O Projeto Corações do Brasil3 trata-se de um estudo epidemiológico dos fatores de risco cardiovascular realizado em 72 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes no ano de 2004 e com idade igual ou superior a 18 anos. Neste estudo 10,5% dos indivíduos tinham Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP), sendo que sua prevalência aumentava à medida que a idade dos indivíduos aumentava. O sedentarismo foi evidenciado nos indivíduos com DAOP e a prevalência em indivíduos que fumaram mais de 20 anos/maço em relação aos que fumaram menor quantidade de tabaco. Estudos que evidenciam doença arterial periférica possuem dados bastante variados. Isso pode ser explicado devido às discrepâncias das populações estudadas, onde fatores como idade, valores admitidos para o índice tornozelo-braço (razão da pressão sistólica da artéria tibial posterior e artéria braquial) normais, fatores de risco e/ ou comorbidades associadas, nível de atividade física, de obstrução ao fluxo, medicações e métodos de análise podem contribuir significativamente4. A dor isquêmica de origem vascular ocorre pela hipóxia em distúrbios vasculares degenerativos, que incluem a aterosclerose, a tromboangeíte obliterante, a trombose arterial e embolia. A ocorrência da dor é devida ao acúmulo de produtos de respiração anaeróbica e desaparece quando o trabalho dos músculos diminui e/ou quando se obtém uma oxigenação adequada dos tecidos, 1 Autora-relatora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. Email: [email protected] 2 Autora. Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria- UFSM. Vice-Líder do Grupo de Pesquisa: “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. 3 Autor. Enfermeiro. Mestrando do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 4 Autor. Acadêmico do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 5 Autora.Enfermeira. Mestranda do Curso de Enfermagem da UFSM. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e da Missões - Campus de Santiago/RS. . Membro do Grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 6 Autora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”-UFSM. 2 permitindo que o metabolismo retorne ao normal5. A doença arterial crônica mais freqüente é a aterosclerótica, sendo mais encontrado em indivíduos do sexo masculino na faixa etária entre os 50 e 70 anos6. As doenças inflamatórias, as chamadas vasculites ocorrem em ambos os sexos, já a tromboangeíte obliterante é mais comum em homens entre 20 e 30 anos, ao passo que a atrite de Takayasu é mais frequente em mulheres jovens em mais de 80% dos casos7. A Doença Arterial Obstrutiva Crônica ocorre pela diminuição ou abolição do fluxo sanguíneo, ocorrendo isquemia dos tecidos, e depende do grau de obstrução arterial e do desenvolvimento de circulação colateral. Tem como principais sintomas: claudicação intermitente, dor da neuropatia isquêmica e dor em repouso. Pode ocorrer atrofia do membro, ou mesmo parte dele, e ainda da massa muscular. Compromete pele e unhas tornando-a secas, espessas e descamativas, e também pode formar úlceras isquêmicas e gangrena 6. Objetivos: apresentar o cuidado de enfermagem realizado no tratamento de pacientes acometidos por Doenças Arteriais, promover o estímulo a educação permanente aos profissionais de enfermagem, no sentido de ampliar o conhecimento em relação à temática e proporcionar menores custos ao Sistema de Saúde brasileiro. Metodologia: o trabalho foi realizado subsidiado por uma revisão bibliográfica acerca da temática das doenças arteriais com o enfoque na realização do cuidado a cerca do tratamento das destas. Resultados e Discussão: As DVP, principalmente as de origem ateroscleróticas, possuem como sintomas: a claudicação intermitente, dor em repouso, alteração da temperatura e/ou da cor da pele e também as lesões tróficas (feridas)2, quedas de pêlos e alterações ungueais8. O exame clínico das DVP baseia-se na procura e interpretação de sinais e sintomas que podem ser encontrados no local de uma alteração. Ao final do exame pode-se chegar a um diagnóstico e ao grau de acometimento dos órgãos e tecidos. A realização de um exame clínico sistemático pode diagnosticar mais de 90% das doenças vasculares periféricas6. Na história de Doença arterial é importante conhecer o tempo de surgimento dos sintomas e a forma como surgiram; se surgiram de forma abrupta sugerem arteriopatia aguda e se surgiram de forma progressiva e lenta, sugerem uma arteriopatia obstrutiva crônica6. A doença arterial oclusiva é uma das causas mais freqüente da procura médica por doenças vasculares, e através de dados da história do paciente e do exame físico completo podese chegar a um diagnóstico bastante preciso. Na história da doença arterial o tempo de aparecimento dos sintomas é muito importante. No caso da sintomatologia ser recente sugere o diagnóstico de arteriopatia aguda, ou se lenta e progressiva uma arteriopatia crônica6. Muitos programas ressaltam os benefícios da prática de atividade física para portadores de DVP na redução dos sintomas associados à claudicação intermitente. A dor característica da claudicação intermitente ocorre após algum exercício muscular, sensação de cansaço, fraqueza, aperto ou cãibra. A dor pode se tornar insuportável, obrigando o indivíduo a cessar a atividade. Logo a dor vai diminuindo de intensidade até desaparecer completamente6. No caso da claudicação intermitente a dor é mais frequente nas panturrilhas, podendo ocorrer nas coxas e região glútea. O tamanho da isquemia é inversamente proporcional a distância que o indivíduo consegue percorrer até o aparecimento da dor e diretamente proporcional ao tempo de recuperação 6. Os pacientes com doença arterial, em geral referem parestesia, hipoestesia, anestesia, que surgem como sintomas da isquemia dos nervos. Na isquemia crônica a dor em repouso pode 1 Autora-relatora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. Email: [email protected] 2 Autora. Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria- UFSM. Vice-Líder do Grupo de Pesquisa: “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. 3 Autor. Enfermeiro. Mestrando do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 4 Autor. Acadêmico do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 5 Autora.Enfermeira. Mestranda do Curso de Enfermagem da UFSM. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e da Missões - Campus de Santiago/RS. . Membro do Grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 6 Autora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”-UFSM. 3 surgir como evolução da claudicação intermitente. Surge de maneira insidiosa e no período noturno, podendo ser agravada pela exposição ao frio, queda pêlos, esfriamento dos pés, alterações ungueais, alterações na cor da pele (palidez ou cianose). A dor também é relatada pelos pacientes como uma das piores dores que não cessa com analgésicos e opiáceos, muitas vezes melhorando somente após a revascularização do membro6. O controle de alguns fatores como obesidade, hipertensão arterial sistêmica (HAS), hipercolesterolemia e hiperglicemia podem trazer benefícios significativos aos pacientes com DVP2. Em geral, na população idosa tende a diminuir a força, resistência e massa muscular, capacidade de hipertrofia, taxa metabólica do músculo em repouso, densidade mineral óssea, funções física, pelo próprio fator de envelhecimento. Entretanto essa população quando exposta a exercícios resistidos melhoram consideravelmente estes fatores e ainda diminuem a composição corpórea de gordura9. O tratamento conservador das doenças do sistema circulatório depende em grande parte de mudanças nos hábitos de vida, na alimentação, na realização de atividades físicas adequadas, no controle dos fatores de risco (tabagismo, obesidade, etc.) e de condições desencadeantes, e do tratamento farmacológico de doenças associadas (hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, entre outros8. A realização de atividades física necessita de avaliação profissional, que deve incluir o histórico de saúde do paciente com informações atuais e passadas, avaliação do grau da doença, fatores de risco existentes, exames laboratoriais e escala subjetiva da dor para sintomas de claudicação. Conhecendo o estado de saúde de cada indivíduo pode-se garantir o desenvolvimento de uma atividade física adequada às condições e necessidades de cada indivíduo , já que a prática de atividade física promove melhora na capacidade funcional e redução nas limitações periféricas dos indivíduos2. Conclusão: As Doenças arteriais acometem grande parte da população mundial, desencadeado por diversos fatores relacionados a hereditariedade e principalmente aos maus hábitos de vida, como alimentação inadequada e sedentarismo. O estudo mostrou que a maioria dos benefícios na capacidade de deambulação dos pacientes foi obtida através de atividades físicas do tipo caminhada, e com o apontamento de muitas dúvidas quanto aos resultados acerca do benefício dos exercícios resistidos. O paciente com doença vascular periférica antes de iniciar um programa de exercícios físicos necessita de orientação dos profissionais de saúde, na perspectiva de não se exceder e prejudicar o tratamento. A Enfermagem tem grande responsabilidade em estar sempre atualizando os conhecimentos a cerca do tratamento das doenças arteriais, no sentido de promover melhor conforto e qualidade de vida ao paciente, bem como proporcionar orientações que visem promover subsídios aos pacientes para que estes pratiquem o autocuidado, reduzindo piora no quadro das vasculopatias, e dessa forma diminuindo internações hospitalares e aumento de gastos do Sistema Público de Saúde. 1 Autora-relatora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. Email: [email protected] 2 Autora. Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria- UFSM. Vice-Líder do Grupo de Pesquisa: “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. 3 Autor. Enfermeiro. Mestrando do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 4 Autor. Acadêmico do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 5 Autora.Enfermeira. Mestranda do Curso de Enfermagem da UFSM. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e da Missões - Campus de Santiago/RS. . Membro do Grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 6 Autora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”-UFSM. 4 Referências Bibliográficas: 1 JACOB-FILHO W. Promoção da saúde do idoso: um desafio interdisciplinar. In: Jacob-Filho W, Carvalho ET, editores. Promoção da saúde do idoso. São Paulo: Lemos; 1998. p.11-18. 2 SILVA, D.K, NAHAS, M.V. Prescrição de exercícios físicos para pessoas com doença vascular periférica. Ver. Bras. Ciên. e Mov. 10 (1) :55-61, 2002. 3 MAKDISSE, M. et. al. Prevlência e Fatores de Risco Associsados à Doença Arterial Periférica no Projeto Corações do Brasil. Arq Bras Cardiol 2008;91(6):402-414. 4 CÂMARA L C, SANTAREM J M, FILHO W J, KUWAKINO M H - Exercícios resistidos em idosos portadores de insuficiência arterial periférica. ACTA FISIATR 2006; 13(2): 96-102. 5 RAMER MS, MURPHY PM. Neurophathy Pain. Pain 1998;78(2);79-156. 6 BAPTISTA-SILVA, JCC. O exame vascular. In: Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro 7 MAFFEI FHA, LASTORIA S, YOSHIDA WB, ROLLO HA. Diagnóstico clínico das doenças arteriais periféricas. In: Maffei FHA, Lastória S, Yoshida WB, Rollo HA. Doenças vasculares periféricas. 2a edição. Rio de Janeiro: Medsi; 1995. p. 285-304. 8 PITTA GBB, CASTRO AA, BURIHAN E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. 9 SIMÃO R. Fisiologia e prescrição de exercícios para grupos especiais. São Paulo: Phorte; 2004. p.121-5. 1 Autora-relatora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. Email: [email protected] 2 Autora. Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria- UFSM. Vice-Líder do Grupo de Pesquisa: “Cuidado, Saúde e Enfermagem”. 3 Autor. Enfermeiro. Mestrando do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 4 Autor. Acadêmico do Curso de Enfermagem da UFSM. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 5 Autora.Enfermeira. Mestranda do Curso de Enfermagem da UFSM. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e da Missões - Campus de Santiago/RS. . Membro do Grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”- UFSM. 6 Autora. Enfermeira. Membro do grupo de Pesquisa “Cuidado, Saúde e Enfermagem”-UFSM.