Versão impressa REVISTA BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA vol. 73 - nº 2 - Março/Abril 2014 MAR/ABR 2014 VOLUME 73 NÚMERO 2 P. 63-128 100 95 75 25 RBO 5 0 DESDE 1942 CAPA REVISTA-MAR-ABR-2014 quarta-feira, 28 de maio de 2014 12:38:08 63 ISSN 0034-7280 Revista Brasileira de (Versão impressa) ISSN 1982-8551 (Versão eletrônica) Oftalmologia PUBLICAÇÃO OFICIAL: SOCIEDADE BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CATARATA E IMPLANTES INTRAOCULARES SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA REFRATIVA Sociedade Brasileira de Oftalmologia Indexada nas bases de dados: LILACS Literatura Latinoamericana em Ciências da Saúde SciELO Scientific Electronic Library OnLine WEB OF SCIENCE www.freemedicaljournals.com Disponível eletronicamente: www.sboportal.org.br Publicação bimestral Editor Chefe Newton Kara-Junior (SP) Editor Executivo Arlindo José Freire Portes (RJ) Co-editores André Luiz Land Curi (RJ) Arlindo José Freire Portes (RJ) Bruno Machado Fontes (RJ) Carlos Eduardo Leite Arieta (SP) Hamilton Moreira (PR) Liana Maria Vieira de Oliveira Ventura (PE) Marcony Rodrigues de Santhiago (RJ) Mario Martins dos Santos Motta (RJ) Maurício Maia (SP) Niro Kasahara (SP) Renato Ambrósio Jr. (RJ) Rodrigo Jorge (SP) Rodrigo Pessoa Cavalcanti Lira (PE) Silvana Artioli Schellini (SP) Walton Nosé (SP) Corpo Editorial Internacional Baruch D. Kuppermann - Califórnia - EUA Christopher Rapuano - Phyladelphia - EUA Curt Hartleben Martkin - Colina Roma - México Daniel Grigera - Olivos - Argentina Deepinder Kauer Dhaliwal - Pittsburg - EUA Felipe A. A. Medeiros - Califórnia - EUA Felix Gil Carrasco - México – México Fernando Arevalo - Riyadh - Arábia Saudita Francisco Rodríguez Alvira – Bogotá - Colombia Howard Fine - Eugene - EUA Jean Jacques De Laey - Ghent - Bélgica Kevin M. Miller - Califórnia - EUA Lawrence P. Chong - Califórnia - EUA Lihteh Wu – San José - Costa Rica Liliana Werner - Utah - EUA Miguel Burnier Jr. - Montreal - Canadá Pablo Cibils - Assunção - Paraguai Patricia Mitiko Santello Akaishi – Arábia Saudita Peter Laibson - Phyladelphia - EUA Steve Arshinoff - Toronto - Canadá Corpo Editorial Nacional A. Duarte - Rio de Janeiro - RJ Abelardo de Souza Couto - Rio de Janeiro- RJ Abrahão da Rocha Lucena - Fortaleza - CE Alexandre Augusto Cabral de Mello Ventura - Recife - PE Alexandre H. Principe de Oliveira – Salvador – BA Alexandre Seminoti Marcon – Porto Alegre - RS Ana Carolina Cabreira Vieira – Rio de Janeiro – RJ Ana Luisa Hofling de Lima - São Paulo - SP André Correa de Oliveira Romano – Americana - SP André Curi - Rio de Janeiro - RJ André Luis Freire Portes - Rio de Janeiro - RJ André Marcio Vieira Messias – Ribeirão Preto – SP Andrea Kara José Senra - São Paulo – SP Antonio Marcelo Barbante Casella - Londrina - PR Armando Stefano Crema- Rio de Janeiro- RJ Beatriz de Abreu Fiuza Gomes – Rio de Janeiro - RJ Bruna Vieira Ventura - Recife - PE Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior http://www.capes.gov.br Rev Bras Oftalmol, v. 73, n. 2, p. 63-128, Mar./Abr. 2014 Bruno Diniz – Goiânia - GO Carlos Augusto Moreira Jr.- Curitiba- PR Carlos Gabriel Figueiredo - São José do Rio Preto - SP Carlos Ramos de Souza Dias- São Paulo- SP Claudio do Carmo Chaves - Manaus - AM Cristiano Caixeta Umbelino - São Paulo - SP Daniel Lavinsky – Porto Alegre - RS David Leonardo Cruvinel Isaac – Goiania - GO Diego Tebaldi Q. Barbosa - São Paulo - SP Edmundo Frota De Almeida Sobrinho- Belém- PA Eduardo Buchele Rodrigues – Florianópolis - SC Eduardo Cunha de Souza – São Paulo - SP Eduardo Damasceno - Rio de Janeiro - RJ Eduardo Dib – Rio de Janeiro - RJ Eduardo Ferrari Marback- Salvador- BA Eliezer Benchimol - Rio de Janeiro - RJ Enzo Augusto Medeiros Fulco – Jundiaí - SP Eugenio Santana de Figueiredo – Juazeiro do Norte - CE Fábio Marquez Vaz – Ondina – BA Felipe Almeida - Ribeirão Preto - SP Fernando Cançado Trindade - Belo Horizonte- MG Fernando Marcondes Penha - Florianópolis - SC Fernando Oréfice- Belo Horizonte- MG Fernando Roberte Zanetti – Vitória - ES Flavio Rezende- Rio de Janeiro- RJ Francisco de Assis Cordeiro Barbosa - Recife - PE Frederico Valadares de Souza Pena – Rio de Janeiro - RJ Frederico Guerra - Niterói - RJ Giovanni N.U.I.Colombini- Rio de Janeiro- RJ Guilherme Herzog Neto- Rio de Janeiro- RJ Harley Biccas - Ribeirão Preto - SP Haroldo Vieira de Moraes Jr.- Rio de Janeiro- RJ Hélcio Bessa - Rio de Janeiro - RJ Helena Parente Solari - Niterói - RJ Heloisa Helena Abil Russ – Curitiba – PR Henderson Celestino de Almeida- Belo Horizonte- MG Hilton Arcoverde G. de Medeiros- Brasilia- DF Homero Gusmao de Almeida- Belo Horizonte- MG Italo Mundialino Marcon- Porto Alegre- RS Iuuki Takasaka – Santa Isabel - SP Ivan Maynart Tavares - São Paulo - SP Jaco Lavinsky - Porto Alegre - RS Jair Giampani Junior – Cuiabá - MT Jeffersons Augusto Santana Ribeiro - Ribeirão Preto - SP João Borges Fortes Filho- Porto Alegre- RS João Luiz Lobo Ferreira – Florianópolis – SC João Marcelo de Almeida G. Lyra - Maceió - AL João Orlando Ribeiro Goncalves- Teresina- PI Jorge Carlos Pessoa Rocha – Salvador – BA JorgeAlberto de Oliveira - Rio de Janeiro - RJ José Augusto Cardillo – Araraquara – SP José Beniz Neto - Goiania - GO José Ricardo Carvalho L. Rehder- São Paulo- SP Laurentino Biccas Neto- Vitória- ES Leonardo Akaishi - Brasília - DF Leonardo Provetti Cunha - SP Leticia Paccola - Ribeirão Preto - SP Liana Maria V. de O. Ventura- Recife- PE Luiz Alberto Molina - Rio de Janeiro - RJ Manuel Augusto Pereira Vilela- Porto Alegre- RS Marcelo Hatanaka – São Paulo – SP Marcelo Netto - São Paulo - SP Marcelo Palis Ventura- Niterói- RJ Marcio Bittar Nehemy - Belo Horizonte - MG Marco Antonio Bonini Filho - Campo Grande - MS Marco Antonio Guarino Tanure - Belo Horizonte - MG Marco Antonio Rey de Faria- Natal- RN Marcos Pereira de Ávila - Goiania - GO Maria de Lourdes Veronese Rodrigues- Ribeirão Preto- SP Maria Rosa Bet de Moraes Silva- Botucatu- SP Maria Vitória Moura Brasil - Rio de Janeiro - RJ Mário Genilhu Bomfim Pereira - Rio de Janeiro - RJ Mario Luiz Ribeiro Monteiro - São Paulo- SP Mário Martins dos Santos Motta- Rio de Janeiro- RJ Marlon Moraes Ibrahim – Franca - SP Mauricio Abujamra Nascimento – Campinas - SP Maurício Bastos Pereira - Rio de Janeiro - RJ Maurício Dela Paolera - São Paulo - SP Miguel Ângelo Padilha Velasco- Rio de Janeiro- RJ Miguel Hage Amaro - Belém - PA Milton Ruiz Alves- São Paulo- SP Moyses Eduardo Zadjdenweber - Rio de Janeiro - RJ Nassim da Silveira Calixto- Belo Horizonte- MG Nelson Alexandre Sabrosa - Rio de Janeiro – RJ Newton Kara-José - São Paulo - SP Newton Leitão de Andrade – Fortaleza – CE Núbia Vanessa dos Anjos Lima Henrique de Faria - Brasília-DF Octaviano Magalhães Júnior - Atibaia - SP Oswaldo Moura Brasil- Rio de Janeiro- RJ Otacílio de Oliveira Maia Júnior – Salvador - BA Patrick Frensel de Moraes Tzelikis – Brasília – DF Paulo Augusto de Arruda Mello Filho – São Paulo – SP Paulo Augusto de Arruda Mello- São Paulo- SP Paulo Schor - São Paulo - SP Pedro Carlos Carricondo – São Paulo – SP Pedro Duraes Serracarbassa – São Paulo – SP Priscilla de Almeida Jorge – Recife – PE Rafael Ernane Almeida Andrade - Itabuna – BA Raul N. G. Vianna - Niterói - RJ Remo Susanna Jr.- São Paulo- SP Renata Rezende - Rio de Janeiro - RJ Renato Ambrosio Jr.- Rio de Janeiro- RJ Renato Luiz Nahoum Curi- Niterói- RJ Richard Yudi Hida – São Paulo – SP Riuitiro Yamane - Niterói - RJ Roberto Lorens Marback - Salvador - BA Roberto Pinto Coelho – Ribeirão Preto – SP Rodrigo França de Espíndola – São Paulo – SP Rogerio Alves Costa- Araraquara- SP Rogerio de Almeida Torres - Curitiba - PR Rubens Belfort Neto – São Paulo – SP Rubens Camargo Siqueira- São José do Rio Preto- SP Sebastião Cronemberger So.- Belo Horizonte- MG Sérgio Henrique S. 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Meirelles (RJ) 2º Secretário Giovanni N. U. I. 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Price Jr, Marianne O. Price, Steven Schallhor, Michael W. Belin 81 Avaliação do desempenho visual da lente intraocular difrativa multifocal - Zeiss AT Lisa 809MTM Visual outcomes of the diffractive multifocal intraocular lens - Zeiss AT Lisa 809MTM Lucas Monferrari Monteiro Vianna, Filipe de Oliveira, Abujamra Pedro, Liang Jung, Luis Felipe Brenner, Milton Yogi 66 86 Avaliação da qualidade de vida em pacientes submetidos à cirurgia de catarata, com implantes de lentes monofocais bifocais e multifocais Evaluation of life quality of patients submitted to cataract surgery with implants of monofocal, bifocal and multifocal lenses Beogival Wagner Lucas Santos, José Eduardo Prata Cançado, Vauney Alves da Silva Ferraz, Mauro Campos 93 Predictive factors for anterior chamber fibrin formation after vitreoretinal surgery Fatores preditivos para formação de fibrina na câmara anterior após cirurgia vitreorretiniana Leonardo Provetti Cunha, Luciana Virgínia Ferreira Costa-Cunha, Carolina Ferreira Costa, Ronaldo Rocha Bastos, Tiago dos Santos Prata, Mário Luiz Ribeiro Monteiro 98 Percepção da aplicação tópica ocular de drogas: comparação entre instilação de gotas em olhos abertos e vaporização em olhos fechados Perception of topical ocular drug delivery: comparison between eyedrop instillation in open eyes and vaporization in closed eyes Arlindo José Freire Portes, Bruna Dantas Dias da Silva, Laura Beliene Ramos Vieira, Fernando Moreira dos Santos, Nathalya Coutinho Gonçalves de Moraes 103 The influence of assistive technology devices on the performance of activities by visually impaired A influência de recursos de tecnologia assistiva sobre a performance em atividades de deficientes visuais Suzana Rabello, Maria Elisabete Rodrigues Freire Gasparetto, Cassia Cristiane de Freitas Alves, Gelse Beatriz Martins Monteiro, Keila Monteiro de Carvalho 108 Retinopatia em pacientes hipertensos e/ou diabéticos em uma unidade de saúde da família Retinopathy in patients with hypertension and / or diabetes in a family health unit Abelardo Souza Couto Jr, Daniel Almeida de Oliveira, Ioury Alcidia Guimarães Cardoso, Joana Mello Amaral, Aline Pinto Alves, Reny Wane Vieira dos Santos, Edmundo Frota de Almeida Sobrinho, Sheila Patrícia Lopes Rocha, Ana Cláudia Nóbrega Loch Artigo de Atualização 112 Aspectos tomográficos da órbita aguda infecciosa: revisão de literatura Tomographic findings of acute infections of the orbit: literature review Ana Célia Baptista Koifman, Bernardo Gribel Carneiro, Luiz Eugênio Bustamante Prota Filho, Nadja Emídio Corrêa de Araújo, Carolina Maria de Azevedo, Vitor Barbosa Cerqueira Relato de Casos 117 Schwannoma em pálpebra superior esquerda em criança de 10 anos Schwannoma of the left superior eyelid in a 10-year-old child 120 Macroadenoma hipofisário: alterações campimétricas visuais Pituitary macroadenoma: visual field defects 123 Síndrome de Fraser: relato de caso nas vias lacrimais Fraser Syndrome: case report in lacrimal system Marília de Sá Coutinho, Isadora Meyer, Patrícia Jungmann, João Pessoa de Souza Filho Breno Barreto Ribeiro, Maria Alice Barbosa Rocha, Grazziella Acácio e Almeida, Rafael Tadeu Barbosa Rocha Silvia Helena Tavares Lorena, Eliana Domingues Gonçalves, Marco Antônio Campos Machado, Cláudio Enrique Cuadros Jablinski, César Augusto Briceño, João Amaro Ferrari Silva Instruções aos autores 126 Normas para publicação de artigos na RBO EDITORIAL 67 Definição da população e randomização da amostra em estudos clínicos Definition of population and randomization of sample in clinic surveys A primeira etapa para a elaboração de um estudo científico é estabelecer uma dúvida que, naquele momento, não podia ser tirada com as informações disponíveis na literatura (lacuna no conhecimento). Nos estudos clínicos o ideal é que a resposta para essa dúvida contribua para melhorar a prática médica. A etapa seguinte é definir a população que será estudada. Por exemplo, na avaliação da eficácia de uma lente intraocular (LIO) com pigmentação amarela na prevenção da degeneração macular relacionada à idade (DMRI), a população a ser estudada seria composta por pacientes operados de catarata, que receberam o implante desta LIO em um ou mais locais específicos em determinado momento(1-3). Caso seja considerado que os resultados possam ser diferentes para pacientes com menos de 50 anos de idade (menor probabilidade de desenvolver DMRI) e com mais de 70 anos de idade (maior probabilidade de desenvolver DMRI), a fim de aumentar a significância dos dados, pode-se restringir a população, para, por exemplo, pacientes com idade superior a 70 anos. É assim que é definido o que e quem será estudado na pesquisa. Não é obrigatório que a população do estudo seja representativa do universo do quesito que será avaliado. Por exemplo, a população de pacientes operados de catarata que receberam o implante da LIO amarela no Hospital das Clínicas da USP (HCFMUSP) não é representativa de todos os pacientes operados de catarata com essa LIO no mundo. Porém, é provável que a evolução daqueles pacientes não seja muito distinta dos demais, tornando os resultados da pesquisa válidos, também, para pacientes de outras regiões (extrapolação das conclusões). Caso seja considerado que fatores constitucionais (olho claro) ou ambientais (exposição solar) sejam importantes e possam influenciar nos resultados, o estudo, então, deve ser repetido por outros grupos de pesquisa em outras circunstâncias e o leitor deverá valorizar os artigos em que a população estudada se assemelhe mais à sua realidade. O estudo de uma população pode avaliar todos os seus elementos ou apenas uma parte deles. Na amostragem, a análise é realizada com base numa parte (representativa) da população. No caso da LIO amarela, se for inviável examinar todos os pacientes que foram operados de catarata e receberam a LIO amarela no HCFMUSP (população), então se seleciona uma amostra de sujeitos que represente essa população. O importante é que a única forma de garantir a representatividade dessa amostra será realizando sua seleção de forma aleatória, a fim de que cada elemento da população tenha exatamente a mesma probabilidade de ser selecionado. O ideal seria que essa seleção fosse mascarada, para garantir que não seja influenciada pelo pesquisador. A randomização é um processo de seleção em que cada paciente tem a mesma probabilidade de ser sorteado para formar a amostra ou para ser alocado em um dos grupos de estudo. Em um estudo não-randomizado os pesquisadores poderiam, mesmo que involuntariamente, alocar no grupo de intervenção os melhores pacientes da amostra (que morem mais perto, mais colaborativos, de melhor prognóstico), o que poderia comprometer a validade dos resultados. A randomização contribui para que as características da amostra sejam homogêneas quanto ao sexo, idade e outros fatores prognósticos. Em geral, nos estudos caso-controle, a primeira tabela dos resultados expressa as características de ambos os grupos de estudo, enfatizando sua homogeneidade. A similaridade entre os grupos é uma segurança para o leitor de que os sujeitos de ambos os grupos possuam características semelhantes e que a intervenção seja a única variável divergente a ser estudada. No caso de uma população de indivíduos operados com LIOs amarelas, em um estudo prospectivo, pode-se randomizar a amostra, ao sortear alguns indivíduos que serão acompanhados. Em um estudo retrospectivo, após alguns anos da cirurgia, pode-se sortear os sujeitos que serão convocados ou que terão seus prontuários avaliados. Em um estudo controlado randomizado, onde teremos o grupo estudado e o grupo controle, a partir de todos os pacientes elegíveis para participar da pesquisa (com indicação de cirurgia de catarata) sorteia-se os sujeitos que formarão o grupo de estudo (LIO amarela) e os sujeitos que integrarão o grupo controle (LIO transparente). Na randomização, é fundamental assegurar que todos os indivíduos da população tenham a mesma chance de serem selecionados para a amostra e serem alocados em cada um dos grupos em estudo. Qualquer erro cometido na fase da Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 67-8 68 Kara-Junior N amostragem é classificado como viés (erro metodológico) de seleção e pode influenciar os resultados obtidos. Assim, se houver uma tendência do pesquisador colocar pacientes, por exemplo, mais jovens no grupo de estudo, pode haver um desvio sistemático nos resultados, pois é possível que os sujeitos mais jovens tenham menor incidência de DMRI. Provavelmente os dados dessa pesquisa divergirão de outros estudos semelhantes e a equipe poderá perder credibilidade. Em amostras selecionadas aleatoriamente (randomizadas) de uma população, é possível mensurar a precisão dos resultados do estudo, ao se calcular 1- o intervalo de confiança (IC), que indica a precisão em que o valor da percentagem de cada variável estudada corresponda ao real valor da percentagem da população e 2- o valor “p” (nível de significância) que reflete a chance de os resultados terem sido atribuídos à intervenção ou ao acaso. É fato que nem todos os pacientes que foram randomizados, para compor a amostra, efetivamente chegam a concluir o estudo, podendo haver casos de perda de seguimento ou ocorrência de evento adverso durante o acompanhamento. A regra é que todo indivíduo randomizado e selecionado para participar do estudo, seja incluído na análise dos resultados. O número (n) de sujeitos participantes da pesquisa nunca pode diminuir no decorrer do estudo. Eventuais casos de perda de seguimento ou de interrupção do tratamento devem ser sempre considerados, mesmo que analisados em separado. Perdas de seguimento maiores do que 10% da amostra ou assimétricas para ambos os grupos de estudo podem comprometer a validade dos resultados (viés de exclusão). Por exemplo, no caso da avaliação da eficácia das LIOs, uma perda de seguimento muito maior no grupo da LIO amarela, poderia ser devido a esses indivíduos terem ficado tão satisfeitos que não precisaram mais retornar, o que falsearia os dados, uma vez que os melhores resultados poderiam não ser analisados. Assim, amostragem é uma técnica estatística que significa extrair do todo (população) uma parte (amostra) com o objetivo de avaliar certas características dessa população. A validade do estudo está diretamente ligada à randomização, ao tamanho da amostra, aos indicadores de precisão dos dados (IC e “p”) e à magnitude de perda de seguimento. É importante que os leitores analisem os itens acima, a fim de avaliar a possibilidade de extrapolação dos resultados da amostra para a população em estudo e avaliar se as condições do estudo, as características e os fatores prognósticos da população estudada se assemelham à sua realidade, para se considerar a extrapolação das conclusões do artigo para seus pacientes ou para sua própria pesquisa (4-5). Sabe-se que tais questões fazem parte da essência da análise crítica da literatura. Newton Kara-Junior Professor colaborador, livre-docente e professor de pós-graduação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP Membro do Comitê de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa do Hospital das Clínicas da FMUSP e da Comissão de Ética da Faculdade de Medicina da USP REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. Siqueira RC. Pesquisa translacional na oftalmologia: o caminho para a medicina personalizada. Rev Bras Oftalmol. 2012;71(5):338-42. Kara-Junior N, Espindola RF, Gomes BA, Ventura B, Smadja D, Santhiago MR. Effects of blue light-filtering intraocular lenses on the macula, contrast sensitivity, and color vision after a long-term follow-up. J Cataract Refract Surg. 2011;37(12):2115-9. Kara-Júnior N, Jardim JL, de Oliveira Leme E, Dall’Col M, Susanna R Jr. Effect of the AcrySof Natural intraocular lens on blue-yellow perimetry. J Cataract Refract Surg. 2006;32(8):1328-30. Chamon W. Plagiarism and misconduct in research: where we are and what we can do. Arq Bras Oftalmol. 2013;76(6):V-VIII Chamon W. Fine prints at the bottom of the page. Arq Bras Oftalmol. 2013;76(3):v-vi. Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 67-8 EDITORIAL 69 Opacificação de lente intraocular Intraocular lens opacification A catarata é uma das cirurgias mais realizadas em todo mundo, trazendo benefícios para os pacientes(1) e para a sociedade(2). Embora avanços tecnológicos em lentes intraoculares (LIOs) permitam minimizar a aberração esférica(3), a presbiopia e o astigmatismo(4) ainda existem casos em que as LIOs precisam ser explantadas devido à opacificação do material utilizado em sua fabricação(5). Desde a introdução das lentes intraoculares por Ridley em 1949, o processo de manufatura dos biomateriais tem sofrido melhoramento contínuo. E foi a partir de 1999 que a literatura começou a registrar casos de opacificação e calcificação das LIOs implantadas nas cirurgias de catarata, antes considerados eventos esporádicos(6). Apesar de não ser uma complicação comum da cirurgia, a opacificação das lentes intraoculares tem grande relevância por ser uma das principais causas de explante, devido aos sintomas de glare e baixa acuidade visual(7). Ao longo dos anos, diversos artigos foram publicados relatando a ocorrência da opacificação precoce ou tardia, com apresentações variadas e em diferentes materiais. A partir disso, Neuhann propôs uma classificação baseada nos três principais tipos de calcificação identificados: primária, inerente à própria LIO, referindose à sua fabricação e/ou armazenamento; secundária, em que a calcificação seria referente às circunstâncias ambientais e fatores relacionados ao próprio paciente e o falso-positivo ou pseudocalcificação, na qual outras patologias são erroneamente diagnosticadas como calcificação(6). Com os diversos relatos na literatura, verificou-se que a opacificação pode ocorrer em diferentes formas dependendo do período e do material acometido. No intraoperatório, a opacificação geralmente é causada pela precipitação de depósitos cristalinos na superfície da LIO, podendo ter relação com a substância viscoelástica ou solução salina balanceada utilizada. No período pós-operatório imediato, existem relatos de opacificação de lentes de silicone por hidratação e também a interação de material hidrogel com corantes ou viscoelástico usados durante a cirurgia. E no período tardio, os principais relatos são de lentes de silicone e acrílico hidrofílico(8,9). Analises em laboratório mostram que a opacificação das lentes acrílicas hidrofílicas explantadas é, em sua maioria, causada pela precipitação de cálcio e fosfato sobre e/ou dentro da LIO(10). A etiologia dessa calcificação ainda não foi totalmente esclarecida, podendo estar relacionada à manufatura e até mesmo às patologias inerentes ao próprio paciente. Entretanto, podem ainda existir outros processos envolvidos em outros materiais como influxo excessivo de água em materiais hidrofóbicos, descoloração direta causada por corantes ou medicações, ou mesmo um processo lento e progressivo de degradação do biomaterial(8). Ao longo dos anos, as principais lentes explantadas por opacificação foram Hydroview (Bausch & Lomb), MemoryLens (Ciba Vision), SC60B-OUV (Medical Developmental Research) e Aqua-Sense (Ophthalmic Innovations International)(11). Apesar dos estudos histoquímicos e microscópicos realizados em laboratórios especializados, a etiologia da opacificação e/ou calcificação das lentes não está bem definida, fazendo esse assunto tema de estudo de diversos pesquisadores em todo o mundo. Um fato preocupante é a inabilidade de reconhecer a opacificação de uma LIO, que pode levar um oftalmologista à realização de procedimentos impróprios para o tratamento, como a capsulotomia posteRev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 69-70 70 Jorge PA rior com Nd:YAG laser, que trará dificuldades no momento do explante da LIO e implante de uma nova lente no saco capsular, além de submeter o paciente à procedimento desnecessário e não isento de complicações(12). Com o intuito de atingir o objetivo de médicos e pacientes por resultados de excelência, fabricantes e pesquisadores mantêm um conjunto de ações que visam ao aprimoramento tecnológico empregado na manufatura e design das LIOs, para que possamos um dia remeter os casos de opacificação às lembranças de um passado com futuro promissor. Priscilla de Almeida Jorge Pós-graduanda (doutorado), Universidade de São Paulo – USP – São Paulo (SP), Brasil REFERÊNCIAS 1. 2. Temporini ER, Kara N Jr, Jose NK, Holzchuh N. Popular beliefs regarding the treatment of senile cataract. Rev Saude Publica. 2002;36(3):343-9. Kara-Jr N, Sirtoli MG, Santhiago MR, Parede TR, Espíndola RF, Carvalho Rde S. Phacoemulsification versus extracapsular extraction: governmental costs. Clinics (Sao Paulo). 2010;65(4):357-61. 3. Santhiago MR, Netto MV, Barreto J Jr, Gomes BA, Mukai A, Guermandi AP, Kara-Junior N. 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To obtain a better edge, the lamellae were trephined with an 8mm trephine (Katena®). The central corneal thickness and the anterior lamellae were measured using a Mitutoyo® thickness gauge with an accuracy of 0.001mm. Results: The central thickness of the 25 corneas ranged from 500 to 705µm (mean, 584 ± 51µm). The thickness of the anterior lamellae ranged from 420 to 480µm (mean, 455 ± 12.7µm). The anterior lamellae diameters were 7.90 ± 0.1mm, and all laser cuts were round. The lamellar interfaces appeared regular by surgical microscopy. There were no cases of inter-lamellar adhesion. Conclusion: The LDV® femtosecond laser appears to be a safe and reliable instrument for cutting deep anterior lamellae from donor corneoscleral buttons. Minimal variation in donor lamellar depth with the laser will be useful for creating donor corneal tissue for deeper anterior lamellar keratoplasty or endothelial keratoplasty surgery or both from a single donor cornea. Keywords: Cornea; Corneal transplantation; Corneal pachymetry; Endothelium; Lasers RESUMO Objetivo: Avaliar a eficácia e segurança de um laser de femtossegundo de baixa energia e alta taxa de repetição para confecção de lamelas corneanas doadoras anteriores profundas. Métodos: Este é um estudo prospectivo de investigação laboratorial. Vinte e cinco botões corneanos foram cortados com laser de femtossegundo para criar lamelas corneanas doadoras anteriores profundas (diâmetro, 10mm; espessura, 500µm). O corte a laser foi realizado com femtosecond laser LDV® na câmara anterior artificial da Ziemer®. Para obter-se uma melhor borda, as lamelas foram trepanadas com um trépano de 8mm da Katena®. A paquimetria corneana central e as lamelas anteriores foram aferidas utilizando o paquímetro Mitutoyo®, com acurácia de 0.001mm. Resultados: A paquimetria central das 25 córneas variou de 500 a 705µm (média de 584 ± 51µm). A espessura das lamelas anteriores variou de 420 a 480µm (media de 455 ± 12.7µm). O diâmetro das lamelas corneanas doadoras foi 7.90 ± 0,1mm, sendo todos os cortes redondos. As interfaces lamelares apresentaram-se regular ao microscópio cirúrgico. Não houve casos de adesão interlamelar. Conclusão: O laser de femtossegundo LDV® mostrou-se seguro e eficaz para confeccionar lamelas corneanas doadoras a partir de botões córneo-esclerais. Mínima variação na espessura das lamelas doadoras confeccionadas com o laser será útil para criação de tecidos corneanos doadores para ceratoplastia lamelar anterior profunda ou ceratoplastia endoteliais, ou ambas, a partir de uma só córnea. Descritores: Córnea; Transplante de córnea; Paquimetria corneana; Lasers; Endotélio 1 Departmento de Oftalmologia, Universidade de São Paulo, São Paulo (SP), Brazil. This study was support by the Foundation for Research Support of the State of Sao Paulo (FAPESP), www.fapesp.br (acknowledgment). The ethics committee of Universidade de São Paulo School of Medicine approved this prospective and laboratory investigation (study nº 242/11, approved on 06/22/2011) The authors declare no conflicts of interest Recebido para publicação em 15/5/2013 - Aceito para publicação em 13/12/2013 Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 71-4 72 Victor G., Nosé W., Sousa S. J. F. , Pineda R., Alves M. R. INTRODUCTION I mprovements in instrumentation and surgical techniques have restored interest in deep lamellar transplantation and endothelial keratoplasty(1). Important elements in this progress have been the use of an artificial anterior chamber(2-5), automated microkeratome(6-11), and both in combination(2-5,12). This was an important technical advance, since cutting irregularities have been considered a major impediment to the visual outcome of lamellar transplantation(10,11). However, one disadvantage of mechanical microkeratomes is the unpredictable depth of cut(13). This is a major consideration in transplantations where the endothelium is accompanied by a thin layer of the posterior stroma, as in Descemet stripping automated endothelial keratoplasty (DSAEK). The thickness of the posterior layer is ultimately determined by the thickness of the anterior layer, cut by the microkeratome. If the principal reason for microkeratome depth cut variability is the result of interactions between the corneal substance and mechanical characteristics of the cutting blade (sharpness, inclination, distance from applanation platform, and velocity), the ability to alter this variance are small. Hence, the consideration of the femtosecond laser keratome. This laser delivers pulses of infrared radiation into the tissue while the pulse energy and interval varies with the brand. The tissue is ablated and cleaved with minimal heating, leaving in place parallel rows of microcavities through the process of photodisruption. These cavities define the plane of cleavage and the ensuing cut is thus more accurate, homogeneous, and replicable than a mechanical cut(14-17). Femtosecond lasers are divided into two groups: those with high energy and low frequency firing (ex. IntraLase®, Abbott Medical Optics, Illinois, USA and Perfect Vision®, Bausch&Lomb, München, Germany), and those with low energy and high frequency of firing (LDV ®, Ziemer ® Ophthalmic System AG, Port, Switzerland and Visumax®, Carl Zeiss Meditec AG, Berlin, Germany)(14-19). This second group of femtosecond lasers tends to make smoother, more homogeneous, and replicable cuts than the first group due to increased firing rate and the reduced size of cavitation (14-16). They also tend to cause less inflammation and cellular necrosis due to the lower energy delivered(14-19). Therefore, theoretically, they are the best alternative to mechanical microkeratomes. The objective of this study was to evaluate the efficacy and reliability of a low energy-high repetition rate femtosecond laser keratome in the construction of deep anterior corneal lamellae. Materials and methods The ethics committee of Universidade de São Paulo, School of Medicine approved this prospective and laboratory investigation. Twenty-five human corneal buttons were cut to produce deep anterior lamellae. The corneal tissue was procured from eyes having failed eye-bank serological tests. The anterior lamellae parameters were 10mm in diameter and 500µm in thickness. The cuts were Figure 1: Mitutoyo® (Mitutoyo®, São Paulo, Brazil) 2110S-10 thickness gauge, with an accuracy of 0.001mm carried out using an LDV® femtosecond laser (classic model). The pulse frequency of this laser operates in the megahertz range with high-aperture optics, a time exposure per pulse of 200300 femtoseconds, and a spot diameter of 2µm. The shots were overlapped to avoid leaving areas without treatment. The energy per pulse was 30 nJ(14,15,20). The time of construction for each anterior lamellae was approximately 50 seconds. All surgeries were performed at the Eye Clinic Day Hospital, São Paulo, SP, Brazil. To construct the deep anterior corneal lamellae with the femtosecond laser, the corneas were first attached to the Ziemer® anterior chamber and then flattened using the head of the keratome. After completion of the laser treatment, the corneas were manually trephined from the endothelial side using an 8mm trephine blade (Katena® Products, Denville, NJ, USA). Next, the anterior and posterior lamellae were separated by holding the edge of the posterior cornea lamella with forceps and gently sliding the anterior corneal lamella by using the tip of a Merocel® (Medtronic®, Connecticut, USA) sponge. The central corneal thickness and the anterior lamellae were measured with a mechanical thickness gauge with accuracy of 0.001mm using a 2110S-10 Mitutoyo® (Mitutoyo®, São Paulo, Brazil) (figure 1). Each measurement was determined from the average of three readings. The diameter of each lamella was measured with a strabismus caliper. The features of the lamellar interface were examined under a surgical microscope. Differences between the observed and expected measurements were analyzed using the Bland-Altman method(21). The ethics committee of Universidade de São Paulo School of Medicine approved this prospective and laboratory investigation (study nº 242/11, approved on 06/22/2011). RESULTS The central thickness of the twenty-five whole corneas ranged from 500 to 705µm (mean, 584 ± 51µm), while the thickness of the anterior lamellae ranged from 420 to 480µm (mean, 455 ± 12.7µm). For each lamella that was cut, differences in central thickness between the observed and Table 1 Analysis of the difference between observed and expected anterior lamella thickness obtained from an LDV® femtosecond laser adjusted to cuts 500µm in depth n Range s SE 25 -20 to -70 12.70 2.54 CI: confidence interval; SE: standard error of the mean Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 71-4 95% CI -45 -50 to -40 LLA* 95% CI LLA ULA** 95% CI ULA -71 -77 to -65 -19 -24 to -13 ; (*) lower limit of agreement; (**) upper limit of agreement Analysis of low-energy and high-frequency femtosecond laser for the construction of deep anterior donor corneal lamellae 73 Figure 2: Differences between the observed and expected thickness of the anterior lamellae cut by the LDV® femtosecond laser expected values were noted. The distribution of these differences is shown in table 1 and figure 2. Since the differences between the observed and expected lamellae thickness were normally distributed (Shapiro-Wilk Wtest; Prob<W=0.1280), 95% of them were within two standard deviations (s) of the mean ( ). In figure 1, ( ) + 2s is the upper limit of agreement while ( ) - 2s is the lower limit of agreement. figure 1 also shows a linear regression of these data. The fact that this regression line is almost parallel to the x-axis suggests that the differences were not influenced by the magnitude of corneal thickness (r 2=0.002658, Prob>F=0.8067). This qualifies ( ) as a consistent bias that can be neutralized by adjustments to the cutting depth of the instrument. Provided this is done, the remaining differences represent the random error of the method which is about ± 2s. Regarding the diameter of the lamellae, there were no discrepancies between the observed and expected measurements. All cuts were round, with 7,90 ± 0,1mm diameter. The lamellar interfaces appeared regular by surgical microscopy. There were no cases of inter-lamellar adhesion. Figure 3 shows corneal lamellae separation. DISCUSSION Historically, full-thickness penetrating keratoplasty has been the mainstay of therapy to address most forms of stromal and endothelial corneal pathology. However, over the past decade, there has been significant progress in performing site-specific corneal surgery such as endothelial keratoplasty and anterior Figure 3: Manual separation of the anterior (thicker) and posterior lamellae (thinner) after cut lamellar keratoplasty. Interest in refining these procedures and improving surgical techniques has ensued. The application of femtosecond laser in these procedures is being explored (22,23). This study evaluated the use of the the LDV® femtosecond laser for constructing deep anterior lamellae from donor corneoscleral buttons. Several points should be highlighted in this study. Mechanical rather than ultrasound pachymetry was used in this study. Mitutoyo® micrometer measurements was comparable with Sonogage ® ultrasonic pachymeter (24) , the only ultrasonic pachymeter capable of measuring epithelial thickness beyond total cornea thickness, then it can improved the accuracy of the measurements. Using the LDV® femtosecond laser, a deep cut generates a thick anterior lamella and a thin posterior lamella. In our experience, using available resources of ultrasonic pachymetry for corneal buttons leads to poor performance when the lamellae are less than 150µm thick and has, frequently, more than 10µm of standard deviation. For this reason, all measurements were done on the anterior lamellae and whole corneas. Usually, the thickness of the posterior lamella is obtained by subtracting the former from the latter. The drawback to this approach is that the value of the posterior lamella is simultaneously corrupted by the measurement errors for the whole cornea and anterior lamella. Hence, the use of posterior lamellar thickness to assess the performance of keratomes is problematic, even if actually measured with an ultrasonic pachymeter. This is because current ultrasonic pachymeters are not well-suited for measuring thin lamellae, and, even more importantly, because the total error would always be the sum of the errors generated by two components: the whole cornea and the lamella. This is probably why the literature does not show good predictability for the residual stromal bed, based on preoperative measurements(22,23). To work appropriately with the least variability, the cut depth would have to be set from the endothelial side. In a study(25) comparing manual microkeratome (Moria® ALTK) versus a femtosecond laser (Intralase ®) to create a precut donnor lamellae, the femtosecond laser was more accurate than microkeratome. Programmed to cut 400 µm donnor lamellae, it cut 400 ± 41µm, while the microkeratome was programmed to cut 350µm, and did 446 ± 25µm. But were 8 eyes in each group. Other study (26) made the same comparison (same equipament than study (25) with programming donor lamella thickness of 350µm. The microkeratome group cut 361 ± 68µm, and the femtosecond laser group did 324 ± 112µm. But, were 5 eyes in each group. Both studies use US pachymetry. The present study shows Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 71-4 74 Victor G., Nosé W., Sousa S. J. F. , Pineda R., Alves M. R. lower standard deviation than those. In our sample, about 95% of the measurements of the anterior lamellae were 71 to 19µm less than expected. The mean difference ( ) was -45µm. There are three reasons why this femtosecond mean error (bias) was -45µm: 1) because of pachymetric errors, 2) because a safety margin of the company, or 3) combination of both. The safety margin is a systematic error to the effective value of cut to be less than the programmed value, in order to increase the safety limit of cutting depth. If the average of effective depth of cut of the femtosecond laser coincide with the average programmed value, surely half the normal random error would be greater than it, and may exceed the safety limit, in borderline cases. So, in planning the thickness of the residual bed for DSAEK, the surgeon has to consider four variables: the thickness of the whole cornea, the error in the corneal measurement, the thickness of the anterior lamella, and the error in its measurement. At present this is not an easy task, mostly due to the lack of reliable ultrasonic pachymetry for corneal lamellae. The problem with the above reasoning is that it may apply only to the present sample. A second sample would give a different mean and different limit of agreement. The important question is how these differences would look for the general population. That is where the confidence intervals of the mean and of the upper and lower limits of agreement are helpful (table 1). The logic of the confidence intervals for the limits of agreement is exactly the same as for the mean. The only difference is that all possible combinations of the upper and lower limits should be considered to construct the agreement intervals. For example, in the worst-case scenario, the difference between the observed and expected anterior lamellae thicknesses would range from -77 to -13µm. At least theoretically, the interactions between the corneal substance and laser beam should be significantly smaller than that expected for the metal blade of a mechanical keratome. It is conceivable that most cutting errors are in reality errors of pachymetry. If this is true, the accuracy of this method could be greatly improved by upgrading the technology of pachymetry. In summary, the LDV® femtosecond laser seems to be a safe and reliable instrument for constructing deep anterior lamellae from donor corneoscleral buttons. Acknowledgment This study was support by the Fundação de Amparo ‘a Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP – São Paulo (SP), Brazil, process number 2011/14699-0. REFERENCES 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 1. 2. 3. 4. 5. 6. Reinhart WJ, Musch DC, Jacobs DS, Lee WB, Kaufman SC, Shtein RM. Deep anterior lamellar keratoplasty as an alternative to penetrating keratoplasty a report by the american academy of ophthalmology. Ophthalmology. 2011;118(1):209-18. Review. Behrens A, Dolorico AM, Kara DT, Novick LH, McDonnell PJ, Chao LC, et al. 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Corresponding author: Gustavo Victor República do Líbano Avenue, 1034 Zip code 04002-001 – São Paulo – (SP), Brazil Phone: +55 (11) 3884-4020, Fax: +55 (11) 3884-7680 E-mail: [email protected] ARTIGO ORIGINAL75 Assessing ectasia susceptibility prior to LASIK: the role of age and residual stromal bed (RSB) in conjunction to Belin-Ambrósio deviation index (BAD-D) Avaliação de suscetibilidade para ectasia antes de LASIK: o papel da idade e do leito estromal residual em conjunto ao índice Belin-Ambrósio (BAD-D) Renato Ambrósio Jr1,2, Isaac Ramos1, Bernardo Lopes1, Ana Laura Caiado Canedo1, Rosane Correa1, Frederico Guerra1; Allan Luz1,2, Francis W. Price Jr3, Marianne O. Price3, Steven Schallhor4, Michael W. Belin5 ABSTRACT Purpose: To compare the ability to detect preoperative ectasia risk among LASIK candidates using classic ERSS (Ectasia Risk Score System) and Pentacam Belin-Ambrósio deviation index (BAD-D), and to test the benefit of a combined approach including BAD-D and clinical data. Methods: A retrospective nonrandomized study involved preoperative LASIK data from 23 post-LASIK ectasia cases and 266 stable-LASIK (follow up > 12 months). Preoperative clinical and Pentacam (Oculus; Wetzlar, Germany) data were obtained from all cases. Mann-Whitney’s test was performed to assess differences between groups. Stepwise logistic regression was used for combining parameters. The areas under the Receiver Operating Characteristic (ROC) curves (AUC) were calculated for all parameters and combinations, with pairwise comparisons of AUC (DeLong’s method). Results: Statistically significant differences were found for age, residual stromal bed (RSB), central corneal thickness and BAD-D (p<0.001), but not for sphere, cylinder or spherical equivalent (p>0.05). ERSS was 3 or more on 12/23 eyes from the ectasia group (sensitivity = 52.17%) and 48/266 eyes from the stable LASIK group (18% false positive). BAD-D had AUC of 0.931 (95% CI: 0.895 to 0.957), with cut-off of 1.29 (sensitivity = 87%; specificity = 92.1%). Formula combining BAD-D, age and RSB provided 100% sensitivity and 94% specificity, with better AUC (0.989; 95% CI: 0.969 to 0.998) than all individual parameters (p>0.001). Conclusion: BAD-D is more accurate than ERSS. Combining clinical data and BAD-D improved ectasia susceptibility screening. Further validation is necessary. Novel combined functions using other topometric and tomographic parameters should be tested to further enhance accuracy. Keywords: Keratomileusis, laser in situ/adverse effects; Dilatation, pathologic/etiology; Corneal diseases/etiology; Corneal topography Instituto de Olhos Renato Ambrósio, Rio de Janeiro (RJ), Brazil; Departmento de Oftalmologia, Universidade Federal de São Paulo (SP), Brazil; 3 Price Vision Group, Indianápolis, USA; 4 Departamento de Oftalmologia, Universidade da Califórnia, São Francisco, Califórnia; 5 Departmento de Oftalmologia, Universidade do Arizona, Tucson, USA. 1 2 Dr. Ambrósio and Dr. Belin são consultores da Oculus (Wetzlar, Germany) Dr. Schallhorn é consultor da Abbott Medical Optics (Santa Clara, USA) The authors declare no conflicts of interest Recebido para publicação em 02/10/2013 - Aceito para publicação em 11/11/2013 Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 75-80 76 Ambrósio Jr R, Ramos I, Lopes B, Canedo ALC, Correa R, Guerra F, Luz A, Price Jr FW, Price MO, Schallhor S, Belin MW RESUMO Objetivo: Comparar a capacidade de detectar risco de ectasia no pré-operatório de LASIK usando o clássico ERSS (Ectasia Risk Score System) e índice Belin- Ambrósio (BAD- D) do Pentacam; e para testar o benefício de uma abordagem combinada, incluindo BAD-D e dados clínicos. Métodos: Estudo não randomizado retrospectivo envolveu dados pré-operatórios de LASIK de 23 casos que evoluíram para ectasia pós-LASIK e 266 casos estáveis após LASIK com acompanhamento mínimo de 12 meses. Dados préoperatórios clínicos e do Pentacam (Oculus, Wetzlar, Alemanha) foram obtidos para todos os casos. O teste de Mann-Whitney foi realizado para avaliar as diferenças entre grupos. Regressão logística foi utilizada para combinar parâmetros. As áreas sob as curvas Receiver Operating Characteristic (ROC; AUC) foram calculadas para todos os parâmetros e as combinações. Comparações de pares das AUC foram realizadas com método de DeLong. Resultados: Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas para a idade, residual leito estromal (RSB), espessura corneana central e BAD- D (p <0,001), mas não para a grau esférico, cilindro ou equivalente esférico (p > 0,05). ERSS foi de três ou mais em 12/23 olhos do grupo ectasia (sensibilidade = 52,17 %) e 48/ 266 olhos do grupo LASIK estável (18% falso positivo). BAD- D teve AUC de 0,931 (IC 95%: 0,895-0,957), com corte de 1,29 (sensibilidade=87%, especificidade=92,1%). A fórmula que combinou BAD-D, idade e RSB, gerou 100% de sensibilidade e especificidade de 94%, com melhor AUC (0,989, IC 95%: 0,969-0,998) do que todos os parâmetros individuais (p>0,001). Conclusão: BAD-D é mais preciso do que ERSS. Combinações de dados clínicos e os BAD-D melhorou a capacidade de identificação de suscetibilidade para ectasia. Uma validação adicional é necessária. Novas funções combinadas usando outros parâmetros topométricos e tomográficos devem ser testadas para melhorar ainda mais a precisão. Descritores: Ceratomileusis assistida por excimer laser in situ/efeitos adversos; dilatação patológica/etiologia; doenças da córnea/etiologia; Topografia da córnea INTRODUCTION K eratectasia or progressive “iatrogenic” ectasia after laser vision correction (LVC) was first reported in 1998 by Seiler(1), and rapidly became recognized as a very severe complication of LVC procedures (2) . Major attempts for understanding(3) and preventing keratectasia have been taken4. Screening for cases at high risk or susceptibility for biomechanical failure and ectasia progression after LVC represents a major challenge for refractive surgeons(5-7). The role of Placido discbased corneal topography and central corneal thickness (CCT) for screening refractive candidates is well recognized(8). However, cases with unexplained ectasia based on such classic methodology have been reported(9-11). Different risk scoring systems were proposed for facilitating the prediction of patients who are at risk of ectasia progression after LASIK. Randleman and coworkers developed the ectasia risk score system (ERSS) based on a retrospective case-control study that integrated corneal topography with refractive correction, residual stromal bed (RSB) and patient’s age(13). The ERSS was validated by a second study (14), which confirmed abnormal corneal topography and age as the most important variables for predicting ectasia risk Even though the ERSS represented an advance on the ability to detect ectasia risk(15), there were still 8% of false negatives, and 6% of false positives in the original studies. The subjective nature of the classifications of corneal topography limits the repeatability of the approach(16), which may help explain up to 25% of false negatives in an independent retrospective study of ectasia cases(17). In addition, over 50% of false positives may occur if a young population of stable LASIK patients is evaluated. Therefore, there is an undisputable need for improving both the sensitivity and specificity of LVC screening for ectasia risk7. “Corneal tomography” enables the evaluation of the front and back surfaces of the cornea along with pachymetric mapping(20). While different technologies are available in many instruments(21), validated criteria for diagnostic interpretation and proper understanding of the generated data is fundamental for the clinician take full advantage of the technology. Along with the description of corneal thickness profile, we introduced the Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 75-80 concept of relational thickness, which considers the thinnest value in relation to the rate of increase in thickness towards the periphery(22). Elevation tomography, which has been pioneered and further developed by Belin (26) , in combination with comprehensive tomographic thickness evaluation were combined for the development of the Belin/Ambrósio Enhanced Ectasia Display (BAD). The BAD, available on the Pentacam (Oculus, Wetzlar, Germany) software, provides the “d” values which refer to the standard deviation from normality for multiple parameters. The combination of the “d” values, using logistic regression analysis for optimizing separation of normals and keratoconus provide the Belin-Ambrósio Deviation index (BAD-D) value(5). The BAD-D has been demonstrated to significantly enhance the ability to detect ectasia and its susceptibility, as well as to augment specificity to exclude ectasia in suspicious cases(5,6). The current study was designed to evaluate the ability of standard methods for screening ectasia risk in comparison to BAD-D, as well as to test the benefit of adding clinical parameters to the BAD-D for a logistic regression analysis with the goal of improving accuracy for detecting preoperative ectasia susceptibility among LASIK candidates. METHODS The current retrospective study followed the tenets of the Declaration of Helsinki and was approved by the IRB (Institutional Review Board) and Human Ethics Committee from Price Vision Group (PVG, Indiana, USA) and Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP, SP, Brazil). The data from 23 eyes that developed progressive corneal ectasia after LASIK was retrieved from an international pool. For study purposes, the origin of these cases remained anonymous. The data from 266 eyes with documented stability after LASIK after minimal follow up of 1 year was prospectively collected at the Price Vision Group (Indianapolis, USA). The collection of data at the PVG for this study was partially funded by ASCRS (American Society of Cataract and Refractive Surgery) Foundation. Preoperative clinical parameters from all cases were tabulated in an Excel (Microsoft; Redmond, USA) spreadsheet. Assessing ectasia susceptibility prior to LASIK: the role of age and residual stromal bed (RSB) in conjunction to Belin-Ambrósio Deviation index (BAD-D) Age, manifest refraction (sphere, cylinder and axis), spherical equivalent (SE), distance corrected visual acuity (DCVA), LASIK flap characteristics (predicted flap thickness and method for creation), maximal ablation depth, predicted residual stromal bed (RSB), corneal central thickness (CCT), and subjective classification of corneal topography were collected from all cases. Subjective classification was performed by an independent fellowship trained refractive surgeon who did not know the outcome of LASIK in a similar method as described by Ramos and coworkers (16). The RSB was calculated considering the preoperative thinnest value from Pentacam measurements, maximal ablation depth and estimated flap thickness. The Ectasia Risk Score System (ERSS) was calculated according to the original description by Randleman and coworkers. The U12 files containing the raw data from preoperative Pentacam HR (Oculus; Wetzlar, Germany) were obtained, so that the BAD-D value (version 3) and thinnest pachymetric data were computed from all cases using Pentacam software 1.19r07.5 The BAD-D was not available for the preoperative evaluation of all cases in this study. Statistical analysis was accomplished using BioEstat 5.0 (Instituto Mamirauá, Amazonas, Brazil) and Med-Calc 11.1 (MedCalc Software, Mariakerke, Belgium). Non-parametric Mann-Whitney U test (Wilcoxon rank-sum test) was used for assessing whether each variable had different distributions among the groups. Stepwise logistic regression analysis was used for combining BAD-D and clinical parameters for augmenting accuracy in separating the cases that developed ectasia from those with stable LASIK outcomes. Receiver operating characteristic (ROC) curves were calculated for all parameters and functions for testing the overall predictive accuracy (cut off, sensitivity and specificity) and calculating the area under the curve (AUC). Pairwise comparisons of the ROC curves were performed to test whether significant differences were present between the AUC among the different parameters for using DeLong method. A p value lower than 0.05 was considered as statistically significant. RESULTS Group characteristics The clinical data for the post-LASIK ectasia and stableLASIK groups is summarized in table 1. Statistically significant differences between groups were found for preoperative age, CCT and BAD-D, as well as for the estimated postoperative RSB (Mann-Whitney, p<0.001), but not for preoperative manifest refraction data (sphere, cylinder and spherical equivalent; Mann- 77 Table 1 Clinical parameters in ectasia and stable cases after LASIK Parameters Age (years) MRSE (D) CCT (µ) Mean (range) Ectasia cases (n=23) Stable cases (n=266) 26 (20 to 48) -3.94 (-7.8 to - 0.75) 514 (473 to 546) 44 (19 to 66) -3.09 (-8.5 to 4.1) 554 (479 to 664) CCT: central corneal thickness; D: diopters; RSB: residual stromal bed thickness; µ: microns; MRSE: manifest refraction spherical equivalent Whitney, p>0.05). Time between LASIK procedure and ectasia diagnosis ranged from 3 to 18 months, with an average of 6.1 months. Average follow up of stable LASIK cases was 20 months, ranging from 12 to 49 months (standard deviation [SD]=0.61). In the post-LASIK ectasia group, the flap was created with a Moria OUP microkeratome (Antoine, France) in 7 cases (30%) and with a femtosecond laser (Intralase FS 60; Abbott Medical Optics, Santa Clara, USA) in 16 cases (70%). Only two cases from the ectasia group (8.7%) had an Oculus TKC with keratoconus detection; one case was classified as possible and the other as keratoconus grade 1. Twelve cases (52%) were classified as moderate to high risk based on an ERSS score of 3 or greater. All ectatic cases had preoperative distance corrected visual acuity (DCVA) equal or better than 20/30. No case had any preoperative slit lamp sign typical of keratoconus. In the stable LASIK group, a femtosecond laser (Intralase FS 60) set for a 115-µm flap depth was used in all cases. Eighteen eyes (6.77%) had an Oculus TKC classification as abnormal and 48 of 266 cases (18%) were classified as moderate to high risk based on the ERSS (score of 3 to 6). Predictive models Table 2 summarizes the ROC results for the parameters which had statistical significant different distributions among the groups. The area under the ROC curve (AUC) for the parameters which did not reach statistical significant differences tend to demonstrate a 50% chance of positivity, which implies this is a random finding. For example, the distribution of sphere (Sph) was not statistically different within ectatic and stable LASIK cases, with an AUC of 0.566 (95% CI: 0.507 to 0.624). The ERSS was equal or higher than 3 on 12 eyes from the ectasia group (sensitivity=52.17%) and on 48 eyes from the stable LASIK group (specificity=81.95%). The best cut off value for BAD-D was 1.29, with sensitivity of 87% and specificity of 92.1 Table 2 Parameters extracted from pentacam exam and receiver operating characteristic (ROC) curve analysis Evaluated parameters Clinical parameters Age RSB CCT ERSS Belin/Ambrósio deviation value (BAD-D) Combination of age, RSB and BAD-D ROC analysis Cut off AUC Sens Spec 95% CI <32.5041 <349 <523 >=3 >1.29 >0.068 0.902 0.817 0.824 0.815 0.931 0.989 80.5 81.2 84.2 52.17 92.1 100 95.7 69.6 65.2 81.95 87.0 94 0.862 to 0.934 0.767 to 0.860 0.776 to 0.867 0.766 to 0.858 0.895 to 0.957 0.969 to 0.998 Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 75-80 78 Ambrósio Jr R, Ramos I, Lopes B, Canedo ALC, Correa R, Guerra F, Luz A, Price Jr FW, Price MO, Schallhor S, Belin MW Table 3 Formula for ESS-I: combined parameter based on age, RSB and BAD-D Variable Coefficient Age RSB BAD-D Constant -0.17395 -0.048294 3.34502 16.41 (AUC=0.931; 95% CI: 0.895 to 0.957). BAD-D was more accurate than all clinical parameters (p>0.001, DeLong’s method). Figure 1 represents the interactive dot diagram of the BAD-D, allowing for the visualization of the overlap between groups. The model that combined BAD-D, age and RSB achieved 100% sensitivity and 94% specificity, with a statistically better AUC (0.989; 95% CI: 0.969 to 0.998) than individual parameter models or the ERSS (p>0.001, DeLong’s method). The inclusion of CCT, sphere, cylinder or spherical equivalent did not improve accuracy in the regression analysis. The coefficient and constants for the model which combined age, RSB and BAD-D are listed on table 3. For making this into a binary parameter, the natural logarithm (ln) of the logistic regression model is calculated. Interactive dot diagrams were used to visualize the clinical performance of the combined parameter (figure 2). The ROC curves of the parameters which had statistical significant different distributions among the groups are included in figure 3. Figure 1: Dot diagram for BAD-D DISCUSSION This study evaluated the ability of different methods to predict ectasia risk among LASIK candidates. The lack of sensitivity of “classic” methodology based on corneal topography, central thickness and clinical parameters is demonstrated by the fact that the ERSS failed to detect ectasia risk in 47.8% of post LASIK ectasia cases. However, the ERSS depends on the subjective classification of corneal topography curvature maps, which may vary tremendously among different experts(16). In fact, retrospective evaluation of the preoperative topography of cases that developed ectasia tends to be very rigorous with a high sensitivity if the evaluator knows about the outcome. However, in this study, the topographic classifications were done without the evaluator knowing the outcome of the LASIK procedure. The BAD-D combined the deviation indices using a linear regression analysis that best separated normals and keratoconic cases5. BAD-D demonstrated excellent accuracy for detecting keratoconus with AUC higher than 0.99 in different studies(5,6). This study found BAD-D to have a significantly higher accuracy for separating the preoperative status of stable-LASIK from the ones who developed ectasia, in agreement with previous studies that evaluated the ability of BAD-D to detect milder forms of ectasia or its predisposition. In a study comprised of 47 eyes with forme fruste keratoconus (FFKC), defined as the fellow eye with relatively normal topography from patients with very asymmetric keratoconus, the cut off of 1.22 led to 93.62% sensitivity. In that study, FFKC cases were compared to 331 normal eyes randomly selected from normal patients, with AUC of 0.975 and specificity of 94.56%. Interestingly, the cut off value of 1.29 found in the Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 75-80 Figure 2: Dot diagram for the Ectasia Susceptibility Score (ESS-I): combined function of age, RSB and BAD-D Figure 3: Comparison of ROC curves Assessing ectasia susceptibility prior to LASIK: the role of age and residual stromal bed (RSB) in conjunction to Belin-Ambrósio Deviation index (BAD-D) present study is considerably lower than the one (2.11) obtained for keratoconus with sensitivity of 99.59% (n=242 eyes with clinical keratoconus)(6). However, 87% sensitivity and 92% specificity are still not optimal and the need for further improvements beyond BAD-D for detecting ectasia susceptibility is recognized. Screening for keratoconus is not the same as screening for eyes with higher susceptibility to develop keratectasia after LVC. Considering keratectasia occurs due to a state of biomechanical failure of the corneal stroma(3), there are two possible distinct mechanisms for ectasia progression after LVC: 1) preoperative abnormally low (weak) biomechanical properties of the corneal stroma; 2) a severe biomechanical dwindling caused by the LVC procedure. For example, ectasia has been reported after surface ablation procedures(13), but is much more common after LASIK, because the lamellar cut has an intrinsic biomechanical impact on the cornea (31) . Such impact varies accordingly to flap thickness(32). Interestingly, there are reported cases of unilateral keratectasia after LASIK, while the fellow eye remained stable after photorefractive keratectomy (PRK)(33,35). In the present study, there was a statistically significant difference in the estimated RSB between ectatic and stable LASIK cases. However, no case with ectasia had an estimated RSB lower than 250µm (minimal value = 269µm). Imprecision of preoperative corneal pachymetry and variability of microkeratome cuts may impact accuracy of RSB prediction(36). However, all cases had a Pentacam preoperative exam, allowing the calculation of the RSB from the thinnest point. In addition, all cases in the stable LASIK group and 69.57% of the ectatic cases had the lamellar cut performed by femtosecond laser, which has been demonstrated to have a relatively low variability on flap thickness37. The remaining 30.4% of the ectatic cases had flaps created by the Moria One Use-Plus microkeratome, which also has a low variability on flap thickness38. Thereby, the development of keratectasia in this series is less related to the biomechanical impact from the LVC procedure, but more related to an abnormal corneal structure that increased the risk for ectasia. In this study, a logistic regression formula integrated age, RSB and BAD-D with a significant improvement in accuracy, leading to 100% sensitivity and 94% specificity. Logistic regression analysis has been used for predicting the outcome of a categorical dependent variable based on different predictor variables. Potential confounding between predictor variables is detected so that only the main effects are incorporated into the final formula. For example CCT was not selected for inclusion because it is already considered in the BAD-D calculation. The optimized formula provides the relative risk of developing ectasia as an Ectasia Susceptibility Score I (ESS-I; table 3). The logarithmic function leads to a binary outcome, with some overlapping results from zero to one. The cut off was 0.068, which represent 6.8% relative risk. However, we propose that values higher than 5% should be considered moderate risk and values higher than 15% at high risk for ectasia progression after LVC. The incorporation of age and RSB into the model, along with objective tomographic parameter BAD-D further customizes the risk assessment. This is also possible to consider certain risk levels in order to calculate the RSB needed, considering the BAD-D and age. For example, according to the ESS-I, a patient who is 21 years old with BAD-D of 0.9 and RSB of 350 would be at high risk of ectasia (24%), and would require RSB of 398 for being at low risk (3%). Another 21 years old patient with BAD-D of 0.2 would need RSB of 350 for being at low risk (3%). A patient who is 42 years old with BAD-D of 0.9 would need RSB of 323 for having the ectasia risk under 3%. 79 The major limitation of the present study is related to the relatively low number of ectasia cases.Also, the post-operative follow up of one year may not be sufficient, as late onset ectasia is possible(39,42). Further follow up is needed for the stable group after LASIK, mainly in the subgroup detected as at higher risk based on the ESS-I. In such cases, careful long term evaluation for any corneal changes that might indicate a need for crosslinking, as well as patient advice against eye rubbing and other causes of eye trauma are necessary. Validation studies are also needed. These should include a series of cases with FFKC, but preferably cases that developed ectasia after LVC. In addition, improvements on the regression analysis with the incorporation of other parameters from Pentacam measurements are possible, as well as using different artificial intelligence strategies. These studies are underway. REFERENCES 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. Seiler T, Quurke AW. Iatrogenic keratectasia after LASIK in a case of forme fruste keratoconus. J Cataract Refract Surg. 1998;24(7):1007-9. Ambrósio R Jr,Wilson SE. Complications of laser in situ keratomileusis: etiology, prevention, and treatment. J Refract Surg. 2001;17(3):35079. Review. 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Author correspondence: Renato Ambrósio Jr. Rua Conde de Bonfim, 211 – apto. 712 Zip Code 20520-050 – Rio de Janeiro (RJ), Brazil Phone: 55 (21) 2234-4233 E-mail: dr.renatoAmbró[email protected] ARTIGO ORIGINAL81 Avaliação do desempenho visual da lente intraocular difrativa multifocal - Zeiss AT Lisa 809 MTM Visual outcomes of the diffractive multifocal intraocular lens - Zeiss AT Lisa 809 MTM Lucas Monferrari Monteiro Vianna1, Filipe de Oliveira, Abujamra Pedro1, wLiang Jung1, Luis Felipe Brenner1, Milton Yogi1 RESUMO Objetivo: Avaliar a função visual dos pacientes com implante bilateral da LIO multifocal difrativa AT-Lisa 809 MTM por meio dos exames de acuidade visual com e sem correção óptica, curva de sensibilidade ao contraste, curva de desfoco e questionário de qualidade de função visual (VQF39). Métodos: Estudo clínico, prospectivo e de intervenção, que avaliou os resultados de 20 olhos de 10 pacientes, submetidos à facoemulsificação e implante de LIO, entre fevereiro e junho de 2012. Resultados: A ametropia residual média pós-operatória foi de 0,05 ± 0,42 (-0,75 a +1,25 D) dioptrias esféricas e -0,30 ± 0,42 (0 a -1,25 D) dioptrias cilíndricas. Na curva de desenfoque mono e binocular, a melhor acuidade visual média obtida com 0.00 D de desenfoque (AV de longe). O segundo pico foi obtido com desenfoque de -3,00 D, o que equivale à visão de perto a 33 cm. Entre esses picos, observamos uma perda de desempenho visual, com desenfoque de -2,00 D, que equivale a visão intermediária a 50 cm. A sensibilidade ao contraste foi similar aos relatados na literatura com este tipo de LIO, tanto com quanto sem ofuscamento, e é mostrada em gráficos. O questionário de função visual (VFQ39) teve valor médio de 91,91 +- 6,82. Conclusão: A LIO multifocal difrativa AT-Lisa 809MTM (Carl Zeiss Meditec Company – Alemanha) apresentou resultados condizentes com a literatura quando avaliada pelos exames de acuidade visual com e sem correção óptica, sensibilidade ao contraste, curva de desfoco e questionário de qualidade de função visual (VQF 39). Descritores: Catarata; Implantação de lente intraocular; Óculos; Acuidade visual; Sensibilidade de contraste; Questionários; Resultados de tratamento ABSTRACT Purpose: To evaluate the visual function of patients with bilateral implantation of multifocal diffractive IOL AT Lisa 809MTM by visual acuity with and without correction, contrast sensitivity curve, defocus curve and visual function questionnaire (39 VQF). Methods: Interventional clinical prospective study, which evaluated the results of 20 eyes of 10 patients who underwent phacoemulsification and IOL implantation between february and june 2012. Results: The average of residual postoperative ametropia was 0.05 ± 0.42 (-0.75 to +1.25 D) spherical diopters and -0.30 ± 0.42 (0 to -1.25 D) cylindrical diopters. In the mono and binocular defocus curve, the best visual acuity was obtained with 0.00 D of defocus (far VA). The second peak was obtained with -3.00 D (near vision at 33 cm) and among these peaks, it was observed a loss of visual performance with -2.00 D, which corresponds to intermediate vision at 50 cm. Contrast sensitivity was similar to those reported in the literature with this type of IOL, both with and without glare, and is shown in the figures. The visual function questionnaire (VFQ-39) had a mean value of 91.91 + - 6.82. Conclusion: The diffractive multifocal IOL-AT LISA 809M presented results consistent with the literature as measured by tests of visual acuity with and without optical correction, contrast sensitivity curve, defocus curve and visual function questionnaire (39 VQF). Keywords: Cataract; Lens implantation, intraocular; Eyeglasses; Visual acuity; Contrast sensitivity; Questionnaires; Treatment outcome 1 Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – São Paulo (SP), Brasil. Trabalho realizado no Departamento de Oftalmologia, Universidade Federal de São Paulo – UNUFESP- São Paulo (SP), Brasil Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 23/9/2013 - Aceito para publicação em 17/11/2013 Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 81-5 82 Vianna LMM , Oliveira F, Abujamra P, Jung L, Brenner LF, Yogi M INTRODUÇÃO O desenvolvimento tecnológico da cirurgia de catarata moderna possibilitou a independência ao uso de óculos como um dos objetivos dessa técnica cirúrgica(1-3). Esse desenvolvimento ocorreu principalmente pela crescente precisão biométrica(4-7), maior controle da indução de astigmatismo com técnicas de pequena incisão(8-10) e pela constante evolução óptica das lentes intraoculares (LIOs)(11-18). Atualmente, desenhos mais sofisticados de LIOs permitem a possibilidade de promover multifocalidade ao paciente submetido à cirurgia de catarata. Esse tipo de lente já se demonstrou segura e efetiva em restaurar a visão de longe e perto, com alto grau de independência ao uso de lentes corretivas após seu implante(19-25). O objetivo desse estudo foi avaliar a função visual dos pacientes com implante bilateral da LIO multifocal difrativa ATLisa 809MTM por meio dos exames de acuidade visual com e sem correção óptica, curva de sensibilidade ao contraste, curva de desfoco e questionário de qualidade de função visual (VQF 39). MÉTODOS Estudo clínico, prospectivo e de intervenção, que avaliou os resultados de 20 olhos, de 10 pacientes, submetidos à facoemulsificação e implante de LIO difrativa multifocal – Zeiss AT Lisa 809MTM, entre fevereiro e junho de 2012, no Instituto de Catarata (INCAT) do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Foram incluídos no estudo pacientes portadores de catarata bilateral com indicação cirúrgica, idade entre 45 a 70 anos, astigmatismo corneano inferior a 0.75D e diâmetro pupilar maior ou igual a 2,5mm. Foram excluídos os pacientes que apresentassem qualquer doença ocular prévia que pudessem interferir no desempenho visual. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de São Paulo (parecer número 32453) e seguiu os preceitos da Declaração de Helsinki. Todos os pacientes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Lente intraocular A AT Lisa 809MTM (Carl Zeiss Meditec Company - Alemanha) é uma lente multifocal difrativa, produzida em acrílico hidrofílico, com superfície hidrofóbica de peça única, desenhada especificamente para implante no saco capsular, apresentando a mesma plataforma da lente Acri.LISA 366D. Apresenta tecnologia refrativa asférica, com adição de +3,75 D no plano da lente. Sua multifocalidade se deve aos diferentes índices refrativos em círculos concêntricos ao centro da lente. Procedimento cirúrgico Todos as cirurgias foram realizadas sem complicações por 2 cirurgiões experientes (LMMV e PA) sob anestesia tópica (cloridrato de proximetacaína 5mg), pela técnica de facoemulsificação por meio de incisão de 2,75mm (incisão a critério do cirurgião), sem sutura e implante intracapsular da LIO. No pós-operatório foram prescritos colírios de moxifloxacino (4 vezes ao dia por 7 dias), dexametasona 0,1% (em esquema regressivo) e nepafenaco 0,1% (3 vezes ao dia por 1 mês). Protocolo de exames Os pacientes foram submetidos ao exame oftalmológico completo durante a avaliação pré-operatória. O cálculo da lente Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 81-5 intraocular foi determinado pela biometria óptica IOL Master (Carl Zeiss Meditec Company - Alemanha), com a fórmula Haigis e a LIO selecionada foi a que resultasse em refração nula ou negativa mais próxima da emetropia. A acuidade visual para longe sem correção óptica foi medida com uma tabela ETDRS (Early Treatment of Diabetic Retinopathy Study) retroiluminada em condições fotópicas (85 cd/mm2) a uma distância padrão de 4 metros. A acuidade visual para perto foi realizada com tabela de Jaeger e convertida para notação em Snellen e a visão correspendente à meia distância foi avaliada pela curva de desfoco. Os registros foram feitos em fração de Snellen e convertidas para logMAR em ambos os olhos e binocularmente. A curva de desfoco foi realizada após o registro da acuidade visual para 14 valores de poder dióptrico de lentes colocadas em armação de prova (- 5 a +3 dioptrias esféricas) em intervalos de 0,5 dioptria. A acuidade visual para cada potência de lente foi registrada em ambos os olhos e binocularmente. O aparelho Optec 6500P ‘vision testing system’, Stereo Optical Co, Inc, Chicago, Ilinois, (USA) foi usado para essas medidas e foi padronizado a tomada da AV em situação de longe e sob condições fotópicas de luminosidade. Três tabelas de AV logarítmica com arranjos distintos de optotipos foram usadas para evitar a memorização do paciente. O teste de sensibilidade ao contraste também foi realizado no Optec 6500P com o paciente usando a melhor correção em armação de prova sob condições fotópicas (85cd/m2) sem e com ofuscamento (glare). O teste é baseado no Functional Acuity Contrast Test (FACT) que analisa a curva da sensibilidade ao contraste em cinco frequências espaciais (1,5; 3,0; 6,0; 12 e 18 ciclos por grau (cpg)). O questionário de qualidade de função visual (VQF 39) foi aplicado a todos os pacientes a partir do 3° mês da cirurgia do segundo. Os pacientes foram questionados sobre visão de halos e glare em todas as consultas pós-operatórias. RESULTADOS Os dados demográficos, dependência aos óculos e queixa de halos e/ou ‘glare’ são mostrados na tabela 1. A figura 1 mostra a distribuição da eficácia visual (Snellen) monocular para longe e perto sem correção. A ametropia residual média pós-operatória foi de 0,05 ± 0,42 (-0,75 a +1,25 D) dioptrias esféricas e -0,30 ± 0,42 (0 a -1,25 D) dioptrias cilíndricas. A figura 2 mostra a curva de desenfoque mono e binocular. A melhor acuidade visual média foi de 0,1 LogMAR, obtida com 0.00 D de desenfoque (AV de longe). O segundo pico apresentou uma acuidade visual média de 0,2 – 0,3 LogMAR, obtida com desenfoque de -3,00 D, o que equivale à visão de perto a 33 cm. Entre esses picos observamos uma perda de desempenho visual, com acuidade visual de 0,4 – 0,5 LogMAR com desenfoque de -2,00 D, que equivale a visão intermediária a 50cm. As figuras 3 e 4 mostram a sensibilidade ao contraste mono e binocular em condições fotópicas e mesópicas. O questionário de função visual (VFQ-39) teve valor médio de 91,91 +/- 6,82 (valor médio para todas as 39 perguntas, variando de 0 a 100, de acordo com o manual do exame). DISCUSSÃO A multifocalidade das LIOs difrativas se deve aos diferentes índices refrativos em círculos concêntricos ao centro da lente(25). Diversos estudos vêm mostrando bons resultados com o uso de várias LIOs multifocais, incluindo as difrativas(20-27). A acuidade Avaliação do desempenho visual da lente intraocular difrativa multifocal - Zeiss AT LISA 809MTM 83 Tabela 1 Dados demográficos, dependência aos óculos e queixa de halos e ‘glare’ Paciente Idade 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 62 62 68 60 56 58 52 49 64 60 Sexo Profissão Óculos para longe Óculos para perto Óculos para visão intermediária Visão de halos e ‘glare’/ Frequência do sintoma interfere com atividades habituais M M M F M F F F M F Engenheiro Aposentado Aposentado Jogadora de vôley sênior Pintor Do lar Cabelereira Do lar Motorista Costureira Sim (esporádico) Não Não Sim (esporádico) Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Sim/ Para dirigir à noite/ Não Não Não Sim/ Noturno/ Não Sim/ Noturno/ Não Não Não Não Sim/ Para dirigir à noite/ Não Não Curva de Desfoco (Zeiss AT LISA 809M) Figura 1: Acuidade visual monocular de longe e perto sem correção Figura 2: Curva de desenfoque visual para longe, com ou sem correção, mostra-se comparável às lentes monofocais. Quanto à visão de perto sem correção, a lente multifocal tem mostrado melhores resultados, uma vez que o olho pseudofácico perde a capacidade de acomodação(23). A desvantagem das LIOs multifocais seria a perda de sensibilidade ao contraste e a maior ocorrência de sintomas como halos e glare(26). A distribuição da eficácia visual (Snellen) monocular para longe e perto sem correção está de acordo com estudos prévios realizados com outras LIOs multifocais(20-27) e é mostrada na figura 1. A acuidade visual para longe e perto com correção foi melhor ou igual a 20/25 em todos os olhos. A ametropia residual média pós-operatória foi de 0,05 ± 0,42 (-0,75 a +1,25 D) dioptrias esféricas e -0,30 ± 0,42 (0 a -1,25 D) dioptrias cilíndricas, resultados condizentes com estudos de revisão em LIOs multifocais(20-27). Em nosso estudo, apenas um olho de um paciente que apresentava catarata subcapsular posterior densa teve acuidade visual final sem correção de 20/60 (figura 1), devido ao erro biométrico, provavelmente secundário à catarata(4). Apesar de estudos anteriores e da curva de desenfoque mostrarem uma perda na visão intermediária(26), a tabela 1 mostra que nenhum paciente solicitou correção para este tipo de visão em nosso estudo. A visão de halos e/ou ‘glare’ são fenômenos fóticos esperados após o implante de LIOs multifocais devido aos diferentes focos luminosos gerados pelos anéis para visão de longe e perto(26). Nenhum paciente se queixou, espontaneamente, de visão de halos ou ‘glare’. Quatro pacientes (40%) relataram este sin- toma quando questionados (tabela 1). Na curva de desenfoque, a melhor acuidade visual média foi de 0,1 LogMAR, obtida com 0.00 D de desenfoque (AV de longe). Com desenfoque de –3,00 (visão de perto a 33cm) foi observado um segundo pico de acuidade visual média (0,2 – 0,3 LogMAR). A visão intermediária a 50cm (desenfoque de –2,00 D) apresentou uma perda de desempenho visual, com acuidade visual de 0,4 – 0,5 LogMAR. A AT Lisa 809MTM (Carl Zeiss Meditec Company - Alemanha) é uma lente multifocal difrativa que apresenta a mesma plataforma da lente Acri.Lisa 366D, com tecnologia refrativa asférica e adição de +3,75 D no plano da lente. Estes dados são condizentes com a literatura, que mostra, para este tipo de LIO, uma melhor visão de longe e perto em relação à visão intermediária, comparando com as LIOs refrativas(24-25). A perda da sensibilidade ao contraste é um efeito esperado com o uso das LIOs multifocais, uma vez que ocorre divisão dos raios luminosos em focos diferentes para proporcionar visão de longe e perto(26-29). Em nosso estudo, o comprometimento da sensibilidade ao contraste para longe foi similar aos relatados na literatura, tanto com quanto sem ofuscamento (figuras 3 e 4). A sensibilidade ao contraste binocular foi sempre melhor do que a monocular em ambas as condições (figuras 3 e 4), o que pode ser explicado pelo efeito binocular somatório(26-29). O questionário de função visual (VFQ-39) teve valor médio de 91,91 +/- 6,82 (valor médio para todas as 39 perguntas, Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 81-5 84 Vianna LMM , Oliveira F, Abujamra P, Jung L, Brenner LF, Yogi M Curva de sensibilidade ao contraste sob condições diurnas (85 cd/m2) (sem ofuscamento) Curva da sensibilidade ao contraste em condições diurnas (85 cd/m2) (com ofuscamento) Figura 3: Curva de sensibilidade ao contraste para longe sem ofuscamento Figura 4: Curva de sensibilidade ao contraste para longe com ofuscamento variando de 0 a 100). Pelo protocolo do estudo, não foi aplicado o questionário no pré-operatório. Entretanto, podemos notar pela tabela 1 e comparando com outros estudos(30,31), que a satisfação dos pacientes e a independência ao uso dos óculos foi observada com o uso da LIO AT Lisa 809MTM. 8. CONCLUSÃO 10. 9. 11. A LIO multifocal difrativa AT-Lisa 809M (Carl Zeiss Meditec Company – Alemanha) apresentou resultados satisfatórios e condizentes com a literatura quando avaliada pelos exames de acuidade visual com e sem correção óptica, sensibilidade ao contraste, curva de desfoco e questionário de qualidade de função visual (VQF 39). Estudos maiores poderão confirmar os dados deste estudo e compará-la com outras LIOs atualmente disponíveis no Brasil. TM Agradecimentos Flávio Hirai pela revisão e avaliação estatística. REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Calladine D, Evans JR, Shah S, Leyland M. Multifocal versus monofocal intraocular lenses after cataract extraction. Cochrane Database Syst Rev. 2012;9:CD003169. Review. 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Autor Correspondente: Lucas Monferrari Monteiro Vianna, MD Rua Botucatu, 821 CEP 04023-900 – São Paulo (SP), Brasil Tel: 55 (11) 97493-8000 - Fax: 55 (11) 5085-2010 E-mail: [email protected]) Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 81-5 ARTIGO ORIGINAL 86 Avaliação da qualidade de vida em pacientes submetidos à cirurgia de catarata, com implantes de lentes monofocais bifocais e multifocais Evaluation of life quality of patients submitted to cataract surgery with implants of monofocal, bifocal and multifocal lenses Beogival Wagner Lucas Santos1, José Eduardo Prata Cançado2, Vauney Alves da Silva Ferraz2, Mauro Campos3 RESUMO Objetivo: Fornecer uma avaliação objetiva e subjetiva da qualidade de vida e o nível de satisfação de pacientes que se submeteram à cirurgia de catarata, com implante de lentes bifocais, multifocais e monofocais. Métodos: Lentes bifocais foram implantadas em 72 pacientes; lentes multifocais asférica em 16 pacientes; lentes multifocais apodizada em 20 pacientes e lentes monofocais em 63 pacientes. Foi aplicado um questionário de 47 perguntas cujos resultados foram avaliados e analisados. Resultados: O nível de satisfação dos pacientes implantados com lentes bifocais e multifocais foi significantemente mais alto do que aqueles com lentes monofocais (teste Kruskal-Wallis p<0,01, seguido do teste Dunn, p<0,05). Quanto à comparação de lentes monofocais com lentes bifocais e multifocais, a visão para perto sem correção foi consideravelmente mais baixa em pacientes com lentes monofocais (teste Z, p<0,001). Os pacientes com lentes monofocais sem correção apresentaram uma menor capacidade de ler jornais ou livros e no que diz respeito a trabalhos manuais do que aqueles com lentes bifocais e multifocais (teste Z, p<0,001). Conclusão: Os resultados deste estudo mostram que os pacientes que receberam as lentes bifocais e multifocais tiveram uma melhora notável em sua acuidade visual para perto, estando satisfeitos com sua visão geral, sem óculos. A satisfação foi atribuída ao fato de conseguirem ler livros e jornais, preencher cheques, preencher formulários, praticar esportes, se barbear ou se maquiar sem correção. Descritores: Qualidade de vida; Lentes intraoculares; Extração de catarata; Questionários ABSTRACT Purpose: Providing an objective and subjective evaluation of life quality and satisfaction level of the patients who underwent cataract surgery with implant of bifocal, multifocal and monofocal lenses. Methods: Bifocal lenses were implanted in 72 patients, aspheric multifocal lenses in 16 patients, apodized multifocal lenses in 20 patients and Monofocal lenses were implanted in 63 patients. The patients answered a 47 question questionnaire, whose results were evaluated and analyzed. Results: The level of satisfaction of the patients implanted with bifocal and multifocal lenses was significantly higher than of those with monofocal lenses (kruskal – Wallis test, p< 0.001 followed by the Dunn test, p< 0.05). As to the comparison of monofocal lenses with bifocal and multifocal lenses, the near vision without correction was considerably lower in patients with monofocal lenses (Z test p< 0.001). The patients with monofocal lenses without correction presented a much lower capacity of reading newspapers or books and as far as manual work than the ones with bifocal and multifocal lenses (Z test, p<0.001). Conclusion: The result of this study shows that the patients who received the bifocal and multifocal lenses had a remarkable improvement in their visual acuity for the near vision, being pleased with their general vision without wearing glasses. This is because they were able to read books and newspapers, write checks, fill out forms, do sports, shave or put on make-up, hence having high quality of life without correction. Keywords: Life quality; Intraocular lenses; Cataract extraction; Questionnaires Universidade Federal de São Paulo, São Paulo (SP), Brasil; Hospital de Olhos (CIOMS), Campo Grande (MS), Brasil; 3 Universidade Federal de São Paulo, São Paulo (SP), Brasil. 1 2 Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 22/5/2013 - Aceito para publicação em 02/12/2013 Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 86-92 Avaliação da qualidade de vida em pacientes submetidos à cirurgia de catarata, com implantes de lentes monofocais bifocais e multifocais INTRODUÇÃO C omumente, dois fenômenos fisiológicos ocorrem no processo de envelhecimento dos olhos: a perda da habilidade de focar a várias distâncias (presbiopia) e a opacificação gradual do cristalino para a maioria dos pacientes (catarata). A perda da acomodação é mais frequentemente compensada com o uso de óculos bifocais ou multifocais. Já a catarata é geralmente tratada com a remoção cirúrgica do cristalino e a implantação de uma lente intraocular. Embora haja avanços na cirurgia de catarata em muitas partes do mundo, a catarata é a maior causa de cegueira evitável cirurgicamente. Em 161 milhões de deficientes visuais, foi estimada em 2002, como causa de cegueira em 37 milhões de pessoas. Cogita-se que a catarata seja responsável por 48% da deficiência visual(1). A distribuição não é homogênea em todos os países. Calcula-se que 10% da população acima de 50 anos de idade tenha catarata, e esta prevalência eleva para 50% no grupo etário de 65 a 74 anos de idade e para 75% após 75 anos(2). O aprimoramento da técnica veio com o surgimento da facoemulsificador para a fragmentação do cristalino, técnica que evoluiu por vinte anos, até se alastrar no final da década de 80, levando a uma rápida recuperação visual e uma cicatrização mais controlada, possibilitando também maior controle dos tempos cirúrgicos(3). Várias geração das lentes intraoculares monofocais proporcionaram um bom nível de satisfação, tanto por parte do cirurgião quanto por parte do paciente. Estas são ainda hoje as mais comumente utilizadas, para substituir o cristalino em uma cirurgia de catarata. No entanto, as lentes intraoculares monofocais são limitadas, proporcionando uma acuidade visual melhor apenas para um plano focal, ou longe ou perto. Os pacientes geralmente necessitam do uso dos óculos para realizarem atividades que exijam uma melhor acuidade visual para o plano focal não-corrigido pela lente intraocular escolhida(4,5). As lentes intraoculares multifocais proporcionavam uma melhor performance visual, pois incorporavam alguns benefícios em relação às lentes intraoculares monofocais, aprimorando a acuidade visual para perto e longe, com pouca ou nenhuma correção. Apesar de alguns pacientes com as lentes intraoculares bifocais ou multifocais necessitarem de correção para uma melhor acuidade visual para perto, em detalhes extremos, essa correção geralmente não é maior que 1,50 dioptrias(4). Entretanto, estudos clínicos e laboratoriais mostraram diminuição na qualidade da imagem e na sensibilidade de contraste, além de uma maior percepção de halos e ‘glare’ à noite(6, 7). O oftalmologista holandês, Snellen em 1862, foi o primeiro a montar uma tabela visual com base nos achados de que a maioria dos emétropes tinha um ângulo visual limítrofe de um minuto de arco para objetos pretos em fundo branco. Ele usou letras maiúsculas do alfabeto, cujos detalhes compreendem certos ângulos em distâncias específicas. O processo de identificação das letras é influenciado pela experiência, familiaridade e de fatores psicológicos, os quais podem gerar equívocos de interpretação característicos da configuração da letra. Apesar destes fatores, ainda é o teste preferido clinicamente(8). Tem-se observado que pacientes, mesmo com uma visão que não a ideal na tabela de Snellen, referem estar satisfeitos com a visão, após a cirurgia de catarata. Daí a importância de avaliar a qualidade de vida e os níveis de satisfação pessoal, através de questionários, que interrogam sobre as tarefas diárias de cada paciente, avaliar se os pacientes podem ver bem placas e sinais de trânsito, com ou sem correção; se conseguem fazer trabalhos manuais (costurar ou bordar), preencher cheques ou formulários, jogar 87 bingo, dominó ou cartas, se podem praticar esportes, cozinhar, assistir à televisão, dirigir de dia e de noite, barbear-se ou maquiarse, com ou sem correção. Esta é uma forma mais fidedigna de saber se estes pacientes estão satisfeitos ou não com a visão final, após a cirurgia de catarata. MÉTODOS O estudo foi realizado em 171 pacientes do Hospital de Olhos – CIOMS (Centro Integrado de Oftalmologia do Mato Grosso do Sul). Aplicou-se um questionário (anexo 1) com 47 questões, sempre por um mesmo examinador, analisando a satisfação dos pacientes, a frequência do uso dos óculos e a qualidade de vida destes. Foi utilizado um questionário, desenvolvido a partir da junção de 3 questionários, previamente validados, em 72 pacientes(5, 7, 9), retrospectivamente, em um projeto piloto que foram submetidos à cirurgia de catarata em ambos os olhos, com o implante de lentes refrativa biconvexa bifocais (modelo Array SA40N AMO inc.) com média de idade de 69 anos. Este grupo foi comparado, prospectivamente, com 16 pacientes com implante de lentes difrativa biconvexa asférica multifocais (modelo Tecnis ZM900 AMO inc.), com média de idade de 60 anos. 20 pacientes com implante de lentes difrativa-refrativa apodizada mulitifocais (modelo Restor SA60D3 Alcon inc.), com média de idade de 65 anos, e também, com 63 pacientes operados com lentes monofocais biconvexa esférica (Clariflex SI40NB AMO inc.), com média de idade de 66 anos. Todos os pacientes foram operados bilateralmente. O termo de consentimento livre e esclarecido foi aplicado a todos os pacientes e aprovado pelo Cômite de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de São Paulo. O questionário foi aplicado sempre após cerca de 2 anos (22-26 meses), devido à neuroadaptação com as lentes bifocais ou multifocais (10). Como critério de inclusão para lente bifocal ou multifocal, foram avaliados pacientes facectomizados, sem nenhuma complicação cirúrgica. As lentes teriam que estar centralizadas e os meios transparentes. Como critério de exclusão: 1 - No pré-operatório, pacientes que apresentavam qualquer doença ocular que poderia comprometer a acuidade visual, durante o acompanhamento, diabetes mellitus, uveíte, glaucoma, cirurgia ocular prévia, maculopatia; 2 - Qualquer tipo de complicação intraoperatória ou no pós-operatórios (ruptura de cápsula posterior, capsulorrexe não contínua, uveíte, endoftalmite); astigmatismo topográfico na córnea pré-operatório maior que 1.00DC, luxação da lente intraocular (quando possível for refeita a centração) e pacientes que não usavam os medicamentos prescritos no pós-operatório, ou não compareceram às revisões agendadas. As características das lentes intraoculares usadas são: a lente intraocular monofocal biconvexa esférica é de 3 peças com zona óptica de silicone com 6.0 mm, alças de polivinilidene, com formato de C e com 10 graus de angulação (modelo Clariflex AMO inc.). A lente intraocular refrativa biconvexa bifocal (modelo Array SA40N AMO inc.) é uma lente com zonas bifocais e progressivas, com 5 zonas concêntricas refrativas, para longe e perto. Zona 1,3 e 5, com dominância para longe, e zonas 2 e 4 com dominância para perto, com 3.50 DE de Adição, é de 3 peças com zona óptica de silicone e alças polivinilidene. A lente difrativa biconvexa asférica (modelo Tecnis ZM900 AMO inc.) é uma lente intraocular multifocal de câmara posterior de silicone, de 3 peças e dobrável com óptica biconvexa. As alças são de polivinilidene fluorado e em forma de C, com angulação anterior de 6 graus. Ela tem 13.0 mm de comprimento de alça a alça e Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 86-92 88 Santos BWL, Cançado JEP, Ferraz VAS, Campos M Anexo A1 Questionário de avaliação de pacientes que foram implantados com lentes intraoculares bifocal, bilateral ou multifocal bilateral x monofocal bilateral Nome:......................................................................................................................................................................................................... Idade:....................... Sexo: feminino ( ) masculino ( ) Profissão: ................................................................................................................................................................................................... 1) Com que frequência você utiliza os óculos para longe? ( ) 2) Com que frequência você utiliza os óculos pra perto? ( ) (1) Nunca (2) Poucas vezes (3) Metade do tempo (4) Frequentemente (5) Sempre 3) O quanto você está satisfeito com sua visão global? ( ) 4) O quanto você está satisfeito com sua visão global durante o dia? ( ) 5) O quanto você está satisfeito com sua visão à noite? ( ) 6) O quanto você está satisfeito com sua visão global sem o uso de óculos? ( ) 7) O quanto você está satisfeito com sua visão global com o uso de óculos? ( ) 8) O quanto você está satisfeito com sua visão para longe com óculos? ( ) 9) O quanto você está satisfeito com sua visão para longe sem óculos? ( ) 10) O quanto você está satisfeito com sua visão para perto com óculos? ( ) 11) O quanto você está satisfeito com sua visão para perto sem óculos? ( ) (1) completamente insatisfeito (2) insatisfeito (3) indiferente (4) satisfeito (5) muito satisfeito 12) Você sente algum desconforto por halos, anéis ou glare ao redor da luz? (1) Nunca (2) Poucas vezes (3) Metade do tempo (4) Frequentemente (5) sempre 13) Você fazia algo antes que não consegue mais fazer agora (após a cirurgia)? ( ) 14) Se sim, o quê? ..................................................................................................................................................................................... 15) Houve alguma complicação na cirurgia? ( ) 16) Se sim, o que? ...................................................................................................................................................................................... 17) Consegue ler impressões pequenas, tais como bula de medicamentos, lista telefônica ou rótulo de alimentos (sem óculos)? ( ) 18) Consegue ler impressões pequenas, tais como bula de medicamentos, lista telefônica ou rótulo de alimentos (com óculos)? ( ) 19) Consegue ler um jornal ou um livro (sem óculos)? ( ) 20) Consegue ler um jornal ou um livro (com óculos)? ( ) 21) Consegue ler um livro com letras grandes ou os números em um telefone (sem óculos)? ( ) 22) Consegue ler um livro com letras grandes ou os números em um telefone (com óculos)? ( ) 23) Reconhece as pessoas quando elas estão próximas à você (sem óculos)? ( ) 24) Reconhece as pessoas quando elas estão próximas à você (com óculos)? ( ) 25) Enxerga degraus ou escadas (sem óculos)? ( ) 26) Enxerga degraus ou escadas (com óculos)? ( ) 27) Enxerga sinais e placas de trânsito (sem óculos )? ( ) 28) Enxerga sinais e placas de trânsito (com óculos )? ( ) 29) Consegue fazer trabalhos manuais, tais como costurar ou bordar (sem óculos)? ( ) 30) Consegue fazer trabalhos manuais, tais como costurar ou bordar (com óculos)? ( ) 31) Consegue preencher cheques ou formulários (sem óculos)? ( ) 32) Consegue preencher cheques ou formulários (com óculos)? ( ) 33) Consegue jogar bingo, dominó ou cartas (sem óculos)? ( ) 34) Consegue jogar bingo, dominó ou cartas (com óculos)? ( ) 35) Consegue praticar esportes tais como boliche, ‘handball’, tênis ou golfe (sem óculos)? ( ) 36) Consegue praticar esportes tais como boliche, ‘handball’, tênis ou golfe (com óculos)? ( ) 37) Consegue cozinhar (sem óculos)? ( ) 38) Consegue cozinhar (com óculos)? ( ) 39) Consegue assistir a televisão (sem óculos)? ( ) 40) Consegue assistir a televisão (com óculos)? ( ) 41) Consegue dirigir durante o dia (sem óculos)? ( ) 42) Consegue dirigir durante o dia (com óculos)? ( ) 43) Consegue dirigir à noite (sem óculos)? ( ) 44) Consegue dirigir à noite (com óculos)? ( ) 45) Consegue se barbear ou maquiar (sem óculos)? ( ) 46) Consegue se barbear ou maquiar (com óculos)? ( ) 47) Conseguiu renovar a CNH (carteira nacional de habilitação)? ( ) ( 1 ) sim ( 2 ) não Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 86-92 Avaliação da qualidade de vida em pacientes submetidos à cirurgia de catarata, com implantes de lentes monofocais bifocais e multifocais 89 Tabela 1 Resultados referentes ao nível de satisfação quanto aos resultados da cirurgia, relacionados à visão geral, à visão geral durante o dia e a noite e visão para longe e para perto, sem correção, nos pacientes submetidos aos diferentes tipos de lentes. Variável Monofocal Valor de p Bifocal Asférica Apodizada Satisfação com a visão geral Satisfeito± (insatisfeito e muito satisfeito) Muito satisfeito± (insatisfeito e muito satisfeito) Muito satisfeito± (muito satisfeito e muito satisfeito) Muito satisfeito ± (satisfeito e muito satisfeito) p<0,001 Array SA40N, Technis e Restor > Monofocal Satisfação com a visão geral durante o dia Satisfeito± (insatisfeito e muito satisfeito) Muito satisfeito± (Insatisfeito e muito satisfeito) Muito satisfeito± (muito satisfeito e muito satisfeito) Muito satisfeito ± (muito satisfeito e muito satisfeito) p<0,001 Technis e Restor > Monofocal Satisfação com a visão geral durante a noite Satisfeito± (completamente insatisfeito e muito satisfeito) Muito satisfeito± (insatisfeito e muito satisfeito) Muito satisfeito± (muito satisfeito e muito satisfeito) Muito satisfeito ± (muito satisfeito e muito satisfeito) p<0,001Array SA40N, Technis e Restor > Monofocal Satisfação com a visão geral sem uso de óculos Satisfeito± (insatisfeito e muito satisfeito) Muito satisfeito± (insatisfeito e muito satisfeito) Muito satisfeito± muito satisfeito e muito satisfeito) Muito satisfeito± (satisfeito e muito satisfeito) p<0,001Array SA40N, Technis e Restor > Monofocal Satisfação com a visão para longe, sem correção Satisfeito± (Insatisfeito e muito satisfeito) Muito satisfeito ± (Completamente Insatisfeito e muito satisfeito) Muito satisfeito ± (muito satisfeito e muito satisfeito) Muito satisfeito ± (satisfeito e muito satisfeito) p<0,001Array SA40N, Technis e Restor > Monofocal Muito satisfeito ± (satisfeito e muito satisfeito) p<0,001Array SA40N, Technis e Restor > Monofocal Satisfação Insatisfeito± com a visão para (completamente perto, sem correção insatisfeito e satisfeito) Satisfeito± Muito satisfeito ± (completamente (satisfeito e insatisfeito muito satisfeito) e muito satisfeito) Os resultados estão apresentados em mediana ± mínimo e máximo; a comparação entre tipos de lentes foi realizada por meio do teste de Kruskal-Wallis, seguido pelo pós-teste de Dunn 6.0 mm de zona óptica. A face anterior pronada, combinada com a face posterior difrativa. O modelo da difração consiste em 32 anéis concêntricos, com degraus de elevação de aproximadamente 0.25 mm. A zona central é de 1.0 mm. A face anterior tem aberração esférica de -0.27 mm para 6.0 mm de pupila. A adição para perto é de +3.75 DE. O índice refrativo é de 1.46 a 37ºC, a constante é de 119.8(11). A lente intraocular difrativa-refrativa apodizada multifocal (modelo Restor SN60D3 Alcon Inc.) é de acrílico hidrofóbico, de peça única, de 6.0 mm de parte óptica, 13.0 mm de diâmetro de alça a alça e portadora de filtro amarelo para bloqueio do espectro de luz azul. Os anéis difrativos multifocais estão no centro e ocupam uma área com diâmetro de 3,6 mm. A tecnologia desta é de uma lente multifocal híbrida, difrativa-refrativa, apodizada, com uma adição de +4,00 D no plano da lente (3.2D no plano de córnea). Esta lente usa um conjunto de zonas circulares para dividir a luz em dois focos (40% para longe, 40% para perto e o restante se perde em difração dos raios de luz). O foco de longe se projeta na fovéola, e o foco de perto se projeta a aproximadamente 1.0 mm na frente da fovéola (11). Métodos estatísticos Realizou-se a comparação entre os diferentes tipos de lentes intraoculares, em relação ao nível de satisfação com a visão geral, a visão durante o dia, a visão para longe e para perto, sem correção, por meio do teste de kruskall-Wallis, seguido pelo pós- teste de Dunn. Os demais resultados das variáveis analisadas, neste estudo, foram apresentados na forma de estatística descritiva ou na forma de tabelas. RESULTADOS Os resultados referentes ao nível de satisfação quanto à cirurgia, relacionados à visão geral, à visão durante o dia e à noite e visão para longe e para perto sem correção, nos pacientes submetidos aos diferentes tipos de lentes intraoculares, estão apresentados na tabela 1. Desta forma, o nível de satisfação dos pacientes submetidos ao implante de lentes intraoculares bifocais e multifocais foi significativamente maior do que aquele observado nos pacientes submetidos ao implante de lentes monofocais (teste de Kruskal-Wallis, p<0,001, seguido pelo pós-teste de Dunn, p<0,05). Na comparação entre as técnicas bifocais e multifocais, não houve diferença entre elas, em relação ao nível de satisfação quanto à visão geral; à visão durante o dia e à noite e visão para longe e para perto sem correção (pós-teste de Dunn, p>0,05). Nas lentes monofocais, 58,7% eram do sexo masculino e 41,3%, do sexo feminino; nas lentes bifocais, 43,1% eram do sexo masculino e 56,9% do sexo feminino; nas lentes multifocais, 50% eram do sexo masculino e 50% eram do sexo feminino, estando relativamente bem distribuídos entre os sexos (86 pacientes do sexo masculino e 85 pacientes do sexo feminiRev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 86-92 90 Santos BWL, Cançado JEP, Ferraz VAS, Campos M Tabela 2 Número de pacientes, segundo a capacidade de realizar atividades que fazia antes da cirurgia Lentes Fazia algo que não consegue mais fazer, após a cirurgia Sim Não Consegue ler letras pequenas sem óculos Sim Não Consegue ler letras pequenas com óculos Sim Não Não usa óculos Consegue ler um jornal ou um livro sem óculos Sim Não Consegue fazer trabalhos manuais sem óculos Sim Não Consegue fazer trabalhos manuais com óculos Sim Não Não usa óculos Consegue preencher cheques ou formulários sem óculos Sim Não Consegue preencher cheques ou formulários com óculos Sim Não Não usa óculos Consegue dirigir durante o dia sem óculos Sim Não Não dirige Consegue dirigir durante a noite sem óculos Sim Não Não dirige Conseguiu renovar a CNH Sim Não Não necessitouainda Não dirige Monofocal Bifocal Asférica Apodizada 0,0 (n=0) 100,0 (n=63) 6,9 (n=5) 93,1 (n=67) 0,0 (n=0) 100,0 (n=16) 0,0 (n=0) 100,0 (n=20) 4,8 (n=3) 95,2 (n=60) 55,6 (n=40) 44,5 (n=32) 100,0 (n=16) 0,0 (n=0) 100,0 (n=20) 0,0 (n=0) 100,0 (n=63) 0,0 (n=0) 0,0 (n=0) 47,2 (n=34) 5,6 (n=4) 47,2 (n=34) 100,0 (n=16) 0,0 (n=0) 0,0 (n=0) 100,0 (n=20) 0,0 (n=0) 0,0 (n=0) 1,6 (n=1) 98,4 (n=62) 83,3 (n=60) 16,7 (n=12) 100,0 (n=16) 0,0 (n=0) 100,0 (n=20) 0,0 (n=0) 3,2 (n=2) 96,8 (n=61) 80,6 (n=58) 19,5 (n=14) 100,0 (n=16) 0,0 (n=0) 100,0 (n=20) 0,0 (n=0) 66,7 (n=42) 33,3 (n=21) 0,0 (n=0) 48,6 (n=35) 2,8 (n=2) 48,6 (n=35) 100,0 (n=16) 0,0 (n=0) 0,0 (n=0) 100,0 (n=20) 0,0 (n=0) 0,0 (n=0) 33,3 (n=21) 66,7 (n=42) 93,1 (n=67) 7,0 (n=5) 100,0 (n=16) 0,0 (n=0) 100,0 (n=20) 0,0 (n=0) 98,4 (n=62) 1,6 (n=1) 0,0 (n=0) 50,0 (n=36) 0,0 (n=0) 50,0 (n=36) 100,0 (n=16) 0,0 (n=0) 0,0 (n=0) 100,0 (n=20) 0,0 (n=0) 0,0 (n=0) 100,0 (n=63) 0,0 (n=0) 0,0 (n=0) 68,1 (n=49) 0,0 (n=0) 31,9 (n=23) 100,0 (n=16) 0,0 (n=0) 0,0 (n=0) 100,0 (n=20) 0,0 (n=0) 0,0 (n=0) 100,0 (n=63) 0,0 (n=0) 0,0 (n=0) 66,7 (n=48) 1,4 (n=1) 31,9 (n=23) 100,0 (n=16) 0,0 (n=0) 0,0 (n=0) 95,0 (n=19) 5,0 (n=1) 0,0 (n=0) 47,6 7,9 44,4 0,0 23,6 1,4 47,2 27,8 25,0 (n=4) 6,3 (n=1) 68,8 (n=11) 0,0 (n=0) 10,0 (n=2) 0,0 (n=0) 90,0 (n=18) 0,0 (n=0) (n=30) (n=5) (n=28) (n=0) (n=17) (n=1) (n=34) (n=20) Os resultados estão apresentados em valores percentuais (frequência absoluta) no). Na figura 1, houve associação significativa entre os tipos de lentes intraoculares utilizadas e o fato de conseguir ler impressões com letras pequenas (J2, ou melhor), após a cirurgia (teste do qui-quadrado, p<0,001). Na avaliação desta associação, o percentual de pacientes que conseguiam ler impressões com letras pequenas, tratados com a lente intraocular monofocal sem óculos, foi significativamente menor que para bifocais e multifocais (teste z, p<0,001). Além disso, o percentual de pacientes que conseguiam ler impressões com letras pequenas, tratados com as lentes intraoculares bifocais, foi significativamente menor do que aqueles pacientes tratados com as lentes asféricas multifocais (teste z, p=0,002) e as lentes apodizadas multifocais Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 86-92 (teste z, p<0,001). Na comparação entre as lentes intraoculares, asféricas e apodizadas, não houve diferença entre elas, em relação à leitura de impressões com letras pequenas (J2, ou melhor) (teste z, p>0,05). Na tabela 2 também houve associação significativa entre os tipos de lentes intraoculares utilizadas e o fato de conseguir ler um jornal ou um livro após a cirurgia (teste do qui-quadrado, p<0,001). Na avaliação desta associação, o percentual de pacientes que conseguiam ler um jornal ou um livro, tratados com a lente intraocular monofocal sem óculos, foi significativamente menor que para as lentes bifocais e multifocais (teste z, p<0,001). Na comparação entre as lentes bifocais e multifocais, não houve diferença entre elas, em relação à leitura Avaliação da qualidade de vida em pacientes submetidos à cirurgia de catarata, com implantes de lentes monofocais bifocais e multifocais Figura 1: Ilustra o percentual de pacientes que, após a cirurgia conseguem ler sem óculos, letras pequenas, um livro ou jornal e fazer trabalhos manuais, usando cada um dos tipos de lentes intraoculares, avaliadas neste estudo; as colunas representam valores percentuais de jornais e livros, sem óculos (p>0,05). Finalmente, houve associação significativa entre o tipo de lente intraocular utilizada e o fato de conseguir fazer trabalhos manuais, tais como costurar ou bordar, após a cirurgia (teste do qui-quadrado, p<0,001). Na avaliação desta associação, o percentual de pacientes que conseguiam fazer trabalhos manuais, tais como costurar ou bordar, tratados com a lente intraocular monofocal sem óculos, foi significativamente menor que para as lentes bifocais e multifocais (teste z, p<0,001). DISCUSSÃO No presente estudo todos os pacientes avaliados eram sempre présbitas, sendo criteriosa a indicação cirúrgica. Os pacientes deveriam apresentar catarata bilateral, uma imagem topográfica da córnea bem regular, com astigmatismo menor que uma dioptria cilíndrica. Autores referiram um alto grau de satisfação em pacientes com lentes bifocais e multifocais(12). Neste estudo, o grau de satisfação com a visão em geral e durante o dia, sem óculos, analisando: satisfeito e muito satisfeito, em 80,9% dos pacientes com lentes monofocais; 86,1% com lentes bifocais; 100% com lentes asféricas e com lentes apodizadas estavam satisfeitos com a visão em geral, concordando também com de Vries 91 et al. Outros autores(14) referiram que pacientes com lentes bifocais e multifocais tiveram menos problemas com visão, que pacientes com lentes monofocais, ambos durante o dia ou a noite, sem óculos, apesar de a diferença não ser estaticamente significativa quando os óculos eram usados. Neste estudo, quanto ao grau de satisfação com a visão à noite, sem óculos, 73% dos pacientes com lentes monofocais; 87,5% com lentes bifocais; 100% com lentes asféricas; 100% com lentes apodizadas, referiram estar satisfeito e muito satisfeito. Observou-se que o grau de satisfação com a visão geral, sem o uso de óculos, analisando satisfeito e muito satisfeito: 68,2% com lentes monofocais; 88,9% com lentes bifocais; 100% com lentes asféricas e 100% com lentes apodizadas. Quanto ao grau de satisfação com a visão para perto, sem correção, analisando satisfeito e muito satisfeito: 3,2% com lentes monofocais; enquanto que 84,7% com lentes bifocais; 100% com lentes asféricas; 100% com lentes apodizadas estavam satisfeito com a visão de perto, isto concorda com os autores (15), que referiram em seu estudo que 75 % dos pacientes tiveram visão J1 no grupo multifocal, contra 10% no grupo monofocal; 95% dos pacientes obtiveram J2 ou melhor no grupo multifocal. Outros autores(16) mostraram que as lentes multifocais promovem uma melhor profundidade de foco e alta satisfação dos pacientes, além de facilitar as tarefas com a visão para perto e intermediária, comprovado neste estudo. Analisando também, quanto aos pacientes que estavam incomodados por halos, anéis ou reflexos ao redor da luz, foram referidos por 23,8% dos pacientes com lentes monofocais, 55,5% com lentes bifocais, 56,3% com lentes asféricas, 40% com lentes apodizadas, os autores(17, 18), compararam lentes intraoculares multifocais refrativas com lentes intraoculares monofocais e observaram diferenças estatisticamente significativas em termos de avaliação dos sintomas visuais como halos, ‘glare’ e visão embaçada para longe. Os pacientes relataram melhora importante desta sintomatologia, após o 6º mês de pós-operatório, provavelmente pelo fenômeno da neuroadaptação(10). Observou-se que, nas avaliações objetivas e subjetivas, os pacientes obtiveram uma maior independência do uso de óculos com as lentes bifocais e multifocais e que esses pacientes obtiveram uma melhora na função visual e uma maior satisfação com a visão longe, intermediária e perto(9, 12, 13, 16, 19). O implante de lente bifocal pode ser uma boa opção com boa relação custo/benefício em pacientes com baixa condição financeira, porque ela reduz a necessidade do uso dos óculos, após a cirurgia de catarata(5). Ressalta-se que seria apropriado aplicar o questionário mais de uma vez e em datas diferentes. O estudo foi baseado em uma consecutiva de casos, não sendo um estudo clínico randomizado. É recomendado teste prévio de saúde mental dos pacientes a serem estudados e a correlação dos questionários com métodos objetivos da acuidade visual. CONCLUSÃO Neste estudo, na avaliação subjetiva dos pacientes com lentes bifocais e multifocais, a grande maioria dos pacientes relata estar satisfeita com a visão em geral, pois sem o uso de óculos, conseguem ler jornais ou livros, reconhecer pessoas, enxergar sinais e placas de trânsito, preencher cheques e formulários, praticar esportes, cozinhar, assistir à televisão e se barbear ou se maquiar, demonstrando uma boa qualidade de vida. O mesmo ocorre em menor intensidade quando as lentes foram monofocais, pois os pacientes necessitam do uso de óculos para perto. Assim sendo, afirma-se que as lentes intraoculares multifocais, mostramRev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 86-92 92 Santos BWL, Cançado JEP, Ferraz VAS, Campos M se como uma opção previsível, reproduzível e segura na correção dos vícios de refração para longe e perto, dando ao paciente uma melhor qualidade de vida e certa independência do uso dos óculos, permitindo-lhe tarefas corriqueiras. REFERÊNCIAS 1. Resnikoff G, et al. Global data on Visual impairment in the year 2002, Bulletin of the World Health Organization. 2004. 2. Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Projeto e diretrizes. 2003. São Paulo: CBO: 2003. 3. Mckellar MJ, Elder MJ. The early complications of cataract surgery: is routine review of patients 1 week after cataract extraction necessary. Ophalmology. 2001; 108(5): 930-5. 4. Vaquero M, Encinas JL, Jimenez F. 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Methods: The data of 185 eyes of 185 patients submitted to vitreoretinal surgery was reviewed. The following variables were evaluated: the postoperatively presence of fibrin, age, diabetes mellitus, the vitrectomy system gauge (20, 23 or 25 gauge), the type of vitreous substitute, the influence of prior surgical procedures and the combination with cataract extraction. To evaluate predictive factors for anterior chamber fibrin formation, univariate analysis was performed. A multivariate stepwise logistic regression model was adjusted to investigate factors associated with fibrin formation (p<0.05). Results: Fibrinoid anterior chamber reaction was found in 12 (6.4%) patients. For multivariate logistic regression analysis, balanced salt solution (BSS), the chance of fibrin occurrence was 5 times greater (odds ratio 4.83, CI 95% 1.302 - 17.892; p=0.019), while combination with phacoemulsification increased the chance of fibrin formation by 20 times (odds ratio 20, CI 95% 2.480 – 161.347; p=0.005). No significant difference was found regarding other variables. Conclusion: Anterior chamber fibrin formation is an unwanted complication after vitreoretinal surgery. Factors such as combined performance of phacoemulsification and the use of balanced salt solution as a vitreous substitute may predispose the occurrence of this complication. Keywords: Cataract/surgery; Fibrin; Phacoemulsification/adverse effects; Vitrectomy/adverse effects; Tissue plasminogen activator; Vitreoretinal surgery RESUMO Objetivo: Avaliar os possíveis fatores relacionados à formação de fibrina na câmara anterior após cirurgia vitreorretiniana em uma grande série de casos. Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo, observacional, caso-controle, onde os dados de 185 olhos de 185 pacientes submetidos à cirurgia vitreorretiniana foram avaliados. Os seguintes dados foram analisados: presença ou não de fibrina na câmara anterior na primeira semana de pós-operatório, idade, presença ou não de diabetes mellitus, calibre do sistema de vitrectomia utilizado (20,23 ou 25 gauge), substituto vítreo, a influência de cirurgias oftalmológicas prévias e a realização de cirurgia de catarata combinada. Para avaliação dos fatores preditivos para formação de fibrina, a análise univariada foi realizada. O modelo de regressão logística multivariada foi utilizado para investigar os fatores associados com a formação de fibrina (p<0,05). Resultados: A presença de fibrina na câmara anterior foi encontrada em 12 (6,4%) pacientes. Pela análise de regressão logística multivariada, o uso de solução salina balanceada (BSS) como substituto vítreo, a chance da presença de fibrina foi 5 vezes maior (odds ratio 4,83, IC 95% 1,302 – 17,892; p=0,019), enquanto que a realização de cirurgia facoemulsificação combinada aumentou a chance de formação de fibrina 20 vezes (odds ratio 20, IC 95% 2,480 – 161,347; p=0,005). Nenhuma diferença estatisticamente significativa foi encontrada para as outras variáveis. Conclusão: A formação de fibrina na câmara é uma complicação indesejada após cirurgia vitreorretiniana. Fatores como realização de cirurgia de facoemulsificação combinada e o uso de BSS como substituto vítreo podem predispor a esta complicação. Descritores: Catarata/cirurgia; Fibrina; Facoemulsificação/efeitos adversos; Vitrectomia/efeitos adversos; Ativador de plasminogênio tecidual; Cirurgia vitreorretiniana Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais (MG), Brazil; Hospital de Olhos de Juiz de Fora, Minas Gerais (MG), Brazil; 3. Universidade Federal de São Paulo, São Paulo (SP), Brazil. 1 2 This work was performed in Hospital de Olhos de Juiz de Fora, Minas Gerais, MG, Brazil. The authors declare no conflicts of interest Recebido para publicação em 15/10/2013 - Aceito para publicação em 20/10/2013 Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 93-7 94 Cunha LP, Costa-Cunha LVF, Costa CF, Bastos RR, Prata TS, Monteiro MLR INTRODUCTION I nflammatory reaction of the anterior segment associated with alterations of the blood-aqueous barrier are common events in the postoperative period of intraocular eye surgery(1). These events are usually easily managed with the use of topical anti-inflammatory medication for a few days or weeks. Anterior chamber fibrin formation after intraocular surgeries, on the other hand, is a rare and potentially serious complication that may lead to visual loss from posterior capsule opacification, posterior synechiae, intraocular lens decentration, intraocular hypertension and pupillary seclusion(1,2). The incidence of anterior chamber fibrin formation is estimated around 2% after cataract extraction and intraocular lens implantation(3), but with the advent of modern smallincision cataract surgery, it is probable that this incidence is much lower nowadays. However, some special situations can lead to an increased risk of developing anterior chamber fibrin formation after intraocular surgeries, such as in children, diabetic patients, eyes with uveitis, penetrating ocular trauma or complicated surgeries with extensive manipulation, cataract surgery with posterior capsule ruptured and combined surgical procedures(4-7). The occurrence of anterior chamber fibrin reaction after vitreoretinal surgery is an important complication, especially because of posterior segment visualization impairment. Several previous studies have evaluated the efficacy of recombinant tissue plasminogen activator (t-PA) in case of anterior chamber fibrinoid formation after vitreoretinal surgery(2,8-10). However, none of them evaluated in detail the main factors involved in the development of fibrin in anterior chamber after vitreoretinal surgery. The aim of this study was therefore to investigate possible predictive factors associated with the formation of fibrin in the anterior chamber in patients submitted to vitreoretinal surgery. METHODS A retrospective, consecutive, observational study was conducted between january 2009 and august 2010. The data from all patients undergoing vitreoretinal surgery (pars plana vitrectomy, associated or not intraocular lens implantation) were reviewed. The following variables were evaluated: presence of fibrin in anterior chamber within the first 3 days after surgery, age, presence of diabetes, the gauge of the vitrectomy system (20, 23 or 25), the type of vitreous substitute (balanced salt solution – BSS, gas or silicone oil), the influence of prior surgical procedures and the association with cataract surgery at the time of vitreoretinal surgery. All patients included in the study had complete medical records. For statistical analysis, the comparison between groups was performed using the Student t test, chi-square or Fischer’s exact tests, for categorical variables and Student’s t test or Mann-Whitney test for continuous variables. Using the variables with p<0.10 in the univariate model, a multivariate stepwise logistic regression model was adjusted to investigate factors associated with fibrin formation. A p value less than 0.05 was considered statistically significant. In all regression analysis, the presence of anterior chamber fibrin formation was considered as the dependent variable, whereas patient’s age, presence of diabetes, the vitrectomy system gauge, the type of vitreous substitute and the association with cataract surgery were considered as independent variables. Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 93-7 RESULTS A total of 185 eyes of 185 patients submitted to vitreoretinal surgery between january 2009 and august 2010 were included. The mean age was 59.75 years ± 15.90 SD. One hundred and four (56.21%) patients were male and 69 (37.29%) diabetic. In 86 (46.48%) a 20-gauge incision was used; in 87 (47%) a 23-gauge and in 12 (6.48%), a 25-gauge incision was performed. In 50 (27%) BSS was the vitreous substitute, in 48 (26%) intraocular gas (C3F8 or SF6) and in 87 (47%) silicone oil. Regarding prior surgical procedures, 7 (3.78%) patients had previous vitrectomy followed by silicone oil removal. Phacoemulsification was performed combined with vitreorretinal surgery in 66 (35.7%) patients. The two most frequent diagnoses were rhegmatogenous retinal detachment (72 cases - 38.91%) and proliferative diabetic retinopathy associated with vitreous hemorrhage with or without tractional retinal detachment (48 cases - 25.9%). Table 1 shows the distribution of patients according to the diagnosis. The presence of fibrin in anterior chamber was found in 12 patients (6.5%) of 185 patients. The presence of intraocular fibrin was graded as slight (several fibrin strands), moderate (compact fibrin aggregates), or severe (fibrin membranes or clots)(3). In 8 patients fibrin was graded as moderate and in 4 as severe (table 2). In all cases, the presence of fibrin was observed in the first postoperative day. All patients with fibrinoid reaction underwent 25mcg/0.1mL of t-PA (Ophtalmos, São Paulo, Brazil) intracameral injection under aseptic conditions. In all, there was a rapid absorption of fibrin, with improvement of symptoms within the first 24 hours (figure 1). No complications or adverse side effects possibly related to t-PA were observed Table 2 shows the clinical characteristics of 12 patients who developed fibrinoid reaction. The mean age was 56.50 ± 15.41 and 57.05 ± 15.96 for the 173 patients without fibrinoid reaction. No statistically significant difference between groups regarding age or gender was found. Table 3 shows the comparison results between the two groups. Among patients who had developed fibrin in anterior chamber, BSS was used as vitreous substitute in 8 (6.7%) (p=0.004), in 11 (91.7%) phacoemulsification combined with vitreoretinal surgery was performed (p<0.001) and in 3(25%) the silicone oil was removed, indicating a significant association with these three variables (table 3 and 4). Table 1 Distribution of patients according to the diagnosis in 185 patients submitted to vitreoretinal surgery Diagnosis n % Macular holes IOFB DM, VH, tractional RD Rhegmatogenous RD Endophthalmitis Misdirection glaucom HV ERM Retained lens fragments 4 Vitreous opacities 15 3 48 72 6 1 10 19 2.2 7 8.1 1.6 25.9 38.9 3.2 0.5 5.4 10.3 Total 185 10 3.8 IOFB: intraocular foreing body; DM: diabetes mellitus; VH: vitreous hemorrhage; RD: retinal detachment; ERM: epiretinal membrane Predictive factors for anterior chamber fibrin formation after vitreoretinal surgery 95 Table 2 Clinical characteristics of 12 patients submitted to vitreoretinal surgery and anterior chamber fibrin formation Patient Age Sex Eye Diagnosis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 80 64 25 58 53 63 64 41 76 61 41 52 M F M F F F M F M F M M OS OS OS OS OD OD OS OD OD OS OS OD Surgical procedure Rhegmatogenous RD DM, VH, tractional RD Rhegmatogenous RD DM, VH, tractional RD ERM DM, VH, tractional RD Rhegmatogenous RD Rhegmatogenous RD Retained lens fragments ERM Viteous opacities Rhegmatogenous RD Gauge Diabetes Phacoemulsification + IOL + Silicone oil removal Phacoemulsification + IOL + PPV Phacoemulsification + IOL + Silicone oil removal Phacoemulsification + IOL + PPV Phacoemulsification + IOL + PPV Phacoemulsification + IOL + PPV Phacoemulsification + IOL + Silicone oil removal Phacoemulsification + IOL + PPV Phacoemulsification + IOL + PPV Phacoemulsification + IOL + PPV Phacoemulsification + IOL + PPV PPV 20 20 20 20 25 23 20 23 23 23 23 23 No No No Yes No Yes No No No No No No Vitreous substitute BSS Silicone oil BSS Gas BSS BSS BSS Gas BSS BSS BSS Gas M: male; F: female; OD: right eye; OS: left eye; RD: retinal detachment; DM: diabetes mellitus; VH: vitreous hemorrhage; ERM: epiretinal membrane; IOL: intraocular lens; PPV: pars plana vitrectomy; BSS: balanced salt solution Table 3 Table 4 Comparison between groups submitted to vitreoretininal surgery according to the presence or absence of anterior chamber fibrin formation Odds ratio and confidence intervals (CI) 95% of the analyzed variables (univariate model) Without fibrin (n=173) Age Sex (M/F) Vitreous substitutes BSS Gas Silicone oil Phacoemulsification Gauge 20 23 25 Diabetes Prior surgery Silicone oil removal With fibrin (n=12) p-value 59.98 ± 15.96 56.50 ± 15.41 98/75 1 0.465 (*) 0.654 (**) 42 (24.3%) 42 (24.3%) 86 (46.48%) 55 (31.8%) 0.004 (***) 8 (66.7%) <0.0001(***) 3 (25%) 1 (8.3%) <0.0001(***) 11 (91.7%) <0.0001(***) 81 (46.8%) 81 (46.8%) 11 (6.4%) 67 (38.7%) 5 (41.7%) 6 (50.0%) 1 (8.3%) 2 (16.7%) 0.216 (***) 4 (2.3%) 3 (25.0%) 0.006 (***) 0.925 (**) M: male; F: female; BSS: balanced salt solution; (*) Student t test; (**) Chisquare test; (***) Fisher test; significant values are in italic (p<0.05) Figure 1: left - Patient with fibrin in anterior chamber in the first post-operative of vitrectomy combined with phacoemulsification with intraocular lens implantation; right - same patient three hours after intracameral injection of 25mcg/0,1mL of t-PA; note the good response to treatment, with improvement and better visualization of the anterior segment (patient 5, table 2) Variable Age Sex F M BSS No Yes Gas No Yes Silicone oil No Yes Phacoemulsification No Yes Gauge 20 23 25 Diabetes No Yes Prior surgical procedure Silicone oil removal No Yes Odds ratio CI 95% p-value 0.99 (0.95; 1.02) 0.464 1 0.77 (0.24; 2.47) 0.654 1 6.24 (1.79; 21.76) 0.004 1 1.04 (0.27;4.02) 0.771 1 0.09 (0.01;0.73) 0.013 1 23.6 (2.97; 187.39) 0.003 1 1.2 1.47 (0.35; 4.09) (0.16; 13.80) 0.771 0.735 1 0.32 (0.07; 1.49) 0.145 1 14.08 (2.73;72.62) 0.002 M: male. F: female. BSS: balanced salt solution. Significant values are in italic (p<0.05) In order to determine whether the variables were risk or protective factors for anterior chamber fibrin formation, the odds ratio was estimated in the usual manner (table 4). The presence Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 93-7 96 Cunha LP, Costa-Cunha LVF, Costa CF, Bastos RR, Prata TS, Monteiro MLR of fibrin was considered the variable dependent and the phacoemulsification, the vitreous substitute (BSS, gas or silicone oil), the gauge of vitrectomy system used (20, 23 or 25), the silicone oil removal and the presence of diabetes mellitus were considered independent variables. It was found that use of BSS, the silicone oil removal and the concomitant performances of phacoemulsification were associated with the presence of fibrin. The patients in which BSS was used, the chance of fibrin formation was six times higher than those in which BSS was not used (odds ratio 6.24, CI 95% 1.79 - 21.76; p=0.004). In patients submitted to silicone oil removal, the chance of fibrin formation was 14 times higher (odds ratio 14.08, CI 95% 2.73 – 72.62; p=0.002). In patients who underwent phacoemulsification combined vitreoretinal surgery, the chance of fibrin formation was 24 times higher than patients undergoing vitreoretinal surgery without cataract extraction (odds ratio 23.6, CI 95% 2.97 - 187.39; p=0.003) (Table 4). For multivariate logistic regression analysis, variables with p<0.10 in univariate models were selected. Therefore, the use of BSS, silicone oil removal and phacoemulsification were chosen. For the multivariated model, logistic regression analysis found that only BSS and phacoemulsification were associated with the fibrin formation (Table 5), while the silicone oil removal were not (p=0.17). In patients that used BSS, the chance of fibrin occurrence was 5 times greater (odds ratio 4.83, CI 95% 1.302 17.892; p=0.019), while in patients who underwent phacoemulsification, the chance of occurrence of fibrin was 20 times higher (odds ratio 20, CI 95% 2.480 – 161.347; p=0.005). Table 5 Odds ratio and confidence intervals 95% of the analyzed variables (multivariate model) Variable BSS No Yes Phacoemulsification No Yes CI 95% p-value 1 4.83 (1.30; 17.89) 0.019 1 20 (2.48; 161.35) 0.005 Odds ratio adjusted CI: confidence intervals; M: male; F: female; BSS: salt balanced solution; Significant values are in italic (p<0.05) DISCUSSION The importance of this present study was to assess the incidence of anterior chamber fibrin formation in patients submitted to vitreoretinal surgery and also which predictive factors were involved. Only a few previous studies evaluated the incidence of fibrinoid reaction after intraocular surgery. Heiligenhaus et al.(1) investigated in a multicenter, prospective, randomized study the effect of intracameral t-PA in patients with severe fibrinoid reaction after cataract surgery. These authors included 86 patients in this study, corresponding, approximately, to 2% of all cataracts performed during all period of the study, in the six participating centers. This work was conducted from 1993 to 1994, and included patients who underwent both phacoemulsification and extracapsular cataract extraction. Although we did not find recent studies assessing the incidence Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 93-7 of anterior chamber fibrin formation after modern cataract surgery using phacoemulsification, we believe the incidence is lower than that determined by those authors, due to major advances and improvements in surgical technique, intraocular lens and viscoelastic achieved in recent years. The association between vitreoretinal surgery and fibrin formation was first described by Sebestyen (5). This author evaluated 280 consecutive cases of vitrectomy in diabetic patients and in 15 eyes (5.35%) described the presence of fibrinoid reaction in the vitreous chamber, between the surface of the retina and the posterior iris plane. This author found that the combination of surgery to remove the lens, performing retinopexy with scleral buckling and the presence of retinal detachment preoperatively, could predispose to the occurrence of this complication. Performing multiple combined procedures at the same surgery would presumably lead to an increased vascular permeability, which results in a gelatinous material, resembling fibrin in the vitreous of diabetic patients. In the present study, the incidence of fibrin formation (6%), was similar to that found by Sebestyen (5.35%)(5). But it was surprising that, contrary to what suggested by this author, the presence of diabetes mellitus was not associated with an increased risk for fibrin formation. This can be explained, at least in part, by the fact that the majority of diabetic patients submitted to vitrectomy procedure were cases in severe stages, with a presence of vitreous hemorrhage, fibro-vascular proliferation and tractional retinal detachment, requiring the use silicone oil, in most cases. The silicone oil may acts as a mechanical barrier, preventing the free diffusion and circulation, in the vitreous chamber, of factors that can lead to fibrinoid anterior chamber reaction. In accordance with the hypothesis, in the present study, only one patient in which silicone oil was used developed fibrin. It should be pointed the strong association of fibrinoid reaction and the use of BSS as a vitreous substitute (odds ratio 6.24). Although the exact explanation is still unknown, we believe that the higher incidence of fibrin formation associated with the use of BSS compared to gas or silicone oil may be related to the diffusion of inflammatory cells between the anterior and posterior chambers of the eye. It is possible that the presence of BSS in the vitreous chamber has facilitated the diffusion of fibrinforming substances between the anterior and posterior segments. On the other hand, gas or silicone oil in the vitreous may have functioned as a more effective barrier to the diffusion of inflammatory agents and, therefore, accounted for the smaller incidence with those vitreous substitutes. Of all the factors related to fibrin formation in the anterior chamber, the one that suggested the highest risk was the performance of phacoemulsification combined with vitreoretinal surgery (odds ratio 23.6). Williams et al.(8) in 1988, reported the presence of fibrinoid reaction after extensive vitrectomy in 3 aphakic eyes. Jaffe et al.(2) described the intense presence of fibrin in anterior chamber after vitrectomy in seven patients, also all aphakic. Therefore, the lens extraction combined with posterior vitrectomy seems to be a risk factor for development of fibrin in anterior chamber. In this study, 11 of 12 eyes presented with fibrinoid reaction had been submitted to phacoemulsification with intraocular lens implantation associated with posterior vitrectomy. Therefore, the association between anterior chamber fibrin formation, posterior vitrectomy and phacoemulsification seems to be a reasonable assumption. This association can be justified, at least in part, by surgical Predictive factors for anterior chamber fibrin formation after vitreoretinal surgery manipulation of the anterior segment during phacoemulsification, which usually precedes the vitrectomy, promoting a change in the blood-aqueous barrier, increasing vascular permeability, platelet activation, platelet derived growth factor secretion and increased levels of fibrinogen, which finally, will be converted into fibrin(3-5). The case 12 (table 2) underwent vitrectomy for rhegmatogenous retinal detachment, and presented with fibrin in anterior chamber, but without the concomitant performance of phacoemulsification. This patient was already pseudophakic and had posterior capsule rupture. During the intraoperative period, in this case, it was necessary to approach the anterior segment because of the migration of gas to anterior chamber. The manipulation of the anterior segment could justify, in this case, the breaking of the bloodaqueous and fibrin formation. In fact, all 185 study patients, who underwent to vitreoretinal surgery, no phakic patients showed fibrin in the anterior chamber. Therefore, it seems that the absence of surgical manipulation of anterior segment and the preservation of lens, may act as protective factors for the occurrence of anterior chamber fibrin formation in patients submitted to vitreoretinal surgery. Prior surgical procedures could be a risk factor for fibrin formation, since we can assume that these cases are more complex and also because they have been previously surgically manipulated, thus these factors can contribute to fibrin formation. This is the case of patients who underwent silicone oil removal. In the present study, 7 eyes had silicone oil removal at the time of surgery and three of them developed fibrin formation. When we calculated the odds ratio in a univariate model it was 14.08 (CI 95%; 2,73 - 72,62; p=0.002) suggesting that it might be an important factor. However, 6 of the 7 patients had also been submitted to simultaneous phacoemulsification including all three that developed fibrin formation. Therefore when we pursued in the statistical analysis using multivariate logistic regression analysis the odds ratio for silicone oil extraction dropped to 3.64 (not significant, p=0.17). The fibrin formation in these cases was therefore probably related to both the phacoemulsification and use of BSS and not directly related to silicone oil removal. All patients who developed fibrin in anterior chamber were treated with 25mcg/0.1mL of t-PA intracameral, with complete resolution and no relevant side effects. In fact, several previous studies, clinical and experimental, have shown that t-PA is a safe and effective form of treatment for fibrinoid reaction, both in patients undergoing phacoemulsification and vitreoretinal surgery (2,8,9,11-17). In accordance with the present study, the anterior chamber fibrin formation is a possible and unwanted complication after vitreoretinal surgery. Factors such as combined performance of phacoemulsification and the use of balanced salt solution as a vitreous substitute may predispose the occurrence of this complication. Surgeons should be warned about this complication and its related factors for it may have great influence in patients’ visual outcome. 97 REFERENCES 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. Heiligenhaus A, Schilling H, Schilling M, Mellin KB. [Treatment with tissue plasminogen activator (tPA) in risk patients with fibrin reactions after cataract operations]. Ophthalmologe. 1996;93(1):49-53. German. 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Barão do Rio Branco,4051 - Bom Pastor Zipe code 36021-630 – Juiz de Fora (MG), Brasil Tel: 55 (32) 8407-2012, Fax: 55 (32) 3257-5400 E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 93-7 ARTIGO ORIGINAL 98 Percepção da aplicação tópica ocular de drogas: comparação entre instilação de gotas em olhos abertos e vaporização em olhos fechados Perception of topical ocular drug delivery: comparison between eyedrop instillation in open eyes and vaporization in closed eyes Arlindo José Freire Portes1, Bruna Dantas Dias da Silva1, Laura Beliene Ramos Vieira1, Fernando Moreira dos Santos1, Nathalya Coutinho Gonçalves de Moraes1 RESUMO Objetivo: Avaliar por questionário qual o nível de facilidade ou dificuldade para aplicação tópica de medicações oculares: vaporização em olho fechado ou instilação de gotas em olho aberto e constatar por meio da observação de pacientes pelos autores qual o método que foi utilizado com maior adequação técnica para aplicação de drogas tópicas oculares. Métodos: A pesquisa foi um ensaio clínico pareado e randomizado, realizada nos meses de agosto e setembro de 2012 no ambulatório de Oftalmologia da Policlínica Ronaldo Gazolla (Campus Arcos da Lapa, Faculdade de Medicina da Universidade Estácio de Sá, RJ) em 50 pacientes conveniados de planos de saúde ou do SUS. Foi utilizado um frasco de colírio e um de vaporizador com solução Optive®. Cada participante aplicou em um dos olhos a solução por vaporização ou instilação de gotas através de um processo randomizado. Foi perguntado aos pacientes questões pré-formuladas sobre a praticidade de ambos os métodos e observada à técnica de aplicação. Resultados: 32% acharam difícil ou muito difícil a vaporização em olho fechado e 34% a instilação de colírio (p=0,9562). A dificuldade mais comum para ambos os métodos foi “acertar o olho” e ocorreu em 53% dos pacientes que tiveram dificuldades para vaporização e por 65%dos que apresentaram dificuldade para aplicação de colírio. 38% dos pacientes necessitaram de mais de uma instilação para aplicação do colírio, enquanto 30% dos pacientes precisaram de mais de uma aplicação para que a droga vaporizada tivesse contato com o olho (p=0,5224). Em 74% dos pacientes houve toque da ponta do colírio com os cílios, já com o vaporizador não houve um toque do orifício do vaporizador com o dedo do paciente (p=0,5433). Conclusão: A maior facilidade ou dificuldade percebida pelos pacientes foi equivalente para instilar o colírio em relação à vaporização em olho fechado. O método da vaporização foi realizado mais adequadamente devido à frequência elevada de toques da ponta do colírio nos tecidos oculares. Descritores: Volatilização;Administração tópica; Soluções oftálmicas; Lubrificantes; Olho/efeitos de drogas ABSTRACT Objective: Evaluate how difficult it is to apply ocular topical medications based on patient observation and answers to a questionnaire. Eye drops in open eyes were compared to vaporization in closed eyes. Methods: The study was a randomized clinical trial paired and held in the months of august and september of 2012 in the ophthalmological department of Polyclinic Ronaldo Gazolla (Arcos da Lapa Campus, Faculty of Medicine, University Estáciode Sá, RJ) in 50 patients. The Optive® ophthalmic solution was applied topically via an eyedrop bottle or a vaporizer through a randomized process. Patients were asked pre-formulated questions about the practicality of both methods and the technique of topical ocular drug delivery was observed. Results: 32% informed that it was difficult or very difficult to vaporize and 34% to use eye drops (p=0,9562). The major problem described by patients was to direct the eye drop to the eye surface. This difficulty was considered by 53% for vaporization and by 65% for topical eye drop use. 38% of the patients needed more than one eye drop application to have eye drop contact, while 30% of the patients needed more than one application of vaporization in order to get drug eye contact (p=0,5224). In 74% of patients there were an eyedropper tip contact with cilia, however there was one eye finger contact when the medicine was vaporized (p=0,5433). Conclusion: The ease perceived by patients to instil eye drops in open eyes was equivalent compared to the vaporization in closed eyes; the method of spraying was performed more appropriately due to the high frequency of eyedrop tip touches on the ocular surface. Keywords: Volatilization; Administration topical; Ophthalmic solutions; Lubricants; Eye/drug effects 1 Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Curso de Medicina, Universidade Estácio de Sá – Trabalho de IC de Oftalmologia Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Recebido para publicação em 17/12/2012 - Aceito para publicação em 10/12/2013 Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 98-102 Percepção da aplicação tópica ocular de drogas: comparação entre instilação de gotas em olhos abertos e vaporização em olhos fechados INTRODUÇÃO A instilação tópica de gotas nos olhos permanece como a pedra angular do tratamento de várias doenças oculares, inclusive o glaucoma e a síndrome do olho seco(1). O uso correto de colírios depende de uma técnica de administração baseada em movimentos de coordenação motora fina associada à visão adequada. Muitos pacientes, notadamente os idosos, têm dificuldade em aplicar medicações oculares tópicas devido ao fato de não possuir adequada coordenação motora ou visão de perto sem óculos(2). Estudos recentes demonstraram que a maioria dos pacientes que instilam colírios nos olhos o faz de maneira incorreta, tocando os tecidos oculares com a ponta do frasco, o que pode causar sua contaminação(3,4). O uso errado de colírios também pode acarretar o aumento da absorção sistêmica das drogas, com consequente maior toxicidade(5). A administração tópica de medicamentos à distância em olho fechado, utilizando o método da vaporização pode ser uma alternativa a tradicional a instilação de gotas, pela presença de limitações físicas devido a doenças pré-existentes ou quando os indivíduos não cooperam com o método(6). Portanto, pacientes com inflamações palpebrais, como os que possuem blefarohematomas ou celulites faciais podem sentir dor durante a aplicação tópica ao tocar a pálpebra. A instilação também pode ser afetada pela redução da abertura palpebral que ocorre nestas doenças ou em distonias faciais. No entanto, é provável que as pessoas que mais se beneficiem do método da vaporização sejam crianças, adultos ou idosos que tenham visão normal, porém sintam muita ansiedade ou nervosismo quando pressentem que uma gota instilada irá entrar em contato com a superfície ocular. Estes pacientes frequentemente movem a cabeça ou piscam excessivamente quando eles ou alguém aproxima ou aperta o frasco de colírio próximo de sua face. Este comportamento evita que a gota atinja a posição adequada no filme lacrimal e pode também favorecer o toque do frasco nos tecidos oculares(7). É comum o uso de gotas gerarem sensações desagradáveis como queimação, ardência e lacrimejamento. Em virtude destas sensações, as crianças são um grupo em que o uso de gotas representa um transtorno para a instituição de um tratamento, devido à sua pouca cooperação, exacerbada pela necessidade de manterem os olhos abertos para o colírio a ser aplicado. Alguns dos mais importantes fatores que levam os pacientes a não aderirem adequadamente ao tratamento com colírios podem estar relacionados à instilação incorreta destes, o que eleva o custo da terapêutica(8). O uso do medicamento através de vaporização em olho fechado pode facilitar o tratamento em pacientes com altas ametropias, idosos, pós-operatórios, traumas oculares, etc. devido a menor necessidade de visão da ponta do colírio, da proximidade dos cílios e de coordenação motora. Alguns estudos recentes demonstraram eficácia equivalente entre medicações tópicas vaporizadas em olhos fechados e gotas instiladas em olhos abertos. O processo é eficaz porque as gotículas vaporizadas atingem sob pressão a margem palpebral, permanecendo naquela área. Quando o paciente abre os olhos, as gotículas se misturam ao filme lacrimal(9,10,11). Há inclusive preparações comerciais disponíveis em outros países para a vaporização de lubrificantes oculares com olho fechado, como o “Actimist Eye Spray”, “Dry Eyes Eye Mist”, “Tears Again Advanced”(11-14). No Brasil não há 99 venda de vaporizadores oculares. Após extensa revisão bibliográfica em bases de dados como MEDLINE, Scielo ou LILACS, não foram encontradas publicações avaliando comparativamente a técnica de administração de drogas tópicas oculares por vaporização em olho fechado em relação à aplicação de gotas em olhos abertos. MÉTODOS A pesquisa foi um ensaio clínico pareado e randomizado realizado nos meses de agosto e setembro de 2012, na Policlínica Ronaldo Gazolla (Campus Arcos da Lapa, Faculdade de Medicina da Universidade Estácio de Sá, RJ), em 50 pacientes conveniados de planos de Saúde ou do SUS. Foram incluídos apenas os pacientes que disseram saber instilar colírio nos olhos. Uma tabela pseudoaleatória do Excel foi gerada para que o processo de aplicação tópica da medicação fosse aleatório em relação ao olho direito e esquerdo. Para cada participante foi fornecido um frasco de colírio de solução lubrificante ocular (Optive®) e solicitado a ele que efetuasse a instilação da gota em um de seus olhos que estava aberto. Logo após o participante observar uma demonstração de como usar o vaporizador com o olho fechado, feita por um dos pesquisadores, ele vaporizou a solução de Optive ® no outro globo ocular. O vaporizador possuía uma bomba de pulverização de plástico para criar névoa, do tipo parafuso acoplada a um frasco com sete ml de volume. O dispositivo funciona a base de pressão manual, semelhante a que é utilizada em um vaporizador de perfume, portanto a pressão de sucção varia no frasco conforme a pressão manual exercida no bocal. A solução oftálmica Optive® foi introduzida no vaporizador previamente esterilizado com óxido de etileno, de forma asséptica. O método da vaporização de lubrificante com olho fechado era o seguinte: o paciente segurava o vaporizador aproximadamente três centímetros a frente de um de seus olhos, de forma a ver diretamente a sua frente à extremidade do dispositivo, por onde o lubrificante ocular iria ser liberado. A seguir, o paciente fechava o olho e acionava o vaporizador. A administração era adequada quando o líquido liberado atingia predominantemente a borda palpebral fechada, onde ficam os cílios. O processo foi acompanhado pelos autores. Um questionário foi aplicado depois do procedimento sobre a praticidade de ambos os métodos. Aspectos relacionados à administração também foram observados e classificados pelos autores. O questionário e os itens observados e classificados pelos autores estão no anexo 1. RESULTADOS Foram examinados 100 olhos de 50 pacientes. A idade média foi 61,7 anos com desvio padrão de 17,71 anos. Dos 50 pacientes, 18 (36%) eram do sexo masculino e 32 (64%) do feminino. O número de pessoas com dificuldade na instilação de gotas ou vaporização foi semelhante. Dezessete pessoas (34%) tiveram dificuldade na instilação de gotas e 16 pessoas (32%) na vaporização. Em relação ao nível de dificuldade na instilação de gotas: a maioria considerou fácil ou muito fácil (35) esta administração. Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 98-102 100 Portes AJF, Silva BDD, Vieira LBR , Santos FM, Moraes NCG Em relação à vaporização a maioria também considerou fácil ou muito fácil (34). Não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois métodos (p=0,9562, vide figura 1). Em relação ao número de repetições da administração tópica, também não houve diferença clinicamente ou estatisticamente significante entre os grupos: dezenove pacientes necessitaram reaplicar a gota e 15 a vaporização. Trinta e um acertaram a superfície ocular na primeira tentativa de instilação de gota, enquanto que 35 atingiram a margem palpebral em relação à vaporização (p=0,5224). No entanto, observou-se um número maior de pacientes que tiveram de repetir mais vezes (três)à aplicação de gotas (10%) para atingir a superfície ocular do que a vaporização para atingir a margem palpebral (2%, p=0,115). Quando os métodos foram comparados em relação ao toque em tecidos humanos, 37 das aplicações em gotas resultaram no toque da ponta do frasco com as pálpebras, enquanto que em apenas um paciente houve o toque da ponta do vaporizador com os dedos.O resultado foi clinicamente e estatisticamente significativo (figura 4). Figura 1: Nível de dificuldade da instilação de gotas em olhos abertos em relação à vaporização de lubrificante ocular em olhos fechados (p=0,9562). NF/ND: Nem fácil, nem difícil A dificuldade mais comum (65%) referida pelos pacientes em instilar gotas foi “acertar o olho”. As demais dificuldades podem ser observadas na figura 2. Figura 4: Comparação da instilação de gotas em olhos abertos, em relação a vaporização em olhos fechados quanto ao toque do frasco em tecidos humanos; TGP se refere ao toque da ponta do frasco de colírio no olho ou pálpebras, enquanto que TVP se refere ao toque dos dedos no orifício do vaporizador (p=0,5433) DISCUSSÃO Figura 2: Dificuldades relatadas sobre a instilação de lubrificante ocular por gotas Quando indagados sobre as dificuldades no processo de vaporização, a maioria dos pacientes sentiu como dificuldade mais comum a instilação de gotas, ou seja, “acertar o olho”. As demais dificuldades estão referidas na figura 3. Figura 3: Dificuldades relatadas para administração tópica de lubrificante ocular por vaporização Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 98-102 Vaidergon et al.(5) observaram no seu estudo uma grande deficiência na simples técnica de instilar um colírio em pacientes com glaucoma, o que acarretava desperdício de parte do conteúdo do frasco e possibilidade de toxicidade devido ao maior número de gotas aplicadas. No mesmo estudo, não houve correlação estatística entre o número de gotas instiladas e o tempo de tratamento. Os autores concluíram que a utilização da técnica correta era de suma importância, pois a sua realização inadequada podia implicar em um maior número de gotas aplicadas, o que leva a um maior custo e, consequentemente, a pior adesão ao tratamento. No trabalho atual, percebemos que a maioria dos pacientes (65%) apresentava dificuldade em acertar as gotas instiladas nos olhos e tocavam as pálpebras com a ponta do frasco para aplicar a medicação, favorecendo a contaminação do frasco (74%). Portanto permanece sendo fundamental o ensino da técnica adequada da aplicação do colírio, mesmo para aqueles pacientes que o utilizam há muitos anos, independente da sua escolaridade e do nível socioeconômico. Höfling-Lima(15) em 2001 estudou a contaminação de 127 frascos de colírio com soro autólogo usados por pacientes e verificou que 76,3% estavam contaminados após o término do conteúdo do Percepção da aplicação tópica ocular de drogas: comparação entre instilação de gotas em olhos abertos e vaporização em olhos fechados frasco, devido ao toque da ponta do colírio nos tecidos oculares. Os micro-organismos mais encontrados foram os da microbiota local e germes de pele. Segundo Vaidergon et al.(5), o contato da ponta do frasco com os tecidos oculares leva a sucção do filme lacrimal, podendo alterar as propriedades farmacológicas do colírio. Por isso a importância de evitar a contaminação para prevenir não só as infecções e ulcerações, mas também a composição da substância presente no frasco.A vaporização de lubrificante ocular nos olhos ocorre à distância e, portanto o risco de se encostar a extremidade do vaporizador com os tecidos oculares ou perioculares é mínimo. No presente estudo observou-se apenas um caso de paciente que encostou o seu dedo no orifício do vaporizador durante a aplicação tópica. Houve diferença clínica e estatisticamente significativa em relação ao toque de tecidos humanos com a ponta do frasco do colírio em relação ao orifício do vaporizador, indicando que a técnica de vaporização é mais segura. Portes et al.(16), em 2009, ao estudar a dificuldade da vaporização em relação a instilação de colírio em olhos abertos percebeu que 36% dos pacientes relataram dificuldade para vaporizar seus olhos, contra 14% dos pacientes que utilizavam colírios. Portanto, a dificuldade de vaporizar olhos abertos era maior do que a de instilar colírios. Uma explicação seria a ausência de costume com o uso de vaporizadores ou ao medo do contato da solução oftálmica vaporizada com a superfície ocular. No entanto, no trabalho atual, observamos que o nível de dificuldade ou facilidade foi o mesmo para vaporização com olhos fechados e instilação de gotas em olhos abertos. É possível que com os olhos fechados, não haja receio de usar o vaporizador, aumentando a confiança do paciente na aplicação. Talvez a dificuldade fosse até menor se os pacientes estivessem familiarizados com o método. No estudo atual 10% dos pacientes necessitaram repetir 3 vezes a instilação de gotas para atingir a superfície ocular, enquanto que apenas 2% necessitaram repetir 3 vezes a vaporização para atingir a margem palpebral. Embora, tal diferença não tenha sido estatisticamente significativa, com os 50 pacientes estudados, ela poderia ter sido significativa caso o número de pacientes fosse maior. O método da vaporização em olhos fechados necessita menor coordenação motora fina do que a instilação de gotas em olhos abertos. Considerando que se trata de um método novo para aplicação de drogas oculares, um estudo sobre a dificuldade de utilização em relação a gotas é importante, pois implica em maior ou menor fidelidade ao tratamento. A tecnologia de vaporização de medicação em olhos fechados está sendo estudada, ela não deve ser aplicada para toda e qualquer medicação utilizada na forma de colírio, independente do componente utilizado sem um trabalho científico prévio que confirme sua eficácia. CONCLUSÃO a) O nível de facilidade ou dificuldade para aplicação tópica de medicações oculares foi semelhante para os métodos testados. b) O método da vaporização foi realizado de forma mais adequada devido à alta frequência de toques da ponta do colírio na superfície ocular. 101 REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. Stefan C, Cojocaru I, Pop A. [Glaucoma and ocular surface]. Oftalmologia.2011;55(1):30-3. Romanian. Dietlein TS, Jordan JF, Lüke C, Schild A, Dinslage S, Krieglstein GK.Self-application of single-use eyedrop containers in an elderly population: comparisons with standard eyedrop bottle and with younger patients. Acta Ophthalmol. 2008;86(8):856-9. 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Em relação a instilação de colírio você considera: 1) Muito fácil ( ) 2) Fácil ( ) 3) Nem fácil nem difícil ( ) 4) Difícil ( ) 5) Muito difícil ( ) 5. Em relação a vaporização em olho fechado: 1) Muito fácil ( ) 2) Fácil ( ) 3) Nem fácil nem difícil ( ) 4) Difícil ( ) 5) Muito difícil ( ) 6. Em relação a administração tópica de colírios, você possui alguma dificuldade? ( ) Sim Se sim, qual(is)? 7. Em relação à vaporização em olho fechado, você possui alguma dificuldade? Se sim, qual(is)? Itens observados: Em relação ao colírio: 8. A gota instilada caiu no olho? ( ) Sim ( ) Sim ( ( ) Não. ) Não. ( ) Não 9. Houve necessidade de repetiçao da instilação para ela cair nos olhos? ( ) Sim ( ) Não 10. A ponta do colírio tocou os cílios ou a pálpebra ou o olho? ( ) Sim ( ) Não 11. Quantas gotas foram aplicadas? Em relação a vaporização com olho fechado: 12. A aplicação atingiu a margem palpebral? ( ) Sim ( ) Não 13. Houve necessidade de repetição? ( ) Sim ( ) Não 14. Houve toque da ponta do vaporizador com os dedos? ( ) Sim ( ) Não 15. Quantas aplicações foram realizadas? Os resultados obtidos foram analisados com o programa estatístico R. Os dados binomiais foram examinados com o teste pareado de McNemar e os dados ordinais e quantitativos discretos com o Teste de Wilcoxon pareado. O nível de significância considerado para diferença entre grupos foi de 0,05. Aspectos éticos: Esta pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estácio de Sá. CAAE 0127.0308.000-11. Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 98-102 ARTIGO ORIGINAL103 The influence of assistive technology devices on the performance of activities by visually impaired A influência de recursos de tecnologia assistiva sobre a performance em atividades de deficientes visuais Suzana Rabello1, Maria Elisabete Rodrigues Freire Gasparetto1, Cassia Cristiane de Freitas Alves1, Gelse Beatriz Martins Monteiro1, Keila Monteiro de Carvalho1 ABSTRACT Objective: To establish the influence of assistive technology devices (ATDs) on the performance of activities by visually impaired schoolchildren in the resource room. Methods: A qualitative study that comprised observation and an educational intervention in the resource room. The study population comprised six visually impaired schoolchildren aged 12 to 14 years old. The participants were subjected to an eye examination, prescribed ATDs comprising optical and non-optical devices, and provided an orientation on the use of computers. The participants were assessed based on eye/object distance, font size, and time to read a computer screen and printed text. Results: The ophthalmological conditions included corneal opacity, retinochoroiditis, retinopathy of prematurity, aniridia, and congenital cataracts. Far visual acuity varied from 20/200 to 20/800 and near visual acuity from 0.8 to 6 M. Telescopes, spherical lenses, and support magnifying glasses were prescribed. Three out of five participants with low vision after intervention could decrease the font size on the screen computer, and most participants (83.3%) reduced their reading time at the second observation session. Relative to the printed text, all the participants with low vision were able to read text written in smaller font sizes and reduced their reading time at the second observation session. Conclusion: Reading skills improved after the use of ATDs, which allowed the participants to perform their school tasks equally to their classmates. Keywords: Vision disorders;Visual acuity; Vision, low;Assistive technologies;Visually impaired persons Faculdade de Ciências Médicas – Universidade Estadual de Campinas (SP), Brasil. 1 The authors declare no conflicts of interest Recebido para publicação em 06/08/2013 - Aceito para publicação em 13/12/2013 Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 103-7 104 Rabello S, Gasparetto MERF, Alves CCF, Monteiro GBM, Carvalho KM RESUMO Objetivo: Verificar a influência da utilização de recursos de tecnologia assistiva no desempenho de escolares com deficiência visual em atividades em sala de recursos. Métodos: Realizou-se pesquisa qualitativa, por meio de observação e intervenção educacional em sala de recursos. A população foi composta por seis escolares com deficiência visual situados na faixa etária entre 12 e 14 anos. Os escolares fizeram exame oftalmológico e receberam prescrição de recursos de tecnologia assistiva distribuídos em recursos ópticos, não-ópticos e orientação para uso da informática. Foram observados quanto à distância olho-objeto, tamanho de fonte e tempo de leitura. Resultados: Diagnósticos oftalmológicos: opacidade corneana, retinocoroidite, retinopatia da prematuridade, aniridia e catarata congênita. A acuidade visual para longe variou de 20/200 a 20/800 e para perto de 0,8 M a 6 M. Foram prescritos telescópios, lentes esféricas e lupas de apoio. Comparando-se o tamanho de fonte utilizado no computador verificou-se que na segunda observação, três dos cinco escolares com baixa visão leram fontes menores no computador e a maioria (83,3%) melhorou o tempo de leitura na segunda observação. Em relação ao tamanho de fonte e tempo utilizado para lerem os textos impressos, todos os escolares com baixa visão conseguiram ver tipos menores e diminuíram o tempo de leitura na segunda observação. Conclusão: Constatou-se o melhor desempenho das habilidades de leitura, após o uso de recursos de tecnologia assistiva, o que facilitou a realização de atividades acadêmicas em igualdade aos colegas da sala. Descritores: Distúrbios da visão; Acuidade visual; Baixa visão;Tecnologia assistiva; Pessoas com deficiência visual INTRODUCTION A ccording to the World Health Organization (WHO), the levels of disability associated with visual impairment range from low vision to blindness(1). The 10 th revision of the International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems (ICD10) defines low or subnormal vision as a visual acuity of less than 0.3 and equal to or greater than 0.05 in the eye with the best corrected vision or a visual field of less than 20 degrees (categories 1 and 2 of vision impairment). Blindness is defined as a visual acuity of less than 0.05 or a visual field of less than 10 degrees (categories 3, 4, and 5 of vision impairment). An undetermined or unspecified loss of vision corresponds to category 9. This classification is based on the 9th revision of the ICD with the classification in the ICD-10 as a reference(2). The following visual functions might be affected in individuals with low vision: visual acuity, visual field, an adaptation to light and dark, and color perception. The visual function of individuals with low vision might be improved with assistive technology devices (ATDs). Assistive technology is an interdisciplinary field of studies that encompasses products, resources, methods, strategies, practices, and services to enhance the functional capability related with the activity and participation of people with deficiencies, disabilities, or reduced mobility to improve their autonomy, independence, quality of life, and social inclusion(3). ATDs are potentially beneficial for schoolchildren with low vision and are classified as optical, non-optical, electronic, or computer-based. Computer-based resources for blind individuals include refreshable Braille displays and software replacing images with voice (voice synthesizers)(4,5). Schoolchildren with low vision might exhibit difficulties in reading and writing even while using optical and non-optical aids. For such schoolchildren, computer-based devices might not only be helpful in school assignments but also as pedagogical instruments that facilitate the insertion of computers in social and educational practices, thus becoming relevant for the academic development of such children(6). It is important to convey the benefits associated with ATDs among schoolteachers to improve visually impaired students’ access to special education within the context of a partnership between the education and healthcare fields to provide global interventions for the visually impaired(7,8). Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 103-7 The aim of the present study was to investigate the influence of ATDs on the performance of school tasks by visually impaired schoolchildren as a function of the relevance of the educational conditions necessary for the development of individuals with low vision. METHODS The present qualitative study included observations of schoolchildren in their natural environment, and an educational intervention was performed in a resource room for the visually impaired. The study population comprised six schoolchildren, five with low vision, and one blind, from 12 to 14 years old. The children attended a public elementary school in the municipality of Santa Barbara do Oeste, São Paulo state, Brazil and were users of the resource room for the visually impaired. The participants were subjected to a full eye examination by eye doctors from the Subnormal Vision Service, Clinical Hospital of the School of Medical Sciences, State University of Campinas (Serviço de Visão Subnormal do Hospital das Clínicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas – SVSN/HC/FCM/UNICAMP). Optical and non-optical aids were prescribed to the participants on an individual basis. The study was approved by the Research Ethics Committee of the School of Medical Sciences of the State University of Campinas under ruling no. 421/2003. The participants and their guardians signed an informed consent form following an explanation of the study aims. Procedures During the initial observation session in the natural environment setting, the participants performed school assignments in the resource room. For the tasks that involved reading on a computer screen and from a printed text, the researcher provided a simply written text (Text 1) and assessed the following: 1 – the eye-object distance relative to the computer screen, font size, and time required to read; 2 – the eye-object distance relative to the sheet of paper (printed text), font size, and time required to read. Text 1 “The boy and the man: When I was a child and it rained, our home became a leak festival. The ceiling dripped and soaked 105 The influence of assistive technology devices on the performance of activities by visually impaired the floor of all the rooms and halls. We’d all get crazy, running here and there with pails, bowls, pots, and potties”(9). An educational intervention was then performed. This intervention consisted of a course on the use of accessibility software for the visually impaired taught by a teacher with computer specialization. The 144-hour course was taught over eight months and comprised the simultaneous use of the accessibility assistant software included in the computer and sound or magnification software (Dosvox or Virtual Vision). During the final session of observation assessing the participants’ performance, reading and typing activities (Text 2) were performed using optical, non-optical, and computer-based devices. The text was selected based on the participants’ academic level. The parameters assessed were identical to those utilized in the initial observation session: 1 – the eye-object distance relative to the computer screen, font size, and time required to read; 2 – the eye-object distance relative to the sheet of paper (printed text), font size, and time required to read. Text 2 “What is love? Two teachers taught the fourth grade. One was young and inexperienced. The other was a woman in her sixties, and had an advantage of 40 years of brilliant performance reviews that made her be known as a good teacher”(10). RESULTS The data relative to the eye examination and device prescription are described in table 1. The data collected during the observation sessions before and after intervention are comparatively described in tables 2 and 3. Table 2 shows the reduction of the time required to type and read on the screen. For participants 2 and 5, the teacher chose to increase the font size at the second observation to improve their body posture and achieve better visual performance. Table 3 shows that the reading time also decreased relative to the printed text. A comparison of tables 2 and 3 shows that the reading time on the computer screen was similar or longer than that corresponding to the printed text. Table 1 The cause of vision impairment, corrected visual acuity, and optical and additional devices prescribed to the visually impaired schoolchildren (SVSN/HC/FCM/UNICAMP) Participants Gender Age School grade Diagnosis Corrected visual acuity Prescribed optical devices Non- optical, Braille, and computerbased devices Low vision because Far: 20/800 LE and RENear: of bilateral corneal 1.6 M LE and RE opacity (approximately 15 cm) Spherical lens+ 18.00D LE and 4X monocular telescope Magnification software, typoscope, and reading material contrast Low vision because of retinochoroiditis Far: 20/300 RE and 20/ 600 LENear: 0.8 M RE and 6 M LE 4X monocular telescope Magnification software 1 F 13 7 th 2 F 12 7 th 3 M 12 7 th Low vision because of retinopathy of prematurity Far: 20/400 LE and RENear: 6 M LE and RE 4X monocular telescope and 7X support magnifying glass Magnification software 4 F 14 9 th Low vision because of bilateral optic atrophy Far: 20/200 LE and RENear: 1.2 M LE and RE 2.8X monocular telescope and 2.5X ruler magnifying glass Magnification software 5 F 13 8 th Low vision because of bilateral aniridia and congenital cataract Far: 20/200 LE and RENear: 2 M LE and RE (close to the eye) 4X monocular telescope Magnification software 6 F 12 7 th Blindness because of retinopathy of prematurity NLP DISCUSSION The present study included an adaptation of the ATDs so reading and writing could be performed simultaneously. The optical and computer-based devices were mutually adjusted, thus Braille system and sound software resulting in shorter reading times. The adjustment of the prescribed optical and non-optical aids was relevant for the results observed. The schoolchildren interviewed in a study conducted at State University of Campinas (Unicamp) reported that when optical, Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 103-7 106 Rabello S, Gasparetto MERF, Alves CCF, Monteiro GBM, Carvalho KM Table 2 Eye/object distance, font size, reading time on the computer screen during the first and second observation sessions Participants Observation Eye/object distance Font size/ Braille system Reading time on the screen 1 1st 2nd 1st 2nd 1st 2nd 1st 2nd 1st 2nd 1st 2nd 8 cm 7 cm 8 cm 12 cm 12 cm 11 cm 25 cm 30 cm 10 cm 11 cm - 72 60 24 35 46 42 28 26 16 22 Braille Braille 10’ 08’ 02’ 02’ 03’ 02’ 04’ 02’ 02’ 37’’ 15 08’ 2 3 4 5 6 Table 3 The eye/object distance, font size, and reading time relative to the printed text during the first and second observation sessions Participants Observation Eye/object distance Font size/ Braille system Reading time on the screen 1 1 2nd 1st 2nd 1st 2nd 1st 2nd 1st 2nd 1st 2nd 05 cm 07 cm 10 cm 07 cm 05 cm 03 cm 25 cm 23 cm 08 cm 08 cm - 46 60 24 22 28 22 28 22 16 22 Braille Braille 10’ 04’ 07’ 02’ 03’ 02’ 03’ 02’ 02’ 40’’ 02’ 02’ 2 3 4 5 6 st non-optical, and ATDs were deficient, the schools resourced the Braille machine and requested that schoolmates dictate the indicated texts. That situation can now be reversed(11). Our results show improved reading speeds with the addition of magnification and/or sound software to the optical devices appropriate for each individual case. The use of such devices prevents the occurrence of visual fatigue in individuals with low vision(12). Typing ability is assessed as using the keyboard without looking at the keys. The course taught to the participants in the present study allowed them to acquire full control of the keyboard, which is the main tool for the visually impaired to become independent in this domain(13). The development of computer-based technology has been becoming increasingly faster, thus changing the patterns for learning and work. Eventually, use of this technology became a mandatory skill for the job market and in the academic setting, particularly in the case of the visually impaired(14). Visually impaired individuals need to be acquainted with and use optical aids and devices and become acquainted with computers to improve their performance in the use of technologies that might contribute to their social and school inclusion (15). The results of the present study are not restricted to the intended aim and include the effects of educational intervention Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 103-7 because the participants learned how to use the computer, which contributes to the school knowledge and a consequent awareness of the needs of visually impaired schoolchildren and the necessary facilities for the use of associated assistive technology. From that perspective, the participants were introduced to the use of technologies that contributed to their acquisition of reading and writing skills that are useful for the performance of school tasks and their subsequent social insertion. CONCLUSION The present study showed reading skill improvement following the use of ATDs, which resulted in increased efficiency, improving the performance of school tasks. The use of ATDs in the education of visually impaired schoolchildren grants them access to pedagogical materials and helps them perform school tasks equally to their classmates, thus improving their performance and allowing them to overcome their handicap. REFERENCES 1. Resnikoff S, Pascolini D, Etya’ale D, Kocur I, Pararajasegaram R, Pokharel GP,et al. Global data on visual impairment in the year 2002. Bull World HealthOrgan. 2004;82(11):844-51. The influence of assistive technology devices on the performance of activities by visually impaired 2. 3. 5. 6. 7. International Council of Ophthalmology [Internet].Visual standards: aspects and ranges of vision loss with emphasis on population surveys. 29th International Congress of Ophthalmology. Sydney, Australia, April 2002. 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Método: Estudo individual, observacional, prioritariamente descritivo, do tipo transversal, com amostra composta por coorte de 50 pacientes hipertensos e/ou diabéticos matriculados no programa HIPERDIA de uma Unidade de Saúde Familiar (USF) do município de Ananindeua – Pará, entre os meses de setembro e novembro de 2009. Resultados: Foi realizada oftalmoscopia em 46 pacientes. Observou-se alteração à oftalmoscopia em 27 (58,7%). Ao realizar a análise específica (excluindo-se os achados de estreitamento arteriolar e ingurgitamento venoso) houve alterações em 18 (39,1%), sendo 45,5% com DM e HAS, quarenta por cento com DM e 36% com HAS. Conclusão: A elevada prevalência de alterações à oftalmoscopia encontradas no presente estudo demonstra sua eficácia como método de rastreio no contexto da atenção primária a saúde, justificando seu uso. Corrobora, ainda, a importância da atenção primária à saúde na prevenção da retinopatia hipertensiva e diabética, através do controle periódico de pacientes de alto risco vascular como a população estudada. Descritores: Prevenção; Retinopatia diabética; Retinopatia hipertensiva; Diabetes mellitus; Hipertensão ABSTRACT Purpose: To identify the prevalence of abnormal ophthalmoscopy in patients with systemic hypertension (SH) and / or diabetes mellitus (DM) in a Family Health Unit (FHU). Method: was performed a individual study, observational, primarily descriptive and crosssectional of a sample of a cohort of 50 patients with hypertension and / or diabetic enrolled in the program HIPERDIA in a FHU of the city of Ananindeua – Para, between the months of september and november 2009. Results: ophthalmoscopy was performed in 46 patients and 27 (58.7%) had some alteration. When performing a specific analysis (excluding the findings of arteriolar narrowing and venous engorgement) were changes in 18 (39.1%), 45.5% with DM and SH, 40% with DM and 36% with SH. Conclusion: The high prevalence of the changes in ophthalmoscopy found in this study demonstrates that effectiveness as a screening method in the context of primary health care, justifying that use. corroborates also the importance of primary care in the prevention of diabetic and hypertensive retinopathy, through periodic control of patients at high vascular risk as the population studied. Keywords: Prevention; Diabetic retinopathy; Hypertensive retinopathy; Diabetes mellitus; Hypertension Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará – Universidade Federal do Pará (UFPA) – Belém (PA), Brasil; Clínica Oftalmológica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará (UFPA) – Belém (PA), Brasil; 3 Universidade Federal do Amazonas (UFAM) – Manaus (AM), Brasil; Universidade Federal do Pará, Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará; Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza – Belém (PA), Brasil. 1 2 (*) Esta pesquisa fez parte do projeto de extensão “Oftalmoscopia mono-ocular direta em pacientes hipertensos e/ou diabéticos em uma unidade de saúde da família” que recebeu duas bolsas como auxílio financeiro durante o desenvolvimento da pesquisa, financiadas pelo PIBEX Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Recebido para publicação em 01/08/2012 - Aceito para publicação em 07/06/2013 Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 108-11 Retinopatia em pacientes hipertensos e/ou diabéticos em uma unidade de saúde da família INTRODUÇÃO A hipertensão arterial sistêmica (HAS) e o diabetes mellitus (DM) constituem os principais fatores de risco para as doenças do aparelho circulatório, sendo consideradas a primeira causa de morte no Brasil nas últimas décadas(1,2). Trata-se de doenças de curso crônico que demandam elevados custos com internações e procedimentos de alta complexidade na atuação contra as complicações em longo prazo(3). A retinopatia diabética (RD) faz parte das complicações microvasculares do diabetes, associada à longa duração da doença e ao controle glicêmico inadequado. Estima-se que 99% dos pacientes com DM tipo 1 e 60% dos pacientes com DM tipo 2 progridam para alguma forma de RD após 20 anos, sendo esta a principal causa de cegueira adquirida em adultos(4-6). A retinopatia hipertensiva (RH) é caracterizada como um espectro de alterações vasculares da retina em pessoas com pressão arterial sistêmica elevada. Sua pesquisa é fundamental, pois indica o início da terapêutica medicamentosa, mesmo em pacientes com estágio 1 de HAS, devido ao elevado risco cardiovascular associado(7). O Ministério da Saúde (MS) implementou como estratégia de reorganização da atenção básica o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes mellitus, com cadastro de dados sobre esses pacientes no programa HIPERDIA, uma base de dados nacional(1). Portanto, o médico que atua na atenção primária à saúde é fundamental na minimização das complicações em longo prazo. O treinamento e a disponibilização de oftalmoscópio nos ambulatórios de saúde da família ampliaria o número de pacientes encaminhados para atendimento especializado no momento adequado, possibilitando o diagnóstico precoce da retinopatia e resultados mais satisfatórios no tratamento. MÉTODOS Trata-se de um estudo individual, observacional, prioritariamente descritivo, do tipo transversal. A amostra foi composta por uma coorte de 50 pacientes hipertensos e/ou diabéticos matriculados no programa HIPERDIA de uma Unidade de Saúde da Família (USF) do município de Ananindeua - Pará. A seleção da amostra a ser estudada caracterizou-se como não probabilística, escolhida por conveniência, dentre aqueles pacientes que se dirigiram a USF para a sua consulta médica ou de enfermagem, entre os meses de setembro e novembro de 2009. A coleta de dados ocorreu semanalmente, na própria USF, através da aplicação de questionário em sala reservada, medida da pressão arterial e a dilatação pupilar medicamentosa com os 109 fármacos tropicamida e fenilefrina para realização de oftalmoscopia. Aqueles pacientes que apresentavam alterações significativas do fundo de olho eram encaminhados para avaliação oftalmológica no Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS), com realização de retinografia e, caso necessário, tratamento específico. O programa estatístico utilizado para a análise foi o EpiInfo 3.5.1. com análise qualitativa e quantitativa. Foi feita a análise univariada e bivariada, com cálculo de probabilidade, usando-se os testes estatísticos Qui-quadrado com correção de Yates, quando aplicável, e teste exato de Fisher, com nível de significância de 5% e intervalo de confiança de 95% (IC95%). A análise estatística das alterações encontradas à oftalmoscopia foi procedida em dois momentos: um em que todas as alterações eram consideradas (onde p = p1), e outro se excluindo os achados de estreitamento arteriolar ou ingurgitamento discreto das veias (análise específica - onde p = p2), que podem estar também relacionados a outras alterações da retina, como a senilidade e a retinopatia arterioesclerótica. RESULTADOS A amostra deste estudo constituiu-se principalmente de indivíduos do gênero feminino (68%) (p1=0,03; p2=0,0002). A média de idade foi de 62 ± 11,73 anos (tabela 1). Dos pacientes entrevistados 28 (56%) apresentavam apenas o diagnóstico de HAS, dez (20%) apresentavam somente o diagnóstico de DM e 12 (24%) apresentavam o diagnóstico de ambas as patologias. A média temporal de doença hipertensiva foi de 10,07± 6,61 e de DM foi de 9,63 ± 7,87 anos. A média da última glicemia plasmática de jejum referida foi de 164,32 ±111,04 mg/dl (Limites: 71 – 491). A média da pressão arterial sistólica (PAS) foi igual a 142 ±21,76 mmHg (Limites: 110 - 202; p1=0,06). A média da pressão arterial diastólica (PAD) foi igual a 82±12,77 mmHg (Limites: 60 - 130; p2=0,009). Sessenta e quatro por cento dos pacientes realizavam algum tipo de dieta (p2=0,009). A média de consultas médicas anuais foi de 6 (±4,36; p1=0,03; p2=0,0002). A última visita ao oftalmologista foi feita há 2,44±2,38 anos (Limites: 1 - 11; p1=0,03; p2=0,04). A ausência de qualquer visita ao oftalmologista foi relatada por 7 (14%). Foi realizada a oftalmoscopia em 46 pacientes, sendo que em 27 (58,7%; IC95%: 43,2% - 73,0%) havia alguma alteração à oftalmoscopia. Ao realizar a análise específica houve alterações em 18 (39,1%; IC95%: 25,1% - 54,6%), sendo 45,5% com DM e HAS, quarenta por cento com DM e 36% com HAS (tabela 2) (Figura 1). Tabela 1 Perfil sociodemográfico dos pacientes atendidos pelo programa Hiperdia* em uma USF, Ananindeua, setembro a novembro de 2009 Perfil sociodemográfico Gênero Idade (média aritmética) Estado civil Escolaridade Renda mensal (média aritmética) Habitantes/Domicílio (média aritmética) Feminino 62 anos Relacionamento estável Ensino fundamental Ensino médio 2,55 salários 4 N % (N: 50) 34 68 31 20 12 62 40 24 (*)HIPERDIA: pacientes com diagnóstico de hipertensão e/ou diabetes mellitus Fonte: Protocolo de pesquisa Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 108-11 110 Alves AP, Santos RWV, Sobrinho EFA, Rocha SPL, Loch ACN Tabela 2 Alterações do fundo de olho encontradas na oftalmoscopia mono-ocular direta realizada em pacientes atendidos pelo programa HIPERDIA* em uma USF, Ananindeua, setembro a novembro de 2009 Alterações da oftalmoscopia N % Estreitamento arteriolar focal ou difuso Veias tortuosas/dilatadas Cruzamento arteriovenoso patológico Microaneurisma Exsudato duro Micro-hemorragia Exsudato algodonoso Edema de papila Edema macular Fio de cobre Fio de prata 15 11 6 6 6 3 3 2 2 1 1 33,3 24,4 13,3 13,3 13,3 6,7 6,7 4,4 4,4 2,2 2,2 *HIPERDIA: pacientes com diagnóstico de hipertensão e/ou diabetes mellitus. Fonte: Protocolo de pesquisa Figura 1: Paciente MALT, mulher, 53 anos, com diabetes melitus; diagnóstico retinográfico; retinopatia diabética pré-proliferativa em olho esquerdo e não proliferativa em olho direito DISCUSSÃO A população estudada foi semelhante à de estudos encontrados na literatura, com prevalência do gênero feminino(8-10). Destaca-se sua associação com a presença de lesões ao fundo de olho, podendo significar que as mulheres, ao procurar o atendimento médico com mais frequência, tem maior probabilidade diagnóstica. A média de consultas médicas anuais foi de 6 (± 4,36) tendo associação significativa com as alterações encontradas à oftalmoscopia (p1=0,03; p2=0,0002). Este resultado pode demonstrar que aqueles indivíduos que frequentam menos os consultórios médicos podem estar expostos a maiores chances de desenvolvimento de retinopatia. No estudo observou-se a falta de acompanhamento preventivo oftalmológico regular, com a avaliação sendo feita pela última vez, em média, há 2,44±2,38 anos (p1=0,03; p2=0,04), sendo que 14 % declararam nunca ter visitado um oftalmologista, o que é concordante com a literatura médica(11). A média da última glicemia de jejum declarada foi elevada (164,32±111,04 mg/dl), com glicemias relatadas de até 491mg/ dl, semelhante a literatura(10,11). A média da PAS foi igual a 142 ±21,76mmHg e a média da PAD foi igual a 82±12,77 mmHg, com associação significativa desta última variável, quando acima de 90 mmHg, com as alterações encontradas à oftalmoscopia (p2=0,009). Sabe-se que o dano vascular crônico causado por níveis pressóricos elevados é uma das principais etiologias das complicações sistêmicas enRev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 108-11 contradas em longo prazo na HAS, e muitas vezes agravadas pelo DM concomitante(7,10,12,13,14). As doenças crônicas, como a HAS e o DM, exigem um processo contínuo de motivação para que o paciente não abandone o tratamento. Para isso é fundamental a ação conjunta de uma equipe multiprofissional no manejo clínico, visando ao adequado controle metabólico para a prevenção das complicações crônicas(7,13). A realização de dieta foi declarada por 64% dos pacientes entrevistados, sendo que a não realização desta obteve associação estatisticamente significativa com as alterações encontradas à oftalmoscopia (p2=0,009). A prevalência de alterações do fundo de olho em pacientes foi de 58,7% quando consideradas todas as alterações e de 39,1% quando excluídas as alterações de estreitamento arteriolar ou ingurgitamento venoso discreto, demonstrando a importância do rastreio precoce das alterações retinianas em uma população de risco cardiovascular como a estudada. Ao analisar a prevalência de acordo com os diagnósticos de HAS ou DM, observa-se que a presença de alterações mais específicas ao exame de fundo de olho é mais frequente no grupo que tem o diagnóstico de DM e HAS (45,5%) podendo demonstrar a ação sinérgica destas patologias nos danos à retina(15,16). É importante que os médicos generalistas e endocrinologistas estejam completamente informados a respeito do diagnóstico e tratamento da retinopatia devido ao elevado impacto social e econômico desta patologia. Apesar disso, há estudo(17) em que os médicos foram questionados sobre a indicação correta para a oftalmoscopia, sendo corretamente indicada em 86,9% dos pacientes com DM tipo 2 e apenas 36,9% dos pacientes com DM tipo 1(p<0,001), principalmente por aqueles médicos formado há menos de 5 anos (p< 0,003). Este estudo mostrou ainda que a maioria dos entrevistados teve alguma experiência com o exame durante sua graduação (52,4%), mas apenas 24% o realizam em seus pacientes. Outro estudo(18) comparando a concordância entre os diagnósticos feitos através de retinografias por oftalmologistas e médicos de família, após treinamento propõem que, após o treinamento, os médicos de famílias estariam aptos para avaliar as retinografias, ratificando seu papel como responsável integral pela saúde destes pacientes e consolidando a exploração do fundo de olho como medida primária de atenção à saúde. Outros resultados semelhantes são encontrados na literatura(19,20). CONCLUSÃO A elevada prevalência de alterações à oftalmoscopia encontradas no presente estudo corrobora a importância da atenção primária à saúde na prevenção da retinopatia hipertensiva e diabética. Esta prevenção deve ser pensada desde a busca ativa de novos casos; no uso adequado das ferramentas disponibilizadas através do programa HIPERDIA para o planejamento de ações de vigilância em saúde; no manejo multiprofissional dos pacientes, buscando o seu controle metabólico estrito, a fim de evitar a magnitude de complicações micro e macro vasculares, tão elevadas nesta coorte. A oftalmoscopia mono-ocular direta é um exame relativamente simples, de baixo custo e, portanto, de fácil acesso às populações mais desprovidas. Atua como método importante de rastreio e acompanhamento de pacientes com hipertensão ou diabetes, possibilitando ao médico generalista um maior controle sobre a evolução clínica de seu paciente, e, fundamentalmente, levando a indicações mais precisas de avaliações com médicos oftalmologistas. Esta política resulta em menores custos para 111 Retinopatia em pacientes hipertensos e/ou diabéticos em uma unidade de saúde da família o sistema de saúde, bem como avaliações e tratamentos oportunos para o paciente, com melhores resultados para sua visão em longo prazo e menores perdas produtivas. Entretanto, as medidas para implementação da oftalmoscopia como rotina de atendimento em nível ambulatorial ainda são incipientes frente a real necessidade da nossa população. REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Brasil. Ministério da Saúde. HIPERDIA - Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos. Apresentação. [citado 2009 Jan 14]. Disponível em http://hiperdia.datasus.gov.br/. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas Públicas. Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus. Rev Saúde Pública. 2001;35(6):585-8. Brasil. Ministério da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. (Cadernos de Atenção Básica, n. 16) (Série A. 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Endereço para correspondência: Aline Pinto Alves Rua Nova República, 9B CEP 67130-740 - Cidade Nova - Ananindeua (PA) Tel: (91) 8152-5775 / (91) 3245-0884 E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 108-11 ARTIGO DE ATUALIZAÇÃO 112 Aspectos tomográficos da órbita aguda infecciosa: revisão de literatura Tomographic findings of acute infections of the orbit: literature review Ana Célia Baptista Koifman1, Bernardo Gribel Carneiro1, Luiz Eugênio Bustamante Prota Filho1, Nadja Emídio Corrêa de Araújo2, Carolina Maria de Azevedo1, Vitor Barbosa Cerqueira3. RESUMO As doenças que acometem a órbita de forma aguda e não traumática por vezes não são conhecidas por médicos em centros de emergência. Essas condições são decorrentes de diversos fatores, como desordens imunológicas, congênitas, infecciosas, vasculares, entre outras. As causas infecciosas correspondem a mais de 50% de todos os casos e requer rápido diagnóstico e conduta para minimização de sequelas. A tomografia computadorizada (TC) é o exame de imagem de primeira linha nesses casos, sendo geralmente disponível nos centros de emergência e capaz de fornecer auxílio diagnóstico de forma rápida, precisa e eficaz. Esse artigo de revisão visa descrever os principais aspectos tomográficos da órbita aguda infecciosa, correlacionando-os com os dados da literatura. Descritores: Tomografia computadorizada por raios-X; Infecção aguda; Órbita/patologia ABSTRACT The acute and nontraumatic diseases that involve the orbit are often little known by most physicians. These conditions are due to several factors, such as immune disorders, congenital, infections, vascular, among others disorders. The infectious causes correspond to more than 50% of all cases and require rapid diagnosis and management in order to minimize sequels. Computed tomography (CT) is the first line imaging method on these cases, generally being available in emergency centers and capable to provide an accurate, quick and effective diagnostic information. This review article aims to describe the main tomographic findings in acute orbit infections, correlating them with the literature data. Keywords: X-ray, computed tomography; Acute infection; Orbit/pathology Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO – Rio de Janeiro (RJ), Brasil; Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA - Volta Redonda (RJ), Brasil; 3 Universidade Estácio de Sá - Unesa – Rio de Janeiro (RJ), Brasil. 1 2 Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 04/11/2013 - Aceito para publicação em 02/12/2013 Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 112-6 Koifman ACB, Carneiro BG, Prota Filho LEB, Araújo NEC, Azevedo CM, Cerqueira VB 113 INTRODUÇÃO A s doenças orbitárias têm sido objeto de estudo radiológico de várias citações na literatura nacional(1-7). As condições que acometem agudamente a órbita, apesar de não serem infrequentes nos cenários das emergências médicas, são pouco conhecidas pela grande maioria dos profissionais(8). Definiu-se órbita aguda como o quadro de sinais e/ou sintomas com surgimento recente, menor ou igual a sete dias, sem história de trauma, em pacientes de qualquer faixa etária. Incluiu-se comprometimento orbitário primário, secundário ou decorrente de doença extraorbitária, associado ou não à lesão do globo ocular. As infecções representam a maioria das lesões primárias da órbita. São classificadas como pré ou pós-septais, de acordo com sua localização em relação ao septo orbitário, que serve de referência anatômica e funciona como barreira à disseminação da infecção. As lesões pós-septais necessitam de tratamento mais imediato e agressivo que as pré-septais(8,9). As sinusites são geralmente os eventos iniciais que desencadeiam quadros orbitários infecciosos. A progressão do processo infeccioso se dá tanto por contiguidade quanto por infecção de lesões pré-existentes, estas podendo favorecer o crescimento bacteriano, como cistos dermoides e mucoceles(8-10). O correto diagnóstico e subsequente tratamento precoce visam evitar a perda da visão, entre outras graves complicações. Além da anamnese e exame físico, os métodos de imagem são essenciais para guiar o manejo dessas condições e avaliar a extensão do acometimento orbitário(8-10). A tomografia computadorizada (TC) é o exame de imagem de primeira linha para o diagnóstico e avaliação das condições agudas da órbita, enquanto a ressonância magnética (RM) costuma ser reservada para a investigação complementar em segunda intenção(8,9,11). A TC é capaz de fornecer análise fidedigna da musculatura ocular extrínseca, nervo óptico e estruturas vasculares, gerando rapidamente imagens de alta qualidade e ótima resolução espacial(11,12). Os planos axial e coronal são os mais utilizados e a vascularização pode ser avaliada após a administração venosa do meio de contraste(13,14). Foi realizado estudo retrospectivo de exames de TC de pacientes que deram entrada no setor de emergência de um hospital público, no período de janeiro de 1999 a novembro de 2009. O objetivo desse trabalho é descrever os aspectos tomográficos da órbita aguda infecciosa, correlacionando os dados com os da literatura. A avaliação dos exames foi feita por médico radiologista com 20 anos de experiência em TC de órbita. Celulite Orbitária A celulite orbitária, por definição, é uma grave infecção pós-septal, que comumente não cursa com destruição óssea. Em alguns casos, essas celulites podem evoluir para abcessos(8,15). O quadro clínico é de edema, eritema palpebral, quemose, limitação do movimento ocular e proptose. As principais complicações da doença são a trombose da veia oftálmica superior e do seio cavernoso, abscesso intracraniano, meningite e até cegueira(8). À TC, geralmente observa-se velamento dos seios paranasais e adensamento da gordura orbitária retrobulbar (figura 1)(8). O tratamento consiste em antibioticoterapia intravenosa(15). Figura 1: Celulite pós-septal - paciente com sinusite aguda e proptose direita há 3 dias; TC no plano axial sem o meio de contraste; velamento do seio etmoidal bilateralmente; adensamento da gordura intra e extraconal da órbita direita, sobretudo no quadrante medial (A) (seta), associado à discreta proptose (B); observar a densidade da gordura normal na órbita esquerda (A e B) (cabeças de seta) Abscesso subperiosteal Os abscessos subperiosteais são geralmente observados em adolescentes e adultos jovens, mais comumente na celulite orbitária associada à sinusite etmoidal(15). À TC, é identificada coleção de fluido extraconal, adjacente à parede orbitária, com efeito de massa sobre a musculatura extraocular. Observa-se deslocamento ocular, coleção ao longo da parede medial da órbita, adjacente às células aéreas etmoidais veladas (figura2). Fleimões não necessariamente apresentam realce periférico(16). O tratamento do abscesso subperiosteal consiste na terapia antimicrobiana e eventual drenagem cirúrgica, necessária para evitar possível elevação aguda da pressão intraorbitária e perda visual(15). Em pacientes falcêmicos, algumas condições podem favorecer o advento de órbita aguda. Apesar de incomum, isquemia da parede orbitária pode ocorrer, com quadro álgico agudo e progressivo, proptose, disfunção do nervo óptico e restrição aos movimentos oculares. Essa manifestação é mais típica em crianças e adolescentes, devido ao maior espaço medular nos ossos da órbita, favorecendo a ocorrência de hematomas subperiosteais. O acúmulo de fluidos nessa região favorece o surgimento de infecções, tornando maior a incidência de celulites orbitárias e abscessos nesses pacientes (figura 3)(8,17). Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 112-6 114 Koifman ACB, Carneiro BG, Prota Filho LEB, Araújo NEC, Azevedo CM, Cerqueira VB Dacriocistite aguda Dacriocistite é a inflamação e dilatação do saco lacrimal, geralmente secundária à obstrução ou estenose do ducto nasolacrimal, resultando em acúmulo de fluido e infecção. Há predominância pelo sexo feminino e caucasianos, sendo também a principal causa de lacrimejamento persistente e secreção ocular em crianças(15). Apesar de o diagnóstico ser tipicamente clínico (dor regional aguda, febre, massa na borda medial do olho, eritema e até celulite pré-septal), o uso de métodos de imagem como a TC é importante para afastar celulite orbitária ou malignidade(15,16). O achado típico à TC, após administração venosa do meio de contraste, é de lesão ovalar hipoatenuante, bem delimitada na fossa lacrimal, com realce e inflamação periférica, geralmente associada ao espessamento das partes moles adjacentes (figura 4)(15,16). O tratamento com antibioticoterapia deve ser rápido, buscando evitar complicações e a necessidade de drenagem ou sondagem do ducto nasolacrimal(15,16). Figura 2: Abscesso subperiosteal: adulto com história de sinusite aguda não tratada e proptose progressiva direita há 4 dia; TC no plano axial (A) e reformatação no plano coronal (B), após a administração venosa do meio de contraste; Velamento maxiloetmoidal à direita e coleção subperiosteal no quadrante medial da órbita contígua (setas), associada ao espessamento do músculo reto medial (cabeça de seta) B A Figura 4: Dacriocistite aguda: paciente de 6 anos de idade, com história de estenose congênita do ducto nasolacrimal esquerdo, referindo dor, abaulamento e vermelhidão no canto interno da órbita esquerda há 2 dias; TC no plano axial pós-contraste (A e B); coleção na topografia do saco lacrimal esquerdo (seta grande) e aumento das partes moles pré-septais (seta pequena); observar o grande realce periférico da coleção pelo meio de contraste (cabeça de seta) Figura 3: Abscesso subperiosteal bilateral -paciente masculino, 12 anos, portador de anemia falciforme, relatando febre e proptose à direita há 2 dias, com leucocitose; TC no plano axial pré (A) e pós-contraste (B); coleção subperiosteal no quadrante lateral da órbita direita, com realce periférico pelo meio de contraste (seta grande), promovendo proptose e deslocamento medial do globo ocular; notar coleção menor simétrica à esquerda (seta pequena) Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 112-6 Cisto dermoide infectado Cistos dermoides e epidermóides são lesões orbitárias frequentes na infância, geralmente encontrados nos quadrantes superiores dos ossos orbitários. A origem é congênita, provavelmente devido à falha da separação da superfície do ectoderma e do mesênquima cefálico(18). Em caso de rotura, geralmente devido à infecção, há intensa resposta inflamatória circunjacente, que pode mimetizar processo neoplásico(18). 115 Aspectos tomográficos da órbita aguda infecciosa: revisão de literatura B Aos métodos de imagem, cistos dermóides podem se apresentar com aspecto cístico, mostrando conteúdo interno com densidade de gordura (figura 5) e calcificação. Quando infectados, é característico o realce periférico pelo meio de contraste. As lesões ósseas são vistas na grande maioria dos casos, porém têm características indolentes, surgindo próximas à sutura zigomáticofacial(18). A terapêutica é baseada na exérese cirúrgica e uso de antibióticos(18). Figura 6: Oftalmomiíase: idoso, morador de rua, com história de enucleação antiga à direita, de causa não-referida, portador de miíase cutâneo facial e apresentando dor na região orbitária direita há 6 dias. TC no plano axial pós-contraste; aumento heterogêneo e amorfo das partes moles pré e intraorbitárias pela invasão larval Figura 5: Cisto dermóide infectado: paciente masculino, 26 anos, com proptose e deslocamento ínferolateral do globo ocular esquerdo de longa data, referindo abaulamento e dor intensa no canto interno da órbita ipsilateral há 1 dia. TC no plano axial, antes (A) e após (B) a administração venosa do meio de contraste; presença de lesão ovalar heterogênea cística, com conteúdo parcialmente gorduroso (-115 UH), formando nível líquido, no quadrante súperomedial da órbita esquerda. Há realce lesional periférico pelo meio de contraste (seta pequena), remodelação óssea da lâmina papirácea contígua (seta grande) e exuberante adensamento da gordura pré-lesional (cabeça de seta); observar o deslocamento ínferolateral do globo ocular esquerdo, com proptose Oftalmomiíase Existem mais de 85.000 espécies de dípteros, porém poucas são as capazes de causar oftalmomiíase. Nessa rara afecção, pode ocorrer invasão das pálpebras, conjuntiva, córnea, globo ocular ou órbita, pela larva, quadro que estatisticamente corresponde à apenas 5% de todos os casos em seres humanos(19,20). O diagnóstico, na grande maioria das vezes, é eminentemente fibroscópico, com visualização direta das larvas, e clínico, com presença de edema, proptose, perda visual e restrição do movimento ocular. Porém, exames complementares como a TC têm se mostrado de extrema importância na avaliação da invasão de tecidos(19,20). À TC, pode-se visualizar invasão orbitária intra e/ou extraconal (figura 6), variável aumento de partes moles e invasão do globo ocular, podendo haver até destruição total do globo. A região orbitária invadida determina o padrão de deslocamento do globo ocular(19,20). Figura 7: Síndrome de Gradenigo: paciente feminina, 7 anos de idade, com história de otomastoidites de repetição, há um dia com quadro de dor retro-ocular, redução da acuidade visual, ipsilateralmente, e diplopia à direita; TC no plano axial (A) e coronal (B), em janela óssea; observa-se velamento total da caixa timpânica e células aéreas da mastoide à direita (cabeças de seta); o ápice petroso deste lado também é velado, de aspecto coalescente e com erosão associada (setas grandes); notar a pneumatização do ápice petroso e a mastoide normoaerada, à esquerda (setas pequenas) Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 112-6 116 Koifman ACB, Carneiro BG, Prota Filho LEB, Araújo NEC, Azevedo CM, Cerqueira VB O tratamento varia de acordo com a localização e o grau de acometimento da doença. Há situações em que é optada a conduta expectante, o uso oral de antiparasitários, retirada mecânica das larvas ou até a vitrectomia posterior com retirada cirúrgica das larvas(19,20). Mucocele infectada As mucoceles representam expansões benignas císticas de cavidades sinusais. Provavelmente resultam da oclusão do óstio de drenagem dos seios paranasais ou das glândulas mucoserosas da própria mucosa sinusal por diversas causas, entre elas trauma e inflamação. Podem ocorrer também quando o óstio encontra-se permeável(13,16). Na ausência de drenagem espontânea de secreção acumulada, o aumento da pressão intrassinusal promove adelgaçamento da parede óssea da cavidade, com expansão sinusal na direção de menor resistência, como o assoalho do seio frontal ou lâmina papirácea. Na vigência de infecção superposta, caracteriza-se a mucopiocele (figura 8)(13,22). O seio frontal é o mais acometido, seguido pelo etmoidal. Corresponde a cerca de 3,4% das lesões expansivas orbitárias, com predomínio dos 35 aos 58 anos de idade(22). Classicamente, a proptose e outros sinais de efeito de massa são observados, sendo a exoftalmia de progressão lenta o achado mais comum, podendo ocorrer também distúrbios visuais. Dor local sugere infecção(21). À tomografia computadorizada, apresenta-se em geral como lesão de conteúdo líquido homogênea. A expansão da cavidade sinusal acarreta remodelamento ósseo adjacente ou até esclerose óssea, provocando isquemia secundária à compressão crônica do periósteo e invasão orbitária(22). Considerações finais Em resumo, a TC é o método de escolha para avaliação por imagem da órbita aguda infecciosa. De forma rápida e precisa, sobretudo com os aparelhos modernos multidetectores, é possível identificar e caracterizar a lesão orbitária, alterações ósseas contíguas, além de doença sinusal e extrassinusal associadas. Os médicos dos centros de emergência devem se familiarizar com a diversidade de lesões infecciosas que podem acometer a órbita, a fim de iniciar o tratamento precocemente e minimizar sequelas. REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. Figura 8: Mucocele infectada - paciente de 17 anos, sexo feminino, com dor ocular, ptose e abaulamento frontal, à direita, há 4 dias; TC pós-contraste no plano axial (A) e reformatação coronal (B); A - Coleção com origem no seio frontal à direita (seta) e grande aumento das partes moles pré-orbitárias (cabeças de seta); O globo ocular não é identificado neste nível, devido ao deslocamento inferior; B - Coleção na topografia do seio frontal à direita (seta), com realce mural pelo meio de contraste, associada à erosão das paredes ósseas superiores e inferior desta cavidade sinusal e componente lesional projetando-se para o quadrante superomedial da órbita e fossa craniana anterior, ispilateralmente; notar o deslocamento ínferolateral do globo ocular deste lado Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 113-6 19. 20. 21. 22. Iyeyasu JN, Silva Júnior NA, Bertanha R, Carvalho KM, Reis F. Qual o seu diagnóstico? Radiol Bras 2012;45(5):XIII–XIV. 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RELATO DE CASO117 Schwannoma em pálpebra superior esquerda em criança de 10 anos Schwannoma of the left superior eyelid in a 10-year-old child Marília de Sá Coutinho1, Isadora Meyer(2, Patrícia Jungmann3, João Pessoa de Souza Filho4 RESUMO Schwannoma é um tumor neurogênico benigno raro, originário das células de Schwann da bainha de mielina dos nervos periféricos. Sua localização nos tecidos oculares não é comum, sendo a órbita o local afetado com maior frequência e o acometimento das pálpebras é muito raro. Há poucos relatos descritos na literatura sobre Schwannoma palpebral, apenas dois em crianças. Este é, em nosso conhecimento, o primeiro caso relatado no Brasil. Descritores: Neurilemoma/patologia; Neurilemoma//cirurgia; Neoplasias palpebrais/patologia; Neoplasias palpebrais/cirurgia; Criança; Relatos de casos ABSTRACT Schwannoma is a rare benign neurogenic tumor. It arises from Schwann cells located at the myelin sheath of peripheral nerves. Its incidence is frequently associated with the orbit. Ocular tissues in general and eyelids in particular are rarely affected. Very few reports can be found in the literature describing eyelid schwannomas. Amongst these, we have found only two describing it affecting children. To our knowledge, this is the first case report about eyelid schwanomma in Brazil - and it involves a child. Keywords:Neurilemmoma/pathology; Neurilemmoma/surgery; Eyelid neoplasms/pathology; Eyelid neoplasms/surgery; Child; Case reports Instituto de Olhos do Recife – Recife (PE), Brasil; Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte (MG), Brasil; 3 Universidade de Pernambuco - UPE – Recife (PE), Brasil; 4 Universidade Federal da Paraíba - UFPB – João Pessoa (PB), Brasil; Universidade Federal de Campina Grande – UFCG - Campina Grande (PB), Brasil. 1 2 Instituição: Instituto de Olhos do Recife - Recife (PE), Brasil Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 10/06/2011 - Aceito para publicação em 29/09/2012 Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 117-9 118 Coutinho MS, Meyer I, Jungmann P, Souza Filho JP INTRODUÇÃO S chwannoma ou neurilemoma é um tumor neurogênico benigno raro, originário das células de Schwann da bainha de mielina dos nervos periféricos (1-11) . São tumores encapsulados de crescimento lento, cuja localização nos tecidos oculares não é comum, sendo a órbita o local afetado com maior frequência (1 a 2% de todos os tumores de órbita) e o acometimento das pálpebras, muito raro(1-11). Desenvolve-se, geralmente, na idade adulta, de forma isolada ou associada à neurofibromatose(2,5). Quando isolado raramente está associado a esta entidade(5), já a presença de múltiplos Schwannomas é usualmente indicativa de neurofibromatose(2). Há poucos relatos descritos na literatura sobre Schwannoma palpebral(1-11), e este é, em nosso conhecimento, o primeiro caso relatado no Brasil. RELATO DE Figura 1: A) Corte histológico mostra proliferação de células fusiformes de núcleos ovalados e citoplasma alongado e ovalado, formando feixes; a maioria deles frouxos, correspondendo ao padrão A de Antoni para schwannoma, e em pequenas zonas, arranjos correspondentes ao padrão B de Antoni; B) Imunomarcagem positiva para proteína S-100 zação completa da ferida. Após seis meses, a paciente não apresentava qualquer sinal de recidiva da lesão. Ainda permanece em seguimento. CASO Paciente feminina, 10 anos, com queixa de tumoração em canto lateral de pálpebra superior esquerda, recebeu diagnóstico de calázio e foi submetida à exérese cirúrgica do mesmo. Durante o ato cirúrgico, notou-se aparência da tumoração não compatível com diagnóstico clínico de calázio, mas sugestiva de tumor de tecido subcutâneo endurecido e bem delimitado, com características benignas. O material foi excisado e enviado para análise histopatológica, que mostrou, macroscopicamente, fragmento tecidual irregular, brancacento, elástico, medindo 1,1 x 0,7 x 0,2 cm, com superfície de corte compacta e brancacenta. À microscopia, observaram-se cortes histológicos constituídos por proliferação de células fusiformes de núcleos ovalados e citoplasma alongado e ovalado formando feixes, a maioria deles frouxos, correspondendo ao padrão A de Antoni para schwannoma, e em pequenas zonas, arranjos correspondentes ao padrão B de Antoni (figura 1A). Concluiuse tratar de schwannoma (neurilemoma), com predominância histopatológica do padrão A de Antoni. Foi também realizado exame imuno-histoquímico da lesão que demonstrou imunopositividade com a proteína S-100 e imunonegatividade com as demais testadas (melan-A, actina de músculo liso, GEAP – proteína ácida fibrilar glial e antígeno Ki-67), com evidência de baixa proliferação celular (Figura 1 - B). Tais exames complementares confirmam o diagnóstico de schwannoma. A paciente evoluiu bem no pós-operatório, com cicatri- DISCUSSÃO Schwannomas ou neurilemomas são tumores benignos dos nervos cranianos e periféricos, de origem ectodérmica e crescimento lento, derivados das células de Schwann da bainha de mielina(110) . São encapsulados, com áreas sólidas e císticas, consistência firme e cor castanha-amarela, de crescimento lento e assintomáticos(5). Podem ser associados com neurofibromatose, mas, quando isolados, não são relacionados a essa entidade(2,5). Existem dois padrões histológicos. O tipo A de Antoni, encontrado na paciente do caso em questão, apresenta-se com células fusiformes, arranjadas de forma compacta, usualmente em paliçadas. O tipo B de Antoni caracteriza-se por células dispersas em matriz mixóide(3,5,6). Schwannomas localizados na região palpebral são extremamente raros e geralmente ocorrem em adultos(2-7,9,10). Apenas dois outros casos foram relatados em crianças(1,8). A paciente aqui referida apresentava 10 anos na ocasião do diagnóstico. Entre os casos relatados em literatura, não parece haver preferência quanto ao sexo na incidência do schwannoma (6 pacientes do sexo masculino e o presente caso é o oitavo relatado em paciente do sexo feminino)(tabela 1). O desenvolvimento de schwannomas nos tecidos oculares é mais frequente na órbita, constituindo 1 a 2% dos tumores Tabela 1 Casos relatados de Schwannoma palpebral Autor Ano Mishra, Sharan (11) Baijal et al.(10) Shields, Guibor (9) Butt, Ironside (7) Shields et al.(8) Siddiqui et al.(6) Chung et al.(4) López-Tizón et al.(5) Kumar et al.(3) Touzri et al.(2) Onaran et al.(1) 1960 1980 1984 1994 1994 2005 2007 2007 2008 2009 2009 Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 117-9 País Índia Índia EUA Inglaterra EUA Inglaterra Coréia Espanha Índia Tunísia Turquia Sexo Idade Masculino Masculino Feminino Feminino Masculino Masculino Feminino Feminino/Feminino Masculino Masculino/Feminino Feminino 18 anos 19 anos 63 anos 55 anos 8 anos 53 anos 66 anos 41 anos /70 anos 19 anos 47 anos /20 anos 13 anos Schwannoma em pálpebra superior esquerda em criança de 10 anos orbitários(1,5,6), sendo extremamente raro na pálpebra(6,9). Outros sítios descritos são conjuntiva, trato uveal e esclera(1,2,5,9). Os nervos comumente responsáveis pelos schwannomas orbitários são oculomotor, ciliar e supraorbital. Ramos dos nervos supraorbital, supratroclear e infraorbital são as origens presumidas dos schwannomas de pálpebra(1). Clinicamente, manifestam-se como massa sólida, indolor e de crescimento lento e, pela sua raridade, são constantemente confundidos com calázio(2,4,9)ou cisto de inclusão(2,5). Diagnóstico diferencial deve ser feito com calázio, tumor de glândula sudorípara, carcinoma de glândula sebácea, tumor de folículo piloso e outros tumores neurogênicos e de tecidos moles(9). Raramente, o schwannoma pode se malignizar(2) e a tomografia computadorizada é um exame importante na localização do tumor durante a abordagem cirúrgica, pois, para evitar recorrência ou maior risco de transformação maligna é necessária a excisão completa da lesão, o que constitui o tratamento curativo(4,7-11). O diagnóstico de schwannoma palpebral pode ser sugerido por um estudo clínico e radiológico, em conjugação com dados macroscópicos encontrados durante a cirurgia, mas, por ser entidade rara, dificilmente é considerada no diagnóstico diferencial das tumorações palpebrais, sendo frequentemente diagnosticada apenas histopatologicamente(1-11), como também no relato aqui descrito. Entretanto, é uma hipótese a ser considerada, principalmente em casos de calázio recorrente. Também é válida a pesquisa de lesões semelhantes em outras áreas e o rastreamento para neurofibromatose, pois este tumor pode estar associado a esta entidade(2,5). Em nosso caso não foram encontrados sinais desta doença. Schwannomas em região ocular são bastante raros, embora correspondam a aproximadamente 1 a 2% dos tumores de órbita(1,5,6). Sua ocorrência em pálpebra é extremamente rara(6,9). Embora incomum, schwannoma deve ser tomado em consideração no diagnóstico diferencial de qualquer tumoração palpebral. 119 REFERÊNCIAS 1. Onaran Z, Ornek K, Yilmazbas P, Bozdogan O. Schwannoma of the lower eyelid in a 13-year-old girl.Ophthal Plast Reconstr Surg.2009;25(1):50-2. 2. Touzri RA, Errais K, Zermani R, Benjilani S, Ouertani A. Schwannoma of the eyelid: apropos of two cases. Indian J Ophthalmol. 2009;57(4):318-20. 3. Kumar S, Kumar S, Kulshrestha R. Cystic schwannoma of the eyelid in an Indian male: a rare presentation.Orbit. 2008; 27(6):407-9. 4. Chung YR, Moon S, Jang JW. Eyelid schwannoma in a Korean woman. Jpn J Ophthalmol.2007;51(3):231-2. 5. López-Tizón E, Mencía-Gutiérrez E, Gutiérrez-Díaz E, Ricoy JR. Schwannoma of the eyelid: report of two cases. Dermatol Online J.2007;13(2):12. 6. Siddiqui MA, Leslie T, Scott C, Mackenzie J. Eyelid schwannoma in a male adult. Clin Experiment Ophthalmol.2005;33(4):412-3. 7. Butt Z, Ironside JW. Superficial epithelioid schwannoma presenting as a subcutaneous upper eyelid mass. Br J Ophthalmol. 1994;78(7):586-8. 8. Shields JA, Kiratli H, Shields CL,Eagle RC Jr, Luo S. Schwannoma of the eyelid in a child. J Pediatr Ophthalmol Strabismus.1994;31(5):332-3. 9. Shields JA, Guibor P. Neurilemoma of the eyelid resembling a recurrent chalazion. Arch Ophthalmol.1984;102(11):1650. 10. Baijal GC, Garg SK, Kanhere S, Monga S. Schwannoma of the eye-lid. Indian J Ophthalmol.1980;28(3):155-6. 11. Mishra S, Sharan J. Palpebral neurilemmoma. Br J Ophthalmol. 1960;44:252. Autor correspondente Marília Coutinho Rua Vicente Meira, 137 - CEP 52020-130, Recife (PE), Brasil Tel: (81) 32710633 / Cel: (81) 999213244 Fax: (81) 3423-5353 E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 117-9 RELATO DE CASO 120 Macroadenoma hipofisário: alterações campimétricas visuais Pituitary macroadenoma: visual field defects Breno Barreto Ribeiro1, Maria Alice Barbosa Rocha1, Grazziella Acácio e Almeida1, Rafael Tadeu Barbosa Rocha1 RESUMO O macroadenoma de hipófise é um tumor de evolução lenta e que apresenta importantes distúrbios visuais como baixa acuidade visual e alterações campimétricas. Estes sintomas levam os pacientes a procurarem, muitas vezes, os oftalmologistas. Neste caso, analisaremos uma paciente portadora de glaucoma que apresentava, associadamente, um macroadenoma hipofisário. Descritores: Adenoma/diagnóstico; Neoplasias hipofisárias/complicações; Campos visuais; Glaucoma; Relatos de casos ABSTRACT The pituitary adenoma is a tumor of slow evolution and has important visual disturbances such as low visual acuity and field defects. These symptoms lead patients to seek often ophthalmologists. In this case, we will analyze a patient with glaucoma who had an associated pituitary macroadenoma. Keywords: Adenoma/diagnosis; Pituitary neoplasms/complications; Visual fields; Glaucoma; Case reports 1 Clínica Oftalmos - Montes Claros (MG), Brasil. Trabalho realizado na Clínica Oftalmos - Montes Claros (MG), Brasil. Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 27/06/2011 - Aceito para publicação em 26/09/2012 Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 120-2 Macroadenoma hipofisário: alterações campimétricas visuais INTRODUÇÃO O s macroadenomas são tumores de crescimento benigno e lento (maior que 10 milímetros de tamanho), que podem afetar várias glândulas do corpo humano, dentre elas a hipófise (1) . Embora sejam detectados por endocrinologistas e neurologistas, os pacientes portadores de macroadenoma hipofisário, pelos distúrbios visuais que apresentam, procuram, na maioria das vezes, os oftalmologistas. Dentre os distúrbios visuais apresentados, destacam-se a baixa acuidade visual e as alterações campimétricas. Vale lembrar, também, que a cefaléia é um dos sintomas frequentemente relatado e, em 50% dos casos, as alterações campimétricas evoluem para a atrofia do nervo óptico(2). O objetivo deste relato é o de alertar para o cuidado que se deve ter no diagnóstico diferencial desta afecção para com outras de origem oftalmológica, levando em consideração as alterações campimétricas visuais. RELATO DE 121 trole pressórico intraocular, estava apresentando piora progressiva da acuidade visual e do campo visual em AO. Ao exame oftalmológico, apresentava acuidade visual com melhor correção de 20/400 (+1,00 : -0,75 a 90º) em olho direito (OD) e 20/20 (+0,75 : -0,50 a 75º) em olho esquerdo (OE). A biomicroscopia do segmento anterior não apresentava qualquer alteração e os reflexos pupilares direto e indireto estavam preservados em AO. As pressões intraoculares (PIO) estavam em 13/13 mmHg (14 h - em uso do colírio hipotensor) em AO. Na avaliação fundoscópica ocular, apresentava discos ópticos com escavações patológicas de glaucoma e máculas sem alterações em AO (figura 1). Por sua vez, apesar da similaridade biomicroscópica dos discos ópticos, observou-se que as alterações campimétricas não se correlacionavam, exclusivamente, com o aspecto dos mesmos em AO (figura 2). Desta forma, a mesma foi encaminhada para uma avaliação neurológica, a fim de melhor investigação do quadro clínico. CASO MRP, 57 anos, mulher, natural e residente em Montes Claros (MG), veio ao consultório oftalmológico para uma segunda opinião sobre glaucoma. Relatava que há cerca de 8 anos apresentou um quadro de cefaléia, que a fez procurar um oftalmologista. Naquela avaliação, a paciente foi diagnosticada ser portadora de glaucoma e, desde então, estava em uso de colírios hipotensores oculares; naquele momento, estava usando colírio de prostaglandina (1x/dia) em ambos os olhos (AO). Relatava que usava regularmente o colírio e que, a despeito do bom con- Figura 1: Retinografia colorida do olho direito (0,8 x 0,6) e esquerdo (0,8 x 0,6), respectivamente Figura 2: Campo visual dos olhos direito (OD) e esquerdo (OE), respectivamente; OD = Escotoma profundo acometendo significativamente os quadrantes temporais superior e inferior e, também, nasal inferior; OE = Escotoma em quadrantes temporal e nasal superiores Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 120-2 122 Ribeiro BB, Rocha MAB, Almeida GA, Rocha RTB Durante a avaliação neurológica ficou constatado que a paciente apresentava, concomitantemente ao glaucoma, um macroadenoma hipofisário, de localização intra e supraselar, comprimindo as vias ópticas assimetricamente, de maneira a explicar as diferenças campimétricas visuais (figura 3). Após ressecção neurocirúrgica do tumor, a paciente encontra-se estável e sem piora dos escotomas campimétricos de AO. nervos oculomotores e, mais raramente, o nistagmo e a proptose(10). Todavia, no presente caso, estes achados estiveram ausentes. Convém ressaltar a importância da atrofia óptica como resultado do processo expansivo do tumor. Como já salientado anteriormente, aproximadamente 50% dos pacientes portadores de adenoma hipofisário, com alterações campimétricas, evoluem para atrofia do nervo óptico(1). Isto ocorre, especialmente, quando a palidez do disco óptico é diagnosticada antes da cirurgia. Muitos estudos enfatizam que o diagnóstico precoce do adenoma de hipófise acarreta em um melhor prognóstico de recuperação oftalmológica(11,12). No presente caso, não foi observado qualquer alteração setorial do disco óptico neste sentido, indicando, assim, um bom prognóstico visual(5). O fato de um paciente apresentar glaucoma com alterações campimétricas visuais sem correlação clínica com o (s) disco óptico (s) e outros sintomas clínicos associados, como os supracitados, sempre merecerá uma investigação mais detalhada à nível neurológico. Finalmente, o diagnóstico e a intervenção cirúrgica precoces nestes casos serão imprescindíveis para o prognóstico visual. A participação do médico oftalmologista torna-se, desta forma, imprescindível para uma investigação diagnóstica adequada e consequente acompanhamento clínico apropriado nestas afecções neuroftalmológicas. REFERÊNCIAS 1. Figura 3: Imagem de ressonância magnética do macroadenoma hipofisário; corte sagital: lesão expansiva intra e supraselar comprimindo as vias ópticas. DISCUSSÃO Os tumores da glândula pituitária, quase sempre adenomas, representam de 7 a 17,8% dos tumores intracranianos(3,4). Segundo a literatura médica, os sintomas mais comuns dos adenomas de hipófise são a cefaléia e a diminuição da acuidade visual(5-8). A cefaléia costuma ser o sintoma mais proeminente, sendo de natureza inespecífica e não melhorando mesmo com o uso de analgésicos. Destaca-se, também, que a característica marcante do campo visual nos adenomas hipofisários é a hemianopsia bitemporal, poupando a visão central e resultante da compressão ou destruição das fibras decussantes no centro do quiasma óptico. Por sua vez, a variedade de lesões que afetam o quiasma óptico (dependendo da variação anatômica), como no caso relatado, pode influenciar na natureza exata do defeito campimétrico encontrado nos tumores hipofisários (2,7) . Estas lesões hemianópticas podem ser congruentes ou incongruentes, sendo que nos defeitos incongruentes, um dos olhos costuma ser muito mais afetado do que o outro, como ocorreu no presente caso(7). Apesar dos avanços obtidos nos métodos de imagem, que permitem identificar com detalhes os tumores, o exame do campo visual é ainda de fundamental importância para o diagnóstico e controle dos pacientes portadores de tais lesões neuroftalmológicas(9). Outro fato importante a ser mencionado é a importância da correlação clínica dos dados campimétricos com o aspecto fundoscópico ocular, a fim de facilitar o raciocínio clínico adequado. No presente caso, o fato de a paciente apresentar um quadro clínico de glaucoma, poderia facilmente passar desapercebido a suspeita tumoral numa avaliação de rotina oftalmológica. Além disso, outros distúrbios visuais podem estar presentes no macroadenoma hipofisário, como a diplopia (por expansão lateral do adenoma no seio cavernoso), paralisia dos Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 120-2 Cotran RS, Kumar V, Robbins SL. Robbins patologia estrutural e funcional. 4a ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan; 1991. 2. Casarin P, Lague Júnior PA, Castagno VD, Vilela MA. Distúrbio visual campimétrico associado a adenoma de hipófise e acromegalia. Rev Med UCPEL. 2004;2(1):24-6. 3. Anderson D,Faber P,Marcovitz S,Hardy J,Lorenzetti D.Pituitary tumors and the ophthalmologist. Ophthalmology. 1983;90(11):1265-70. 4. 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Autor correspondente: Breno Barreto Ribeiro Rua Irmã Beata, 385 – 1º andar – Centro CEP 39400-110 - Montes Claros (MG), Brasil Tel: (38) 3222-8840 E-mail: [email protected] RELATO DE CASO123 Síndrome de Fraser: relato de caso nas vias lacrimais Fraser Syndrome: case report in lacrimal system Silvia Helena Tavares Lorena1, Eliana Domingues Gonçalves2, Marco Antônio Campos Machado3, Cláudio Enrique Cuadros Jablinski4, César Augusto Briceño5, João Amaro Ferrari Silva6 RESUMO A síndrome de Fraser é uma condição sistêmica caracterizada por criptoftalmo, sindactilia e anomalia da genitália, podendo se associar com alterações dos rins, do ouvido, do nariz, da laringe e do esqueleto. O criptoftalmo pode representar um achado isolado, representado por herança autossômica dominante, associado a outras anomalias congênitas, relatado como herança autossômica recessiva. Criança do sexo feminino, 9 meses, avaliada no ambulatório de vias lacrimais da Universidade Federal de São Paulo. Filha de pais consanguíneos. Ao exame, foram observados criptoftalmo total à esquerda, epífora em olho direito associada à secreção mucopurulenta, nariz em sela, implantação baixa das orelhas, malformação de conduto auditivo, aumento de grandes lábios e sindactilia de mãos e pés. A tomografia de crânio evidenciou braquicefalia ausência de septo pelúcido, proeminência dos ventrículos laterais, importante falha óssea na calota craniana, presença de afilamento do manto tecidual cerebral, fossa posterior pequena, desorganização do segmento anterior, afacia e descolamento total da retina. Descritores: Obstrução dos ductos lacrimais/congênito; Dacriocistite; Síndrome; Relatos de casos ABSTRACT Fraser syndrome is a systemic condition characterized by cryptophthalmos, syndactyly and abnormal genitalia, which may be associated with urinary tract, ear, nose, larynx and skeletal abnormalities. Cryptophthalmos can be an isolated finding (that has been reported as an autosomal dominant trait) or associated with other congenital anomalies (reported as an autosomal recessive disorder). Child, female, nine month of life, evaluated in the lacrimal setor of Federal University of São Paulo. Child of consanguineous parents. Her physical examination showed total unilateral cryptophthalmos (left side), epiphora (right side) with mucopurulent discharge, depressed nasal bridge, low set ears, atresia of the external auditory canal, prominent labia majora and syndactyly of the fingers and toes. Ocular ultrasonography showed brachycephaly, absence of septu pellucidum prominence of the lateral ventricles, a major bone defect in the skull, the presence of thinning of the mantle tissue of the brain,a reduced anterior-posterior ocular diameter, anterior segment disorganization, absence of the lens and total retinal detachment in the left eye. Keywords: Lacrimal duct obstruction/congenital; Dacryocystitis; Syndrome; Case reports Setor de Vias Lacrimais, Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – São Paulo (SP), Brasil; Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – São Paulo (SP), Brasil. Michigan University - USA 1,3,6 2,4, 5 Trabalho realizado no Setor de Vias Lacrimais da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – São Paulo (SP), Brasil. Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 05/09/2011 - Aceito para publicação em 26/01/2011 Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 123-5 124 Lorena SHT, Gonçalves ED, Machado MAC, Jablinski CEC, Briceño CA, Silva JAF INTRODUÇÃO A síndrome de Fraser(1) foi descrita pelo geneticista canadense Fraser em 1962 e ocorre com frequência mínima estimada de 0,43 por 100.000 nascidos vivos, caracteriza-se por uma condição sistêmica com as seguintes anomalias(2-4): a) Faciais: presença de criptoftalmia (93%), comumente bilateral e com defeito ocular; crescimento de pelos lateralmente à fronte até a parte lateral da sobrancelha (34%), depressão do osso frontal subjacente; narinas hipoplásicas sulcadas; nariz alargado com ponte nasal deprimida; anomalias da orelha (44%), como atresia do canal auditivo externo e orelha em abano; b) Desempenho: deficiência mental em 50% dos sobreviventes; c) Membros: sindactilia cutânea parcial (57%); d) Genitália: desenvolvimento incompleto (49%); sexo masculino: hipospádias, criptorquidia; sexo feminino: útero biforme, atresia vaginal, clitoromegalia; e) Outras: estenose ou atresia laríngea (21%), hipoplasia ou agenesia renal (37%), microcefalia, hidrocefalia, encefalocele, meningomielocele, fenda labial, fenda palatina (4%), freio da língua curto (96%), ausência de cílios e sobrancelhas, microftalmia, anoftalmia, opacidade corneana, atresia anal, malformação do intestino delgado, defeitos cardíacos, ausência de falanges, polegar hipoplásico ou ausente. O diagnóstico deve ser baseado na presença de dois critérios maiores e um critério menor ou um critério maior e quatro menores. Os critérios diagnósticos para a síndrome de Fraser são: a) Maiores: criptoftalmia, simbléfaro, sindactilia, anormalidades genitais; b) Menores: malformação nasal, do ouvido, da laringe, hérnia umbelical, anormalidades renais, ósseas, clivagem da língua ou outras fissuras orais, retardamento. Cerca de 20% dos indivíduos afetados morrem antes de um ano de idade, fato que está relacionado com os defeitos renais ou laríngeos. O defeito do desenvolvimento da pálpebra é comumente acompanhado por anomalia ocular(5). A Síndrome de Fraser possui um padrão de herança autossômico recessivo. Há uma heterogeneidade etiológica para a anomalia da criptoftalmia(6). A criptoftalmia(5,6) é o achado mais frequente presente 95% dos relatos, sendo 57% bilaterais e 25% unilaterais. A criptoftalmia representa a fusão congênita das pálpebras, havendo uma falha fundamental no desenvolvimento ocular tendo um prognóstico pobre para a visão. O objetivo da intervenção cirúrgica(7,8) é proteger e otimizar o potencial visual do olho. Quando não existir um potencial para a visão, o objetivo secundário é reconstituir as pálpebras. Reabilitação é um desafio, e o prognóstico para a visão útil deve ser discutido com cuidado com os pais. Pode estar associado a hipertelorismo, microftalmia, sobrancelha supranumerária(5,6), malformação ou ausência do fórnice conjuntival. A córnea pode estar recoberta por um tecido semelhante ao da esclera e apresentar-se estafilomatosa. Outros achados foram descritos como a ausência de cristalino e íris e câmara anterior preenchida por vítreo, microfacia com íris, corpo ciliar e coroide atróficos e desorganização da retina. Na maioria dos casos o segmento anterior do globo está mais envolvido. A incidência da obstrução congênita do ducto lácrimo-nasal é de 6% (9), porém é maior em crianças com anomalias craniofaciais(10). Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 123-5 A obstrução congênita do ducto lácrimo-nasal pode ser devido ao incompleto desenvolvimento do canal ósseo do ducto, anomalias craniofaciais e na maior parte dos casos, devido à persistência de uma membrana mucosa ao nível da válvula de Hasner e em torno de 82%(11) se resolve com tratamento conservador antes do primeiro ano de vida. Após 1 ano de idade a conduta é a sondagem da via lacrimal. Relato de Caso Criança acompanhada no setor de vias lacrimais da UNIFESP desde 9 meses de idade, sexo feminino, branca, natural e procedente de São Paulo, com síndrome de Fraser, apresentando lacrimejamento em olho direito desde o nascimento (figura 1). Ao exame oftalmológico apresentava: olho direito com presença de secreção mucopurulenta, ausência de hiperemia em conjuntiva bulbar, teste de Milder +++, teste de observação da fluoresceína na orofaringe negativo e em olho esquerdo apresentava criptoftalmia. Figura 1: Fotografia parcial da face da criança com a síndrome de Fraser A avaliação por tomografia computadorizada multislice crânio-encefálica evidenciou: braquicefalia, ausência de septo pelúcido, proeminência dos ventrículos laterais, importante falha óssea na calota craniana, presença de afilamento do manto tecidual cerebral, fossa posterior pequena (figura 2). A criança foi submetida ao tratamento conservador e após 4 meses houve a resolução da epífora em olho direito. Figura 2: Corte tomográfico computadorizado axial adquirido com 3 mm e 10 mm de espessura Síndrome de Fraser: relato de caso nas vias lacrimais 125 DISCUSSÃO 5. As anomalias craniofaciais representam um grupo diverso e complexo. As anomalias craniofaciais inclui-se em anomalias isoladas e múltiplas de etiologia genética ou não, referindo-se à situação em que os arcabouços craniano e/ou facial apresentam alterações de contorno(12,13). Considerável proporção dos pacientes com anomalias craniofaciais tem expectativa de vida normal, visto que apenas uma minoria delas é letal(12). Na síndrome de Fraser 25% dos indivíduos afetados são natimortos e 20% falecem antes de 1 ano de idade, devido aos defeitos renais ou laríngeos. Nenhum indivíduo afetado se reproduziu(5). Essas anomalias impõem um significativo impacto sobre a fala, audição, visão e anexos oculares, aparência e cognição, influenciando na saúde e na integração social do portador(13,14). No Brasil, os defeitos congênitos vêm se mantendo consistentemente como segunda causa de mortes perinatais(15), contribuindo com 13% destas no ano 2003. O aumento do diâmetro, altura e volume do canal ósseo do ducto lácrimo-nasal ocorrem principalmente nos primeiros 6 meses de vida em crianças a termo, coincidindo com uma alta taxa de resolução espontânea da OCDLN, de acordo com a literatura(16). O aumento do comprimento do canal ósseo do ducto lácrimo-nasal está fortemente correlacionado com o crescimento pós-natal da maxila(16). Além disto, devemos ressaltar que, embora o canal ósseo do ducto lácrimo-nasal se encontre totalmente desenvolvido, pode existir uma membrana mucosa ao nível da válvula de Hasner, capaz de obstruir a drenagem da lágrima. Nestes casos, o tratamento conservador, por intermédio da massagem de Crigler(17), foi suficiente para sanar muitos casos de epífora deste estudo. É nossa conduta (UNIFESP), diante da OCDLN, realizar o tratamento conservador até 1 ano de idade, uma vez que a massagem de Crigler possui grande porcentagem de cura até esta faixa etária. Contudo, a partir desta época, quando não houver êxito com a massagem, realiza-se o tratamento cirúrgico através da sondagem da via lacrimal excretora, o que corrobora com os dados da literatura(11). Também a literatura(18) afirma índice de cura com o tratamento conservador em torno de 52,5% em crianças até 2 anos de idade. No entanto, a literatura(19,20) afirma bons resultados com a sondagem tardia, obtendo cura em 75% nas crianças até 35 meses e 75% em crianças entre 3 a 10 anos de idade, sendo um motivo para postergar a dacriocistorrinostomia. Foram descritos indivíduos com criptoftalmia isolada que não apresentaram a síndrome de Fraser(21). 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. Slavotinek AM, Tifft CJ. Fraser syndrome and cryptophthalmos: review of the diagnostic criteria and evidence for phenotypic modules in complex malformation syndromes. J Med Genet. 2002;39(9):623-33. Pankau R, Partsch CJ, Jänig U, Meinecke R. 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Somente após aprovações finais dos revisores e editores, os manuscritos serão encaminhados para publicação. O manuscrito aceito para publicação passará a ser propriedade da Revista e não poderá ser editado, total ou parcialmente, por qualquer outro meio de divulgação, sem a prévia autorização por escrito emitida pelo Editor Chefe. Os artigos que não apresentarem mérito, que contenham erros significativos de metodologia, ou não se enquadrem na política editorial da revista, serão rejeitados não cabendo recurso. Os artigos publicados na Revista Brasileira de Oftalmologia seguem os requisitos uniformes proposto pelo Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas, atualizado em fevereiro de 2006 e disponível no endereço eletrônico http://www.icmje.org Artigo de Revisão: Tem como finalidade examinar a bibliografia publicada sobre um determinado assunto, fazendo uma avaliação crítica e sistematizada da literatura sobre um determinado tema e apresentar as conclusões importantes, baseadas nessa literatura. Somente serão aceitos para publicação quando solicitado pelos Editores. Deve ter: Texto, Resumo, Descritores, Título em Inglês, Abstract, Keywords e Referências. Artigo de Atualização: Revisões do estado-da-arte sobre determinado tema, escrito por especialista a convite dos Editores. Deve ter: Texto, Resumo, Descritores, Título em Inglês, Abstract, Keywords e Referências. Relato de Caso: Deve ser informativo e não deve conter detalhes irrelevantes. Só serão aceitos os relatos de casos clínicos de relevada importância, quer pela raridade como entidade nosológica, quer pela não usual forma de apresentação. Deve ter: Introdução, Descrição objetiva do caso, Discussão, Resumo, Descritores, Título em Inglês, Abstract e Keywords e Referências. Cartas ao Editor: Têm por objetivo comentar ou discutir trabalhos publicados na revista ou relatar pesquisas originais em andamento. Serão publicadas a critério dos Editores, com a respectiva réplica quando pertinente. APRESENTAÇÃO E SUBMISSÃO DOS MANUSCRITOS Preparo do Manuscrito: A) Folha de Rosto deverá conter: • Título do artigo, em português e inglês, contendo entre dez e doze palavras, sem considerar artigos e preposições. O Título deve ser motivador e deve dar idéia dos objetivos e do conteúdo do trabalho; • Nome completo de cada autor, sem abreviaturas, porém se o autor já possui um formato utilizado em suas publicações, deve informar à secretaria da revista; • Indicação do grau acadêmico e/ou função acadêmica e a afiliação institucional de cada autor, separadamente. Se houver mais de uma afiliação institucional, indicar apenas a mais relevante. Cargos e/ou funções administrativas não devem ser indicadas. • Indicação da Instituição onde o trabalho foi realizado; • Nome, endereço, fax e e-mail do autor correspondente; • Fontes de auxílio à pesquisa, se houver; • Declaração de inexistência de conflitos de interesse. O artigo enviado deverá ser acompanhado de carta assinada por todos os autores, autorizando sua publicação, declarando que o mesmo é inédito e que não foi, ou está sendo submetido à publicação em outro periódico e foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da Instituição em que o mesmo foi realizado. A esta carta devem ser anexados: • Declaração de Conflitos de Interesse, quando pertinente. A Declaração de Conflitos de Interesses, segundo Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1595/2000, veda que em artigo científico seja feita promoção ou propaganda de quaisquer produtos ou equipamentos comerciais; • Informações sobre eventuais fontes de financiamento da pesquisa; • Artigo que trata de pesquisa clínica com seres humanos deve incluir a declaração de que os participantes assinaram Termo de Consentimento Livre Informado. Todas as pesquisas, tanto as clínicas como as experimentais, devem ter sido executadas de acordo com a Declaração de Helsinki. A Revista Brasileira de Oftalmologia não endossa a opinião dos autores, eximindo-se de qualquer responsabilidade em relação a matérias assinadas. Os artigos podem ser escritos em português, espanhol, inglês ou francês. A versão “on-line” da revista poderá ter artigos apenas em inglês. A Revista Brasileira de Oftalmologia recebe para publicação: Artigos Originais de pesquisa básica, experimentação clínica ou cirúrgica; Divulgação e condutas em casos clínicos de relevante importância; Revisões de temas específicos, Atualizações; Cartas ao editor. Os Editoriais serão escritos a convite, apresentando comentários de trabalhos relevantes da própria revista, pesquisas importantes publicadas ou comunicações dos editores de interesse para a especialidade. Artigos com objetivos comerciais ou propagandísticos serão recusados. Os manuscritos deverão obedecer as seguintes estruturas: Artigo Original: Descreve pesquisa experimental ou investigação clínica - prospectiva ou retrospectiva, randomizada ou duplo cego. Deve ter: Título em português e inglês, Resumo estruturado, Descritores; Abstract, Keywords, Introdução, Métodos, Resultados, Discussão, Conclusão e Referências. Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 126-8 B) Segunda folha Resumo e Descritores: Resumo, em português e inglês, com no máximo 250 palavras. Para os artigos originais, deverá ser estruturado (Objetivo, Métodos, Resultados, Conclusão), ressaltando os dados mais significativos do trabalho. Para Relatos de Caso, Revisões ou Atualizações, o resumo não deverá ser estruturado. Abaixo do resumo, especificar no mínimo cinco e no máximo dez descritores (Keywords) que definam o assunto do trabalho. Os descritores deverão ser baseados no DeCS Descritores em Ciências da Saúde - disponível no endereço eletrônico http://decs.bvs.br/ Abaixo do Resumo, indicar, para os Ensaios Clínicos, o número de registro na base de Ensaios Clínicos (http://clinicaltrials.gov)* C) Texto Deverá obedecer rigorosamente a estrutura para cada categoria de manuscrito. Em todas as categorias de manuscrito, a citação dos autores no texto deverá ser numérica e sequencial, utilizando algarismos arábicos entre parênteses e sobrescritos. As citações no texto deverão ser numeradas sequencialmente em números arábicos sobrepostos, devendo evitar a citação nominal dos autores. Introdução: Deve ser breve, conter e explicar os objetivos e o motivo do trabalho. 127 Métodos: Deve conter informação suficiente para saber-se o que foi feito e como foi feito. A descrição deve ser clara e suficiente para que outro pesquisador possa reproduzir ou dar continuidade ao estudo. Descrever a metodologia estatística empregada com detalhes suficientes para permitir que qualquer leitor com razoável conhecimento sobre o tema e o acesso aos dados originais possa verificar os resultados apresentados. Evitar o uso de termos imprecisos tais como: aleatório, normal, significativo, importante, aceitável, sem defini-los. Os resultados da pesquisa devem ser relatados neste capítulo em seqüência lógica e de maneira concisa. Informação sobre o manejo da dor pós-operatório, tanto em humanos como em animais, deve ser relatada no texto (Resolução nº 196/96, do Ministério da Saúde e Normas Internacionais de Proteção aos Animais). Resultados: Sempre que possível devem ser apresentados em Tabelas, Gráficos ou Figuras. Discussão: Todos os resultados do trabalho devem ser discutidos e comparados com a literatura pertinente. Conclusão: Devem ser baseadas nos resultados obtidos. Agradecimentos: Devem ser incluídos colaborações de pessoas, instituições ou agradecimento por apoio financeiro, auxílios técnicos, que mereçam reconhecimento, mas não justificam a inclusão como autor. Referências: Devem ser atualizadas contendo, preferencialmente, os trabalhos mais relevantes publicados, nos últimos cinco anos, sobre o tema. Não deve conter trabalhos não referidos no texto. Quando pertinente, é recomendável incluir trabalhos publicados na RBO. As referências deverão ser numeradas consecutivamente, na ordem em que são mencionadas no texto e identificadas com algarismos arábicos. A apresentação deverá seguir o formato denominado “Vancouver Style”, conforme modelos abaixo. Os títulos dos periódicos deverão ser abreviados de acordo com o estilo apresentado pela National Library of Medicine, disponível, na “List of Journal Indexed in Index medicus” no endereço eletrônico: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/ entrez/query.fcgi?db=journals. Para todas as referências, citar todos os autores até seis. Quando em número maior, citar os seis primeiros autores seguidos da expressão et al. Artigos de Periódicos: Dahle N, Werner L, Fry L, Mamalis N. Localized, central optic snowflake degeneration of a polymethyl methacrylate intraocular lens: clinical report with pathological correlation. Arch Ophthalmol. 2006;124(9):1350-3. Arnarsson A, Sverrisson T, Stefansson E, Sigurdsson H, Sasaki H, Sasaki K, et al. Risk factors for five-year incident age-related macular degeneration: the Reykjavik Eye Study. Am J Ophthalmol. 2006;142(3):419-28. Livros: Yamane R. Semiologia ocular. 2a ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2003. Capítulos de Livro: Oréfice F, Boratto LM. Biomicroscopia. In: Yamane R. Semiologia ocular. 2ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2003. Dissertações e Teses: Cronemberger S. Contribuição para o estudo de alguns aspectos da aniridia [tese]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1990. Publicações eletrônicas: Herzog Neto G, Curi RLN. Características anatômicas das vias lacrimais excretoras nos bloqueios funcionais ou síndrome de Milder. Rev Bras Oftalmol [periódico na Internet]. 2003 [citado 2006 jul 22];62(1):[cerca de 5p.]. Disponível em: www.sboportal.org.br Tabelas e Figuras: A apresentação desse material deve ser em preto e branco, em folhas separadas, com legendas e respectivas numerações impressas ao pé de cada ilustração. No verso de cada figura e tabela deve estar anotado o nome do manuscrito e dos autores. Todas as tabelas e figuras também devem ser enviadas em arquivo digital, as primeiras preferencialmente em arquivos Microsoft Word (r) e as demais em arquivos Microsoft Excel (r), Tiff ou JPG. As grandezas, unidades e símbolos utilizados nas tabelas devem obedecer a nomenclatura nacional. Fotografias de cirurgia e de biópsias onde foram utilizadas colorações e técnicas especiais serão consideradas para impressão colorida, sendo o custo adicional de responsabilidade dos autores. Legendas: Imprimir as legendas usando espaço duplo, acompanhando as respectivas figuras (gráficos, fotografias e ilustrações) e tabelas. Cada legenda deve ser numerada em algarismos arábicos, correspondendo as suas citações no texto. Abreviaturas e Siglas: Devem ser precedidas do nome completo quando citadas pela primeira vez no texto ou nas legendas das tabelas e figuras. Se as ilustrações já tiverem sido publicadas, deverão vir acompanhadas de autorização por escrito do autor ou editor, constando a fonte de referência onde foi publicada. O texto deve ser impresso em computador, em espaço duplo, papel branco, no formato 210mm x 297mm ou A4, em páginas separadas e numeradas, com margens de 3cm e com letras de tamanho que facilite a leitura (recomendamos as de nº 14). O original deve ser encaminhado em uma via, acompanhado de CD, com versão do manuscrito, com respectivas ilustrações, digitado no programa “Word for Windows 6.0. A Revista Brasileira de Oftalmologia reserva o direito de não aceitar para avaliação os artigos que não preencham os critérios acima formulados. Versão português-inglês: Seguindo os padrões dos principais periódicos mundiais, a Revista Brasileira de Oftalmologia contará com uma versão eletrônica em inglês de todas as edições. Desta forma a revista impressa continuará a ser em português e a versão eletrônica será em inglês. A Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares e Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa, se comprometem a custear a tradução dos artigos para língua inglesa, porém seus autores uma vez que tenham aprovado seus artigos se disponham a traduzir a versão final para o inglês, está será publicada na versão eletrônica antecipadamente a publicação impressa (ahead of print). * Nota importante: A “Revista Brasileira de Oftalmologia” em apoio às políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Intemational Committee of Medical Joumal Editors (ICMJE), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso somente aceitará para publicação, a partir de 2008, os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, disponível no endereço: http:/ /clinicaltrials.gov ou no site do Pubmed, no item <ClinicalTrials.gov>. O número de identificação deverá ser registrado abaixo do resumo. Os trabalhos poderão ser submetidos pela Internet, pelo site rbo.emnuvens.com.br Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 126-8 128 Revista Brasileira de Oftalmologia Declaração dos Autores (é necessária a assinatura de todos os autores) Em consideração ao fato de que a Sociedade Brasileira de Oftalmologia está interessada em editar o manuscrito a ela encaminhado pelo(s) o(s) autor(es) abaixo subscrito(s), transfere(m) a partir da presente data todos os direitos autorais para a Sociedade Brasileira de Oftalmologia em caso de publicação pela Revista Brasileira de Oftalmologia do manuscrito............................................................. . Os direitos autorais compreendem qualquer e todas as formas de publicação, tais como na mídia eletrônica, por exemplo. O(s) autor (es) declara (m) que o manuscrito não contém, até onde é de conhecimento do(s) mesmo(s), nenhum material difamatório ou ilegal, que infrinja a legislação brasileira de direitos autorais. Certificam que, dentro da área de especialidade, participaram cientemente deste estudo para assumir a responsabilidade por ele e aceitar suas conclusões. Certificam que, com a presente carta, descartam qualquer possível conflito financeiro ou de interesse que possa ter com o assunto tratado nesse manuscrito. Título do Manuscrito___________________________________________________________________________ Nome dos Autores_______________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Minha assinatura abaixo indica minha total concordância com as três declarações acima. Data____________Assinatura do Autor____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor_____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor_____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor_____________________________________________________________ Rev Bras Oftalmol. 2014; 73 (2): 126-8