Atualização e Diagnostico Laboratorial da Febre

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Boletim Técnico
ANO 4 | NÚMERO 16 | JANEIRO DE 2016
Atualização e Diagnóstico Laboratorial da Febre por Zika Vírus
Introdução
O Zika Vírus (ZIKV) é um RNA vírus de cadeia simples do
gênero Flavivirus, endêmico no leste e oeste do continente
africano. O ZIKV foi isolado inicialmente em macacos
Rhesus, no ano de 1947, e em humanos, em 1952, na
Uganda. Existe registro de casos de ZIKV isolados em
mosquitos, primatas e humanos em mais de 14 países na
África, Ásia e Oceania.
O primeiro surto registrado de infecção pelo ZIKV foi em
2007, na ilha de Yap (Micronésia). Subsequentemente,
outro surto de infecção que chamou a atenção ocorreu em
2013, na Polinésia Francesa, com complicações
neurológicas
(Síndrome
de
Guillian
Barré
e
meningoencefalite) e complicações autoimunes (Púrpura
Trombocitopênica
e
leucopenia)
possivelmente
relacionadas à coinfeção com outra flavivirose,
especialmente com a dengue. Nenhum caso de morte foi
relacionado a infecção pelo ZIKV até então.
A Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde
no Brasil confirmou a transmissão vetorial de ZIKV na
região nordeste, em maio de 2015. Em 17 novembro do
mesmo ano houve a identificação molecular do ZIKV no
líquido amniótico de duas gestantes que ao ultrassom
apresentavam microcefalia. Em 25 de novembro, foram
relacionados sete casos de Síndrome de Guillan Barré ao
ZIKV. Apesar da possível associação entre a infecção pelo
ZIKV e a ocorrência de microcefalia durante o
desenvolvimento intrauterino do feto, como admitido
pelo Ministério da Saúde, mais estudos ainda são
necessários para a compreensão desta possível associação.
O principal modo de transmissão para o ser humano é o
vetorial pelos mosquitos do gênero Aedes, incluindo a
espécie Aedes aegypti, que faz a transmissão urbana.
Existem relatos de transmissão perinatal, sexual e por
transfusão de sangue.
Os mosquitos se reproduzem em recipientes de retenção
de água para uso doméstico e em geral picam mais
agressivamente durante o dia, tanto em ambientes
fechados, quanto ao ar livre.
Diagnóstico Clínico
Aproximadamente uma em cada cinco pessoas infectadas
é sintomática. A infecção pelo ZIKV é autolimitada, os
sintomas aparecem após um período de incubação de
poucos dias depois da picada de um mosquito infectado e
duram de 3 a 12 dias. Ela causa febre baixa, rash
maculopapular, prurido, artralgia, conjuntivite, mialgia e
dor retrorbital; edema de extremidades, odinofagia, tosse
e vômitos são menos frequentes.
Sinais e sintomas
Dengue
Chikungunya
Zika
Sarampo
Febre
++++
+++
+++
++++
Mialgia/artralgia
+++
++++
++
0
Edema extremidades
0
0
++
0
Exantema macopapular
++
++
+++
++++²
Dor retrorbital
++
+
++
0
Hiperemia conjuntival
0
+
+++¹
++++³
Linfadenopatia
++
++
+
+
Hepatomegalia
0
+++
0
+
Leucopenia/trombocitopenia
+++
+++
0
+++
Hemorragia
+
0
0
0
Tosse Produtiva
0
0
0
+++
1 Não apresenta prurido ou exsudação. 2 Evolução crâniocaudal. 3 Apresenta fotofobia.
Ministério da Saúde – Comparação da frequência dos principais sinais e sintomas ocasionados pela infeção
pelos vírus dengue, chikungunya e Zika vírus - Fonte: Adaptado de Halstead, et al.
Diagnóstico Laboratorial
O diagnóstico da infecção por ZIKV é por meio de biologia
molecular, pela técnica de RT-PCR em Tempo Real no
período virêmico, que acredita ser de 4 a 7 dias após o
início dos sintomas. O ideal é a realização da RT-PCR até o
quarto dia do aparecimento dos sintomas, porém já foi
detectado RNA do vírus até o 11º dia dos sintomas. Não foi
verificada reação cruzada entre ZIKV e outras doenças
febris exantemáticas.
Os testes sorológicos (por imunofluorescência) podem
detectar anticorpos IgM/IgG específicos contra o ZIKV
após 5 a 6 dias do aparecimento dos sintomas com
aumento dos títulos em um intervalo de duas semanas.
Porém, a confirmação é realizada com o teste de
neutralização de redução de placas (PRNT) com aumento
de, pelo menos, quatro vezes os títulos dos anticorpos
neutralizantes. Os exames de sorologia para ZIKV podem ter
reatividade cruzada com os exames da dengue,
principalmente se o paciente já teve a doença
anteriormente.
Ministério da Saúde - Oportunidade de detecção do Zika vírus segundo técnica laboratorial (isolamento,
reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa (RT-PCR) – e sorologia – IgM/IgG)
Podem
ser
encontrados
ainda
leucopenia,
trombocitopenia, elevação discreta da LDH e da GGT, assim
como aumento da proteína C reativa, fibrinogênio e
ferritina (marcadores de atividade inflamatória).
Tratamento:
Não existe tratamento específico ou vacina. O tratamento é
apenas sintomático, com acetaminofeno para controle de
febre e dor, e anti-histamínicos para controle das erupções
pruriginosas. A prevenção contra a infecção se baseia na
erradicação do mosquito ao nível de sociedade, pela
redução de local de postura de ovos (como pratos de vasos
de plantas, reservatórios de água, pneus usados, etc.) e na
proteção individual contra as picadas do mosquito (uso de
roupas longas e claras, repelentes anti-mosquito,
mosquiteiros para proteção de bebês e pessoas acamadas).
Até o momento não existem testes comercialmente
disponíveis para sorologia (IgM e IgG) para o ZIKA vírus.
O Grupo Hermes Pardini realiza o exame de diagnóstico
de Zika Vírus por biologia molecular (RT- PCR).
Referências
1. Febre pelo vírus Zika: uma revisão narrativa sobre a doença - Secretaria de Vigilância em
Saúde − Ministério da Saúde - Boletim epidemiológico volume 46 - Nº 26-2015.
4. Zika Virus – Centers for Disease Control and Prevention - Page last reviewed: June 1, 2015.
2. D. Tappe et al. Acute Zika Virus Infection after Travel to Malaysian Borneo, September
2014. Emerg Infect Dis. 2015 May; 21(5): 911–913.
5. Epidemiological update: Evolution of the Zika virus global outbreaks and complications
potentially linked to the Zika virus outbreaks. European Center for Disease Prevention and
Control – 04/12/2015.
3. S. Ioos et al. Infections par le virus Zika et épidémies recentes. Médecine et maladies
infectieuses 44 (2014) 302–307.
6. Epidemiological Alert – Zika Virus Infection – 7 May-2015 – Pan American Health
Organization/OMS.
AMORIM, Eliane Gomes
Residência em Clínica Médica
Residência em Neurologia Clínica
Pós-graduação em Auditoria da Saúde
Assessora Médica de Relacionamento
com Cliente do Hermes Pardini
[email protected]
BICALHO, Silvia Nascimento
Médica com especialização em Clínica
Médica pelo Hospital Felício Rocho
Especialização em Endocrinologia
e Metabologia pelo Hospital Mater Dei
Assessora Médica de Relacionamento
com Cliente do Hermes Pardini
[email protected]
ZAULI, Danielle
Bióloga com Mestrado e Doutorado em Microbiolofia
pela UFMG
Pós-doutora em Microbiologia e Biologia Molecular
pela Faculdade de Medicina da UFMG e Université
Paul Cézanne Aix Marseille III (França)
Pesquisa e Desenvolvimento do Hermes Pardini
[email protected]
Grupo Hermes Pardini
Rua Aimorés, 66, Funcionários, Belo Horizonte/MG. Cep: 30140-070 · Tel.: (31) 3228-6200.
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Responsável Técnico: Ariovaldo Mendonça - CRMMG 33477 / Inscrição CRM 356 - MG
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