Discurso pronunciado pelo Deputado Assis Carvalho (PT/PI) em Sessão da Câmara dos Deputados em 08.02.2011. Senhor Presidente! Senhoras e Senhores Deputados! No último sábado, 05 de fevereiro, acompanhei a visita do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que na oportunidade fez o lançamento do Plano Nacional de Combate à Dengue, inaugurou as novas instalações do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella. O Ministério da Saúde quer se antecipar a uma epidemia de dengue nos 16 estados, entre eles o Piauí, que apresentam risco eminente de epidemia, devido ao clima favorável à proliferação do mosquito Aedes Aegipty. O ministro ressaltou que o Brasil não pode esperar uma explosão de casos para agir e informou que já na segunda semana de governo a presidenta Dilma reuniu treze ministros para combinar as ações de combate à dengue. E chamou a responsabilidade dos prefeitos, gestores públicos estaduais, empresários, religiosos e a população em geral. Alexandre Padilha afirmou que 90% das pessoas que morreram de dengue no Brasil não haviam procurado uma unidade de saúde, isso se refletiu nas estatísticas de morte pela doença em 2010, quando aproximadamente 500 pessoas morrerem no país por conta de complicações relativas à enfermidade. Além do lançamento do Plano de Contingência contra à Dengue, o ministro anunciou uma portaria para que casos suspeitos de óbito por dengue sejam notificado em no máximo 24 horas, partindo do princípio de que mais eficaz e mais barato aos cofres públicos prevenir do que remediar. Outra novidade anunciada no Piauí foi o Cartão da Dengue, que será entregue ao paciente ao dar entrada na unidade de saúde com sintomas da doença. É uma forma de combater a subnotificação dos casos, fato que acontece com freqüência em todo o Brasil e evitar que os pacientes com dengue disputem espaço com pacientes patologicamente mais graves nos serviços de urgência e emergência dos hospitais. A secretária de Estado da Saúde do Piauí, deputada estadual Lílian Martins (PSB), reconheceu que a subnotificação é uma realidade no Piauí. Até agora foram notificados 579 casos notificados no Estado, um aumento de 50% em relação ao ano de 2010. Os municípios de Piripiri, Matias Olimpio e Capitão de Campos são as que, neste momento, requerem um maior cuidado. No ano de 2008, quando este deputado estava à frente da Secretaria da Saúde do Piauí, foi realizada uma grande mobilização contra a dengue, a “Brigada Mata Mosquito” que contou com a participação do Governo Estadual, Polícia Militar, sociedade civil organizada, ONG´s, empresários, prefeituras municipais e da população em geral, que resultou numa redução de 60% dos casos de dengue no Estado. A ação foi lembrada como eficaz pelo governador do Piauí, Wilson Martins, durante a solenidade com o Ministro na sede do Palácio de Karnak. De acordo com o coordenador nacional do Programa de Controle da Dengue, Giovanini Coelho, o óbito por dengue é evitável. O Piauí foi classificado como em risco muito alto de proliferação do mosquito e contaminação pela doença no país com a chegada do período chuvoso. Apontou dados de um estudo feito em oito países aponta mostrando que um paciente com dengue tem custo U$ 1.394. A doença também representa, no mínimo, seis dias perdidos em escolas e nove dias de trabalho. Segundo informa o coordenador, a doença é previsível e mais de 70% dos criadouros estão concentrados em vasilhames que podem reter de água e depósito lixos. A dengue aflige o Brasil há 24 anos, e isso se deve a vulnerabilidade dos municípios brasileiros e as condições ambientais e climáticas favoráveis. É preciso garantir o atendimento na atenção primária. Giovanini destacou também que o paciente grave dá sinais claros quando vai evoluir para óbito. O sinal de alarme para a dengue não é um exame sofisticado, mas sim a apresentação de vômitos e dores abdominais. 90% dos óbitos por dengue não tiveram o atendimento na atenção primária, segundo dados do Ministério da Saúde, porque a maioria dos pacientes só procura o serviço de saúde quando a doença já está avançada. O presidente da Fundação Municipal de Saúde de Teresina, o médico infectologista Pedro Leopoldino, afirmou que no ano de 2010 a proliferação da dengue foi atípica na capital piauiense, principalmente, pelo problema enfrentado na coleta de lixo, que deixou de ser feita durante um período considerável e que ajudou no aumento do numero de casos da doença. O ministro Alexandre Padilha também participou da inauguração da reforma e ampliação do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella, um hospital de referência no tratamento de doenças como a dengue, AIDS, tuberculose, etc. Com os novos espaços, o Natan Portella se transforma no maior centro de medicina tropical das regiões Norte/Nordeste. Foram investidos R$ 4,8 milhões em obras e equipamentos o que possibilita ao hospital duplicar a capacidade de atendimento ambulatorial e de urgência. Com a reforma serão organizados os espaços e fluxos para atender a população e dar melhores condições de trabalho e pesquisa para os profissionais da saúde. Esta obra possui recursos federais e foi iniciada ainda na gestão do Governador Wellington Dias (PT) e do deputado Assis Carvalho na Secretaria da Saúde. Agora, o Instituto entra em uma nova fase de adaptações físicas, onde vai ganhar mais três pavimentos e toda a área mais antiga do hospital será reformada. Localizada no povoado Cacimba Velha, na zona rural de Teresina, a Fazenda da Paz é uma comunidade terapêutica que trabalha na recuperação de dependentes químicos e de álcool. O ministro da Saúde foi conhecer de perto a experiência do Piauí. A instituição conta atualmente com 140 internos, em suas duas unidades (Teresinam- PI e Timon- MA), e 400 pacientes estão na lista de espera. Segundo o coordenador da Fundação da Paz, Célio Barbosa, cada dependente químico custa cerca de R$ 880 por mês. Existe uma parceria com as Secretarias Estaduais de Educação, Assistência Social e Cidadania e Saúde, além do EMATER – PI, para o repasse de recursos e profissionais para o custeio da comunidade e das atividades desenvolvidas pelos internos. Desde 1996, 10 mil pessoas foram atendidas na Fazenda da Paz. Cerca de 40% dos internos são recuperados. Célio Barbosa aproveitou a visita para entregar ao ministro a Carta do Piauí, feita durante evento realizado em janeiro por presidentes de comunidades terapêuticas de todo o Brasil. Entre os pedidos, a revisão do financiamento para as entidades, que hoje cuidam de 80% dos dependentes químicos do País e não recebem recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). Padilha informou que o modelo de destinação dos recursos está sendo reformulado e vai beneficiar entidades como a Fazenda da Paz. O deputado Assis Carvalho e a secretária de Saúde do Estado, deputada Lílian Martins defendem o financiamento do SUS para as comunidades terapêuticas que trabalham com a recuperação de dependentes químicos e alcoólicos. Atualmente, essas entidades necessitam da revisão do modelo adotado para captação de recursos, tendo o reconhecimento técnico do trabalho realizado, mas não o financiamento. Este pleito é uma causa pessoal tomada pelo Senador Wellington Dias (PT-PI) e defendido também por este deputado, e que deve ter o apoio de toda a bancada federal, já que a problemática das drogas atinge direta ou indiretamente toda a população brasileira. Ao percorrer toda a estrutura da Fazenda da Paz, o ministro disse que estava impressionado com o local e afirmou que aquela experiência serve de inspiração no momento em que o Ministério da Saúde trabalha na revisão de modelos de destinação dos recursos. Alexandre Padilha ainda revelou que será divulgada em breve uma pesquisa que apontará o mapa do consumo de álcool, crack e outras drogas ilícitas no país, com perfil dos usuários e áreas de maior consumo, entre outras características. É a primeira pesquisa nacional sobre o consumo de drogas e vai auxiliar na construção de um plano para o enfretamento dos entorpecentes, uma das prioridades do governo federal. O ministro Alexandre Padilha encerrou sua visita ao Piauí visitando as instalações do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Padilha visitou toda a estrutura do HU, que conta com 213 leitos, 10 salas de cirurgias, 53 consultórios e uma UTI com 20 leitos. Foram 22 anos de obras e mais de R$ 63 milhões investidos em um dos maiores hospitais universitários do Nordeste. Pronto para funcionar, depende agora da contratação, segundo informações do reitor da UFPI, Luiz Santos Júnior, 1.111 servidores para funcionar. O concurso é de responsabilidade do Ministério da Educação, assim solicito do senhor Ministro da Educação, que seja tomada a devida providência o mais urgente possível. Sem mais a acrescentar, agradeço, senhor presidente.