Desenvolvimento tecnológico de formas farmacêuticas de liberação prolongada de complexos glibenclamida-βciclodextrina RABUSKE, Alessandro; RODRIGUES, Patrik Oening; MARTINS, Ana Guedes Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Tubarão, Santa Catarina Resumo. A glibenclamida (GLI) é um hipoglicemiante de segunda geração pertencente à classe das sulfoniluréias administrado por via oral na forma de comprimidos. Sua baixa solubilidade em meio aquoso afeta a cinética de liberação a partir de formas farmacêuticas sólidas e, consequentemente, a uma limitada absorção pelo trato gastrointestinal (NERY, et al., 2008), o que traduz na variabilidade durante o processo terapêutico no tratamento do diabetes. No entanto, o uso de ciclodextrinas permite a incorporação de fármacos lipossolúveis em matrizes hidrofílicas de liberação prolongada, através da formação de complexos fármaco-CD, que em sistemas poliméricos pode alterar as propriedades de difusão do fármaco na matriz e influenciar os mecanismos pelos quais o fármaco é liberado (FORTUNATO; et al, 2007). Como vantagem, o tratamento possibilita maior intervalo entre doses, favorecendo a adesão do paciente, e estabilidade da concentração plasmática do fármaco, evitando níveis sub e supraterapêuticos, esse último tóxico (SOUTO, 2008 apud Kumar, 2004; Vernon, Wegner, 2004). O objetivo deste trabalho foi avaliar as características físico-químicas e o perfil cinético de matrizes hidrofílicas de polioxietileno (PEO) contendo complexos glibenclamida-β-ciclodextrina (GLI-βCD). Os complexos GLI-βCD na proporção 1:1 foram preparados por técnicas de simples mistura física (MF), coevaporação (CV) e liofilização (LIO) e caracterizados por microscopia óptica e doseamento por espectrofotometria no UV/VIS em 300 nm. Os complexos apresentaram uma taxa de recuperação da glibenclamida após complexação de 27,54 % (LIO), 17,66 % (MF) e 2,85 % (CV). O perfil de dissolução dos comprimidos matriciais preparados a partir dos diferentes complexos contendo MF, CV ou LIO, e com o fármaco livre, utilizando o polímero polioxietileno (PEO), foi avaliado mediante a verificação do teor de glibenclamida liberada por espectrofotometria no UV/VIS, em triplicata. O teor de glibenclamida liberada a partir do sistema matricial, durante o período entre 5 a 360 minutos, manteve-se acima de 85 % de taxa de dissolução para os complexos MF e CV, conforme verificado no gráfico abaixo (Figura 01), conferindo vantagem da utilização de β-ciclodextrinas para fins de manutenção da solubilidade do fármaco. Além disto, foi verificada a manutenção do perfil de liberação do fármaco da matriz, o que denota grande potencial como medicamento de liberação prolongada. O complexo obtido por MF confere maior vantagem na relação custo x benefício do processo produtivo, considerando-se o equipamento utilizado e o tempo de obtenção do produto. Os produtos obtidos com as metodologias de complexação promoveram manutenção da taxa de dissolução do fármaco em virtude dos possíveis aspectos como: inclusão do fármaco na cavidade hidrofóbica da βCD, promovendo o aumento na hidrofilicidade do fármaco na presença da CD ou mesmo pela redução da cristalinidade do fármaco após a complexação. 400 350 300 FLGLI FLMF FLCOEV FLLIOF Teor GLI (%) 250 200 150 100 50 0 -50 -50 0 50 100 150 200 250 300 350 400 Tempo (min) Figura 01. Resultados da taxa de dissolução dos complexos MF, CV e LIO e do fármaco livre quando em sistema matricial. Através da obtenção destes resultados espera-se contribuir para o desenvolvimento tecnológico do mercado de medicamentos para o tratamento do Diabetes mellitus, possibilitando maior intervalo entre dose e estabilidade da concentração plasmática do fármaco.