Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina Campus Joinville Curso: CTI - Mecânica e Eletroeletrônica Módulo: III Unidade Curricular: História II Prof. Anderson dos Santos AULA 1 – REINOS BÁRBAROS “Já que quase todas as nações bárbaras beberam sangue romano e rasgaram nossas entranhas, por que será que nosso Deus entregou o mais poderoso dos Estados e o povo mais rico, que leva o nome de romano, ao forte domínio de inimigos que eram tão fracos? Por quê? A menos que reconheçamos que é uma questão de mérito, e não de força. Os acontecimentos provam o julgamento de Deus sobre nós e sobre os godos e vândalos. Eles prosperam, nós somos humilhados. Eu desejaria, se a fraqueza humana permitisse, gritar além de minhas forças, a fim de ser ouvido no mundo inteiro: ó cidadãos romanos, tende vergonha de vossas vidas! Poucas cidades estão livres dos antros de perdição, estão totalmente livres das impurezas, exceto as cidades habitadas pelos bárbaros. Não é o vigor natural de seus corpos que os capacita a conquistar-nos, nem foi a nossa fraqueza natural a causa de nossa derrota. Que ninguém se convença do contrário. Que ninguém pense de outra maneira. Fomos derrotados exclusivamente pelos vícios de nossa vida má” Monge Salviano (séc. V) Bárbaro: Denominação atribuída pelos romanos aqueles que viviam além das fronteiras do seu Império e não compartilhavam seu idioma, o latim, nem seus costumes e instituições; Entre os bárbaros estavam os povos germânicos, habitantes da planície entre os rios Reno e vístula, na Europa, que tinham hábitos e costumes parecidos; Trata-se de uma construção pejorativa feita pelos romanos, não sendo operacional para definir ou qualificar os vários povos germânicos que invadiram o Império. Queda do Império Romano do Ocidente: Bárbaros eram guerreiros, mas também camponeses; Viviam principalmente da agricultura e do pastoreio; Ao esgotar-se o solo, partiam em busca de novas terras (semi-nômades); Atração pelos domínios romanos (terras férteis); Séc. I – Pax Romana e aproximação entre romanos e germânicos; Trocas comerciais – madeira, trigo e peles (germânicos), por vinho, metais preciosos e tecidos (romanos); Meados do séc. II – infiltração de bárbaros na região entre os rios Reno e Danúbio, como mão-de-obra livre (pequenos arrendatários); Séc. III – Gália, Hispânia e norte da península Itálica, saqueados por alamanos e francos; Bretanha invadida por saxões; banda oriental do Império, invasão dos godos; Contenção das investidas pelos romanos; Instalação de fortes em várias regiões para conter o avanço dos invasores; Adoção de armas e estratégias do inimigo: redução do número de soldados nas legiões (de 6 mil para 1 mil) e incorporação de cavaleiros de origem germânica; Restabelecimento do equilíbrio entre as forças; Entrada pacífica de germânicos em muitas regiões (colonato); A Origem dos germanos A origem dos germanos é incerta. Alguns estudiosos defendem que eles eram nativos da Rússia oriental. Outros consideram que eram originários das regiões escandinavas e bálticas. Há ainda aqueles que identificam nos germanos traços da cultura céltica que lhes transmitiram a língua indo-europeia. As tentativas de classificação dos povos germânicos remontam aos autores antigos, como Plínio, Estrabão e Tácito, que se basearam na procedência geográfica ou em seus usos e costumes para distingui-los. A classificação com base em critérios linguísticos somente surgiu no século XIX. Atualmente, os linguistas separam os germanos em três grandes grupos: germânicos continentais (francos, alamanos, bávaros, lombardos), germânicos do mar do Norte (anglo-saxões e frísios) e godos-escandinavos (ostrogodos, visigodos, borgúndios e vândalos). O mundo germânico A guerra era a principal fonte de obtenção de status e riqueza para os povos germânicos; Os chefes militares eram os grandes beneficiados com as pilhagens; Havia uma hierarquia, com base na função e no desempenho militar; Desenvolviam e praticavam artes marciais; Especializaram-se na fabricação de armas: lanças, machados e longas espadas de dois gumes; Durante os combates , o chefe de cada grupo liderava um séquito de jovens guerreiros (comitatus), unidos a ele por juramento; Interrupção das guerras para as colheitas; Cultivavam trigo, aveia e linho; Criavam cavalos, bois e ovelhas em regime comunitário; Existiam propriedades individuais, porém, a exploração da terra era coletiva; Caso os homens estivessem em combate, o trabalho na terra ficava a critério dos escravos e das mulheres; A família era a base da organização social e guardava semelhanças com a família romana; O casamento simbolizava a solidez da instituição (família); O marido apresentava aos pais da jovem o dote de sua futura esposa, armas e animais, bens que ela transmitiria aos seus filhos. A mulher, por sua vez, presenteava o marido com uma arma para demonstrar sua disposição a compartilhar os perigos da vida de um guerreiro; O adultério feminino era uma falta gravíssima, resultando na morte da adúltera ou repúdio do companheiro em presença de seus pais; O marido raspava seus cabelos e a expulsava de casa; Migrações consentidas e invasões bárbaras: Povos federados: A partir do séc. IV, penetração de “bárbaros” no Império, com a licença e até o incentivo do Estado; Francos foram penetrando nas fronteiras abandonadas do Império; Visigodos, após vencerem as legiões romanas, em 378, foram recebidos como federados pelo imperador Teodósio; Ostrogodos se espalharam do Danúbio até a península Itálica; Borgúndios conquistaram parte da Gália, em 413; Aliança entre os chefes bárbaros e o governo imperial: formação de uma autêntica cultura romano-germânica; Invasão dos hunos ao Império Romano do Oriente (séc. V); Saque de roma em 410, pelos visigodos, liderados por Alarico; Séc. V – fixação dos suevos na Hispânia, dos burgúndios na Suíça, dos vândalos na Mauritânia (norte da África), e dos ostrogodos na atual Hungria; Ações militares e migrações pacíficas; Entrada em colapso do Império Romano do Ocidente: Legiões desestruturadas; Imperadores manipulados; Povos federados ávidos por conquistar territórios; População desinformada e desprotegida; Igreja, instituição mais bem organizada do mundo romano e sobreviveu aos ataques; Os bárbaros na historiografia: Pensadores renascentistas e visão negativa dos bárbaros (decadência da Europa, devido à ignorância dos invasores); Séc. XIX – rompimento dessa visão negativa; com o romantismo, os bárbaros passaram a ser vistos como o “sopro de vitalidade” que arejou o decadente Império Romano; O Historiador Ferdinand Lot (1866-1952), atribuiu o fm do Império a fatores internos e não à “avalanche bárbara”; Atualmente atribui-se a queda de Roma a fatores interno e externos; Roma: o último suspiro: Colapso final com a invasão dos hunos (asiáticos provenientes da Mongólia e fixados na Panônia – atual Hungria); Hunos: exímios cavaleiros, quase conquistaram o Império Romano do Oriente; Para não cair em mãos hunas, o imperador Teodósio aceitou pagar-lhes um tributo anual; Átila, “O Flagelo de Deus”, é considerado o maior guerreiro de seu tempo; Conquistaram sob seu comando territórios que iam do Volga ao Reno; Derrotado em 451, iniciou no ano seguinte um novo ataque à Península Itálica, destruindo Milão e quase conquistando Roma; Átila morreu em 454; Roma foi atacada em 476 pelos hérulos, liderados por Odoacro, e não resistiu; Para ler: PAIS, Marco Antônio de Oliveira. A Formação da Europa: a alta Idade Média. São Paulo: Atual, 1994. ROOKE, Patrick. Os Normandos. São Paulo: Melhoramentos, 1991. Para assistir: Átila, EUA, 2001. Direção de Dick Lowry. 177 min. Erik, o viking, EUA, 1989. Direção de Terry Jones. 93 min.