Trabalho

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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
CÂNCER DE PÊNIS E ENDOMETRIOSE: CONHECIMENTOS ENTRE
COBRADORES (AS), MOTORISTAS E FISCAIS NO TERMINAL
SÍTIO DOS PINTOS, RECIFE/PE.
Filipe Cássio Silva de Lima1, Juliana da Costa Neves2, Daisyvângela Eucrêmia da Silva Lima Santana3 , Anísio Francisco
Soares4.
Introdução
O câncer de pênis é uma das mais antigas doenças conhecidas. O caráter mutilante do tratamento cirúrgico afeta
aspectos físicos e psicológicos do paciente. Ademais, os resultados das terapêuticas clínicas apresentam alta toxicidade
e baixa eficácia, e os estudos ainda apresentam baixos níveis de evidências e recomendação, com isso o câncer de pênis
pode ser considerado um dos mais perigosos tumores que acometem o homem (COUTINHO, 1999). Sua incidência
está relacionada a indivíduos com idade superior a 50 anos, embora possam ser encontradas em indivíduos jovens,
especialmente quando se verificam baixas condições sócio-econômicas e de instrução, má higiene íntima e indivíduos
não circuncidados. Especificamente no Brasil, o câncer de pênis representa 2% de todos os casos de câncer na
população masculina, sendo mais freqüente nas regiões Norte e Nordeste que nas regiões Sul e Sudeste. Vale ressaltar
que nessas regiões de maior incidência, o câncer de pênis chega a superar os casos de câncer de próstata e de bexiga
(SOUZA, 2011). No entanto, indivíduos jovens também podem ser afetados, uma vez que aproximadamente 22% dos
casos são registrados em pacientes com idades inferiores há quarenta anos. A doença acomete indivíduos de baixo
nível social, com maus hábitos de higiene e não circuncidados, tendo como principal fator de risco a fimose, e muitas
vezes estão associadas ao papilomavírus humano (HPV). Em países onde a circuncisão neonatal é um hábito cultural,
verifica-se que a incidência do carcinoma de células escamosas do pênis (CCE) é baixa. A higiene adequada e a
circuncisão precoce previnem a ocorrência da neoplasia na idade adulta (REIS, 2010).
A endometriose representa uma afecção ginecológica comum, atingindo de 5%-15% das mulheres no período
reprodutivo e até 3%-5% na fase pós-menopausa. Essa doença é definida pelo implante de estroma e/ou epitélio
glandular endometrial em localização extra-uterino, podendo comprometer diversos locais, entre eles ovários,
peritônio, ligamentos uterossacros, região retrocervical, septo retovaginal, reto/sigmóide, íleo terminal, apêndice,
bexiga e ureteres. Algumas pacientes portadoras de endometriose são assintomáticas; no entanto, a maioria apresenta
queixas clínicas em diferentes intensidades, sendo as principais dismenorreia, dor pélvica crônica, infertilidade,
dispareunia de profundidade, sintomas intestinais e urinários cíclicos como dor ou sangramento ao evacuar/urinar
durante o período menstrual. Dentre outros fatores, a eventual inespecificidade do quadro clínico e a falta de
correlação entre sintomas e gravidade da doença podem explicar a demora no diagnóstico da endometriose
(BELLELIS, 2011). A teoria mais aceita para explicar o desenvolvimento da endometriose é a teoria da implantação,
descrita por Sampson, em 1927. De acordo com este autor, ocorreria o refluxo de tecido endometrial através das
trompas de falópio durante a menstruação, com subsequente implantação e crescimento no peritônio e ovário
(NÁCUL, 2010).
Estudos realizados em diversos países mostraram maior risco para os motoristas para uma série de doenças em
relação a várias categorias ocupacionais, inclusive cobradores (as). No Brasil são raros os estudos acerca dos
trabalhadores em transporte urbano por ônibus, ou mesmo sobre saúde mental e trabalho, campo ainda pouco
explorado pelos epidemiologistas e pesquisadores (SOUZA, 1998).
Este trabalho buscou analisar os dados dos questionários aplicados aos motoristas, cobradores(as) e fiscais de
ônibus do terminal do Sítio dos Pintos, localizado em Dois Irmãos, Recife/PE, que participaram do projeto de extensão
“Construção do conhecimento e do processo de prevenção ao câncer de pênis e endometriose entre participantes da
associação dos moradores do Córrego da Fortuna, Sítio São Braz e Sítio dos Pintos; Dois Irmãos/Recife/PE”. Portanto
verificou os conhecimentos acerca do câncer de pênis e endometriose antes e depois do processo de instrução e
prevenção.
Material e métodos
O trabalho foi desenvolvido num período de agosto a setembro de 2013, no terminal de ônibus do Sítio dos Pintos,
localizado no Recife, com motoristas, fiscais e cobradores (as). Este terminal é contemplado com três linhas: Sítio dos
1
Discente no curso de Licenciatura plena em Ciências Biológicas, Departamento de Biologia da UFRPE. Avenida Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois
Irmãos. CEP: 52171-900, Recife/PE. E-mail: [email protected].
2
Discente do Curso de Licenciatura em Educação Física, Departamento de Educação Física, Centro de Ciências da Saúde da UFPE. Avenida Bento
Gonçalves, 9500, prédio 43423, sala 209, Porto Alegre, RS, CEP 91501-970. E-mail: [email protected] .
3
Professora Assistente do Curso de bacharelado em Economia Doméstica, Departamento de Ciências Domésticas, Universidade Federal Rural de
Pernambuco UFRPE. Avenida Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos- CEP: 52171-900-Recife/PE. E-mail: [email protected] .
4
Professor Adjunto do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE. Rua Dom Manoel de
Medeiros, s/n, Dois Irmãos- CEP: 52171-900-Recife/PE. Email: [email protected].
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Pintos/Dois Irmãos, Rio Doce/Dois Irmãos e Sítio dos Pintos/IMIP/Joana Bezerra. Participaram da aplicação dos
questionários e do processo de instrução e prevenção 22 pessoas, sendo 8 mulheres e 14 homens. A metodologia
utilizada foi através do estudo transversal, descritivo, prospectivo, de campo utilizando a abordagem quantitativa. A
orientação pedagógica utilizada no processo de instrução foi a da problematização, na qual consistem em conhecer a
realidade dos/as participantes, experiências, conhecimentos prévios e opiniões sobre o conteúdo a ser abordado
(FREIRE, 2005).
Foi realizada com este público a aplicação de questionários semi-estruturados acerca da endometriose, na qual era
constituída de cinco questões e do câncer de pênis que continha sete questões, na qual se buscou avaliar os
conhecimentos do público antes do processo de instrução e depois do mesmo.
Resultados e Discussão
As perguntas inseridas no questionário foram de fácil compreensão. Com relação à Endometriose, seis das oito
profissionais já tinham ouvido falar nesta afecção. A endometriose é uma das doenças mais difíceis de tratar em
Ginecologia. Através da análise acerca da endometriose, 75% das mulheres entrevistadas já tinham ouvido falar nesta
afecção. Se tratando da análise dos conhecimentos sobre os sintomas antes do trabalho de instrução, 75% das mulheres
associaram a endometriose com cólicas menstruais de grande intensidade, 37,5% a infertilidade, 12,5% a dor e
sangramentos intestinais e urinários e 37,5% a infertilidade. É possível verificar através da Figura 1 as diferenças
após o trabalho de instrução. Foi possível verificar que 100% das mulheres associaram a endometriose a cólicas
menstruais de grande intensidade, dor e sangramentos intestinais e urinários e infertilidade. Ainda ficou evidente que
87,5% das mulheres associaram esta afecção a dores durante as relações sexuais e 62,5% afirmam que a mesma
poderia ser assintomática.
O tratamento médico consiste essencialmente na inibição da ovulação e conseqüente supressão da dismenorréia,
que constitui a principal fonte de sofrimento para a paciente. Os anticoncepcionais orais contendo etinilestradiol são
eficientes inibidores da ovulação mas não são indicados no tratamento da endometriose, porque a doença é estrogêniodependente e se agrava com a administração dos estrogênios, que tendem a aumentar o volume das lesões
(COUTINHO, 1999).
Em respeito aos questionamentos acerca do câncer de pênis, 11 dos 14 entrevistados já tinham ouvido falar sobre
esta afecção. Este câncer mata mais homens na atualidade que o câncer de próstata e bexiga e que pode ser evitado
pelo simples fato de realizar a higiene intima adequada. Através da análise do conhecimento dos sintomas do câncer
de pênis, na Tabela 1 abaixo se encontra os dados anteriores ao trabalho de instrução e após o mesmo. Foi possível
observar após comparativo dos conhecimentos dos sintomas de câncer de pênis entre motoristas e cobradores.
Fica evidenciado que após a conscientização do câncer de pênis houve uma melhora no conhecimento desses
profissionais, de acordo com a Tabela 2, pontuando a importância do processo de construção do conhecimento com os
mesmos, possibilitando a eles observar alguns indícios de possíveis problemas e assim procurar a consulta médica.
O câncer de pênis tem cura como qualquer outro câncer, quanto mais rápido é detectado maior são as chances de
um tratamento menos doloroso e traumático já que se pode levar a amputação do pênis. O tratamento depende da
extensão local do tumor e do comprometimento dos gânglios inguinais (ínguas na virilha). Cirurgia, radioterapia e
quimioterapia podem ser oferecidas. A cirurgia é o tratamento mais freqüentemente realizado para controle local da
doença (MARTINS, 2013). Embora o câncer de pênis acometa pequena parcela da população, de uma forma geral são
sempre agressivos e provocam altos impactos psicológicos nos pacientes (SOUZA, 2011).
Agradecimentos
À PRAE/UFRPE pela bolsa de extensão e ao MEC/SESu - Proext 2013 pelo financiamento do
projeto.
Referências
1- BELLELIS, Patrick; PODGAEC, Sergio; Fatores ambientais e endometriose, Rev Assoc Med Bras, 2011.
2- COUTINHO, Elsimar Metzker et al. Tratamento de endometriomas ovarianos com implantes subcutâneos de
ST-1435 (Elcometrina). Rev. Bras. Ginecol. Obstet. [online]. 1999, vol.21, n.10, pp. 597-602. ISSN 01007203.
3- FREIRE, P.; Pedagogia do oprimido. 42ª Ed. Rio de Janeiro; Paz e Terra; 2005.
4- MARTINS, A.M.; MORAES, C.A.L.; RIBEIRO, R.B.N. ALMEIDA, S.S.L.; SCHALL, V.T.; MODENA,
C.M.; A Produção Científica Brasileira sobre o Câncer Masculino: Estado da Arte. Revista Brasileira de
Cancerologia, 2013; 59(1): 105-112
5- NÁCUL, A.P.; SPRITZER, P. M.; Aspectos atuais do diagnóstico e tratamento da endometriose. Rev Bras
Ginecol Obstet. 2010.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
6- REIS, Angela Adamski da Silva et al. Aspectos clínico-epidemiológicos associados ao câncer de pênis. Ciênc.
saúde coletiva[online]. 2010, vol.15, suppl.1, pp. 1105-1111. ISSN 1413-8123.
7- SOUZA, K. W; REIS, P.E.D.; Estratégias de prevenção para câncer de testículo e pênis: revisão integrativa.
Rev Esc. Enferm USP, 2011.
8- SOUZA, Maria de Fátima Marinho and SILVA, Guilherme Rodrigues da. Risco de distúrbios
psiquiátricos menores em área metropolitana na região Sudeste do Brasil. Rev. Saúde Pública [online].
1998, vol.32, n.1, pp. 50-58. ISSN 0034-8910.
100%
80%
60%
Antes
Depois
40%
20%
0%
S1
S2
S3
S4
S5
Figura 1: Comparativo dos conhecimentos dos sintomas endometriose (representados pela letra “S”
entre cobradoras e fiscais antes e depois. S 1 (cólicas menstruais de grande intensidade), S 2 (dor
durante as relações sexuais), S 3 (dor e sangramento intestinais e urinários durante a menstruação), S
4(infertilidade) e S 5 (pode ser assintomática).
Tabela 1: Comparativo dos conhecimentos dos sintomas do câncer de pênis entre motoristas e cobradores de ônibus.
Sintomas
Aparecimentos de feridas
avermelhadas que não
cicatrizam.
Dores no órgão sexual
Antes
XXXXXX
Manchas esbranquiçadas
ou perda da pigmentação.
Presença de esmegma
com cheiro forte.
X
XXX
Sintomas
Aparecimentos de feridas
avermelhadas que não
cicatrizam.
Dores no órgão sexual
Depois
XXXXXXXXXXX
Manchas esbranquiçadas
ou perda da pigmentação.
Presença de esmegma com
cheiro forte.
XXXXXXXX
XXXXXXXXXX
XXXXXXXXX
Tabela 2: percentual por resposta antes e depois e seu aumento significativo de conhecimento.
Sintomas
Aparecimentos
de
feridas
avermelhadas que não cicatrizam.
Dores no órgão sexual
Manchas esbranquiçadas ou perda da
pigmentação.
Presença de esmegma com cheiro
forte.
% Antes
42,8%
% Depois
78,5%
Total
35,7%
21,4%
7,1%
71,4%
57,1%
50%
50%
0%
64,2%
64,2%
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