uso de equipamentos de proteção individual pela equipe

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USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL PELA EQUIPE DE
ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL DO MUNICÍPIO DE CORONEL
FABRICIANO
USE OF EQUIPMENTS OF INDIVIDUAL PROTECTION FOR THE TEAM OF
NURSING OF A HOSPITAL OF THE MUNICIPAL DISTRICT OF CORONEL
FABRICIANO
Bruno Moraes Vasconcelos
Discente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais- UnilesteMG - [email protected]
Ana Luiza Rafael de Miranda Reis
Discente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais- UnilesteMG
Márcia Seixas Vieira
Enfermeira. Docente do curso de enfermagem do Centro Universitário do Leste de Minas
Gerais- Unileste- MG
RESUMO
Os Equipamentos de Proteção Individual permitem aos profissionais da equipe de enfermagem
exercer os cuidados aos pacientes de forma segura, não colocando em risco a saúde do
paciente e zelando pela integridade física dos mesmos. O estudo evidencia que os
profissionais da área de saúde, no exercício de suas funções, estão sujeitos a riscos, tendo
necessidade de utilizar os EPIs para prevenir o aparecimento de doenças e a ocorrência de
acidentes de trabalho. O presente trabalho teve como objetivo verificar os tipos de riscos a que
estão sujeitos os profissionais no hospital; avaliar o conhecimento da equipe de enfermagem
de um hospital da região do Vale do Aço sobre o uso dos EPIs; verificar disponibilidade dos
EPI’s nos setores pesquisados e analisar a adesão ao uso de Equipamentos de Proteção
Individual (EPI) pela equipe de enfermagem deste hospital. Através desta pesquisa de caráter
quantitativo foi desenvolvido um estudo descritivo em um hospital na região do Vale do Aço, a
fim de verificar a adesão da equipe de enfermagem ao uso dos Equipamentos de Proteção
Individual. A pesquisa demonstrou que, apesar da maioria (94,9%) dos participantes estarem
cientes dos riscos que correm no exercício profissional, esses equipamentos nem sempre são
utilizados, especialmente por falta de disponibilidade (83.6%), falta de hábito e disciplina
(81.6%), descuido (44.0%), desconforto e incômodo (35.2%). Apenas a minoria utiliza
constantemente todos os equipamentos necessários ao exercício da enfermagem e, dos
utilizados, as luvas são as que possuem mais adesão. A falta de adesão aos EPI´s podem ter
conseqüências graves, desde uma punição aos empregadores quanto a contaminação de
pacientes e funcionários por doenças transmitidas em contato com sangue e vias aéreas. É
obrigação do fabricante, do empregador e do empregado fazer valer o uso dos EPI´s.
PALAVRAS-CHAVE: Enfermeiro; Equipamentos de Proteção Individual; Acidentes de Trabalho.
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.1-N.1-Nov./Dez. 2008.
100
ABSTRACT
The personal protection equipments allow the professionals of a nursing team to take care of
patients in a safe way, not staking the patient’s health and caring for their physical integrity.
The study shows that health care professionals, while performing their duties are exposed to
risks having then the urge to use PPE in order to prevent the onset of diseases and the
occurrences of employment accidents. The current research aimed to verify the kind of risks the
hospital professionals are exposed to, to evaluate the knowledge a nursing team from a hospital
in Vale do Aço has about PPE, to verify the availability of PPEs at the wards the research took
place and to analyze the adherence of the hospital nursing team to the use of Personal
Protection Equipment (PPE) . Through this qualitative research a descriptive study was done at
a hospital in the region of Vale do Aço aiming to verify the adherence of the nursing team to the
use of Personal Protection Equipments. The research showed that although the majority (94%)
of the participants is aware of the risks they are exposed in the job, these equipments are not
always used, especially for not been always available (83.6%), lack of habits and discipline
(81.6%), careless (44.0%), discomfort and disturbance (35.3%). Only the minority constantly
uses all the necessary equipments to perform the nursing duties and from the used equipments
the gloves are the most used. The lack of adherence on the use of PPEs can have serious
consequences, from the punishment of the employees to the patients and
employers`contamination by transmissible diseases by contact with blood and air ways. It is the
fabricant`s, employee`s and employer`s obligation to assure the use of PPEs.
KEY WORDS: Team of nursing. Equipments of Individual Protection. Work of accidents.
INTRODUÇÃO
A preocupação com os profissionais da área de saúde, embora já
houvesse se manifestado no século XVII, na Itália, com relação às parteiras
que se expunham a dermatites e a estresse por ficarem horas agachadas, com
as mãos estendidas (RAMAZZINI apud NISHIDE; BENATTI, 2004), só passou
a ser alvo de mais interesse a partir da década de 1980, quando foi
reconhecido que o próprio trabalho causava doenças e acidentes.
Historicamente, os enfermeiros não eram considerados como categoria
profissional sujeita a alto risco de acidentes de trabalho, mas a preocupação
com a epidemia de HIV/AIDS enfatizou a necessidade do uso rotineiro de luvas
ao lidar com fluidos corporais. A partir daí cresceu o reconhecimento dos riscos
biológicos devido à exposição a fluidos corporais, a ferimentos percutâneos e a
contatos com membranas, mucosas ou pele através de rachaduras ou
dermatites (NISHIDE; BENATTI, 2004).
Os profissionais da equipe de enfermagem são responsáveis por
prestarem os cuidados adequados aos pacientes e por promoverem e
preservarem a saúde (SÊCCO; GUTIERREZ; MATSUO, 2002). Durante o
exercício da profissão pode haver o contato físico com enfermos, com
substâncias tóxicas, equipamentos e materiais contaminados, submetendo a
equipe de enfermagem aos riscos de contrair doenças infecto-contagiosas e de
acidentes no ambiente hospitalar, que por sua vez é considerado insalubre por
admitir pacientes com diversas patologias e utilizar procedimentos que podem
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.1-N.1-Nov./Dez. 2008.
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gerar danos à saúde dos profissionais (BALSAMO; FELLI, 2006; SÊCCO;
GUTIERREZ; MATSUO, 2002; ODA et al. apud CONSIGLIERI; HIRATA, 2002).
Os riscos ocupacionais a que a equipe de enfermagem se expõe
relacionam-se, em maior número, ao cuidado direto aos pacientes (presença
de sangue, secreções, fluidos corporais por incisões, sondagens e cateteres), à
dependência de cuidados por parte dos pacientes, ao elevado número de
procedimentos e de intervenções terapêuticas que necessitam de uso de
materiais perfurocortantes e de equipamentos, aumentando possibilidade do
profissional adquirir infecções e doenças não confirmadas. Os riscos a que os
profissionais estão sujeitos estão relacionados com os riscos dos pacientes
que atendem (NISHIDE; BENATTI, 2004).
Daí a importância da orientação e educação dos profissionais de
enfermagem em controlar os agentes de risco, utilizar os EPI´s e participar dos
controles administrativos, programas de exames médicos e sempre adotar
medidas de segurança (FUNDEN apud NISHIDE; BENATTI, 2004; GIR et al.,
2004).
De acordo com a Norma Regulamentadora – NR 6, “[...] considera-se
Equipamento de Proteção Individual (EPI) todo dispositivo ou produto, de uso
individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis
de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”. Este equipamento deve ser
aprovado por órgão competente do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e
é de fornecimento gratuito e obrigatório aos empregados que dele
necessitarem. Fabricante e importador, empregado e empregador têm
obrigações com relação a seu uso (BRASIL, 2004, p. 13).
Os equipamentos que fazem parte da prática profissional de enfermagem
podem ser assim descritos: máscaras para proteção respiratória; óculos para
amparar os olhos contra impactos, radiações e substâncias; luvas para
proteger contra riscos biológicos e físicos; avental ou capote descartável e
gorro para evitar aspersão de partículas dos cabelos e do couro cabeludo no
campo de atendimento. Todos esses EPI´s são utilizados para prevenir o
usuário de adquirir doenças em virtude do contato profissional – paciente e
contra riscos de acidentes de trabalho visando à conservação da sua própria
saúde (ALMEIDA-MURADIAN, 2002; PEREIRA et al., 2002; TAVARES;
SALES, 2007).
A adesão ao uso dos EPI`s traz consigo benefícios à saúde do
trabalhador e aos empregadores sendo eles: maior produtividade, diminuição
do número de licenças – saúde e redução dos gastos hospitalares com
equipamentos e materiais. Lembrando que o uso dos EPI´s deve ser adequado
às necessidades do procedimento avaliando o conforto, o tamanho do
equipamento e o tipo de risco envolvido para não resultar em despesas para a
instituição e comprometer a execução do procedimento. Em contra partida a
não adesão aos equipamentos, quando necessário, pode resultar em prejuízos
afetando as relações psicossociais, familiares e de trabalho, contribuindo para
que os acidentes de trabalho continuem ocorrendo (BALSAMO; FELLI, 2006;
BRANDÃO, apud MARZIALE; NISHIMURA; FERREIRA, 2004; TAVARES;
SALES, 2007).
Além da conscientização dos trabalhadores à adesão aos EPI´s, os
profissionais contam com programas focados na prevenção primária dos
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.1-N.1-Nov./Dez. 2008.
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acidentes de trabalho, realizado por meio das análises da prática profissional,
identificação dos riscos ocupacionais a que estão expostos os trabalhadores e
os métodos utilizados para evitar os acidentes (ORENTEIN et al. apud
MARZIALE; NISHIMURA; FERREIRA, 2004).
A escolha desse tema deu-se em função dos trabalhadores da área de
saúde suprirem a maior parte do cuidado direto e indireto com pacientes nos
hospitais, preocupando-se muito com o cuidado e pouco com os riscos a que
estão expostos.
Este é um estudo de interesse dos profissionais de enfermagem, que
lidam com pessoas possivelmente portadoras de patologias variadas e que
devem oferecer-lhes assistência sem comprometer sua própria saúde. Este
estudo proporciona aos profissionais de enfermagem conscientização sobre a
necessidade de adesão a hábitos e procedimentos necessários para a
proteção de sua saúde.
Interessa aos empregadores, que estão obrigados por lei a fornecer os
equipamentos necessários, uma vez que estes devem cumprir a lei para não
sofrerem sanções e processos trabalhistas. Assim, ao cuidarem da saúde de
seus funcionários, recebem em troca maior produtividade, dedicação e
eficiência por parte dos mesmos.
Interessa aos autores deste trabalho, futuros enfermeiros, pois estão
adquirindo conhecimentos indispensáveis à sua futura profissão. E interessa a
sociedade, já que a preocupação com a saúde de seus membros contribui para
preservação de sua capacidade de trabalho, beneficiando à sociedade como
um todo.
Nesse contexto, os objetivos que direcionaram os estudos foram: verificar
os tipos de riscos a que estão sujeitos os profissionais no hospital; avaliar o
conhecimento da equipe de enfermagem de um hospital da região do Vale do
Aço sobre o uso dos EPIs; verificar disponibilidade dos EPI’s nos setores
pesquisados. Buscou - se como objetivo geral, analisar a adesão ao uso de
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) pela equipe de enfermagem deste
hospital.
METODOLOGIA
Foi desenvolvida uma pesquisa de caráter quantitativo através de um
estudo descritivo e realizado uma pesquisa de campo.
O método quantitativo é aquele que usa a análise estatística para o
tratamento dos dados (FIGUEIREDO, 2004).
Para inclusão na amostra que compôs o universo da pesquisa foram
considerados todos os membros da equipe de enfermagem que realizam
assistência direta a pacientes de um hospital na região do Vale do Aço e que
aceitaram participar do estudo nos turnos vespertino e noturno, com o objetivo
de abordar todas as letras que compõem a escala de funcionários, de acordo
com a jornada de trabalho. A equipe é formada por 76 profissionais, sendo
nove auxiliares, 59 técnicos e oito enfermeiros. Participaram da pesquisa 59
(77,6%) dos profissionais, os demais membros da equipe de enfermagem não
participaram por motivos de ausência (férias e afastamento) e por não querer
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.1-N.1-Nov./Dez. 2008.
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contribuir com a pesquisa. Dos 59 participantes, são: sete auxiliares (11,9%),
48 técnicos (81,3%) e quatro enfermeiros (6,8%) - totalizando 100%.
Para coleta de dados, utilizou-se questionário estruturado, subdividido em
três partes: identificação do participante, dados referentes aos riscos
ocupacionais, ao conhecimento da utilização de EPIs e dados referentes ao
uso de EPIs, aplicado no mês de janeiro de 2008, no próprio ambiente de
trabalho dos profissionais. Sendo as áreas de clínica médica, pronto
atendimento, UTI, CME e bloco cirúrgico.
A autorização prévia do Diretor do Departamento de Assistência
Hospitalar da instituição pesquisada foi necessária. Os participantes foram
abordados pelos pesquisadores nas instalações do hospital e responderam ao
questionário após formalizarem sua autorização pela assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Aos participantes foi assegurado o sigilo a
respeito de sua identificação O estudo contemplou a Resolução 196/96, do
Conselho Nacional de Saúde que regulariza pesquisas com seres humanos.
Foi feita a análise dos dados obtidos, transformando-os em percentagens,
às quais estão sendo apresentadas sob forma de tabelas. Os dados obtidos
foram discutidos à luz da teoria levantada.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Os resultados da pesquisa realizada com profissionais do hospital do
município de Coronel Fabriciano - MG foram expressos em formas de tabelas e
discutido com base na literatura.
Quanto à categoria profissional, a maioria são técnicos de enfermagem
sendo 81,3% dos entrevistados, conforme TAB. 1.
TABELA 1 Categoria profissional dos entrevistados.
Categoria profissional
Freqüência
Técnico de enfermagem
48
Auxiliar de enfermagem
7
Enfermeiros
4
Total
59
%
81,3
11,9
6,8
100%
Informaram estar sujeitos à exposição a riscos biológicos, 94,9% dos
entrevistados; a riscos físicos, 79,7%; a riscos ergonômicos, 69,5%, conforme
TAB. 2.
TABELA 2 Riscos a que os entrevistados estão sujeitos no exercício de sua atividade
profissional.
Riscos
Freqüência
%
Riscos biológicos
56
94,9
Riscos físicos
47
79,7
Riscos ergonômicos
41
69,5
Riscos Químicos
29
49,2
Riscos ambientais
18
30,5
Obs.: Os participantes assinalaram mais de uma opção como resposta.
Barboza e Soler (2004) confirmam que as condições de trabalho do
ambiente hospitalar não são sempre adequadas e especificam os riscos
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.1-N.1-Nov./Dez. 2008.
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ocupacionais a que estão expostos os profissionais que ali atuam
desencadeados por fatores biológicos, físicos, químicos, ergonômicos,
ambientais. São os fatores biológicos: exposição a fluidos e secreções
corpóreas, sangue e materiais contaminados, fluídos orgânicos. Os fatores
relacionados aos riscos físicos: exposição à radiação, temperaturas elevadas,
ruídos sonoros, manipulação de equipamentos como autoclaves, secadoras e
termodesinfestadora. Fatores ergonômicos: sobrecargas de peso durante
transporte de equipamentos, materiais e pacientes, postura inadequada e
flexão de coluna como agravante para lesões durante organização de
materiais. Relacionados aos fatores químicos: uso prolongado das luvas de
procedimento, contato com detergentes e substâncias como aldeído, formol,
vapores e gazes nocivos em grande quantidade. Finalizando, os fatores
relacionados aos riscos ambientais: Escadas, pisos irregulares e
escorregadios, e temperatura ambiente inadequada. (XELLEGATI; ROBAZZI,
2003; MOURA, 2006; MARZIALE; RODRIGUES, 1998).
Na TAB. 3, quando perguntados se já tinham sofrido acidentes e se
durante o acidente faziam o uso dos EPI´s, 86,4% dos entrevistados não
sofreram acidentes. Dos 13,6% que tiveram acidentes no exercício de sua
profissão, apenas 11,9% faziam uso de EPIs no momento do acidente.
TABELA 3 Uso do EPI no momento do acidente por entrevistados que já sofreram acidentes de
trabalho.
Entrevistados que já
sofreram acidentes
Não
Sim
Total
Freqüência
%
51
8
86,4
13,6
59
100,0
Faziam uso do EPI no
momento do acidente
Não responderam
Sim
Não
Freqüência
51
7
1
59
%
86,4
11,9
1,7
100,0
Xavier (2003) apud Barboza; Soler e Ciorlia (2004) relatam que é comum
haver acidentes com instrumentos perfurocortantes em hospitais e suas causas
é a imperícia, o desrespeito às normas de segurança, insuficiência de
orientação, falha de supervisão ou de orientação, condições inadequadas e
estressantes de trabalho e uso inadequado ou insuficiente dos equipamentos
de proteção. Consiglieri e Hirata (2002) alertam para o fato de que muitos dos
acidentes que ocorrem são devidos à falta de observação das normas de
segurança.
A TAB. 4 apresenta os procedimentos realizados durante a prática
profissional de competência da equipe de enfermagem.
Os procedimentos nos quais a equipe de enfermagem mais utiliza EPI´s
são: limpeza e desinfecção de materiais, (83,1%), tratamento básico de feridas,
(74,6%), sondagem, banho de leito e aspiração de vias aéreas (72,9%).
Os riscos ocupacionais aos quais a equipe de enfermagem está sujeita
relacionam-se, em maior número, ao cuidado direto com os pacientes
(presença de sangue, secreções, fluidos corporais por incisões, sondagens e
cateteres), ao elevado número de procedimentos e de intervenções
terapêuticas que necessitam de uso de materiais perfurocortantes e de
procedimentos invasivos relacionados à investigação diagnóstica de diversas
patologias expondo os trabalhadores a infecções e a doenças não confirmadas.
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.1-N.1-Nov./Dez. 2008.
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TABELA 4 Procedimentos durante os quais os entrevistados utilizam EPI.
Procedimentos
freqüência
Limpeza e desinfecção do material
49
Tratamento básico das feridas
44
Sondagem
43
Banho de leito
43
Aspiração das vias aéreas
43
Arrumação do leito
39
Glicemia capilar
29
Administração medicamentos via endovenosa
29
Mudanças posturais
25
Administração medicamento via intramuscular
15
Preparo de medicamento em ampola
10
Aferição dos sinais vitais
5
Outros
16
%
83,1
74,6
72,9
72,9
72,9
66,1
49,2
49,2
42,4
25,4
16,9
8,5
27,1
Obs.: Alguns dos participantes assinalaram mais de uma resposta.
Os riscos a que os profissionais estão sujeitos relacionam-se aos riscos
dos próprios pacientes atendidos (NISHIDE; BENATTI, 2004). Nesse sentido,
fato dos profissionais não utilizarem sempre os EPI’s contraria o artigo 166 da
CLT que obriga os empregados ao uso desse tipo de equipamento, conforme
Brasil (2004).
As TABs 5, 6 e 7 apresentam dados referentes à frequência do uso dos
EPI´s pela equipe de enfermagem (enfermeiros, técnicos de enfermagem e
auxiliares de enfermagem).
Solicitados a informar a freqüência do uso dos equipamentos de proteção
individual aconselhados para os profissionais de enfermagem durante a prática
profissional, a categoria profissional (enfermeiros) informou que usa sempre as
luvas, máscara e gorro e nem sempre óculos e capote (TAB. 5).
Tabela 5 Freqüência de uso dos EPIs pelos enfermeiros.
TIPO DE
EPI
CATEGORIA PROFISSIONAL
Enfermeiro (4)
Sempre
Nem sempre
Não uso
frequência
%
Frequência
%
Frequência
%
Máscara
4
100
Óculos
4
100
Luvas
4
100
Capote
4
100
Gorro
4
100
Na categoria Técnico de enfermagem, há uma adesão maior ao uso de
luvas do que aos demais EPI`s, assim 74,6% dos profissionais responderam
utilizá-las sempre e 6,8% nem sempre. Quanto à máscara ficou constatada
uma equivalência de uso, 33,9% para ambos. Os demais EPIs, óculos, capote
e gorro nem sempre são utilizados (TAB. 6).
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.1-N.1-Nov./Dez. 2008.
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Tabela 6 Freqüência de uso dos EPIs pelos Técnicos de enfermagem.
TIPO DE
EPI
CATEGORIA PROFISSIONAL
Técnico de enfermagem (48)
Sempre
Nem sempre
Não uso
frequência
%
frequência
%
frequência
%
Máscara
20
33,9
20
33,9
8
13,6
Óculos
Luvas
Capote
Gorro
13
44
18
11
22
74,6
30,5
18,6
28
4
23
23
47,5
6,8
39
39
7
11,9
7
14
11,9
23,8
A TAB. 7 está direcionada a categoria profissional dos auxiliares de
enfermagem.
Tabela 7 Freqüência de uso dos EPIs pelos Auxiliares de enfermagem.
TIPO DE
EPI
CATEGORIA PROFISSIONAL
Auxiliar de enfermagem (7)
Sempre
Nem sempre
Não uso
frequência
%
frequência
%
frequência
%
Máscara
2
3,4
5
8,5
Óculos
Luvas
Capote
Gorro
2
6
2
1
3,4
10,2
3,4
1,7
5
1
4
3
8,5
1,7
6,8
5,1
1
3
1,7
3,1
Os EPI`s que têm o maior número de adesão na sua utilização com a
freqüência de sempre utilizarem, são as luvas. Os EPI´s: máscara, óculos e
capote nem sempre são utilizados pelos auxiliares de enfermagem. Já o gorro
o número de profissionais que nem sempre utilizam é equivalente aos que não
utilizam (TAB 7).
Apesar da necessidade do uso dos EPI’s ser teoricamente aceita por
todos, muitos profissionais de enfermagem não fazem uso dos mesmos porque
pensam não correrem risco de contrair doenças ou porque não gostam de usar
EPI`s, confirmando o relato de Souza (2002): os profissionais de enfermagem
conhecem as medidas de segurança para prevenção de acidentes, mas nem
sempre as aplicam, tornando um agravante que contribui para que acidentes
de trabalhos ainda continuem acontecendo (BALSAMO; FELLI, 2006; GIR et
al., 2004; MOURA, 2006).
Os profissionais de saúde sabem promover cuidados adequados a seus
pacientes, mas têm apenas uma preocupação geral com sua própria saúde.
(OLIVEIRA E MUROFUSE, 2001).
Quando questionados dos motivos pelos quais eles não utilizam os
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.1-N.1-Nov./Dez. 2008.
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EPI´s devidamente, os participantes confirmaram vários dos motivos citados
por Gir et al. (2004) para não usarem EPI: falta de necessidade porque nunca
sofreram acidentes e incômodo durante a utilização do equipamento. As outras
respostas confirmam o relato de Moura (2006): os profissionais entrevistados
não gostam de usar EPI, tanto que não fazem uso dos mesmos
constantemente. Os motivos que tiveram maior índice estão apresentados na
tabela oito: falta de disponibilidade dos EPI´s e desconforto/incômodo na
utilização dos mesmos.
TABELA 8 Motivos pelos quais os entrevistados não usam os EPI’s
Motivos do não uso do EPI
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
Máscara
Acho desnecessário
Óculos
Luvas
Capote
Gorro
Fq.
%
Fq.
%
Fq.
%
Fq.
%
Fq.
%
2
4,4
2
4,4
1
2,2
3
6,6
4
8,8
1
2,2
6
13,2
6
13,2
5
11,0
Alergia ao material
Desconforto/ incômodo
5
11,0
5
11,0
Descuido
3
6,6
6
13,2
Esquecimento
2
4,4
6
13,2
3
6,6
3
6,6
1
2,2
Falta de hábito/ disciplina
4
8,8
8
17,6
2
4,4
13
28,6
10
22,2
Falta disponibilidade do EPI
8
17,6
8
17,6
2
4,4
12
26,4
8
17,6
2
4,4
15
33,0
28
61,6
17
37,4
18
39,6
Uso de óculos de grau
Não respondeu
23
50,6
Obs.: Alguns dos entrevistados assinalaram mais de uma resposta.
Esses dados contrariam o que diz o artigo 166 da CLT, conforme Brasil
(2004), pois o referido artigo obriga a empresa ao fornecimento gratuito do EPI
necessário ao trabalho realizado. E confirmam o que obtiveram Marziale e
Nishimura (2004) em pesquisa realizada em São Paulo em 2002: o material é
fornecido nos hospitais em quantidade insuficiente.
CONCLUSÃO
Os Equipamentos de Proteção Individual tem uso regulamentado por
legislação própria, sendo considerado tal uso obrigação do fabricante, do
empregador e do empregado.
Os profissionais da área de saúde prestam cuidados a pessoas
possivelmente portadoras e transmissoras de doenças. Tem contato com
materiais perfurocortantes, fluidos corporais e sangues, expondo-se a várias
situações de riscos físicos, biológicos, químicos, ergonômicos, mecânicos,
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.1-N.1-Nov./Dez. 2008.
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psicológicos e sociais, prejudicando a organização do trabalho, a qualidade da
assistência prestada e repercutindo na saúde do trabalhador.
A maior parte demonstrou saber que está exposta a riscos biológicos,
físicos e ergonômicos no exercício de sua função. Os riscos químicos e
ambientais não são de conhecimento da maioria dos entrevistados. A maioria
respondeu utilizar os equipamentos de proteção individual e uma minoria,
13,6% já sofreu acidente de trabalho. Destes, apenas 1,7% não usavam EPI no
momento do acidente.
Contudo, apesar de todos relatarem que usam EPIs principalmente no
tratamento básico de feridas, arrumação do leito, sondagem, banho de leito,
limpeza e desinfecção do material e aspiração das vias aéreas, nem todos os
usam de forma constante. As luvas são os equipamentos de proteção individual
mais utilizados. Já o capote, o gorro, os óculos e a máscara não são tão
aceitos pelos profissionais.
Um motivo relevante e preocupante para a falta de uso dos EPI’s
necessários ao trabalho de enfermagem é a falta de disponibilidade dos
mesmos. Mas outros fatores também podem ser considerados agravantes,
visto que mesmo quando há disponibilidade do equipamento de proteção, o
mesmo não é utilizado por motivos pessoais, como: desconforto/incômodo,
esquecimento, descuido, falta de hábito/disciplina sendo que estes fatores que
contribuem para uma proteção inadequada.
Verifica-se, portanto, que tanto empregadores quanto empregados
descumprem a legislação vigente, colocando a saúde dos trabalhadores que
cuidam da saúde dos pacientes em risco.
Sugere-se a necessidade de maior conscientização dos profissionais de
enfermagem a respeito da necessidade do uso dos Equipamentos de Proteção
Individual, a fim de que a resistência a esse uso seja superada e os
profissionais possam exercer suas funções tornando-os isentos de riscos à
própria saúde.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA-MURADIAN, Ligia Bicudo de. Equipamentos de proteção individual e
coletiva. In: HIRATA, Mário Hiroyuki; MANCINI FILHO, Jorge. Manual de
biossegurança. Barieri: Manole, 2002.
BALSAMO, Ana Cristina; FELLI, Vanda Elisa Andres. Estudo sobre os
acidentes de trabalho com exposição aos líquidos corporais humanos em
trabalhadores da área de saúde de um hospital universitário. Revista Latinoamericana de Enfermagem. Ribeirão Preto, v. 14, n. 3, p. 346-53, maio/ jun.
2006.
Disponível
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