Versão em pdf para impressão

Propaganda
Centro de Comunicação Social do Exército | Brasília, DF | domingo | 30 de outubro de 2016
Ao falar do Quadro de Material Bélico é preciso remontar a Carlos Antônio
Napion, nascido em 30 de outubro de 1756, em Turim, Itália. Napion assentou
praça aos 14 anos, como Cadete, no Corpo Real de Artilharia do Exército
Italiano. Desde o início, sua carreira foi dedicada aos estudos de metalurgia e química, voltados ao
desenvolvimento de materiais bélicos.
No posto de Capitão, estava envolvido no Arsenal, inovando os processos metalúrgicos para a
preparação de pólvora. Entre 1793 e 1795, participou de campanhas contra Napoleão. Em 1795, foi
promovido a Major e nomeado Inspetor do Conselho das Minas.
Em 1800, o Governo de Portugal, interessado na capacidade intelectual e no desempenho
profissional do então Tenente-Coronel Napion, resolveu contratá-lo para reorganizar e modernizar
a Artilharia do Exército Lusitano. Dois anos depois, promovido a Coronel, Napion recebeu o cargo
de Inspetor-Geral de Oficinas.
Com as investidas do Exército Napoleônico contra Portugal, a Família Real mudou-se para o
Brasil em 1808. Coronel Napion veio com a comitiva e recebeu a missão de desenvolver as bases
da indústria bélica brasileira. Ainda naquele ano, foi promovido a Marechal de Campo e, em 1810,
alcançou o posto de Tenente-General, o mais elevado da hierarquia militar na época.
No Brasil, o Tenente-General Napion exerceu, com maestria, diversos cargos importantes:
Inspetor-Geral da Real Junta de Fazenda dos Arsenais, Fábricas e Fundições; Diretor do Arsenal
Real do Exército, atual Arsenal de Guerra do Rio; e Presidente da Junta Militar da Academia Real
Militar, montada na Casa do Trem, e embrião da atual Academia Militar das Agulhas Negras, onde
consta esse reconhecimento na galeria de Ex-Comandantes. Morreu no Rio de Janeiro, em 27 de
junho de 1814, deixando diversos livros e trabalhos técnicos como legado.
Em 4 de novembro de 1959, com os objetivos de reunir os militares que labutavam nessa área
e promover o enfoque doutrinário das Unidades que se dedicavam às atividades de manutenção
dos materiais de emprego militar, foi criado, por meio do Decreto nº 3.654, o mais novo núcleo
operacional da Força: o Quadro de Material Bélico, que, quase sete anos depois, em 12 de
Especial
agosto de 1966, viria a ter, como Patrono, o Tenente-General Carlos
Antônio Napion e, mais tarde, em outra homenagem, o símbolo do
Material Bélico passaria a ser os dois canhões cruzados sobrepostos
do brasão de armas da antiga Casa do Trem.
Ao longo da história, o Material Bélico evoluiu junto com a
tecnologia e a doutrina militares e veio a sofrer diversas transformações:
- em 1921, dá-se a primeira iniciativa de implantação da
motomecanização no Exército Brasileiro, com a inserção dos
blindados;
- em 25 de maio de 1938, foi criada a Subunidade Escola
Motomecanizada, marcando a definitiva implantação dos blindados
na Força;
- em 21 de janeiro de 1939, foi instituído o Centro de Instrução de
Motorização e Mecanização; e
- com o advento da Segunda Guerra Mundial e o propósito de
contribuir para a formação dos Matbelianos da Força Expedicionária
Brasileira, o Centro foi transformado em Escola de Motomecanização
e, posteriormente, em Escola de Material Bélico, no Rio de Janeiro.
Neste novo século, o Material Bélico é o componente da Função de
Combate Logística, responsável por planejar e conduzir as atividades e
tarefas dos Grupos Funcionais “Manutenção, Suprimento, Transporte
de Material de Emprego Militar e Salvamento”, nos quais desempenha
papel de importância fundamental para a continuidade dos Projetos
Estratégicos do Exército Brasileiro, Indutores da Transformação do
Exército.
A necessidade de dispor de capacidades para atuar em amplo
espectro dos conflitos pressupõe a existência de uma estrutura
logística adequada e com capacidade de evoluir – rapidamente e
com adaptações mínimas – de uma situação de normalidade para a
de guerra. Nesse contexto, o Material Bélico vem consolidando seu
papel de logístico nas operações militares, assim como na preparação
e na sustentação das tropas brasileiras empregadas em missões de paz
ou em operações multinacionais.
O Material Bélico contribui para assegurar à Força Terrestre o
poder de fogo e a mobilidade tática imprescindíveis ao cumprimento
da missão, provendo e mantendo os meios materiais.
As características do ambiente operacional da atualidade, tais como
ritmo acelerado das operações continuadas, caráter multidimensional
do espaço de batalha e necessidade de superioridade e segurança de informações, geram a demanda
de novas competências para os soldados Matbelianos, exigindo desses profissionais, além de elevada
capacidade técnica e gerencial, flexibilidade, iniciativa, responsabilidade e, sobretudo, liderança,
pois a gestão dos materiais realizada pelo Material Bélico se torna uma atividade fundamental para
a manutenção da operacionalidade da tropa.
A profusão de inovações tecnológicas, a valorização das questões humanitárias e ambientais
e a prevalência dos combates em áreas urbanizadas requerem novas capacidades e competências
das organizações e, consequentemente, dos combatentes logísticos para a prestação do apoio
indispensável, englobando do suporte às operações convencionais à ajuda humanitária. A
excelência desse apoio depende, sobremaneira, da rapidez e da eficiência de manutenção, transporte
e suprimento, fatores determinantes para as operações. Dessa forma, o Material Bélico busca a
atualização contínua das táticas, das técnicas e dos procedimentos inerentes ao suporte logístico,
adequando-se a esse ambiente operacional em constante mutação.
Enfim, nesse cenário, as perspectivas para o futuro do Material Bélico são tão amplas quanto
as da própria Força Terrestre. A tecnologia incorporada aos novos Materiais de Emprego Militar,
dotados de elevado grau de sofisticação, deve ser correspondida com uma logística de material
efetiva que apoie as novas necessidades operativas do Exército Brasileiro. Frente a esse desafio,
o Material Bélico que se faz presente no espírito dos homens e mulheres que, a despeito da
imensidão do País-continente e das restrições impostas, garantem a disponibilidade de materiais,
equipamentos e sistemas de armas nos prazos e locais exigidos pela situação tática ou mesmo
estratégica.
Assim, “na paz ou na guerra,” a efetividade do Apoio Logístico – na manutenção, no suprimento
e no transporte – contribuirá, sempre decisivamente, para o êxito das operações e exigirá uma
natural evolução do Material Bélico.
Prever, prover e manter! Eis o lema dos integrantes do Material Bélico.
Parabéns aos Matbelianos, pelo nosso dia!
Download