UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO LILA REIS LOPES O MARKETING NAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR PRIVADAS DA BAHIA: UM ESTUDO SOBRE O NÍVEL DE CONHECIMENTO E POTENCIALIDADE DE USO DO MARKETING, E SOBRE AS ASPIRAÇÕES E NECESSIDADES DOS ESTUDANTES CANDIDATOS Salvador 2006 1 LILA REIS LOPES O MARKETING NAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR PRIVADAS DA BAHIA: UM ESTUDO SOBRE O NÍVEL DE CONHECIMENTO E POTENCIALIDADE DE USO DO MARKETING, E SOBRE AS ASPIRAÇÕES E NECESSIDADES DOS ESTUDANTES CANDIDATOS Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Administração, Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Administração Orientador: Prof. Dr. Cláudio Cardoso Salvador 2006 2 TERMO DE APROVAÇÃO LILA REIS LOPES O MARKETING NAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR PRIVADA NA BAHIA: UM ESTUDO SOBRE O NÍVEL DE CONHECIMENTO E POTENCIALIDADE DE USO DO MARKETING, E SOBRE AS ASPIRAÇÕES E NECESSIDADES DOS ESTUDANTES CANDIDATOS Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Administração, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora Banca Examinadora: Prof. Dr. Cláudio Cardoso______________________________________________________ Universidade Federal da Bahia Prof. Dr. Giovandro Marcus Ferreira _____________________________________________ Universidade Federal da Bahia Prof. Dr. Messias Bandeira _____________________________________________________ Faculdade de Tecnologia e Ciência - FTC Salvador, ___ de __________________ de _______ 3 A Paulo Bento, que já encheu a minha vida de luz. 4 AGRADECIMENTOS Árdua, e paradoxalmente ingrata, é a tarefa de agradecer. Dependendo “sempre de tanta muita e diferente gente”, parece-me invariavelmente insuficiente a lista de nomes que me ocorre no momento de selar um período, como este, de grande valor para mim. O Mestrado Profissional da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia revelou-se um espaço rico e inestimável de troca de saber e de compartilhamento de experiências. Além da aprendizagem formal, bastante competente e eficazmente conduzida por professores de excelência em seus campos de conhecimento, a oportunidade de conviver com meus colegas, profissionais de enorme qualidade, fez destes momentos uma doce lembrança já guardada em minha mente. Quero, portanto, iniciar esta lista agradecendo a todos os meus colegas do MPA05 e homenagear especialmente Graziela Arakawa, José Antônio Barata, Regina Sá Menezes e Sandro Pasini, donos de características tão essenciais durante um processo como este: o humor, a inteligência, o apoio mútuo, a amizade. Depois, numa lista que se estabelece em ordem cronológica – da dúvida inicial de enfrentar ou não este desafio, em 2003, até sentir-me o mais próxima possível de sua conclusão, hoje, em 2006 – agradeço a cada um especialmente: Ricardo Mendes, Elaine Norberto, Beatriz Freitas, Manuela Porto, Gabriela Tourinho, Romana D’Angelis e a toda equipe da Painel Brasil. Aos colegas das Faculdades Jorge Amado, pela inspiração em buscar sempre as melhores reflexões e pelo intermitente espírito de inquietação e busca pela excelência. A Viviane Brito e Eugênio Barreto, o meu carinho e gratidão pela confiança em compartilhar comigo sonhos tão nobres, e que inspiram as idéias desta pesquisa. À banca examinadora que, em função da minha avançada fase de gestação, aceitou gentilmente o exíguo prazo para a leitura e avaliação do trabalho. A toda minha família, em especial a Paulo (in memorian) e Dalma, pelos horizontes desde tão cedo a mim concedidos, a Danilo, Lucas e Paula pela força e alegria diária, e é claro, ao apoio incessante, carinhoso e companheiro de Sérgio e Sebastião nas intermináveis, mas muito gratificantes, noites de trabalho. 5 Last but not least, com um sotaque bastante britânico com o qual elegantemente descreve tão bem tantos fenômenos de comunicação, um especial agradecimento a Cláudio Cardoso, pela inteligência, cuidado, atenção e incentivo sem os quais não poderia estar escrevendo este texto. 6 “De tempos em tempos ocorrem grandes transformações na história. Cruzamos uma ponte. Em poucas décadas a sociedade se reorganiza – sua visão do mundo, seus valores básicos, sua estrutura social e política, suas artes, suas instituições mais importantes. Depois de cinqüenta anos, existe um novo mundo. E as pessoas nascidas nele não conseguem imaginar o mundo em que seus avós viviam e seus pais nasceram. Estamos neste momento atravessando a ponte.” Peter Drucker “O ouvinte pode negar in toto a manifestação de um falante, ao contestar quer a verdade do enunciado nela afirmado (ou das preposições de existência do conteúdo de seu anunciado), quer a justeza do ato de fala em relação ao contexto normativo do ato da manifestação (ou a legitimidade do próprio contexto pressuposto) quer a veracidade da intenção manifesta do falante (isto é, a adequação entre o que deseja dizer e o que diz). Por conseguinte, a relação interna entre sentido e validade é pertinente para todo o espectro de significados lingüísticos, e não apenas para o significado de expressões que podem ser integradas em proposições assertóricas. Não apenas para os atos de fala constatativos, mas para quaisquer outros é válido o princípio de que entendemos o seu significado ao conhecermos as condições sob as quais eles podem ser aceitos como válidos”. Jurgen Habermas 7 RESUMO O Ensino Superior privado brasileiro vive um momento de ajustes. Depois de um período de alta demanda por vagas em suas instituições, o setor enfrenta agora uma forte concorrência que imprime aos dirigentes educacionais muitos desafios em suas gestões. Este estudo trata especialmente da gestão de marketing destas instituições e de suas relações com os diferentes públicos com que interagem. Para investigar algumas causas e efeitos destas interações, este trabalho busca traçar um panorama histórico do desenvolvimento do setor, considerando suas perspectivas sociais, políticas e econômicas, mantendo um constante diálogo com as mais importantes idéias e formulações dos principais teóricos de Marketing. A pesquisa desenvolveu-se a partir de entrevistas com os principais públicos destas IES (Instituições de Ensino Superior): alunos de ensino médio, pais de alunos, alunos universitários e professores do ensino médio e universitário, e teve como objetivo identificar em que medida as reais aspirações destes públicos vêm sendo consideradas nos planos de comunicação e marketing destas Instituições. Palavras-chave: Gestão de IES privadas; Marketing em educação; Posicionamento; Planos de marketing; Propaganda; Ensino público X Ensino privado. 8 ABSTRACT The Private College Business in Brazil experiences a moment f adjustments. After a long period of high demands for vacancies in private institutions, the business now faces strong competition which imposes many challenges to educational leaders and their managing strategies. This study is especially about the way these private college institutions manage their relationship with the different groups they interact with. In order to investigate some of the causes and effects related to these interactions, this work hopes to trace a historical panorama of the development this kind of business has had, taking into consideration its social, political, and economical perspectives, and also keeping a permanent dialog with the most important ideas and definitions of the marketing theoretical principles. This research had its starting point on interviews held with the most important public for this type of business such as: high school students, parents and teachers, and college students and professors. The objective of this research was to identify how the real aspiration of this public has been taken into account in the marketing and communication processes of these institutions. Keywords: Private College Management, Marketing in Education, Posture, Marketing Plans, Propaganda, Private Education X Public Education. 9 LISTA DE FIGURAS Figura 01: Percentual de Crescimento Anual do Ensino Superior no Mundo 27 Figura 02: Investimento em Educação como Porcentagem do PIB 28 Figura 03: Investimento do Setor Público (em bilhões de R$) 28 Figura 04: Grandes Números da Educação Superior-Graduação - Brasil – 2003 33 Figura 05: Grandes Números do Ensino Superior-Graduação - Bahia – 2003 33 Figura 06: Temáticas de campanhas publicitárias de IES privadas brasileiras 35 Figura 07: Numero de Vagas na Graduação das IES Brasileiras 65 Figura 08: Instituições de Educação Superior em 2004 por Organização Acadêmica 66 Figura 09: Instituições de Educação Superior em 2004 por Região 66 Figura 10: Funções Docentes em Exercício e Afastados em 30/06/2004 por Região 67 Figura 11: Instituições de Ensino Superior no Brasil entre 2000 e 2004 67 Figura 12: Matriculas em Curso de Graduação Presencial no Brasil entre 2000 e 2004 67 Figura 13: Docentes nas IES entre 2000 e 2004 67 Figura 14: Docentes com Mestrado e/ou Doutorado nas IES entre 2000 e 2004 67 Figura 15: A sua instituição tem algum tipo de planejamento de Marketing? 91 Figura 16: Você conhece os conceitos de Marketing de Patrocínio? 91 Figura 17: Há quanto tempo você trabalha com Assessoria de Imprensa? 91 Figura 18: A IES tem um banco de dados com as informações de todos os seus clientes antigos? 92 Figura 19: A IES tem uma marca forte? 92 Figura 20: Meios de comunicação mais utilizados 99 Figura 21: Esquema Psicológico do consumidor 114 Figura 22: Sentimentos negativos quanto ao vestibular 143 Figura 23: Escolha entre IES Pública ou Privada 143 Figura 24: Escolha por uma Universidade Pública 144 Figura 25: Escolha por uma Universidade Privada 145 Figura 26: Troca da IES pública por uma IES Privada 145 Figura 27: Motivos para a troca da IES pública por uma IES Privada 146 Figura 28: Motivos para não trocar a IES pública por uma IES Privada 146 Figura 29: Busca de informações sobre as IES 148 Figura 30: Características que uma IES deve possuir 149 Figura 31: Influência dos professores para a escolha do curso 150 Figura 32: Ciclo vicioso da gestão praticada atualmente 152 10 LISTA DE QUADROS Quadro 01: Resumo do Trabalho Quadro 02: Elementos considerados para análise dos dados obtidos 39 125 Quadro 03: Aspectos positivos e negativos das instituições públicas e privadas – Alunos 127 Quadro 04: aspectos positivos e negativos das instituições públicas e privadas – Pais 128 Quadro 05: Aspectos considerados no processo de decisão da IES – Alunos 130 Quadro 06: Aspectos considerados no processo de decisão da IES – Pais 130 Quadro 07: Percepção sobre o vestibular – Alunos 133 Quadro 08: Percepção sobre o vestibular – Pais 134 Quadro 09: Escolha da profissão / curso – Alunos 138 Quadro 10: Quadro 08: Escolha da profissão / curso – Pais 139 Quadro 11: Dados da pesquisa quantitativa 142 11 LISTA DE TABELAS Tabela 01: Percentual de Instituições Privadas no Ensino Superior de Alguns Países 27 Tabela 02: Faturamento Bruto das 20 Maiores IES Brasileiras 30 Tabela 03: Número de Vagas e Ingressantes nas IES Privadas 64 12 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DO TRABALHO 15 1 INTRODUÇÃO 23 1.1 A EDUCAÇÃO E O ENSINO PRIVADO 23 1.2 AS INSTITUIÇÕES PRIVADAS EM UM NOVO CENÁRIO 30 2 CAPÍTULO 1 - A EDUCAÇÃO 41 2.1 UMA BREVE REVISÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL 41 2.2 O INÍCIO DAS PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 42 2.3 DE 1930 AOS DIAS ATUAIS 45 2.3.1 Contexto Bahia: UFBA e as primeiras instituições privadas 50 2.4 O DIREITO À EDUCAÇÃO, O PÚBLICO E O PRIVADO 53 2.5 O ENSINO PRIVADO NO BRASIL – CONTEXTO HISTÓRICO 57 2.6 DE 1997 A 2005 – UM NOVO PANORAMA DO ENSINO PRIVADO BRASILEIRO 2.7 63 A COMPETIÇÃO NO SETOR E A ATUAÇÃO DAS IES PRIVADAS NO BRASIL 66 3 CAPÍTULO 2 - MARKETING E ENSINO SUPERIOR 71 3.1 CONCEITOS E DISCUSSÃO INICIAL 73 3.2 EQUÍVOCOS E CRÍTICAS AO MARKETING 76 3.3 A ORIENTAÇÃO DE MARKETING 79 3.4 MARKETING DE PRODUTOS E MARKETING DE SERVIÇOS 82 3.5 POSICIONAMENTO 85 3.6 MARKETING DE RELACIONAMENTO 93 3.7 A PROPAGANDA 95 3.8 A CRÍTICA À PROPAGANDA 99 3.9 BRANDING – GERENCIAMENTO DA MARCA 104 3.10 O MIX DE MARKETING 106 3.11 O MARKETING NAS IES 109 3.12 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 113 13 4 CAPÍTULO 3 - APRESENTAÇÃO DA PESQUISA - ESTRATÉGIA METODOLÓGICA DE PESQUISA E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 117 4.1 PESQUISAS QUALITATIVAS 120 4.2 PESQUISAS QUANTITATIVAS 123 4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 124 5 CAPÍTULO 4 – DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 125 5.1 ELEMENTOS CONSIDERADOS PARA ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS - MODELO 125 5.2 PESQUISA QUALITATIVA 126 5.2.1 Percepção sobre aspectos positivos e negativos das instituições públicas e privadas 126 5.2.2 Processo decisório da escolha da instituição de ensino superior 128 5.2.3 Aspectos considerados no processo de decisão da IES 129 5.2.4 Influências externas no processo de escolha 131 5.2.5 Percepção sobre Faculdades X Universidades 131 5.2.6 Percepção sobre o vestibular 132 5.2.7 Estratégias de comunicação 135 5.2.8 Campanhas registradas na memória 136 5.2.9 Opinião sobre o surgimento de novas faculdades 137 5.2.10 Responsabilidade social 137 5.2.11 Processo decisório escolha da profissão / curso – aspectos considerados 138 5.2.12 Informações relevantes para o processo de escolha do curso 140 5.3 PESQUISA QUANTITATIVA 141 5.3.1 Perfil dos entrevistados e uso da Internet – alunos do ensino médio e matriculados em IES privadas de Salvador 142 5.3.2 Sentimentos relativos ao vestibular – alunos do ensino superior 143 5.3.3 Estudar em IES públicas ou Privadas? 143 5.3.4 Aspectos evocados para a escolha de IES privada – alunos do ensino médio e matriculados em IES privadas de Salvador 5.3.5 Meios de comunicação utilizados – alunos de ensino médio e alunos matriculados 5.3.6 147 Motivação e resistência para com as IES´s – alunos do ensino médio e 147 14 matriculados em IES privadas de Salvador 148 5.3.7 Melhor IES privada para se estudar – alunos matriculados em IES 149 5.3.8 Colaboração / influência dos professores – alunos do ensino médio e alunos matriculados em IES 5.3.9 Comunicação e o Processo seletivo – alunos de ensino médio e matriculados em IES privadas de Salvador 6 150 CONCLUSÕES 151 152 REFERÊNCIAS 165 GLOSSÁRIO 173 ANEXO A – PESQUISA ABMES 2004 174 ANEXO B – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA (GRADUAÇÃO) 179 ANEXO C – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA (ENSINO MÉDIO) 185 ANEXO D - LISTA DAS ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO 191 15 APRESENTAÇÃO DO TRABALHO Peter Schwartz fala, em Cenários, sobre as surpresas inevitáveis. Aqueles movimentos que se dão, muitas vezes de forma silenciosa, gerando enormes transformações de ordem econômica, cultural, política ou social. Muitas vezes, excessivamente presos ao passado, ou inadvertidamente reféns do presente, ocorre um engessamento frente a uma nova realidade que já não se domina. “O sucesso de nossos negócios, de nossos governos e, talvez, de nossas escolhas de vida, depende de nossa capacidade para discernir os aspectos que são inevitáveis, e de agirmos adequadamente – mesmo que isso seja desconfortável”. (SCHWARTZ, 2003). Pode parecer desconfortável falar de marketing em educação, mas é disso que irá se falar neste trabalho. Durante muito tempo, educação e marketing foram considerados áreas de estudo aparentemente distantes e dissonantes. Educação, como um dos valores básicos e essenciais de uma sociedade, em nada se aproximaria de marketing, ou do estudo do mercado, regido por leis de demanda e oferta e pautado por uma lógica econômica capitalista. O que se observa, porém, é que tanto as políticas de educação do Brasil, como o modelo de gestão de suas Instituições Educacionais, sempre estiveram intrinsecamente ligadas a um momento econômico e político do mercado e da sociedade. Tomando como ponto de partida um panorama histórico evolutivo deste setor, irá se avaliar de que forma estes momentos delimitaram tais políticas, e como estas foram sustentadas pelas estratégias educacionais adotadas. Este panorama, vale dizer, não tem como objetivo uma avaliação crítica destes movimentos, mas a sua perspectiva histórica. Todos os acontecimentos que se sucederam até o atual contexto de 2005 serão tomados, neste trabalho, como conseqüências dos momentos políticos e econômicos 16 responsáveis por uma nova ordem social que estava por vir, determinando, ou apenas influenciando, a forma do país organizar o seu sistema educacional. O papel da educação é determinante para o grau de competitividade de um país. Desenvolver habilidades, competências e capacitar seus recursos humanos, a fim de gerar riquezas e produzir tecnologias e know-how próprios, pode ser decisivo para um país como o Brasil. Assim, torna-se relevante uma discussão mais aprofundada sobre seus sistemas de gestão, suas interações e suas conseqüências. Entre 1997 e 2007, o sistema educacional brasileiro estará passando por mudanças mais profundas do que nos cinqüenta anos anteriores. [...] Estas IES são normalmente instituições novas, cujos gestores ainda estão mais preocupados em estabelecer o negócio do que em estabelecer práticas eficientes [...] (MONTEIRO, 2004). Desde 1997, no Brasil, o forte crescimento do setor gerou grande competitividade entre os players. Um grande número de instituições disputava o mesmo grupo de candidatos a uma vaga no ensino superior. Assim, criou-se uma corrida aos veículos de comunicação, acreditando ser esta a forma de firmar-se no mercado, e assegurar a quantidade de alunos necessária à sobrevivência e operação destas unidades em um ambiente dinâmico e ainda muito novo. Em termos de competição por fatias de mercado, porém, um dado que não foi considerado é que o setor em questão é especialmente diferenciado, devido à sua atividade. E que outros ativos, que não os financeiros, são de relevante importância para a sobrevivência das unidades, e por que não dizer, de todo o setor em longo prazo. Assim, a lógica de buscar alunos vorazmente, a cada semestre, deve ser sustentada por uma outra lógica: a de firmar-se como instituição de ensino, destacando sobremaneira a sua estrutura acadêmica e desenvolvendo políticas de gestão capazes de gerar valor para sua atividade. Para isso, há de se considerar essencialmente que uma instituição de educação superior é um ambiente de múltiplas e complexas interações e que é o conjunto de todas elas, o que promove uma cultura 17 acadêmica, que atribui uma identidade de valor às suas comunidades. A academia é um espaço de ação, reflexão e formação, onde os atores tornam-se capazes de dinamizar novas leituras acerca do mundo, da sociedade e suas interações. E assim sendo, para além de suas principais questões relacionadas à sua gestão, deve considerar, propiciar e manter esta condição de diversidade e pluralidade em todas as suas atividades, inclusive na sua comunicação. O momento atual revela que, passado o “boom” de candidatos ávidos por ingressar nas faculdades e universidades, estas instituições estão lutando para sobreviver. E a forma equivocada de trabalhar, isoladamente, a sua comunicação e o seu marketing, tem contribuído para gerar uma imagem de descrédito em todo o setor. As imagens e os conceitos são difusos. Grande parte destas instituições ainda não possui identidade própria perante o público, e esta situação agrava-se e põe em cheque um setor que poderia, em muito, contribuir para a construção de um diferencial em nosso Estado: o de manter um altíssimo nível de IES – Instituições de Ensino Superior – privadas. O momento ainda é propício a uma reflexão mais profunda. Uma reorientação, que leve à criação da consistência supracitada, pode significar a viabilização de muitas estruturas que vivem, exatamente agora, um momento crítico e delicado. Este trabalho pretende, então, discutir a aplicação das ferramentas de marketing adequadas à gestão de IES, investigando através das percepções dos seus principais públicos, aspectos que os influenciam significativamente no que diz respeito à construção da imagem do setor, e que terminam, muitas vezes, por influenciar ou determinar as suas escolhas, indiferentemente aos grandes esforços de comunicação que estas Instituições vêm empreendendo. Esta investigação permitirá por fim, identificar o grau de alinhamento entre esta aplicação e as percepções e aspirações dos candidatos, considerando uma perspectiva histórica e social de desenvolvimento do setor. 18 Assim, o nosso problema de pesquisa pode ser formulado através da seguinte questão: Quais aspectos são considerados relevantes no processo de escolha de uma Instituição de Ensino Superior, e em que medida as suas ações de marketing são orientadas ao atendimento das aspirações dos seus candidatos? Para tentar responder a este problema, se procederá a um estudo que adota como pressupostos básicos: − Existe uma acirrada discussão em nossa sociedade sobre as questões do público e privado na educação. Além do caráter social e econômico que marca, essencialmente, o tom deste debate, o grau de valor e qualidade destas Instituições é, invariavelmente, atribuído de forma diferenciada ao ensino público e ao ensino privado; − Muitas vezes, tal debate não se fundamenta na experimentação dos serviços prestados por estas Instituições, mas em conceitos de mérito e valor advindos de percepções herdadas das contingências históricas, sociais e políticas que deram forma ao quadro atual das IES do nosso país; − O governo e os mantenedores destas Instituições permaneceram indiferentes às questões acima levantadas, e não foram capazes de articular um discurso que informasse, de forma satisfatória, à população que atravessava, às vezes sem perceber, uma mudança de paradigma numa esfera essencial a qualquer ser humano: a do direito à Educação; − Pelo contrário, pressionados por um lado, pela forte competição, e por outro, extremamente motivados pela enorme demanda que se apresentava, criaram modelos de gestão destas instituições que desprezavam este conteúdo presente em nossa população. Em grande freqüência, para o enfrentamento desta concorrência, se utilizaram de marketing ou de algumas de suas ferramentas para conquistar espaço em um mercado bastante concorrido; 19 − O marketing é uma área de gestão cujos fundamentos da disciplina ainda são mal compreendidos por grande parte da população. Além disso, alguns gestores, numa atitude amadora ou pouco ética, desvirtuam os reais propósitos aos quais se prestam suas teorias, reforçando por vezes, estas equivocadas compreensões; − Da forma como foram utilizadas estas ferramentas, o seu conteúdo colaborativo para um processo de aproximação e entendimento por parte da sociedade foi desprezado, e os resultados destes equívocos são muito mais onerosos e prejudiciais ao processo de inserção e consolidação destas Instituições do que podem imaginar os seus gestores; − É, então, necessário refletir sobre esta forma de proceder, sob pena da não sobrevivência de grande parte destas Instituições, que lutarão por muito tempo contra um opositor invisível, na medida em que não o reconhecem quando permanecem na ignorância ou superficialidade da aplicação dos conceitos desta disciplina, a esta altura essencial para o sucesso de suas gestões; − Por outro lado, a justa compreensão de suas potencialidades pode contribuir para que se inaugure uma nova forma de configurar os nossos modelos de gestão, e, portanto, da oferta final de um serviço bastante próximo dos verdadeiros conceitos de qualidade, dos quais esta sociedade deve ir aos poucos se apropriando. Assim exposto, serão enunciados os elementos norteadores deste trabalho: − O processo de escolha de uma IES é altamente complexo, devido à natureza da atividade educacional e ao imaginário social, existente nas percepções compartilhadas pelos grupos de candidatos e de seus principais públicos influenciadores, acerca dos principais conceitos que a definem; 20 − Os gestores educacionais se utilizam do marketing em sua superficialidade, ignorando valiosas ferramentas de que dispõem para contribuir com a interação entre as organizações e seus diversos públicos; − Estas disfunções contribuíram para gerar, na opinião pública, uma fragilidade no que concerne à imagem das Instituições Privadas de Ensino Superior; − O desconhecimento das reais aspirações de seus públicos, além da desconexão com esta perspectiva histórica e social compartilhada por toda a sociedade, contribuiu para a não geração de valor de todo o setor; − Estas aspirações, além de serem complexas, mudam na dinâmica das grandes transformações pelas quais a nossa sociedade vem passando, tendo aí em vista a revolução tecnológica e comunicacional que construiu um novo mundo ainda cheio de velhos conceitos; − Os planos de ação de marketing devem contemplar toda esta rede complexa de interações, para que estas Instituições possam efetivamente se aproximar de seus principais públicos. Importante ressaltar que este estudo está focado na questão da comunicação nas IES, sem contudo, acreditar ser este o único problema enfrentado por estas instituições, e menos ainda ser via única de solução para os principais dilemas e desafios que estão postos a este setor. Trata-se de propor a investigação da parte de um problema que se apresenta em muito maior complexidade, através da perspectiva de que este, o da comunicação e do marketing, é o espaço onde se estabelecem algumas importantes relações entre estas IES e seus públicos. Pensar em gestão da comunicação em uma IES sem pensar em gestão integrada de marketing é desprezar todo o conteúdo gerador de identidade que uma instituição de ensino possui. Através de suas unidades, dos cursos diversos, e de suas referidas coordenações ou pró-reitorias, movimentos isolados são possivelmente criados pouco a pouco, transformando a 21 Instituição numa grande mistura de linguagens, impossível de ser comunicada com eficácia e pertinência. A criação desta sinergia, será o grande diferencial daquelas que enxergarem este caminho. E este estudo propõe-se, dentre outros objetivos, a levantar esta reflexão. O fenômeno do surgimento de um grande número de Instituições Privadas é relativamente recente no país. A contribuição que este trabalho pode dar às áreas de Comunicação, Administração e Economia deve se somar às publicações de estudiosos e profissionais atuantes do setor, que começam a surgir em maior número no país. Existe, hoje, um olhar atento e curioso por parte dos gestores de educação sobre o cenário atual, sobre as tendências e sobre as perspectivas futuras. Novos estudos neste campo deverão ser continuamente estimuladas. A reflexão aqui apresentada, através do olhar de quem traz em sua trajetória profissional a experiência na aplicação das inúmeras ferramentas de que o marketing dispõe, avaliando suas possibilidades e seus efeitos, pode contribuir com a discussão de uma nova abordagem na comunicação destas IES. A autora deste trabalho é gestora de uma Instituição Educacional. Nesta pesquisa, se inspira, em parte, na visão que adquiriu ao longo de quase duas décadas de trabalho na área de marketing, em setores diversos da economia. Por enfrentar, em sua atual atividade, os dilemas e desafios impostos pela alta concorrência presente no setor, vislumbra, na aplicação dos reais conceitos desta disciplina, a possibilidade de resposta a algumas destas complexas questões. Para falar disto, este trabalho estará disposto da seguinte forma. Um tópico introdutório, que apresentará o trabalho, seus traços norteadores, seus pressupostos e, também, algumas considerações iniciais sobre a pesquisa a ser realizada. 22 Em seguida, um capítulo com uma descrição do panorama brasileiro de educação, em especial de educação superior. Nele, será percorrida uma trajetória histórica do ensino superior, e mais especialmente do ensino superior privado. Esta trajetória tem relevância, pois revelará em que medida estes conflitos entre público e privado estiveram moldando as discussões sobre educação superior e, portanto, definindo alguns dos conceitos que, não raramente, percebemos como integrantes do discurso sobre o atual panorama brasileiro. Mapeando as transformações ocorridas, serão apresentados os mais importantes dados do setor, estatísticas, gráficos de crescimento, bem como de que maneira se comportaram importantes atores do contexto nacional frente às importantes mudanças ocorridas. Serão discutidas, também, as idéias e conceitos de importantes autores sobre gestão universitária. No capítulo seguinte, será apresentada uma avaliação crítica sobre os primeiros passos dados pelo setor no sentido de formular seus planos de marketing. Para isso, se dialogará com teóricos importantes da disciplina, discutindo suas principais idéias e revelando o desenho construído pela trajetória escolhida por estes gestores de universidades e faculdades privadas da cidade do Salvador. O terceiro capítulo apresentará a pesquisa, sua metodologia e instrumentos utilizados para se encontrar as respostas às perguntas até então levantadas. Em seguida,serão discutidos os resultados, analisando os dados coletados e registrando os principais movimentos identificados que possam sinalizar tendências ou caminhos a serem seguidos ou observados. Por fim, a conclusão sobre o trabalho, tendo em vista os resultados obtidos com a investigação, à luz das principais teorias estudadas. 23 I INTRODUÇÃO 1.1 A EDUCAÇÃO E O ENSINO PRIVADO A Constituição Federal, em seu artigo 206, inciso III, estabelece o princípio da coexistência do público e privado no ensino brasileiro. Muito embora esteja condicionada a regulamentos e exigências estabelecidas pelo governo, a iniciativa privada exerce o direito próprio e legítimo ao ensino. Alguns autores, como Martins (1988), Fonseca (1992), Saviani (1985), consideram como marco inicial da consolidação do modelo privado do ensino superior brasileiro, o período da Ditadura Militar. O pós-1964 foi marcado pelo modelo de desenvolvimento econômico capitaneado pelos militares, caracterizando o início da demanda por este ensino como uma conseqüência natural dos aspectos sociais e históricos de nossa sociedade de então. O Estado intervencionista se caracterizou fortemente pelo traço do planejamento econômico e também social, passando a enxergar na educação uma importante aliada para enfrentar as mudanças políticas e econômicas ocorridas no período. Este Estado intervencionista ganhou força no Brasil com a Revolução de 30, período que marcou o desenvolvimento do capitalismo no país, deslocando o eixo da economia da agricultura para a indústria, redefinindo, assim, o papel do Estado na sociedade. A partir daí, o governo procura assegurar o modelo de desenvolvimento, adotando estratégias educacionais capazes de dar sustentabilidade ao seu projeto, viabilizando propostas 24 convergentes com a sua estrutura de controle econômico e social. Na década de 60, por exemplo, tamanha era sua campanha em favor do ensino técnico, que, por sua vez, viria a favorecer tais metas desenvolvimentistas, que foi levantado na sociedade um grande debate entre educadores e intelectuais, fortes defensores da escola pública já bastante ameaçada. A LDB - Lei de Diretrizes e Bases - da Educação de 1961, marcada por esta polarização entre escola pública e privada, terminou por confirmar a ampla liberdade do homem em escolher seus caminhos e opções para sua educação. A educação nacional, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por fim a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, o respeito à dignidade e à liberdade fundamentais do homem, o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade internacional, o desenvolvimento integral da pessoa humana, o preparo do indivíduo e da sociedade para o domínio dos conhecimentos científicos, a preservação e expansão do patrimônio cultural, a condenação a qualquer tratamento desigual por motivo de convicção filosófica, política ou religiosa, bem como a quaisquer preconceitos de classe ou raça. (Lei 4.024/61, art. 1º apud FONSECA, 1992, p. 39). A Reforma Universitária de 1968 estabelecia um trinômio Estado-UniversidadeEmpresa que viabilizaria o aumento da oferta de vagas para o ensino superior, construindo assim um lastro para o desenvolvimento econômico do país. A expansão do ensino superior foi um desdobramento natural da reforma universitária e uma conseqüência da política do Estado para a educação. A expansão fazia-se necessária, em primeiro lugar, para dar suporte aos projetos de desenvolvimento traçados pelo Estado e, em segundo, para atender à demanda reprimida por mais vagas nesse nível de ensino. (FONSECA, 1992, p. 41). Martins (1992, p. 41) afirma que o ensino particular brasileiro foi legitimado sob forma de fundação, autarquia ou associação, o que mais tarde não se consolidou. “A expansão do ensino universitário, contudo, deu-se via escolas isoladas, contrariando os princípios da Reforma Universitária”. (OLIVEN, 1992, p. 42). Assim, constituem-se, historicamente, como principais fatores condicionantes da demanda ao ensino superior (MARTINS, 1992, p. 43). − A demanda reprimida representada pelos excedentes; 25 − O deslocamento dos canais de ascensão social das classes média e médiabaixa, que, excluídas da participação político-econômica, buscam através da educação o simbolismo da ascensão social; − A expansão dos quadros burocráticos e a necessidade de mão de obra qualificada para o mercado de trabalho. Já a LDB (Lei Darcy Ribeiro), de 1996, se mostra flexível e aberta quanto à organicidade escolar, propondo, de fato, uma inovação na medida em que coloca todo um sistema em função da aprendizagem, permitindo diferentes formas de disponibilização de conteúdos. Esta realidade representa um dado importante para que as IES privadas possam estruturar seus cursos e grades curriculares, por exemplo. Existiam, porém, além dos fatores políticos, outros aspectos relevantes que ajudaram a sustentar um pensamento favorável à escola privada no país, como a ideologia liberal e a da Igreja Católica. A Encíclica de Pio XI revela expressamente a opinião da Igreja sobre educação, tomando para si este papel e julgando “demasiado injusto e ilícito o monopólio educacional” (FONSECA, 1992, p. 35) por parte do Estado. As confessionais, modelo que até então se constituía como única alternativa à escola pública, através de sua associação à FENEM – Federação dos Estabelecimentos de Ensino Particulares, também constituiu uma importante força na luta em defesa das escolas privadas. Em termos mundiais, existem fenômenos globais que impulsionam estas mudanças locais, como é o caso do Brasil. Segundo o relatório “Análise Setorial do Ensino Superior Privado no Brasil – Tendências e Perspectivas” (HOPER EDUCACIONAL, 2004), estes são os principais movimentos: − A elevação da escolaridade das pessoas em todo o mundo cresce a cada ano, e não há nenhuma evidência de que este movimento possa regredir nos próximos 10 anos; 26 − O conceito e a prática da educação permanente e continuada, durante toda a vida (longlife learning), ainda encontra-se na infância de seu desenvolvimento. Porém, segue seu curso de expansão, alheia às intempéries econômicas e políticas; − Na sociedade capitalista contemporânea, a educação é um elemento tanto de necessidade, como de expectativa e desejo, servindo como importante elemento de status social; − A educação é o principal elemento de ascensão social e de diminuição da pobreza estrutural; − Quebra do “monopólio geográfico”, com o surgimento da “Indústria do Conhecimento”; − Crescente massificação do Ensino Superior no mundo; − Desterritorialização e internacionalização da oferta do Ensino Superior; − Recursos públicos reduzidos ou estagnados, o que tende a fazer os beneficiários assumirem cada vez mais os custos; − Diversificação dos “produtos” oferecidos pelas Instituições; − Aumento do ensino à distância; − Formação de consórcios, parcerias, joint ventures e outras formas de arranjos institucionais; − Aumento gradativo das atividades assíncronas e da educação continuada; − Influência da indústria do entretenimento na educação; − Aumento da mobilidade internacional de estudantes, tanto em cursos presenciais quanto à distância; − Aproveitamento do envelhecimento populacional. De acordo com dados da Unesco (2003), o ensino superior no mundo inteiro dobrou de tamanho nas duas últimas décadas. Crescendo em praticamente todos os países de 27 todos os continentes, este número saiu de pouco mais de 40 milhões de alunos em 1980 para 100 milhões de alunos em 2003. Com todo este crescimento, ainda são largas as possibilidades de expansão do setor. Países como a China, por exemplo, ainda possuem grande parte de seus alunos egressos do ensino médio sem acesso ao ensino superior. Lá, este percentual está na ordem de 10%. 16% 14% 12% 10% 8% 6% 4% 2% 0% Paises Desenvolvidos Países em Desenvolvimento Brasil Figura 01: Percentual de Crescimento Anual do Ensino Superior no Mundo. Fonte: Unesco, 2003. O número de egressos do ensino médio, aliado à necessidade de escolarização para garantir a empregabilidade numa sociedade do conhecimento, justifica esta expansão. O que se pode notar é que a participação da iniciativa privada neste processo é crescente em todos os países, conforme se pode ver na tabela. Tabela 01: Percentual de Instituições Privadas no Ensino Superior de Alguns Paises Fonte: UNESCO, 2003 País Percentual de IES Privadas Brasil 90% Coréia do Sul 75% Filipinas 75% Japão 74% EUA 31% Espanha 11% França 9% 28 A educação formal no Brasil movimenta 9% do PIB. Já o investimento público em educação atinge 5,2% do PIB, um dos melhores percentuais do mundo, conforme figura. 6,00% 5,70% 5,20% 5,10% 5,00% 4,90% 4,80% 4,50% 4,50% 4,20% 4,10% 4,10% 4,00% 3,60% 3,50% 2,90% 3,00% 2,70% 2,00% 1,00% ai U ru gu Pe ru Ch ile Su l A rg en tin a re ia do Co Pa ra gu ai an ha Es p In gl at er ra EU A as il Br Po rtu ga l 0,00% Figura 02: Investimento em Educação como Porcentagem do PIB. Fonte: OCDE, MEC/INEP, Paulo Renato Souza Consultores. Atualmente, estão matriculados no ensino básico brasileiro algo em torno de 57 milhões de alunos, sendo 7 milhões em escolas particulares e 50 milhões em escolas públicas. No ensino superior são 4,2 milhões, sendo 3 milhões no ensino privado e 1,2 milhão no ensino público. Juntos, estes setores movimentam quase 100 bilhões de reais ao ano (MEC/INEP e Hoper Educacional). Os percentuais de investimento do setor público para cada segmento podem ser visualizados na figura. 29 R$ 12,0 Educação Infantil R$ 4,8 Ensino Fundamental Ensino Médio R$ 6,0 R$ 29,4 R$ 7,8 EJA - Educação de jovens e adultos Ensino Superior Figura 03: Investimento do Setor Público (em bilhões de R$) Fonte: MEC/INEP e Paulo Renato Consultores (modificado) Em um país como o Brasil, com uma grande parcela de sua população ainda sem acesso ao Ensino Superior, a discussão em torno do papel da educação ganha novos contornos e assume grau de prioridade nos planos de governo. O Brasil tem apenas cerca de 8% dos jovens entre 20 e 24 anos no ensino superior, o que, comparadamente aos demais países da América Latina é um número muito baixo. (MARTINS, 2000). Segundo estudo realizado pelo BNDES, há duas explicações possíveis para a reduzida proporção de jovens no ensino superior brasileiro. A primeira é o funil representado pela educação básica e média que não formavam estudantes em número suficiente. A segunda é que o Brasil não tem (ou não tinha) um segmento de ensino superior de curta duração. Com o crescimento destas instituições, e com a sua provável acomodação ao mercado, seria natural a criação de cursos de curta duração ou técnicos, permitindo a uma maior parcela da população o acesso ao ensino superior. Este é, exatamente, um dos cenários de futuro apontado, mais adiante, neste estudo. Segundo dados do MEC/INEP/DAES, o setor privado de educação superior no Brasil movimentou 14,5 bilhões de reais apenas em 2004. E a tendência de estabilização do faturamento do setor deve ficar na ordem de 15 bilhões, segundo estudos da Hoper Educacional. Este mesmo estudo aponta que as 20 maiores instituições privadas (em número 30 de alunos) apresentam um faturamento bruto de aproximadamente 4,9 bilhões de reais, conforme tabela. Tabela 02: Faturamento Bruto das 20 Maiores IES Privadas Brasileiras Instituição 1 Universidade Estácio de Sá – UNESA 2 Universidade Paulista – UNIP 3 Universidade Luterana do Brasil – ULBRA 4 Pontifícia Universidade Católica - PUC MG 5 Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO 6 Universidade Bandeirante – UNIBAN 7 Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS 8 Centro Universitário da Cidade - UNIVERCIDADE 9 Centro Universitário Nove de Julho – UNINOVE 10 Pontifícia Universidade Católica - PUC RS 11 Universidade Presidente Antonio Carlos – UNIPAC 12 Universidade de Caixa do Sul – UCS 13 Universidade Presbiteriana Mackenzie – UPM 14 Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI 15 Universidade Católica de Goiás – UCG 16 Universidade Anhembi Morumbi – UAM 17 Universidade São Judas Tadeu – USJT 18 Pontifícia Universidade Católica - PUC Campinas 19 Pontifícia Universidade Católica - PUC SP 20 Universidade Paranaense – UNOPAR Alunos na Graduação em 2003 100.617 92.023 41.450 36.749 35.719 32.852 31.482 30.794 29.374 28.516 27.791 27.757 26.315 25.537 22.956 21.673 20.640 20.266 20.136 20.002 Alunos na Graduação em 2005* 117.000 88.000 49.000 37.000 45.000 41.000 26.626 32.000 37.000 27.000 32.000 26.000 30.000 26.000 22.000 24.000 17.468 21.000 21.000 23.000 Faturamento Bruto em 2003 (milhões de R$) 482,4 675,9 312,7 258 234,5 238,3 254,6 152,9 204,2 213,9 182,1 199,5 222,7 139,6 171,2 154,9 142,5 196,8 253,7 138,4 Fonte: Hoper Educacional, 2004. * Número estimado Grande parte do capital que estará disponível para a área de educação em nosso país virá do setor privado, incluindo aí a participação do mercado financeiro. E, embora isso possa suscitar uma preocupação quanto à qualidade acadêmica de instituições financiadas 31 pelo mercado de Capitais, a boa notícia é que estes investidores, por uma motivação não só social, mas de sustentabilidade financeira, têm apostado exatamente naquelas instituições mais referenciadas academicamente. Assim, pode-se dizer que o ensino superior particular brasileiro vive um momento ímpar em sua história. E, passado o momento inicial de acomodação, é chegada a hora dos ajustes. De agora em diante, infere-se que será cada vez mais comum a ocorrência de fusões, aquisições, aberturas de capital, aportes por fundo de investimentos, e outras modalidades de transações que viabilizem a permanência destas instituições no mercado. A preocupação com a gestão destas instituições está na agenda das principais discussões do setor. Os desafios da educação são de tal magnitude que o atual governo considera não haver mais sentido em contradições entre a prioridade da educação básica e da educação superior. Parece também fazer parte das diretrizes para esta área o respeito ao princípio da associação entre ensino, pesquisa e extensão. Um documento formulado pela assessoria do então candidato Lula em sua proposta de governo, às vésperas de ser eleito presidente da república revela que: Expansão sem garantia de qualidade, sem aperfeiçoamento da instituição universitária como instituição crítica e criativa, e sem a formação de profissionais competentes e conscientes de suas responsabilidades públicas numa sociedade em transformação seria um grande equívoco em termos econômicos e um retrocesso em termos de democracia. (SILVA, 2004). Posto assim, nesta escala de prioridade, pode parecer que o próprio processo de mudança sugeriria uma auto-regulamentação de seus processos e de suas interações. Que a abertura do mercado, por si só, constituiria a base concreta e sólida para que estes novos empreendedores da educação estabelecessem uma nova ordem a partir de raros exemplos existentes no país de escolas privadas, bem sucedidas, que descobriram uma forma paralela e diferenciada das universidades públicas, de ofertarem seus serviços, e serem, em alguns casos, privilegiadas em relação ao ensino público. Mas não é exatamente este o panorama que vem sendo desenhado no caso das IES brasileiras e, mais especialmente, baianas. 32 1.2 AS INSTITUIÇÕES PRIVADAS EM UM NOVO CENÁRIO A abertura do mercado, em 1997, através das políticas do então ministro Paulo Renato Souza durante o governo Fernando Henrique Cardoso, causou uma vigorosa expansão no setor, com o surgimento de centenas de novas instituições. Isso permitiu a comum diversidade e multiplicidade de estilos empreendedores e gerenciais dos mantenedores destas novas instituições. Alguns deles, oriundos do setor educacional, de escolas do ensino médio ou fundamental, outros, das mais diversas atividades, formando um grupo heterogêneo e com características muito singulares. Estaria, assim, marcado pela heterogeneidade, o estilo gerencial dos mantenedores do ensino superior privado no Brasil. Assim como em outros segmentos da economia em fase de nascimento de determinada atividade, deu-se, igualmente, neste setor, uma tentativa de sistematização dos seus processos de gestão. Em alguns casos, resultantes de um aprendizado na própria área, em outros, através de know-how importado de outros setores, ou muitas vezes, também, na mescla da convivência de educadores e profissionais advindos de outros campos de atividades que foram construindo, juntos, com a experiência, bom senso, e capacidade de aprender, modelos próprios para suas instituições. Além de ferramentas intermitentemente desenvolvidas e ajustadas, sustentando um processo contínuo de melhoria. O resultado final alcançado por cada uma destas experiências pode se constituir em fator decisivo de competitividade para enfrentar a altíssima concorrência que o setor encontra hoje. Estes processos de gestão, inerentes a cada uma das instituições, irão compor, 33 juntamente à sua qualidade acadêmica, o eixo central de sobrevivência e crescimento no âmbito em que atuam, seja ele local, regional ou nacional. Localizando esta discussão mais especificamente na cidade de Salvador, o que se observa, também, é um rápido e vultoso crescimento no número de instituições de ensino superior privadas, que, de 7 anos para cá, vêm se propagando como um novo setor bastante significativo na economia do estado. Assim como aconteceu em todo o Brasil, o alto nível de demanda reprimida gerou uma procura tão grande às vagas ofertadas que estas Instituições muito pouco se preocuparam com os seus processos de gestão. Atrair e reter alunos era conseqüência imediata de um mercado em larga expansão. A prioridade era, então, atender a esta enorme demanda. Mas, com o passar do tempo, este movimento da curva de demanda vem mudando, e hoje, embora novas instituições continuem a surgir, a procura por vagas começa a apresentar sinais de queda, em alguns casos, vertiginosa. Grandes Números Estatísticas Básicas Instituições Cursos Matrículas Concluintes Docentes em Exercício Servidores em Exercício Vestibular Vagas Oferecidas Inscrições Ingressos Total Categoria Administrativa Federal Estadual Municipal 83 2.392 567.101 84.341 47.709 61.489 65 2.788 442.706 65.375 33.580 42.764 59 1.652 482 10.791 126.563 2.750.652 19.443 359.064 7.506 165.358 4.539 132.866 2.002.733 121.455 111.863 4.900.023 1.269.432 1.014.503 1.262.954 120.562 108.778 47.895 1.721.520 83.512 2.532.576 37.741 995.873 1.859 16.453 3.887.022 528.223 254.153 241.658 Privada Figura 04: Grandes Números da Educação Superior-Graduação - Brasil – 2003 Fonte: MEC/Inep. Grandes Números Estatísticas Básicas Instituições Cursos Matrículas Total 89 599 144.853 Categoria Administrativa Federal 2 63 19.168 Estadual Municipal 4 232 36.019 - Privada 83 304 89.666 34 Concluintes Docentes em Exercício Servidores em Exercício Vestibular Vagas Oferecidas Inscrições Ingressos 13.613 11.450 9.587 2.778 2.150 2.421 3.137 2.988 1.841 - 7.698 6.312 5.325 80.619 290.150 56.941 4.021 40.858 4.023 13.023 139.086 12.842 - 63.575 110.206 40.076 Figura 05: Grandes Números do Ensino Superior-Graduação - Bahia – 2003 Fonte: MEC/Inep. Neste novo cenário, surge a preocupação com a qualidade de gestão, que termina por fazer grande diferença no êxito final destas instituições. A criação de estruturas funcionais, que considerem seus setores financeiros, administrativos, de infra-estrutura, de tecnologia e, especialmente, de marketing, agrega à sua qualidade acadêmica, valor central de uma IES, fator de diferenciação e posicionamento no mercado em que atua. Kotler e Fox (1994) afirmam que as instituições tornaram-se realmente conscientes de marketing no momento de grandes mudanças em seus mercados. Quando estudantes, projetos, fundos ou outros recursos necessários passaram a ser escassos e difíceis de atrair, elas começaram a se preocupar. Este conjunto de decisões, aliado a uma visão estratégica organizacional, é capaz de criar um “lugar único e diferenciado” na mente do seu público. (Porter, 1999) E foi neste processo que muitas destas instituições começaram a pronunciar em suas reuniões de rotina a palavra marketing. Começaram, na verdade, a formular seus primeiros planos de ação nesta área, creditando ao seu poder a possível solução para os problemas até aí enfrentados. Durante este período de crescimento, tendo ou não departamentos de marketing em seus organogramas, as IES privadas vêm utilizando meios de comunicação de massa, lançando mão de significativos investimentos em marketing, e mais especialmente em propaganda, para divulgar os seus cursos, suas marcas e atrair novos alunos. Em 2004, segundo dados da Hoper Educacional, o setor investiu em marketing 596 milhões de reais, o que representa 4,2% do seu faturamento, sendo que 75% deste total 35 (447 milhões de reais) foram gastos com propaganda, e o restante com as demais ações de marketing como web, promoção, assessoria de imprensa, marketing direto, relações públicas, endomarketing.1 Uma extensa pesquisa do material publicitário de Instituições brasileiras revelou dados significativos e claramente indicadores da superficialidade com que são tratadas as oportunidades de marketing em suas gestões ao longo do ano. Não raramente, o marketing é utilizado de maneira bastante limitada, se avaliadas as suas potencialidades. Tradição e Evolução Construindo Carreiras para o mundo Teoria e Prática Formando a empregabilidade no futuro Excelência / Qualidade Aprimorando o sucesso há ___anos Tecnologia / Modernidade agregando a sua ascensão para a vida Comprometimento Evoluindo as pessoas / você na economia globalizada Estrutura Melhorando profissionais / universitários com sucesso Reconhecimento Diferenciando suas conquistas na era do conhecimento Otimizando Talentos Pionerismo Figura 06: Temáticas de campanhas publicitárias de IES privadas brasileiras Fonte: ALBERGARIA, p. 22. Amanhã Especialmente duas vezes por ano, em momentos de processos seletivos, os veículos de comunicação de todos os tipos, eletrônicos ou impressos, têm figurado entre suas listas de principais clientes anunciantes instituições de ensino superior, fato inédito até então. Isto, além de nos indicar o crescimento e a importância do setor, reflete a falta de visão estratégica no trato com a disciplina do marketing. A propaganda é uma de suas ferramentas e não a ciência em si, que é muito mais ampla e abrangente do que vem sendo considerada. Principalmente no setor educacional, a atividade de gestão precisa conciliar dois aspectos igualmente importantes: o da visão de negócios, sem, porém, perder a perspectiva do que representa a missão de educar. Desprezar, ou menosprezar, um destes dois aspectos, em 1 O endomarketing procura integrar os clientes internos de uma organização em torno dos seus principais processos a fim de torná-los mais eficientes e produtivos. É a aplicação dos conceitos de marketing na perspectiva interna da empresa. 36 detrimento ao outro, ajudará o gestor a incorrer em graves erros em sua administração. Especialmente nas decisões de marketing, esta especificidade precisa ser considerada. Talvez, exatamente por esta razão, um dos grandes desafios das IES atualmente seja definir e, efetivamente, recrutar no mercado um gestor educacional com perfil adequado. Em suas mais diversas instâncias administrativas e, especialmente, nas funções de coordenação dos cursos, em que dimensões políticas, acadêmicas e administrativas são requeridas, o papel desta figura é de significativa contribuição para o cumprimento dos objetivos institucionais. Ele atua como interlocutor direto com o corpo discente de uma instituição. E mais: ele representa, no cotidiano, seus propósitos e sua missão. De volta à questão central, a gestão do marketing exercida de forma isolada e sem uma orientação estratégica reduz as suas possibilidades de atuação, de geração de resultados, e por conseqüência, de posicionamento e vantagem competitiva. Se utilizada apenas como mera ferramenta de comunicação, a propaganda produz efeitos inócuos. E termina por contribuir para uma completa falta de identidade condizente à necessidade do segmento, prejudicando, em termos de imagem institucional, todo o setor, e ainda mais, as instituições que têm em seu escopo principal o compromisso com a sociedade em que atua, ou com a sua própria missão. Esta situação assim é posta por uma visão paradigmática e “míope” de marketing2, que credita em uma ou duas de suas ferramentas todas as possibilidades de alcançarem os seus objetivos iniciais propostos, passando a negligenciar toda sua afinidade com os conceitos de planejamento estratégico, alinhamento organizacional e competitividade. Uma nova abordagem desta gestão é discutida neste estudo, sugerindo atenção ao momento em que o setor se encontra, e a fim de evitar decisões equivocadas acerca dos reais 2 O ex-professor de Harvard Theodore Levitt, na edição de Julho/Agosto de 1960 da Harvard Business Review publicou o artigo “Marketing Myopia”, que foi responsável durante muitos anos por levantar uma importante discussão sobre o uso inadequado das ferramentas de marketing. O termo pretende alertar para o risco existente na falta de visão no uso destas ferramentas. 37 desafios vigentes. Uma visão mais ampla e integrada de marketing é pressuposto básico para esta conquista. Este trabalho aborda questões relativas à comunicação e propaganda em Instituições de Ensino Superior, bem como suas relações com a gestão integrada de marketing. Trata dos seus pontos de convergência e em que medida interagem, no sentido de gerar valor, com as aspirações e desejos dos candidatos a uma vaga no ensino superior. A noção de planejamento é bastante antiga no setor de educação, mas esteve concentrada, durante muito tempo, em suas atividades referentes aos seus processos de programação e orçamento, bem como nas mudanças curriculares ou mudanças nas instalações físicas. É, porém, igualmente necessário o planejamento de marketing a longo prazo, estratégico, consonante os objetivos institucionais e naturalmente afinados com a estratégia de comunicação que deverá ser desenvolvida. Uma IES que pretenda se destacar pela busca da qualidade de ensino, pela excelência na formação dos egressos e, principalmente, pela constante dinamização de uma cultura fortemente acadêmica, como modelo de desenvolvimento e de crescimento, deve conquistar a adesão do seu corpo docente e discente. São eles os principais interlocutores com o público externo, no que diz respeito à credibilidade e aval ao projeto pedagógico da instituição. E será através das atividades por eles desenvolvidas que a sociedade perceberá a atuação de uma IES, que transcende a oferta de estrutura, tecnologia e recursos físicos. Para que isso aconteça, ou melhor, para que este processo se torne visível e claramente identificável, existe o caminho do posicionamento. É com a definição do que se quer ser para a sociedade que a instituição conseguirá unir todos os seus principais atores na conquista de um lugar único e próprio. 38 Esta adesão se torna possível através de um elo de ligação que percorra as esferas administrativa, acadêmica, do corpo discente, dos parceiros e fornecedores, que irá criar uma teia consistente o suficiente que não se permita romper através dos (des)caminhos apontados pelo círculo vicioso de um setor que cresceu vertiginosamente sua oferta, entrou numa guerra onde se preza quantidade no lugar de qualidade, e, conseqüentemente, preços em queda, altos volumes de investimento em mídia e baixo, ou quase nulo, pensamento estratégico de longo prazo. Este elo significa exatamente o alinhamento estratégico da Instituição, o seu posicionamento. E a gestão de marketing é elemento decisivo na consolidação deste processo. Marketing é análise, planejamento, implementação e controle de programas cuidadosamente formulados para proporcionar trocas voluntárias de valores com mercados-alvo, com o propósito de atingir objetivos institucionais. (KOTLER & FOX, 1994, p. 24). Propõe-se neste documento, portanto, uma visão de marketing sistêmica, que não pode se reduzir ao uso de venda, propaganda ou promoção apenas. A seguir, a autora apresentará um quadro onde indica seus aspectos norteadores, seus pressupostos, a escolha dos autores e conceitos, a partir de seu problema de pesquisa. Isso lhe permitirá discutir todos estes aspectos, ligando as idéias das teorias e conceitos ali apresentados com as questões e objetivos da investigação. Quadro 01: Resumo do Trabalho Problema Pressupostos Questões que norteiam Quais aspectos são Existe uma acirrada discussão em nossa sociedade • O processo de escolha de uma IES é considerados sobre as questões do público e privado na altamente complexo, devido à natureza da relevantes no educação. Além do caráter social e econômico que atividade educacional e ao imaginário processo de marca, essencialmente, o tom deste debate, o grau social, existente nas percepções escolha de uma de valor e qualidade destas Instituições é, compartilhadas pelos grupos de Instituição de invariavelmente, atribuído de forma diferenciada candidatos e de seus principais públicos Ensino Superior, e ao ensino público e ao ensino privado; influenciadores, acerca dos principais em que medida as conceitos que a definem; suas ações de Muitas vezes, tal debate não se fundamenta na • Os gestores educacionais se utilizam do marketing são experimentação dos serviços prestados por estas marketing em sua superficialidade, orientadas ao Instituições, mas em conceitos de mérito e valor ignorando valiosas ferramentas de que atendimento das advindos de percepções herdadas das contingências dispõem para contribuir com a interação aspirações dos seus históricas, sociais e políticas que deram forma ao entre as organizações e seus diversos candidatos? quadro atual das IES do nosso país; públicos; Argumentos Introdução • Apresentação do trabalho; • Considerações iniciais; • A educação e o ensino privado; • As instituições privadas em um novo cenário. A educação no Brasil • Uma breve revisão histórica da educação superior no Brasil; • O Início das práticas da educação no Brasil; • De 1930 aos dias atuais; • Contexto Bahia: UFBA e as primeiras privadas; O governo e os mantenedores destas Instituições • Estas disfunções contribuíram para • O direito à educação, o público e o privado; permaneceram indiferentes às questões acima gerar, na opinião pública, uma fragilidade • O ensino privado no Brasil – contexto histórico; levantadas, e não foram capazes de articular um no que concerne à imagem das • De 1997 a 2005 – um novo panorama do ensino privado discurso que informasse, de forma satisfatória, à Instituições Privadas de Ensino Superior; brasileiro; população que atravessava, às vezes sem perceber, • A competição no setor e a atuação das IES privadas no uma mudança de paradigma numa esfera essencial Brasil. a qualquer ser humano: a do direito à Educação; Pelo contrário, pressionados por um lado, pela forte • O desconhecimento das reais aspirações O Marketing competição, e por outro, extremamente motivados de seus públicos, além da desconexão com • Conceitos e discussão inicial; pela enorme demanda que se apresentava, criaram esta perspectiva histórica e social • Equívocos e críticas ao marketing; modelos de gestão destas instituições que compartilhada por toda a sociedade, desprezavam este conteúdo presente em nossa contribuiu para a não geração de valor de • A orientação de marketing; • Marketing de produtos e marketing de serviços; população. Em grande freqüência, para o todo o setor; • Posicionamento; enfrentamento desta concorrência, se utilizaram de • Marketing de relacionamento; marketing ou de algumas de suas ferramentas para • A Propaganda; conquistar espaço em um mercado bastante • A crítica à propaganda; concorrido; • Branding– gerenciamento da marca; • O mix de marketing; • O marketing nas IES; • Comportamento do consumidor. Problema Pressupostos Questões que norteiam Argumentos O marketing é uma área de gestão cujos fundamentos • Estas aspirações, além de serem Apresentação da pesquisa – Estratégia metodológica de da disciplina ainda são mal compreendidos por grande complexas, mudam na dinâmica das pesquisa e instrumentos de coletas de dados parte da população. Além disso, alguns gestores, numa grandes transformações pelas quais a atitude amadora ou pouco ética, desvirtuam os reais nossa sociedade vem passando, tendo • Discussão e análise dos resultados; aí em vista a revolução tecnológica e • Elementos considerados para análise dos dados obtidos. propósitos aos quais se prestam suas teorias, reforçando por vezes, estas equivocadas comunicacional que construiu um novo PESQUISA QUALITATIVA compreensões; mundo ainda cheio de velhos • Percepção sobre aspectos positivos e negativos das conceitos; instituições públicas e privadas; Da forma como foram utilizadas estas ferramentas, o • Os planos de ação de marketing • Processo decisório da escolha da instituição de ensino seu conteúdo colaborativo para um processo de devem contemplar toda esta rede aproximação e entendimento por parte da sociedade complexa de interações, para que estas superior; • Aspectos considerados no processo de decisão da IES; foi desprezado, e os resultados destes equívocos são Instituições possam efetivamente se aproximar de seus principais públicos. • Influências externas no processo de escolha; muito mais onerosos e prejudiciais ao processo de • Percepção sobre Faculdades X Universidades; inserção e consolidação destas Instituições do que • Percepção sobre o vestibular; podem imaginar os seus gestores; • Estratégias de comunicação; É, então, necessário refletir sobre esta forma de • Campanhas registradas na memória; proceder, sob pena da não sobrevivência de grande • Opinião sobre o surgimento de novas faculdades; parte destas Instituições, que lutarão por muito tempo • Responsabilidade social; contra um opositor invisível, na medida em que não o • Processo decisório escolha da profissão / curso – aspectos reconhecem quando permanecem na ignorância ou considerados; superficialidade da aplicação dos conceitos desta • Informações relevantes para o processo de escolha do disciplina, a esta altura essencial para o sucesso de curso. suas gestões; Por outro lado, a justa compreensão de suas potencialidades pode contribuir para que se inaugure uma nova forma de configurar os nossos modelos de gestão, e, portanto, da oferta final de um serviço bastante próximo dos verdadeiros conceitos de qualidade, dos quais esta sociedade deve ir aos poucos se apropriando. PESQUISA QUANTITATIVA • Perfil dos entrevistados e uso da Internet; • Sentimentos relativos ao vestibular; • Estudar em IES públicas ou Privadas?; • Aspectos evocados para a escolha de IES privada; • Meios de comunicação utilizados; • Motivação e resistência para com as IES´s; • Melhor IES privada para se estudar; • Colaboração / influência dos professores; • Comunicação e o Processo seletivo. Conclusão Fonte: Elaborada pela autora. 41 II A EDUCAÇÃO 2.1 UMA BREVE REVISÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL A história do desenvolvimento da educação superior no Brasil revela a constante tensão presente nos seus processos de formação, causada ora pelas motivações de suas iniciativas, ora pelos divergentes discursos ideológicos que permeavam, e até hoje permeiam, os contornos de seu caráter cultural, científico e social. Na verdade, esta discussão no país remonta ao seu período de colônia, quando Portugal, seguindo sua política colonialista, defendia o seu interesse de manter o Brasil dependente cultural e cientificamente, desestruturando assim qualquer tipo de tentativa de fundação de uma universidade própria. Esta política, por sua vez, era reforçada pelos próprios brasileiros que acreditavam ser a Europa o berço da cultura e, portanto, o destino certo para quem quisesse se aprimorar na arte do saber. Ainda neste período, foram muitas e frágeis as tentativas de se criar uma universidade própria, porém, sempre mal sucedidas, diferentemente do que acontecia nos países vizinhos, também colônias, onde ao final do século da conquista já possuíam seis universidades. 42 A partir de agora, se buscará entender as raízes deste problema, o que também ajudará a compreender a formação de um pensamento nacional sobre educação. Deve-se então começar pela chegada dos jesuítas ao país, momento em que, de fato, inaugura-se um pensamento e um discurso sobre práticas educativas. 2.2 O INÍCIO DAS PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL Foi no ano de 1549 que se deu a chegada dos primeiros padres e a fundação da primeira escola elementar brasileira, exatamente em Salvador, quando a educação se estabelece como uma estratégia de catequização. Até 1759, os discípulos da Companhia de Jesus exerciam, de forma absoluta, seus métodos pedagógicos, estabelecendo no país a pregação da fé católica e um trabalho educativo que tinha por objetivo converter os índios a esta religião. A esta altura, este grupo já possuía 25 residências, 36 missões e 17 colégios, além de seminários menores e escolas de primeiras letras espalhadas pelas cidades onde tinham missionários da Companhia. O responsável pela interrupção deste trabalho foi o Marquês de Pombal (16991782), que comandou a economia de Portugal durante 27 anos e não tolerava nenhum tipo de contestação à autoridade do rei. Com a destruição de Lisboa, no terremoto de 1755, ele, então primeiro-ministro, ganhou mais poderes com o objetivo de reconstruir o país e precisava ampliar ainda mais o domínio sobre a colônia, o que justificou algumas de suas ações contra a ordem jesuítica. Os objetivos da educação jesuítica eram diretamente confrontantes com os interesses comerciais defendidos por Pombal. 43 Na Amazônia, as ordens religiosas, através do trabalho dos índios que faziam parte das suas missões, comercializavam muitos itens da floresta, o que foi suficiente para que o Marquês de Pombal os acusasse de conspiração contra o poder central e então confiscasse todos os seus bens. Assim, cerca de 600 jesuítas deixaram o Brasil, e a educação sofreu um grande retrocesso, com praticamente nenhum educador no país, e com as bibliotecas dos colégios e conventos fechadas e destruídas. De alguma forma, pode-se dizer que Napoleão teve certa responsabilidade por uma nova etapa que se inaugurou na educação superior do país, pois foi com a chegada da Família Real ao Brasil, no início do século XIX, acossados pela invasão dos franceses, que o Brasil viveu uma verdadeira revolução nos costumes, na arquitetura, na habitação, nas artes... Enfim, a colônia, repentinamente, ganhava ares de metrópole. Dentre as 15 mil pessoas que chegavam nas embarcações vindas de Lisboa, estavam intelectuais com seus baús e livros que ajudaram a fazer nascer na colônia algumas importantes ações no campo intelectual. A partir daí é que se tornou possível a instalação de algumas Instituições de Ensino Superior, a exemplo do Curso Médico de Cirurgia na Bahia e uma Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica no Rio de Janeiro. Era claro, portanto, que os objetivos destas iniciativas eram meramente profissionalizantes e não conseguiam compor um pensamento integrado de saberes em prol do desenvolvimento de uma política nacional de educação. Não existiam articulações sequer entre as aulas dos cursos, e muito menos entre as escolas. Além disso, com seu caráter aristocrático, a educação superior no Brasil nasce no período imperial (1822-1889) com a marca da elite e do tecnicismo inteiramente voltado para uma demanda econômica pontual vigente. Enquanto isso, nas colônias espanholas, vizinhas ao Brasil, houve a proliferação de Universidades e colégios. Já desde 1538, a Espanha adotava a estratégia de estar associada 44 a centros de formação superior, o que contrastava significativamente com a política adotada por Portugal. A partir daí, outras iniciativas se concretizaram até a Proclamação da República, não criando, no entanto, um modelo próprio de desenvolvimento científico capaz de inserir o país no contexto de avanço que as ciências alcançavam no resto do mundo, em especial nos países desenvolvidos. Com a mudança da corte para o Brasil, as poucas iniciativas dos portugueses nas áreas de ensino ou de pesquisa ainda não se voltavam para desenvolver um sistema especulativo e filosófico, nos moldes daqueles que inspiraram os movimentos cientificistas na Europa, mas tinham uma orientação imediatista e utilitarista estando a serviço das necessidades imediatas da corte ou ao sabor de interesse ou curiosidade de algum nobre mais esclarecido. (VELHO, 1996, p. 34). Com a volta da Família Real a Portugal, e a Proclamação da República em 1822, foi lançada a primeira Carta Magna do país, a Constituição Brasileira que dizia ser a educação primária “livre e gratuita para todos os cidadãos”. Algumas tentativas de métodos pedagógicos foram empreendidas sem muita contribuição efetiva para a criação de um pensamento próprio. E mais adiante, com um aditivo à constituição, o ensino do segundo grau também ganha este caráter de gratuidade para todos. Apesar de tantas tentativas, no entanto, até o fim deste período nada foi feito de significativo para a consolidação de um sistema educacional brasileiro. No período da primeira república (1889-1929), uma reforma propõe a substituição do modelo preparador por um modelo formador e a substituição da orientação literária, até então predominante, pela científica. Estas tentativas foram duramente criticadas pelos que defendiam a predominância literária e pelos positivistas, fortemente influenciados pelo positivismo de Augusto Comte. O interesse pelo culto às artes e letras que predominava até então evidenciava a influência das classes dominantes na determinação dos caminhos traçados para a educação. Além disso, alguns fatores contribuíram para o desenvolvimento de algumas disciplinas e 45 áreas de saber, ou até mesmo para estimular alguns brasileiros a avançar em seus estudos. Como o interesse pela fauna e flora local despertado por alguns estrangeiros, o processo de urbanização do final do século XIX e o desenvolvimento de um setor agrário exportador. Todos requeriam soluções novas para algumas questões que apresentavam, estimulando a criação de centros ou institutos de pesquisa que, no entanto, eram profundamente dependentes do envolvimento pessoal de cada cientista. Era, portanto, um movimento isolado, não contínuo, e, principalmente, ainda dependente dos movimentos científicos da Europa, não sendo capaz de caracterizar uma inserção no avanço do conhecimento e da ciência. Apenas a partir de 1915, através da Reforma Carlos Maximiliano, abre-se caminho para o nascimento de uma outra realidade, quando é apresentada a possibilidade de se reunir algumas instituições no estado do Rio de Janeiro. Isto se concretiza através do presidente Epitácio Pessoa, que, em 1920 cria, através de um decreto, a Universidade do Rio de Janeiro. Na verdade, um caminho penoso e retardatário, se comparado às realidades percebidas em vários países do mundo. 2.3 DE 1930 À ERA COLLOR Notadamente depois da Revolução de 1930, são criadas condições para a mudança do quadro educacional brasileiro e, em especial, de sua pesquisa científica. As classes sociais sofreram significativo impacto com os processos de urbanização e industrialização ocorridos nesta época. E a educação passa a ser instrumento da classe burguesa, que a utiliza no sentido de atender aos seus objetivos de crescimento focados nestes dois processos. 46 Em 1931, foi sancionado um projeto de reforma do ensino superior que, diferentemente do discurso de seu idealizador, o ministro Francisco Campos, centraliza as decisões da educação nas mãos do governo federal, não contribuindo para o desenvolvimento do espírito científico do país, e sim reforçando os experimentos técnicos. Será um pouco mais adiante que, com a perda da hegemonia política e econômica, o estado de São Paulo funda a sua universidade com uma nova concepção. Pautada no desenvolvimento de um pensamento científico e visando construir uma elite dirigente no país, esta universidade vem, através de seus objetivos de mais longo prazo, se opor ao discurso e à política presentes em todas as iniciativas até então empreendidas no país. Através da contratação de professores e pesquisadores estrangeiros, a USP – Universidade de São Paulo - foi formando a sua comunidade científica e estabelecendo uma nova realidade nos padrões de desenvolvimento do conhecimento no país, contribuindo para regulamentar a atividade, bem como para difundir a idéia de que a ciência promove o desenvolvimento do país. O que, por outro lado, reforçava a idéia da visão utilitarista da ciência, sempre a cargo de algum objetivo imediatista, fosse ele de uma elite empresarial, de um governo ou, outrora, de um colonizador. A verdade é que a ciência no Brasil avançou ora sustentada por políticas governamentais, ora por setores produtivos da sociedade, sendo que cada um, ao seu modo, terminava por legitimar, de certa forma, a atividade científica então desenvolvida. Reforçam ainda esta idéia, durante a década de 1930, a reorganização da Universidade do Rio de Janeiro, a criação - ainda neste estado - da Universidade do Distrito Federal, que durou apenas quatro anos, e a UB, Universidade do Brasil, que serviria de modelo nacional, todos eventos marcantes na estruturação da educação Superior do país àquela época. Observamos ainda que as medidas adotadas pelo Governo após a década de 30 revelam uma percepção da escola como instrumento capaz de assegurar a ideologia dos grupos dominantes e de preparar, ao menos intencionalmente, os que vão ocupar 47 papéis ou funções na divisão social e técnica do trabalho. [...] Análise mais atenta das exposições de motivos que acompanham reformas de ensino, mesmo antes da decretação do Estado Novo, evidencia quanto o Estado distinguia na escola um lugar capaz de formar os que a freqüentavam segundo a conveniência de seus interesses e das classes que os representavam. (FÁVERO, 2000, p. 53). Uma outra fase na construção da história da Educação Superior no Brasil está delimitada entre os anos 30 e o golpe militar, período de significativas transformações políticas no quadro nacional. Esta fase foi marcada por diversas iniciativas concretas para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia no país. E entre as principais estão a fundação do CNPq, da CAPES e também da UnB, que surge paradigmática contra todo discurso vencedor na Reforma Francisco de Campos, instituindo uma nova estrutura capaz de viabilizar objetivamente atividades de pesquisa, colocando-as no centro de sua existência. A despeito, porém, de todas estas iniciativas, e de um discurso governista que estabelecia a educação como mola mestra do desenvolvimento nacional, os sistemas científico e produtivo coexistiram absolutamente independentes e desvinculados entre si. Esta situação contribuiu para dar continuidade à dependência do Brasil em relação aos países exportadores de tecnologia que, por sua vez, vale dizer, creditam este nível de desenvolvimento à sua capacidade de conectar tecnologia ao desenvolvimento científico. O distanciamento da ciência em relação aos níveis de desenvolvimento alcançados pelo país comprova o vazio em que os discursos e políticas educacionais brasileiras sempre foram promovidos. A própria constituição das universidades públicas não conseguiu validar um projeto de autonomia científica, muito menos de conquista de novas fronteiras de conhecimento alinhada com todo o desenvolvimento da ciência em outros países do mundo. Nesse quadro a universidade continua sendo valorizada apenas como um instrumento de reprodução das elites, em vez de ser um espaço difusor de conhecimento ou um elemento importante na promoção do desenvolvimento científico, tecnológico e por isso econômico. (VELHO, 1996). O período militar brasileiro, paradoxalmente, representou um momento decisivo no panorama educacional brasileiro, essencialmente tendo em perspectiva dois aspectos. Um, o de fornecer à pesquisa condições reais de desenvolvimento, dando a ela um ímpeto pela 48 primeira vez comparável aos países de primeiro mundo. Outro, o de promover, através de suas estratégias de controle, os primeiros argumentos para uma discussão que até hoje vem permeando as rodas de educadores e políticos, no que tange às políticas educacionais do país: a questão do público e do privado. Inicialmente, o estudo se concentrará naquele primeiro aspecto, a fim de encerrar esta breve revisão histórica. Mais adiante, esta discussão sobre público e privado será aprofundada, a fim apenas de contextualizar em que condições o ensino superior privado brasileiro se estabeleceu, e no que isso contribuiu para a construção da imagem atual que este sistema hoje goza e que é também objeto deste estudo. O desenvolvimento da ciência e da tecnologia foi considerado um dos principais pilares de apoio ao governo militar, que creditava aos resultados destes investimentos a possibilidade de se estabelecer condições para o crescimento do país. Neste intento, ministérios foram fundados, como o do Planejamento e o da Educação, responsável a partir daí por estabelecer uma modernização no sistema universitário, estimulando a atividade docente e implementando regimes de remuneração e dedicação compatíveis com o desenvolvimento da pesquisa. Uma das conseqüências deste modelo foi o aumento do número de programas de pós-graduação que, embora tenham se tornado mais freqüentes nas universidades, não significaram a diminuição do hiato entre os setores produtivos e científicos, pois as empresas não se interessavam em financiar pesquisas, desprezando soluções nacionais para suas demandas e fortalecendo, em certa medida, a opção pela pesquisa básica em detrimento da pesquisa aplicada. Se de um lado as políticas econômicas não contribuíam para o fortalecimento da pesquisa aplicada, estimulando a importação de soluções tecnológicas oriundas de outros países, de outro os intelectuais resistiam à aproximação com os setores produtivos, sob o 49 receio de ter comprometida a qualidade ou a autonomia de seus estudos, o que revela uma incapacidade de conectar aspectos práticos e econômicos aos mais originais desta atividade. Isto fez com que, crescentemente, o próprio governo viesse a assumir o papel de demandante de pesquisa e tecnologia. Período em que as grandes empresas estatais se associaram a instituições de ensino, fazendo delas centros de pesquisa e desenvolvimento para seus produtos e serviços. Na década de 1980, grande parte dos recursos destinados à pesquisa se deslocou das instituições de ensino para os centros de estudos do governo ou para estas empresas estatais. Nos anos 90, a iniciativa do Ministério e, depois, da Secretaria de Ciência e Tecnologia dava fôlego ao movimento de modernidade e competitividade encampado pelo Presidente Fernando Collor de Mello, que, no campo da educação, propunha uma intensa integração empresa-escola. Como fruto de sua política de modernização, ao abrir o mercado para as importações, o que Collor fez foi expor ampla e largamente o atraso no qual a indústria brasileira estava submersa, revelando a absoluta incapacidade que o país tinha de competir com os similares importados, levando nossa indústria, aí sim, a abandonar o discurso de avanços tecnológicos, e buscá-los a todo custo, sob pena de não sobreviver no mercado. Mais uma vez, duas estratégias se confrontam oferecendo cenários bastante distintos para o futuro da ciência e tecnologia no país. Ou esta modernização se dava via investimentos internos, ou via importação de soluções externas. 50 2.3.1 Contexto Bahia: a UFBA, A UNEB e as primeiras IES privadas A Universidade Federal da Bahia – UFBA celebra em 2006 o seu Sexagenário de Fundação. Criada pelo Decreto-Lei nº 9.155, de 8 de abril de 1946, e reestruturada pelo Decreto nº 62.241, 8 de fevereiro de 1968, com sede em Salvador, possui autonomia administrativa, patrimonial, financeira e didático-científica. Mesmo instituída oficialmente como Universidade em 1946, sua formação abrangeu a articulação de unidades isoladas de ensino superior preexistentes, públicas e privadas. Sua história mais distante remonta ao Colégio Médico-Cirúrgico da Bahia (1808), a mais antiga escola oficial de estudos superiores do País, que originou a atual Faculdade de Medicina. Outros cursos foram criados e incorporados à Escola de Cirurgia: os cursos de Farmácia e Odontologia. Seguiram-se, ainda no século XIX, a Faculdade de Belas Artes e Faculdade de Direito. Já a Faculdade de Ciências Econômicas, Filosofia, Ciências (1934) e Letras (1941) surgiram no século XX. O núcleo inicial da UFBA se constituiu através dessas unidades de Ensino Superior, durante um período onde não se implantava uma verdadeira universidade, visto que, além de reunir as antigas escolas, existia a necessidade de criação de novas unidades e órgãos complementares. O Reitor Edgard Santos viveu esse desafio nos seus quinze anos de gestão, para firmar sistema universitário funcional, possível de atender às necessidades culturais da sociedade baiana. O Projeto de Universidade efetivado por Edgar Santos amparou e tirou vantagens da conjuntura e do ambiente cultural e artístico baiano. Vale ressaltar que no seu reitorado beneficiou-se do movimento a favor da redemocratização e do desenvolvimento, vivido naquela época no Brasil. 51 A Reforma Universitária promoveu uma intensa reestruturação e modernização acadêmica e administrativa das universidades brasileiras. Nesse período, foram criados diversos órgãos centrais de gestão e implantados os novos Institutos de Matemática, Física, Química, Biologia, Geociências e Ciências de Saúde, as Escolas de Biblioteconomia e Comunicação, Nutrição e Faculdade de Educação. No início da década de 1970, foram implantados os primeiros cursos de pós-graduação, lato e stricto sensu. A UFBA, ao longo da sua existência, conquistou o reconhecimento social como a mais importante instituição de ensino superior do Estado da Bahia, desempenhando papel fundamental na própria expansão desse nível de ensino, considerando-se que a grande maioria dos profissionais que atuam nas instituições de ensino superior, públicas e privadas, no Estado é egressa dos seus cursos de graduação e de pós-graduação. É também a universidade baiana que se diferencia das demais pelo nível de consolidação das funções de pesquisa e de extensão. Entre as privadas mais antigas de Salvador estão, a Visconde de Cayru, Universidade Católica do Salvador e a Universidade Salvador – Unifacs. A Fundação Visconde de Cairu foi fundada no dia 12 de março de 1905, com a proposta de instalar uma unidade de ensino capaz de formar peritos comerciais e habilitar os jovens para os cargos de chefes de contabilidade de bancos e companhias comerciais e industriais. Em novembro do mesmo ano, foi reconhecida como de Utilidade Pública Federal pela Lei nº 1423; cinco anos após, era reconhecida de Utilidade Pública Estadual e aos 58 anos de existência recebeu, também, o título municipal. Ao longo de sua história, a Cairu criou uma imagem sólida marcada pelo pioneirismo, quando implantou o primeiro Curso Superior de Economia e Finanças das regiões Norte e Nordeste do País. Em seguida, criou-se a Faculdade de Ciências Contábeis, reconhecida pelo Decreto Federal 740799/72. 52 Ao lado da tradição e da experiência acumuladas no passado, vieram a Faculdade Visconde de Cairu, que disponibiliza 5 habilitações na área de administração, e o CEPPEV – Centro de Pós-graduação e Pesquisa Visconde de Cairu contemplando cursos de Especialização e Mestrado. A Universidade Católica do Salvador, fundada em 18 de outubro de 1961, reconhecida pelo Decreto de nº 58 de 18/10/61, pertence ao conjunto das Instituições privadas mais antigas de Salvador. Iniciou suas atividades já como universidade. Em 1968, na gestão do então secretário Irmão Daniel de Albuquerque, a Faculdade Católica de Filosofia instala no Convento da Lapa, no dia 14 de março, os cursos de Direito, História Natural e Letras. Em seguida, com a construção de um prédio anexo, nos fundos do Convento, são agregados os cursos de Enfermagem, Engenharia e Pedagogia. Hoje conta com uma equipe de 980 professores e 770 funcionários, integrada nos Campi de Pituaçu, Federação, Garibaldi, Lapa e Instituto de Música. A UCSAL oferece aos seus 17.000 alunos 26 cursos de graduação, abrangendo as áreas de Ciências Humanas, Naturais e da Saúde, Ciências Exatas, Tecnologia e Artes Fundada em julho de 1972 a Unifacs, Universidade Salvador, inicialmente conhecida como FACS – Faculdade Salvador, começou suas atividades com a Escola de Administração de Empresas da Bahia. Oito anos depois, do primeiro vestibular do Curso de Administração, foi autorizada pelo Ministério da Educação a oferecer o curso de Tecnologia em Processamento de Dados. Os cursos funcionavam, àquela época, na Cardeal da Silva, Federação. Em 1992, a Instituição deu entrada no então Conselho Federal de Educação, defendendo sua transformação em Universidade, aprovada em 1993 e solenemente instalada como Unifacs em 1997. 53 A UNEB - Universidade do Estado da Bahia foi criada pela Lei Delegada n.º 66/83 datada de 1º de junho de 1983 e sua autorização de funcionamento deu-se através do Decreto Presidencial n.º 92.937 de 17 de julho de 1986. Tendo como objetivo essencial desenvolver atividades concernentes ao Ensino Superior no Estado, a UNEB surgiu em substituição à SESEB (Superintendência de Ensino Superior do Estado da Bahia) que, por sua vez, viera substituir o DESAP (Departamento de Ensino Superior e Aperfeiçoamento de Pessoal) que até dezembro de 1980, reunia 7 (sete) unidades de ensino superior vinculadas ao Governo da Bahia. Originariamente, a UNEB se estabeleceu a partir do CETEBA (Centro de Educação Técnica da Bahia) que funcionava mediante convênio firmado em 12 de outubro de 1968 entre o Ministério da Educação e Cultura, por intermédio da Diretoria de Ensino Industrial e o Governo do Estado. 2.4 O DIREITO À EDUCAÇÃO, O PÚBLICO E O PRIVADO A Declaração Universal dos Direitos do Homem, enfaticamente, afirma o direito que toda pessoa tem à educação. Desde que, para garantir sua existência, o homem precisou destacar-se em relação a alguma condição da natureza, ele o fez configurando um processo de aprendizagem. A partir daí, individualmente ou em grupo, desenvolvendo um sistema que integra forma e conteúdo, foi transmitindo seus conhecimentos às gerações seguintes garantindo a permanência da raça humana. Desde os processos mais primitivos aos primeiros sinais de uma educação formal nas sociedades, o homem conta com a aprendizagem e, num mundo mais complexo, com a educação para mediar sua vida e permanência no mundo. 54 Segundo Ferraz (1976, p. 9), “o direito à educação, o dever da educação e o financiamento da educação são temas cujo íntimo relacionamento, aconselha, seja sua apresentação feita de maneira conjunta ou, pelo menos, articulada”. Se a todos é assegurado o direito à educação, a quem cumpriria o dever de ofertá-lo e, além disso, de financiá-lo, uma vez que haverá sempre aqueles que não terão condições de fazê-lo com o fruto de seus próprios recursos? Indo mais adiante, sendo a educação bem de tanta relevância à vida do homem e da sociedade em que está inserido, existiria em alguma instância recursos suficientes capazes de prover a toda população mundial? Ou ainda, à determinada parcela supostamente responsável por garantir o sustento e sobrevivência de uma outra, por algum motivo, sobrepujada deste direito? Se não existe escola para todos, continua sendo este um direito universal? Em que dispositivo de lei está o Estado obrigado a fornecer educação para toda a população? Há como se exigir este direito do município, do estado ou da União? Por certo que a resposta de todas estas perguntas é negativa, muito embora o Estado tenha assumido o papel de criar as condições para o atendimento desta demanda, seja através de instrumentos legislativos, seja, principalmente, através da sua atuação nas esferas sociais e econômicas, capaz de minimizar a distância entre o que existe de direito, mas não de fato. Existem hoje no mundo, e sempre existiram em toda sua história, milhares de homens que passaram suas vidas respaldadas por inúmeros direitos que nunca vieram a se constituir em realidade plausível e concreta. Assim, nas leis, segundo Ferraz (1976) este dever é delegado à Família, aos Poderes Públicos, à iniciativa particular e finalmente à empresa – agrícola, industrial ou comercial. Logicamente que esta responsabilidade não está igualmente distribuída entre estes atores e que a cada um deles cabe um papel diferenciado nesta atividade. À família, por exemplo, estão ligados planos afetivos, morais, culturais e sociais que nem sempre uma outra 55 esfera poderá assumir. A ela também cabe o direito de escolher entre as opções existentes, segundo a LDB, ofertadas obrigatoriamente pelo poder público e pela liberdade da iniciativa particular, qual a que melhor atende aos seus anseios e propósitos relativos à educação de seus filhos. Por razões históricas e da própria conjuntura do setor, o ensino superior público sempre teve uma demanda superior ao do particular, não em números absolutos, mas observados os índices de concorrentes por vagas. Além de durante muito tempo ter se constituído como principal opção, criou-se uma idéia de qualidade superior advinda, talvez, do fato de ter sempre estado envolvida em atividades de pesquisa muito mais que a grande maioria das particulares. Também a compreensão de que este é um ensino “gratuito” reforça a opção, por grande parte dos jovens, por esta escola. Em muitos momentos, isso veio ajudar a reforçar o discurso contra as instituições particulares, que não tendo compromisso com a pesquisa na mesma escala, ou que cobrando pelos seus serviços, seriam elitistas, objetivando meramente o lucro e, portanto, não estando aptas a disputarem com as públicas em termos de reputação e imagem. Compreensão que traz alguns equívocos importantes de serem tratados. Primeiramente, que este ensino é gratuito apenas para o aluno, pois existem poucas contas no governo que custem tanto ao contribuinte e à sociedade quanto a educação. Portanto, ele é pago, e pago caro. Depois, que o fato de ser gratuito não necessariamente garante o acesso das camadas menos favorecidas, que tendo cursado seus ensinos fundamental e médio nas escolas públicas, estas sim, reconhecidamente mais fracas que as escolas particulares, não conseguem disputar, em iguais condições, estas vagas com a elite que vem a ser a grande beneficiada desta “gratuidade”. Além do mais, o fato de receberem recursos que propiciem e assegurem as atividades de pesquisa, é notório que muitas vezes os benefícios destas atividades não 56 conseguem se reverter em benefícios aos alunos, pois sequer alcançam as salas de aula. Ou pior, por vezes, sequer viabilizam uma infra-estrutura mínima capaz de atender às demandas práticas ou complementares às teóricas dadas em sala. Mais uma vez, como foi flagrante em tantos momentos de nossa história, a universidade, geradora de conhecimento e saber, muitas vezes não consegue transformar sua produção em riqueza capaz, minimamente, de sustentar as suas atividades. Situação que as instituições particulares, por sua vez, não podem correr o risco de viver. Diferentemente da primeira impressão, de que suas mensalidades servem para gerar lucro aos seus mantenedores, a realidade é que servem, sim, para viabilizar uma sala de aula, infra-estrutura e atendimento a toda sua comunidade, docente, discente e técnicoadministrativa, tendo como parâmetros todos os índices estabelecidos pelo governo através do Ministério da Educação, promovendo suas atividades e sendo contínua e constantemente avaliada. O objetivo de prestar serviços de educação superior nestas instituições precisa ser exercício diário e ininterrupto de busca pela eficiência e competência em toda sua “escala produtiva”, pois apenas assim se mantêm e finalmente conseguem cumprir com seu dever mister: o de educar, ou indicando Anísio Teixeira, cumprindo os seus objetivos básicos, “formação e ensino, pesquisa e finalmente, serviço”. [...] O sistema legal brasileiro não abriga preconceitos a favor ou contra a escola particular, e nem mesmo se coloca frente a ela numa posição de indiferença ou de mera tolerância. Ao contrário, convida-a e estimula-a. [...] Assim, se os altos objetivos comuns da educação além dos específicos, próprios de cada grau de ensino, vierem a ser igualmente atingidos pela escola pública e pela particular, não vemos em nome de que princípio impugnar a existência desta última para reservar ao Poder Público o monopólio educacional. Mesmo porque os monopólios só se justificam em condições excepcionalíssimas e, de outro lado, as soluções pluralistas sempre atendem melhor às exigências do regime democrático. Se é inegável a existência, entre nós, de más escolas particulares que negligenciam em relação aos seus deveres para com a educação [...] é verdade também que boas e até excelentes instituições de ensino privado pontilham todo o território nacional, constituindo-se por vezes em autênticos e respeitáveis centros de excelência. [...] De outro lado também, na escola pública onde costumamos encontrar o ótimo e o bom com freqüência nos defrontamos com o medíocre e o mau, e faltaria à verdade quem, conhecendo rede oficial de ensino em toda sua extensão e variedade, pretendesse ignorar tal evidência. (FERRAZ, 1976, p. 28). 57 Esta citação propõe uma valiosa reflexão acerca da qualidade das Instituições Públicas e Privadas, objeto deste trabalho. Um de nossos pressupostos se apóia na idéia de que as opiniões sobre a qualidade destas instituições se baseiam muito mais em conceitos compartilhados historicamente, que em experiências efetivamente vivenciadas. Além disto, há uma idéia de que a iniciativa privada se vale desta prerrogativa para alcançar objetivos meramente lucrativos. A compreensão de que este espaço é legitimamente aberto pelo poder público é muito importante para as idéias deste texto, pois possuímos, no país, centros de excelência, reconhecidos e tidos como referência. Isto parece indicar um espaço factível, onde alguns de nossos argumentos ganham eco. 2.5 O ENSINO PRIVADO NO BRASIL – CONTEXTO HISTÓRICO Na trajetória da educação superior no Brasil, e, mais especificamente, da educação superior privada, muitos foram os momentos de confrontos ideológicos e políticos acerca da discussão entre público e privado. Tendo como perspectiva a Primeira Constituição Brasileira, de 1891, percebe-se que, muitas vezes, a escrita de cartas, leis, decretos que ao longo de nossa história construíram a diretriz de um pensamento político sobre a educação é marcada notadamente pela mistura de idéias antagonicamente postas. E foi com este documento que nasceu formalmente uma autorização para que a iniciativa privada oferecesse serviços educacionais de nível superior. Neste texto, porém, isto aparece como uma atividade livre e aberta sem parâmetros de regulamentação. 58 No regime republicano, as escolas particulares precisavam de autorização governamental para funcionar. Os diplomas emitidos pelas instituições privadas passaram a receber sanção pública e tinham validade nacional. Abria-se assim, amplo espaço para faculdades e escolas com cursos práticos pós-secundários que também eram considerados ‘superiores’. (SEMESP, p. 26). A forma de organização escolar de um país e a sua evolução econômica têm relação muito direta. Muitas vezes, a primeira surge como tentativa de estruturação para atendimento de uma demanda desta última. O fato de um número reduzido de estudantes poder cursar o ensino médio no Brasil contribuía para um pequeno número de ingressantes no ensino superior, que em 1927 era de aproximadamente 12,5 mil pessoas. Em todas as reformas que se sucederam durante o período da República Velha, a participação da iniciativa privada era garantida. Mas todas as escolas superiores, públicas ou privadas, até então constituídas, tinham uma origem fortemente profissionalizante, sem a atmosfera acadêmica suficientemente capaz de gerar uma efervescência cultural e intelectual pretendida por alguns especialistas. Esta era, segundo eles, uma das razões do claro traço estrangeiro presente em toda expressão artística revelada durante a Semana de Arte Moderna de 1922. Não existia no país um saber próprio, original e genuíno, que se aproximasse de suas raízes culturais e históricas. Já tão avançado em uma escala histórica, o Brasil continuava evidenciando seu traço de forte dependência dos países mais ricos, como à época em que ainda era uma colônia. O país que olha para fora e não para si, o que fala de uma realidade distante que não a sua, ainda era o Brasil de 1930. Pois, entre 1930 e 1954, tendo como presidentes Vargas, Eurico Dutra e Juscelino Kubitschek, algumas iniciativas foram importantes para sustentar a tentativa de dar à educação um outro grau de prioridade. Uma delas foi a criação do Conselho Nacional de Educação, do Ministério da Educação e da Saúde Pública e a outra, conseqüência desta, a reforma conhecida como Reforma Campos (de Francisco Campos, o primeiro Ministro da Educação brasileiro). 59 Francisco Campos havia sido secretário em Minas Gerais e promovido uma reforma educacional naquele estado. Esta reforma baseava-se numa mudança de perspectiva no olhar sobre a expansão do ensino. A escola proposta por Campos enxergava o aluno e suas necessidades e interesses, alcançando uma dimensão de ação social. Para alguns historiadores, esta foi a primeira significativa reforma pela qual passou o sistema educacional brasileiro. Esta reforma propõe toda uma organização administrativa das universidades, e também estudantil. Além disso, explicitou firmemente os objetivos de uma universidade, onde se incluíam a função de criar, elaborar e transmitir a ciência, além de formar professores e profissionais para as mais diversas atividades. Na reforma de Francisco Campos, as formas de organização eram a pública – mantida pelos governos estadual ou federal – e a particular. E, com objetivos previamente definidos de aproximação com a Igreja Católica a fim de que esta desse um suporte ideológico ao governo Vargas, ele a credenciou ao ensino primário e secundário, polarizando com os liberais que defendiam o direito de o Estado suprir esta demanda social. As orientações de Campos eram respaldadas pela Encíclica Papal, que julgava superior e prioritário o direito da Igreja sobre a educação em relação ao Estado. De 1931 a 1937, quando se instalou a ditadura do Estado Novo, vários congressos sobre educação foram realizados no Brasil. Nesses debates, duas orientações estiveram em conflito. Uma era a tradicional representada por católicos, que defendiam a educação subordinada à doutrina religiosa (católica), a educação separada por sexos (masculino e feminino), o ensino particular, a educação como responsabilidade da família, etc. Outra era representada por educadores sob influência do movimento pela Escola Nova, que defendiam o ensino laico, a coeducação, a gratuidade, a responsabilidade pública, etc. (SEMESP, p. 50). As Universidades particulares começaram a surgir nos anos 40. Católicas em sua maioria e de acordo com o Estatuto das Universidades Brasileiras, nasciam em torno de núcleos de filosofia, ciências e letras. Nos anos que antecederam o regime militar, o crescimento do número de IES privadas no país se deu, majoritariamente, no âmbito das católicas, e tomando os dados demográficos desta época, o ensino superior brasileiro continuava a ser um privilégio de 60 elites. E o ministro Campos ficou marcado na história como uma personagem que defendeu veementemente os interesses da direita, submetendo-a a uma ferrenha contestação por parte dos liberais que acreditavam nos fundamentos de uma escola enquanto movimento social. Foi então, com Clemente Mariani, Ministro da Educação do Presidente Dutra, que houve um chamado para os pensadores liberais formarem uma comissão e elaborar uma proposição para a elaboração de novas diretrizes educacionais. “Escolanovista” de destaque, Anísio Teixeira foi uma personagem de destaque nestas discussões, levantando em suas reflexões e questionamentos muito presentes até hoje nas grandes rodas de discussões sobre a educação superior no país, durante a década de 50. Segundo Saviani (1998, p. 10), os antecedentes da questão do ensino público no Brasil em confronto com o ensino privado remontam ao período colonial. A partir daí, ciclicamente, esta questão retorna em períodos diferentes da história, ressaltando, a depender do momento, aspectos diferentes. E, muito embora a presença da iniciativa privada no ensino superior se dê desde 1891, com a Escola de Engenharia de Mackenzie, foi a partir da década de 60 que surgiram as principais condições para sua expansão ocorrida significativamente entre as décadas de 70 e 80. Como dito anteriormente, o período militar foi um período marcante no desenvolvimento da história da educação no Brasil, pelo apoio que deu à pesquisa e ao desenvolvimento da ciência e tecnologia e também por ter aumentado a capacidade de atendimento a milhares de novos estudantes que ingressavam no ensino superior. Este foi o ponto em que ocorre uma transformação estrutural bastante significativa no ensino superior privado brasileiro. Portanto, em um ambiente bastante complexo e cercado de profundas transformações políticas. Com a derrocada do populismo e, por conseguinte, com o fim dos propósitos de criação de um modelo capitalista autônomo, a tentativa agora era um projeto de 61 desenvolvimento dependente dos centros hegemônicos mundiais. Assim, parece natural que todo aquele movimento feito no sentido de fortalecer a universidade enquanto instituição autônoma e independente intelectualmente, dissociada, ao menos em suas tentativas, de políticas governamentais ou de interesses de determinados setores produtivos, tenha contado a partir daí com uma forte articulação contra seus propósitos. Afinal, se o modelo era ser seguidor de países hegemônicos, havia de se podar qualquer tipo de tentativa de independência e autonomia. Assim, os movimentos de despolitização dos campi acadêmicos começam a se tornar cada vez mais intensos e explícitos, claramente revelando a esta sociedade o interesse em neutralizar a força advinda das atividades políticas dos estudantes ou dos professores em suas instituições de ensino. Novas legislações são criadas, novas entidades dão lugar às até então criadas, desmantelando uma ordem estabelecida por esta comunidade durante o período populista. Os professores e funcionários destas instituições eram enquadrados em dispositivos que controlavam suas ações, e assim o governo militar esquadrinhava toda a atividade docente e estudantil daquele período. Paralelamente a este movimento, exatamente neste período, o número de alunos que não conseguia ingressar no ensino superior crescia progressivamente. Este mesmo governo decide então traçar novas diretrizes a fim de reestruturar o ensino universitário brasileiro. Uma escolha feita neste período marca notadamente os destinos do ensino privado no Brasil a partir dali. A contratação de um professor norte-americano, Rudolph Atcon, que representava o desejo de um pequeno grupo que centralizava as decisões e rumos sobre a educação àquela época. A orientação do norte-americano era a de que a educação superior deveria atender às demandas sócio-econômicas do seu meio social. Relatava também a forte explosão demográfica pela qual o país passara, o que o levava a recomendar a expansão do sistema, no 62 que se referia à quantidade de alunos, de docentes e de estabelecimentos. Alertava, contudo, para a falta de recursos do país, que deveria prestar atenção a este fato ao traçar seus objetivos nesta reestruturação. A reestruturação da universidade brasileira deveria, segundo ele: a) criar uma nova estrutura baseada nos princípios de flexibilidade estrutural e de diversificação do corpo docente, de forma a obter um máximo de integração e economia; b) satisfazer as reais necessidades da sociedade preparando em número suficiente profissionais em áreas de maior carência da sociedade, ampliando quantitativamente o ensino superior, de modo que ele pudesse atender as crescentes demandas; c) organizar-se sob a forma de departamentos que incorporassem disciplinas afins de seu campo de conhecimento e agrupasse neles os docentes da mesma área, de modo a possibilitar, segundo ele, uma economia de recursos materiais e humanos através da concentração de todos os serviços didáticos numa mesma unidade; d) adotar para as instituições de ensino uma estrutura administrativa nos moldes das empresas privadas, uma vez que em sua concepção, a universidade é de fato “uma grande empresa. (MARTINS, 1989, p. 24). Muitas destas observações estavam presentes no relatório da comissão estabelecida pelo governo para assessorar o ensino superior. E enquanto a demanda por mais vagas crescia vertiginosamente, a reforma universitária foi levada adiante alheia à oposição de professores e estudantes que, por sua vez, encontravam dificuldades em manifestar suas opiniões devido à desarticulação que sofreram. As medidas desta reforma buscavam ampliar o número de vagas, o que não teve êxito, pois as instituições públicas não conseguiam absorver a demanda, o setor privado não crescia a contento e as instituições católicas continham seus planos de expansão. Caberia então ao governo aumentar seus investimentos no setor, contrariamente ao que se sucedeu na realidade, que foi uma concentração de investimentos nos setores de infra-estrutura e não sociais, onde se encontrava a educação. Está aí inaugurada a base de toda dinâmica que veio se estabelecer a partir de então, quando o Estado delega à iniciativa privada um papel de suprir a demanda e, assim, desafogar o orçamento público sem deixar de atender a um apelo social por mais vagas e expansão do ensino superior. 63 Estas instituições, na maioria das vezes organizadas como isoladas, se constituíram no sentido de ocupar um espaço deixado pelas instituições públicas, compartilhando com estas últimas, a visão de atender às demandas econômicas e sociais de então. O que para alguns estudiosos, a caracterizaram fortemente como instrumentalistas, distanciando-se das atividades de pesquisa e desenvolvimento de ciência e da tecnologia, e, mais uma vez, pontuando na história do nosso país uma demasiada aproximação dos objetivos educacionais com os objetivos do mercado. As décadas de 70 e 80 foram marcadas pelo crescimento do número de instituições de ensino superior privadas, o que contribui para a explosão do número de matrículas que saltou de 300.000 em 1970 para um milhão e meio em 1980. Não obstante todo este crescimento situado na década acima descrita, foi, de fato, no governo de Fernando Henrique Cardoso que, através das políticas do então ministro Paulo Renato de Souza, o ensino superior privado brasileiro mudou de forma determinante a dinâmica de oferta e demanda por educação superior no país. 2.6 DE 1997 A 2005 – UM NOVO PANORAMA DO ENSINO PRIVADO BRASILEIRO Durante o período em que comandou o Ministério da Educação (MEC), entre os anos de 1995 e 2002, o ministro Paulo Renato Souza trouxe para a esfera das prioridades do governo a questão da educação. No governo Fernando Henrique Cardoso, a educação era vista como motor do desenvolvimento econômico e social. Em sua gestão, o ensino fundamental ganhou grande ênfase e o combate ao analfabetismo era a sua principal meta. Alguns programas, como o FUNDEF e o Alfabetização Solidária e outras iniciativas importantes, como o Plano Nacional de Educação 64 (PNE) e o provão, foram lançadas. O resultado de todas estas ações foi a inclusão de 97% das crianças de 7 a 14 anos na escola. Além disso, as regras para a abertura de cursos e instituições, a partir de 1995, foram bastante flexibilizadas. Houve uma regularização da lei que permitiu a existência das IES como empresas com finalidades lucrativas (1999), o conseqüente crescimento do ensino médio diante das políticas estabelecidas para o ensino fundamental, e, por fim, um fenômeno em que boa parte da população que já havia concluído o ensino médio há alguns anos e, com estas novas condições de mercado, retornam ao ensino superior. As conseqüências destas ações no mercado de trabalho é a qualificação de sua mão de obra. Entre 1997 e 2003, segundo dados do MEC/INEP, o setor privado de educação cresceu a sua demanda – número de alunos ingressantes – em 154%, alcançando uma média de crescimento de 17% a cada ano. Este índice cai significativamente no ano de 2003, chegando a 8%, quando o cenário de forte expansão, sustentada numa curva crescente de demanda, começa a dar sinais de mudanças. Em números absolutos, o número de alunos ingressantes passou de 392.041 (em 1997) para 995.873 (em 2003). Os setores público e privado, juntos, passaram neste mesmo período de 573 mil para 1,26 milhão de ingressos. O último censo realizado no setor, em 2003, indica o número de 3,7 milhões de alunos no ensino médio superior brasileiro. Destes, 71% estão na rede privada. O crescimento neste setor, entre 1997 e 2003, foi de 132%, com uma média de 15% ao ano. 65 2.500.000 2.000.000 1.500.000 1.000.000 500.000 1997 1998 Total de Vagas 1999 2000 Nas IES Pivadas 2001 2002 2003 Nas IES Públicas Figura 07: Número de Vagas na Graduação das IES Brasileiras Fonte : MEC / INEP e Hoper Educacional. A relação ingresso/vaga, contudo, vem caindo ano a ano, como nota-se na tabela abaixo. Este é um dos indicadores do nível de agressividade competitiva que o setor vem apresentando. Observando o crescimento do número de vagas e o crescimento do número de IES neste período, também é possível constatar as razões da queda nesta relação ingresso/vaga. A Ideal Invest estima que em 2003 o prejuízo do setor educacional chegou a 500 milhões de reais. Tabela 03: Número de Vagas e Ingressantes nas IES Privadas Total de Vagas 1997 505.377 1998 589.678 1999 740.923 2000 970.655 2001 1.151.994 2002 1.477.733 2003 1.721.520 Fonte: MEC/INEP/Hoper Educacional, Numero de Ingressantes 392.041 454.988 570.141 664.474 792.069 924.649 995.873 66 Entre 1997 e 2003, as IES privadas saltaram de 505.377 vagas ofertadas para 1.721.520. Isto nas 1762 IES brasileiras (2004) que em 1997 eram 689, conforme tabela. Então, com um crescimento de 241% do número de vagas e de 154% do número de ingressantes, está criado um descompasso entre oferta e demanda. Ainda que crescendo ano a ano, esta demanda está se diluindo frente à oferta que se estabelece ainda maior. 2.7 A COMPETIÇÃO NO SETOR, A GESTÃO E A ATUAÇÃO DAS IES PRIVADAS NO BRASIL As tabelas abaixo ilustram o atual cenário brasileiro, e apresentam fortes indicadores da alta concorrência que o setor vem oferecendo. Avaliando estes números, parece mais compreensível o fato destas instituições terem desenvolvido uma preocupação tão forte com seus planos de gestão. Instituição Total Privada % Universidade Centros Universitários Faculdades Integradas Faculdades/Institutos/Escolas Centros de Educ.Tecnológica Total 169 107 119 1.474 144 2.013 86 104 116 1.388 95 1.789 50,89% 97,20% 97,48% 94,17% 65,97% 88,87% Figura 08: Instituições de Educação Superior em 2004 por Organização Acadêmica Fonte: Sinopse Estatística do Ensino Superior Graduação 2004 - INEP/MEC Região Total Privada % Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste Total 118 344 1.001 335 215 2.013 100 288 911 298 192 1.789 80,75% 83,72% 91,01% 88,96% 89,30% 88,87% Figura 09: Instituições de Educação Superior em 2004 por Região Fonte: Sinopse Estatística do Ensino Superior Graduação 2004 - INEP/MEC 67 Região Total Privada % Norte Nordeste Sudoeste Sul Centro Oeste Total 13.946 48.822 145.921 59.416 25.137 293.242 6.943 23.160 109.094 37.456 16.165 192.818 49,78% 47,44% 74,76% 63,04% 64,31% 65,75% Figura 10: Funções Docentes em Exercício e Afastados em 30/06/2004 por Região Fonte: Sinopse Estatística do Ensino Superior Graduação 2004 - INEP/MEC Ano Total Privada % 2000 2001 2002 2003 2004 1.180 1.391 1.637 1.859 2.013 1.004 1.208 1.442 1.642 1.789 85,08% 86,84% 88,09% 88,33% 88,87% Figura 11: Instituições de Ensino Superior no Brasil entre 2000 e 2004 Fonte: Sinopse Estatística do Ensino Superior Graduação 2004 - INEP/MEC Ano Total Privada % 2000 2001 2002 2003 2004 2.694.245 3.030.754 3.479.913 3.887.771 4.163.733 1.807.219 2.091.529 2.428.258 2.750.652 2.985.405 67,08% 69,01% 69,78% 70,75% 71,70% Figura 12: Matriculas em Curso de Graduação Presenciais no Brasil entre 2000 e 2004 Fonte: Sinopse Estatística do Ensino Superior Graduação 2004 - INEP/MEC Ano Total Privada % 2000 2001 2002 2003 2004 197.712 219.947 242.475 268.816 293.242 109.558 128.997 150.260 172.953 192.818 55,41% 58,65% 61,97% 64,34% 65,75% Figura 13: Docentes nas IES entre 2000 e 2004 Fonte: Sinopse Estatística do Ensino Superior Graduação 2004 - INEP/MEC Ano Total Privada % 2000 2001 2002 2003 2004 102.830 119.111 135.695 152.748 166.255 47.579 60.810 74.497 87.928 98.430 46,27% 51,05% 54,90% 57,56% 59,20% Figura 14: Docentes com Mestrado e/ou Doutorado nas IES entre 2000 e 2004 Fonte: Sinopse Estatística do Ensino Superior Graduação 2004 - INEP/MEC 68 Em um cenário como este, as ferramentas de gestão podem representar um forte componente de diferenciação, pois passam a assumir significado de alta relevância em organizações que até então se preocupavam, em sua grande maioria, com a sua qualidade acadêmica. Além disso, não apenas as ferramentas de gestão, mas também os seus gestores serão componentes de diferenciação nos resultados produzidos por uma IES. Numa organização de altíssima complexidade, como é uma Instituição de Educação Superior, o papel do gestor ganha especial contorno. Primeiro porque se lida com dimensões que requerem características por vezes difíceis de conciliar em gestores de outros tipos de organizações. A dimensão acadêmica, essencial ao bom desempenho deste papel, por exemplo, precisa ser compreendida e posta em sinergia com as demais: administrativa, financeira, política. Estas instituições ainda parecem estar no caminho da definição destes perfis e papéis. E se pode apostar que aquelas que mais cedo definirem e formarem estes gestores terão um diferencial competitivo relevante perante suas concorrentes. Os desafios que se impõem a partir deste panorama trazem uma nova dimensão de administração de instituições educacionais, e imprimem aos seus gestores uma nova realidade. Daí, surgem as tentativas iniciais de formulação de planos de gestão que, não muito frequentemente, recorrem às noções de planejamento e por conseqüência de formulações de planejamento estratégico. Atualmente, percebe-se o início de uma polarização entre as IES privadas. Fora deste campo de polarização, estão aquelas que lutam pela sobrevivência, dado seu modelo pouco competitivo e suas estruturas normalmente pouco funcionais. Entre as que se apresentam com possibilidade de sustentabilidade a médio e longo prazo, estão, de um lado, as que brigam por escala (grande quantidade de alunos) e priorizam a conveniência (estrutura, 69 localização, preços, modalidades de cursos), e, do outro lado, as que oferecem um componente de qualidade e de valor em suas ofertas e conseguem cobrar um preço mais caro ao seu público, que é capaz de perceber este valor diferenciado. Em qualquer um dos casos citados acima, estas ferramentas são o manancial com que os gestores educacionais podem contar para fazer valer as suas estratégias de enfrentamento da concorrência. Parece-nos que ignorá-las, ou, ainda, usá-las indevidamente pode comprometer a longevidade de suas instituições. A busca de um posicionamento estratégico ainda é prática pouco conhecida nos ambientes educacionais. Mais ainda, segmentação, branding (gerenciamento da marca), pesquisas de recall, e tantas outras ferramentas de que o marketing dispõe e que se apresentam como essenciais neste cenário das IES, públicas ou privadas. Ainda que se utilizassem deste manancial apenas para comunicar o que fazem pela sociedade, o que já geraria, para o setor, um valor diferenciado. Apesar dessas limitações, e não obstante exista um forte distanciamento entre o que de fato se faz e o que se percebe da prática das IES privadas do Brasil, o resultado social de suas ações já impactou significativamente as comunidades onde atuam. Numa pesquisa encomendada realizada pela ABMES – Associação Brasileira de mantenedores do ensino Superior - em 2004, dados relevantes sobre a atuação destas instituições foram levantados. No ANEXO A deste trabalho, lista-se os mais significativos do ponto de vista de impacto social, no intuito de, mais adiante, certificar se esta atuação é percebida pela sociedade e se ela é capaz de atribuir valor a este trabalho.3 Num estudo de Paulo Renato Souza Consultores Ltda., empresa de consultoria na área educacional, levando-se em conta a projeção das taxas de escolarização líquida (número de alunos matriculados no ensino médio com idade entre 15 e 17 anos) e taxa de escolarização 3 Vide Anexo A. 70 bruta (total de matrículas no ensino médio dividido pela população com idade entre 15 e 17 anos), aplicados pela população estimada pelo IBGE, foram feitas algumas projeções no sentido de levantar o crescimento da demanda no Ensino Superior para este período acima indicado. Os resultados indicaram que a competitividade permanecerá ampliando, inclusive, seu entendimento e estabelecendo novos caminhos para estas Instituições se posicionarem. Em um outro documento, Monteiro (2004) indica os principais cenários de futuro do ensino superior brasileiro. Dentre os apontados, destacam-se os seguintes: a continuidade do crescimento do número de matrículas, o aumento da participação na classe C, uma participação crescente de alunos vindos da população economicamente ativa, um crescimento da taxa de ociosidade, crescimento do número de IES, crescimento da participação feminina, uma interiorização das IES, aumento do número de cursos. O marketing continuará sendo, portanto, um diferencial na gestão destas IES que aprenderão a lidar com novos concorrentes, buscando novos posicionamentos e adequando seu mix de marketing às novas realidades que se imponham. 71 III O MARKETING Ambientes de alta competitividade produzem dinâmicas próprias e motivam a geração de modelos de funcionamento que objetivam o enfrentamento da concorrência e, principalmente, a manutenção de sua posição no mercado. Para isso, muitas vezes os competidores buscam saídas de forma a se destacar dos demais. Nem sempre, porém, e de certa forma isto tem a ver com o grau de maturidade do setor e de seus gestores, isto é dado através da formulação de um plano ou de um pensamento estratégico norteador. Não são muito raras as experiências de setores que atravessaram seus primeiros anos de funcionamento, ou períodos especialmente críticos, formulando tentativas empíricas de enfrentamento dos problemas. Entre 1997 e 1998, o que se pode considerar como o primeiro momento da abertura do mercado para as instituições educacionais privadas e, portanto, de implantação da grande maioria destas instituições particulares, o número de candidatos em busca de uma vaga era tão grande, que pouco se precisou pensar em de que forma tornariam eficientes as suas estruturas administrativas. As prioridades institucionais eram quase sempre as de viabilizar uma capacidade imediata de receber e acomodar todos aqueles alunos. Assim, desta maneira, mesmo com alta competitividade instalada no mercado, as IES privadas de Salvador viveram períodos de certa tranqüilidade no que dizia respeito ao 72 ingresso de novos estudantes no ensino superior. A demanda reprimida era tamanha que mesmo sendo instituições novas, ainda sem reputação firmada, as escolas tiveram seus processos seletivos lotados de candidatos em busca de uma vaga. Passada esta primeira fase, com a curva de demanda mais estabilizada, o mercado estava saturado de escolas que ofertavam, aparentemente, o mesmo bem. Era chegado o momento da busca da diferenciação, em que sairiam vitoriosos aqueles que conseguissem ofertar algo único e com valor próprio. Além disso, com alguns poucos anos de funcionamento, estas instituições já davam sinais em graus diferenciados de eficiência em suas atividades. Aos poucos, conceitos acerca de suas estruturas, corpo docente, reconhecimento dos cursos e outros itens começam a ser apontados pelos seus alunos, com relevância em alguns casos. Algumas instituições começam a se destacar e formar imagem diferenciada das demais. Este processo de diferenciação, se avaliado em longo prazo, pode ser dado pela própria reputação que a IES construirá em suas inter-relações com os diversos públicos com que lida. A consistência de seu projeto acadêmico, a amplitude de suas atividades de extensão, a trajetória de seus alunos egressos, a sua participação em debates e discussões relevantes à sociedade, a sua contribuição dada através da pesquisa, enfim, a construção deste caminho, que será único e próprio, resultará, aí sim, na imagem institucional comungada pela comunidade em que estas IES atuam. No entanto, a curto e médio prazo, o papel da comunicação será relevante para a construção desta imagem, que poderá ratificar ou não esta construção futura a que refere-se acima. E esta aproximação entre presente e futuro será tratada sob o olhar de muitos conceitos que serão apresentados em seguida, no intuito de se demonstrar que o marketing em sua essência contribui pra o fortalecimento de um valor existente, e não para a venda de uma 73 realidade construída, desde que considerados seus aspectos éticos e fundadores desta disciplina. Mas independente de que forma se configurem no futuro, todas estas instituições, face à concorrência estabelecida, têm lançado mão de trabalhos de comunicação e marketing. E é a forma como isso vem acontecendo que se pretende revisar criticamente neste trabalho. Conquistar novos alunos tem ficado cada vez mais caro. Além disso, perder alunos tem sido cada vez mais freqüente. Qual seria então a explicação para as crescentes verbas de marketing, constatadas nos orçamentos globais das instituições de ensino? Uma hipótese é a má utilização destes recursos, reforçada pela compreensão superficial de suas possibilidades, reunidas no escopo de trabalho do marketing. 3.1 CONCEITOS E DISCUSSÃO INICIAL Desde a economia clássica, percebe-se a presença dos conceitos e das principais formulações de marketing. Vários indícios sugerem que ela foi pelo menos aflorada pelos grandes economistas ingleses dos séculos XVIII e XIX, contemporâneos da 1ª Revolução Industrial. Adam Smith a princípio, e os economistas clássicos, em seguida, estavam perfeitamente a par das funções do marketing na economia de um país (GRACIOSO) . É de certa forma extraordinário que um dos economistas clássicos ingleses, R. Torrens tenha antecipado numa passagem inspirada uma definição de marketing que veio a ser largamente empregada cem anos depois. Torrens (apud GRACIOSO, p. 15) escreveu: “Criam riqueza e utilidade, tanto quanto as atividades produtoras propriamente ditas, aquelas 74 atividades destinadas a tornar as mercadorias disponíveis em momentos e lugares onde a demanda é maior do que no momento e lugar em que as mesmas foram produzidas.” Gracioso continua ainda, mais adiante, apontando Keynes como um precursor da falácia comum ao marketing, sobre os impulsos e motivações psicológicas que afetam o comportamento do consumidor. Pode-se, ainda, recorrer ao mercantilismo e suas formas de organização, berço das noções e conceitos de marketing, ainda que não sistematizadas numa disciplina à parte da economia. Isto vem acontecer, praticamente, entre os anos 50 e 60 nos EUA, onde Peter Drucker, que normalmente não é conhecido como um dos teóricos especificamente de marketing, formulou os seus principais conceitos norteadores. Embora não tenha focado seus livros nesta disciplina, existe, em sua obra, um pensamento fortemente pautado nos princípios do marketing. A sua difusão pelo mundo, contudo, foi lenta. Na Europa ocidental, só se deu depois da Segunda Guerra Mundial. Até os anos 70, o termo era usado com certa restrição e cautela, exceto em organizações norte-americanas que já praticavam suas formulações sob uma ótica já profissional. A partir desta década é que começam a se identificar, nos organogramas das empresas, as figuras dos gerentes e diretores de marketing. Crescentemente a importância desta área é reconhecida nestas estruturas, e, a depender do momento e o contexto econômico, ressaltado determinado componente de marketing. A propaganda, a pesquisa, o marketing um-a-um, as relações públicas, sistemas de data-base, o CRM (customer relationship management), todos estes, são conceitos que foram sendo apropriados ano a ano, década a década, pelos profissionais de marketing das organizações. 75 Raimar Richers (1984) atribui três razões ao fato do Marketing ter sido integrado tão rapidamente ao vocabulário popular no Brasil. São eles: o processo de industrialização pelo qual o país passou nas últimas décadas; a difusão da inovação através de cursos e especializações – rapidamente criados no país – e por último, ao sistema de comunicações que através da mídia impressa falada ou escrita faz ampla utilização do termo de forma nem sempre tão apropriada, pois freqüentemente se apropriam do termo, distanciando-se significativamente das suas reais definições e conceitos. São muitas as definições encontradas para Marketing: [...] é o processo pelo qual a economia é integrada à sociedade para servir às necessidades humanas. (DRUCKER). [...] é criar e manter clientes. (LEVITT, 1995). [...] a atividade humana dirigida à satisfação de necessidades e desejos por meio de processos de trocas. (KOTLER, 1991). [...] é uma função gerencial, que busca ajustar a oferta da organização a demandas específicas do mercado, utilizando como ferramental um conjunto de princípios e técnicas. Pode ser visto também como um processo social, pelo qual são reguladas a oferta e a demanda de bens e serviços para atender às necessidades sociais. É ainda, uma orientação da administração, uma filosofia, uma visão. Essa orientação reconhece que a tarefa primordial da organização é satisfazer o consumidor, atendendo a suas necessidades, levando em conta seu bem-estar a longo prazo, respeitadas as exigências e limitações impostas pela sociedade e atendidas as necessidades de sobrevivência e continuidade da organização. (ROCHA; CHRISTENSEN, 1999). [...] é a planificação e execução de um conjunto de atividades comerciais, tendo como objetivo final a troca de produtos, ou serviços, entre produtores e consumidores. (AMERICAN MARKETING ASSOCIATION apud ROCHA; CHRISTENSEN, 1999). [...] é o conjunto de operações que envolvem a vida do produto, desde a planificação de sua produção até o momento em que é adquirido pelo consumidor. (Michaelis). [...] as atividades sistemáticas de uma organização humana voltadas à busca e realização de trocas para com o seu meio ambiente, visando benefícios específicos. (RICHERS, 1984). Necessário considerar que muitas destas definições são constituídas por termos usuais nesta disciplina, considerando o contexto de seu surgimento e todo o ambiente em que se consolidou. Com o passar do tempo, e a própria evolução da economia que passa a abrigar empresas de diferentes naturezas, esta disciplina também se apropriou de novos conceitos e novas formulações, o que, contudo, não nos impede de, aqui, considerar toda sua significação, inclusive a partir de termos não muito apropriados à atividade educacional. 76 Assim, destaca-se, além destas definições de diversos autores sobre a disciplina, conceitos importantes de serem aplicados no universo da gestão de instituições de ensino superior, a fim de ser percebido o quão intrínsecos são a esta atividade, e o quanto podem valer na construção de uma nova compreensão acerca dos objetivos deste setor. Desprezar o trabalho de marketing ou, de alguma forma, refutar o termo em seus corredores é uma forma de exercer esta certa arrogância oriunda do domínio inquestionável do conhecimento e das teorias, entregando-se à mera constatação de que a realidade é feita de interações mais objetivas e não menos complexas que as teorias que, por sua natureza, não possuem a condição de agilidade para descrever estes fenômenos de interação na velocidade em que eles ocorrem. Especialmente hoje, toda e qualquer instituição de ensino superior, está de alguma forma fazendo marketing, ainda que sob outra denominação. Os princípios que estão sendo utilizados, seja para atrair novos alunos, seja para oferecer melhores serviços aos alunos atuais, seja para informar à sociedade de suas atividades, são, todas elas, ações de marketing. 3.2 EQUÍVOCOS E CRÍTICAS AO MARKETING Há, portanto, que se discutir rapidamente sobre alguns equívocos e algumas críticas (KOTLER;FOX,1994) constantes na atividade do marketing, em especial quando é exercida em instituições de ensino. Tanto estes equívocos quanto estas críticas se originam, em grande parte, do senso comum sobre esta disciplina e também, em certa medida, da forma pejorativa como o termo é comumente utilizado, inclusive nos meios jornalísticos, para denotar uma farsa ou uma mentira. 77 Não são raras as vezes que se depara com a designação daquilo que não é verdade, ou lícito, como sendo uma “manobra de marketing”, ou até mesmo da caracterização de profissionais pouco éticos, que inventam histórias para vender suas idéias como sendo “marqueteiros”. Em ambos os casos, o traço principal do que se vem caracterizar é a farsa, a mentira, e nunca a aplicação real das ferramentas e propósitos da disciplina. Isto contribui para esta compreensão equivocada e, também, para tantas críticas que os profissionais da área sofrem inadequadamente. Tentar-se-á , então, compreender um pouco mais a origem destes equívocos. O primeiro deles é achar que marketing é sinônimo de vender. E não é. Peter Drucker (apud KOTLER, 2003, p. 33) diz que a tarefa do marketing é tornar supérfluo o esforço de vender. Na compreensão literal do que é fazer marketing existe um conjunto de ações que ampliam e muito o escopo do seu trabalho, muito além da tarefa da venda, que termina por se configurar em conseqüência, ainda que uma conseqüência desejada e planejada. As atividades de marketing começam desde o momento da prospecção de determinada atividade, e prosseguem até a etapa de prospecção de novas extensões (de marca) para aquele produto ou serviço. Na medida em que um produto ou serviço seja consolidado o suficiente para gozar de uma imagem e de uma reputação capaz de lhe atribuir confiabilidade, esta reputação lhe permite ingressar em outras atividades, sinérgicas ou não com a atividade principal, que de certa forma se “ancoram” na imagem da atividade principal. No caso das IES, por exemplo, a oferta de novas modalidades de ensino pode ser caracterizada como extensões. Cursos de pós-graduação, seqüenciais, tecnológicos, de extensão, enfim, este diversificado conjunto de ofertas que se lançam muito freqüentemente associadas à imagem institucional gerada pela sua atividade original. 78 Esta possibilidade é gerada e viabilizada por um sistema de valores que o comprador passa a desenvolver por determinada marca, e isto vai muito além de uma ação de venda simplesmente. E são as funções de marketing que explicitam, e por vezes até desenvolvem, este conjunto de valores nos seus mais diversos públicos. E por fim, um outro equívoco seria o de achar que as funções de marketing devem ser desempenhadas por apenas um departamento, localizado na estrutura como o responsável por este valor na organização. O que o tornaria absolutamente ineficiente, já que esta é uma atividade eminentemente transversal a toda estrutura de qualquer organização. Embora um setor e seus profissionais possam ser responsáveis por desenvolver planos estratégicos, escolher as melhores ferramentas, administrá-las conforme um determinado orçamento, a execução do marketing em si é tarefa de todos numa organização. Tudo comunica, e em todos estes pontos de interlocução com seus públicos existe alguém desempenhando um importante papel de marketing que precisa e deve ser gerenciado sob essa perspectiva. Do contrário, podem-se formular excelentes planos de marketing e ele não se realizar de fato pela inexistência de uma compreensão global por parte de outras estruturas e funções essenciais à sua consecução, que podem, por fim, sabotar os objetivos planejados. As principais críticas formuladas a esta área podem ser desconstruídas, quanto melhor forem explicados os verdadeiros conceitos desta disciplina. Antes, portanto, de se descrever estes conceitos, será reservado um pequeno espaço para reflexão destas críticas. Kotler e Fox (1994, p. 31) apontam, como as principais críticas formuladas ao marketing em instituições educacionais, as seguintes: Primeiro: a de que marketing é incompatível com a missão educacional, já que percebem que os propósitos da educação são divergentes dos do marketing, que, em última análise existe para ganhar dinheiro. Contudo, a grande maioria das atividades realizadas pelas 79 faculdades e universidades, inclusive as federais, estão comprometidas com marketing, ainda que não intencionalmente. A segunda: a de que as instituições de ensino não precisam de marketing, o que nos levaria a acreditar que estas organizações sobreviverão em seus mercados independentemente das mudanças que neles ocorram e do que possa vir a acontecer com as preferências de seus alunos, o que não parece nada razoável. A realidade, porém, é que existe muito mais de marketing atualmente nas instituições de ensino do que seus dirigentes podem supor. Desde quando se tenha programas orientados ao aluno, programas curriculares diferenciados, cursos com alta demanda social, ou que se faça divulgação dos cursos e até mesmo que se tenha cuidado com instalações físicas, faz-se marketing mesmo sem saber. E isto nada depõe contra a missão central de uma casa de educação, tenha ela a dimensão que for. 3.3 A ORIENTAÇÃO DE MARKETING Qualquer organização, com ou sem fins lucrativos, se estabelece na sociedade a fim de prestar algum tipo de serviço. A partir de uma demanda externa, ou da motivação de seus sócios empreendedores, estas organizações se estruturam tendo em vista o cumprimento de seus objetivos. Imediatamente após sua instalação, está estabelecida uma complexa e dinâmica rede de trocas e de relações que se estabelecem entre estas organizações. E o Marketing é a veia, é o caminho que agregará os principais valores e recursos que deverão ser utilizados para a maximização de seus resultados naquela prática escolhida. Uma das coisas que diferencia a forma como cada organização trabalha o seu marketing é a sua orientação. Quer dizer, ela pode ser para o produto ou serviço, para as 80 vendas, para o mercado, ou ainda, para o valor. Na primeira, a crença existente é de que a qualidade do produto ou do serviço, sendo boa, definirá o volume de vendas. O que significa que todo esforço deve ser voltado para a busca desta qualidade. Deixa-se para segundo plano, por exemplo, pesquisas de mercado, ou outros tipos de ações de aproximação com seu mercado consumidor. Esta seria uma orientação adequada às IES privadas em seu primeiro momento de instalação, quando da demanda muito superior à sua oferta de vagas. Já que existiam tantos candidatos a uma vaga no ensino superior, voltar-se para a qualidade deste ensino ofertado seria suficiente para garantir o sucesso neste primeiro estágio e possivelmente num segundo, em que a curva da demanda não fosse já tão alta. No segundo tipo de orientação, para as vendas, a organização se molda a fim de realizar o momento da venda. Esforços são feitos no sentido de aumentar a demanda, neste caso, normalmente menor que a oferta. Estratégias de preços ou de distribuição são comuns a esta situação. É o cenário que pode ser identificado nesta segunda fase em que as IES começam a disputar mais avidamente pelos candidatos. Depois, a orientação para o marketing levanta uma prática de conhecimento dos desejos e das necessidades do seu público-alvo, de maneira a estruturar as suas atividades para atendê-las. Ela pode ou não ser valiosa, uma vez que, centrando-se em demasiado em seu público, pode incorrer em alguns equívocos: um, no de esquecer, por exemplo, de seus funcionários e fornecedores e assim estabelecer relações com seus públicos de forma desigual, o que não contribui para a construção de sua imagem; outro, no fato de que a concorrência pode estar desempenhando este papel de conhecer seus públicos de forma mais eficiente; e, finalmente, o maior de todos os equívocos, que seria o de praticar esta orientação em instituições não adequadas à atividade praticada. (CHURCHIL JR; PETER, 2000). 81 Difícil propor, por exemplo, ou sequer imaginar, uma instituição que ensina, ou que educa, conforme os desejos e necessidades de seus alunos? Estes desejos e necessidades devem ser conhecidos para que as trocas, necessárias à relação de aluno-escola, se dêem da forma mais apropriada e sinérgica possível, mas não para moldar as suas atividades. Por outro lado, desenvolver formatos de cursos para determinados públicos é, sim, uma prática possível nestas instituições e que deve ser feita mediante esta pesquisa. Vide crescimento dos cursos de especialização, lato e stricto sensu, tecnológicos e seqüenciais, ou mesmo de extensão, que nascem nestas instituições a partir das demandas identificadas nestes mercados. Existe ainda uma extensão deste conceito de orientação para o marketing que se acredita ser o viável às IES privadas, que é a orientação para o valor. E é nesta crença que a autora baseia algumas idéias deste trabalho. Os princípios de tal orientação baseiam-se na construção de relacionamentos sólidos e duradouros com seus públicos. Para isso, precisa conhecê-los profundamente, e oferecer a eles algo de valor superior ao que se encontra na concorrência. Ou seja, não esperar as mudanças que o ambiente traz, e sim provocá-las no sentido de criar esta aproximação desejada, o que significa, inclusive, respeitar as trocas que precisam ser estabelecidas com a comunidade e que venha, por sua vez, a legitimar uma atitude responsável por parte de seus gestores. E, ainda, compreender que a atitude de marketing é desempenhada em toda a estrutura funcional da organização, melhorar continuamente as suas atividades, e, por fim, considerar o impacto delas em todos os públicos interessados de alguma forma por aquela organização, ainda que não seu público-alvo. O marketing voltado para o valor é baseado numa visão simples do motivo que leva clientes a comprar produtos e serviços. [...] O valor para o cliente é a diferença entre as percepções do cliente quanto aos benefícios da compra e uso dos produtos e serviços e os custos em que eles incorrem para obtê-los. [...] A criação de valor requer que os profissionais de marketing comuniquem-se com sinceridade e ofereçam produtos que sejam seguros, nutritivos, não poluidores ou benéficos em qualquer outro aspecto. Os profissionais de marketing com uma orientação para o valor escutam os clientes com atenção para poder antecipar e satisfazer desejos e necessidades. (CHURCHILL JR.; PETER, 2000, p. 13). 82 Uma instituição de ensino, em última análise, forma cidadãos para a construção de uma nova sociedade e de uma melhor realidade. Não devemos tratar o ensino como um produto, pois ele não o é. Seu valor é muito elevado e ele atende ao estudante, à família, à comunidade e, de uma forma geral, a toda humanidade. Foi através do desenvolvimento do conhecimento e da sua transmissão que chegamos até aqui. [...] A educação em sua origem, nunca foi pensada como empresa, ou melhor, como forma de atividade lucrativa. Entretanto, obter recursos para sua existência e manutenção se faz imprescindível. Como os governos não conseguiram atender todas as necessidades prementes na área do ensino, a iniciativa privada ocupou esse espaço. (FACÓ, 2005) Parece então razoável admitir que, seja qual for a estratégia escolhida para enfrentar a grande competitividade no setor, esta estratégia deva ser convergente com seus objetivos institucionais. Assim, ficará claro para a opinião pública quais instituições possuem determinados objetivos e de que forma é que contribuirão para o cumprimento daquilo para que foram criadas. 3.4 MARKETING DE PRODUTOS E MARKETING DE SERVIÇOS É possível diferenciar aquilo que pode e deve ser formulado para a oferta de um produto e aquilo que pode e deve ser formulado para a oferta de um serviço. As naturezas de cada troca são distintas e pressupõem também um trabalho distinto no tocante às suas relações com o mercado. Quando as trocas estabelecidas não envolvem, como neste caso, bens materiais, mas intangíveis, fala-se de marketing de serviços. Um serviço é qualquer oferta essencialmente intangível que uma parte pode oferecer a outra sem gerar com isto, a propriedade de algo. (LOVELOCK; WRIGHT, 2001) Exatamente por conta desta intangibilidade, as atividades desta natureza são mais complexas de serem avaliadas do que as demais. 83 Existem diferenças que precisam ser consideradas entre ofertar um bem e ofertar um serviço. Embora ambos signifiquem o suprimento de um desejo ou necessidade de determinado grupo de pessoas, existem alguns princípios próprios da natureza do serviço que diferenciam a forma de praticar o marketing nas organizações prestadoras. Identifica-se, a seguir, cada um deles, a partir da compilação das idéias de importantes autores do marketing como Kotler (1991) , Lovelock; Wright (2001) e Rocha; Christensen (1999) : − A relação próxima com o cliente, que se dá na própria prestação do serviço, configura uma aproximação inimaginável para quem produz bens, por exemplo. No serviço, o papel das pessoas na organização é relevante para a construção da imagem que se busca. Nesta interação, ocorrem oportunidades valiosas de estabelecer confiança, reciprocidade, satisfação. Compila-se as idéias dos principais autores de marketing de serviços e elenca-se algumas propriedades desta natureza de atividade; − A perecibilidade de um serviço também se diferencia da de um produto. Enquanto este último pode ser consumido em um tempo maior, o primeiro acontece na hora e lugar marcados. Passadas estas condições ele se dará de uma outra forma; − A intangibilidade do serviço também faz com que estas relações sejam mais complexas. Quem compra um serviço não está possuindo nada, mas experimentando algo. Essa experiência é o que determina o nível de sua satisfação. E como esta qualidade não pode ser estabelecida por controles na produção, fica vulnerável a um conjunto enorme de variáveis que precisam e devem ser monitoradas; − A uniformidade, portanto, em função deste último princípio, se torna mais difícil de ser alcançado, o que valerá um esforço específico para tal fim. Para se manter por um longo tempo na atividade, um prestador de serviço deve buscar um nível determinado de qualidade para suas atividades; 84 − A inseparabilidade determinada pela impossibilidade de se separar o prestador do serviço, do serviço em si, indica o grau de importância dos princípios de marketing serem praticados em todo corpo funcional da organização e não apenas em um departamento; − O esforço do cliente dado para que a própria prestação do serviço ocorra é outro fator de caracterização do serviço. Para a realização de sua satisfação, o usuário do serviço deverá também doar parte de seu tempo ou de algum outro bem para que esta relação aconteça. Transportando-se para a realidade das instituições de educação superior, pode-se inferir que os aspectos da realidade que envolvem o conjunto de experiências vividas por um estudante em uma IES deve ter importância significativa nos planos de gestão formulados por seus gestores. A importância do professor, do atendente, da estrutura, de todos os pontos de contato estabelecidos com seu corpo funcional e diretivo, a qualidade da sala de aula, a experiência que ali se configura nos quatro, ou cinco anos em que instituição é vivenciada, são itens determinantes na formação da imagem institucional. A cada um destes princípios cabe uma inspiração muito própria e complexa de ser pensada e refletida de forma estratégica para que possa ser geradora de valor. Além disso, o estágio de maturidade da organização, e do setor em que está inserido, também compõe um fator determinante na formulação do plano de marketing de uma organização. Se a fase é de introdução, de crescimento, de maturidade ou até de declínio, as funções do marketing serão bem diversas. Um produto ou serviço novo, por exemplo, carece de um grande esforço de informação, diferentemente de um em crescimento, que provavelmente, para se destacar da concorrência, se utilizará de ferramentas de persuasão. Uma das críticas aqui presentes ao trabalho de marketing das IES privadas referese a esta especificidade. Em seu estágio introdutório, e assim o considera devido aos efeitos de escala, a partir de 1998, muito pouco foi feito no sentido de informar à sociedade as causas 85 e conseqüências de tão vultoso crescimento. Esta ausência de informação gerou uma lacuna na compreensão do papel destas instituições em uma nova ordem econômica e social, e possivelmente prejudicou a procura por estas instituições, ou até mesmo o reconhecimento de seu valor à sociedade. 3.5 POSICIONAMENTO A exposição de todos estes conceitos anteriormente explicitados favorece a compreensão de uma decisão de marketing, primordial e fundamental a qualquer gestor. Dela não se pode prescindir, sob pena de desperdiçar recursos, ou, em última análise, recorrer a um plano inadequado e inapropriado a determinada organização. A esta decisão denomina-se posicionamento. A busca de uma identidade própria, que deve ser transversal às atividades de todo corpo institucional e que determinará, por fim, uma imagem coerente com todas as experiências vividas e construídas pela instituição. Posicionamento é a integração do discurso com a prática. É falar do que se faz, e fazer melhor aquilo que se fala. É a escolha de um caminho que deve significar a sua diferenciação, equacionando forças e fraquezas, e construindo uma imagem e uma posição única no mercado e na cabeça do consumidor. A conquista desta diferenciação, por qualquer organização, proporcionará o crescimento e a manutenção de suas atividades, determinando o seu grau de sucesso. Em termos numéricos, o sucesso ou insucesso de uma organização em um ambiente competitivo pode ser medido também pela sua participação no mercado. Essa participação é aferida pela parcela a que cabe cada instituição no universo total de seu mercado, e comumente recebe a denominação de market share. 86 Este market share sofre influência determinante de uma outra parcela, também comumente pesquisada e quantificada, que é o share of mind, ou seja, a participação de determinada marca na mente de seu público alvo. Ou, mais além, do share of heart, conceito ainda mais complexo, pois trata da parcela ocupada no coração destas pessoas. A equação que pode ser montada com estas variáveis é simples e diretamente proporcional ao quão efetivo é o trabalho de posicionamento de uma marca. Ou seja, quanto mais é lembrada e querida, maior será o número de pessoas que desejam aquele bem ou serviço. A relação que se estabelece aí vai além da satisfação pura e simples de um desejo ou de uma necessidade, mas se aproxima verdadeiramente de um valor maior, construído por uma experiência provavelmente vitoriosa. Não obstante pareçam estes conceitos demasiadamente mercantilistas, eles são altamente pertinentes quando se trata, inclusive, de organizações sem fins lucrativos, de destinos turísticos ou das mais diversas naturezas de organização. Todas elas em busca desta simpatia e, portanto, desta aproximação íntima com seu público que, por sua sobrevivência e crescimento, lutará. A busca pela conquista destas parcelas de mercado, da mente e do coração de seus públicos se dá exatamente através do desenvolvimento desta dinâmica complexa referida anteriormente, e que pode ser sistematizada através dos conceitos de marketing aqui tratados. A definição do posicionamento, por exemplo, é mister em qualquer organização que lida com públicos e que interage com a sociedade por meio do bem que produzem ou do serviço que prestam. Para que se mantenham em funcionamento, é necessário ter em certa medida, e continuamente, a aprovação de um grupo de pessoas. Caso contrário, perdem a razão de existir. Imaginar como conseguir isso em um tipo de serviço como o educacional é tarefa complexa, pelos seguintes motivos: em primeiro lugar, a oferta do serviço se dá em grande 87 parte, pelo mesmo conjunto de cursos, com grades curriculares aparentemente semelhantes e sem diferenciais visíveis ao aluno candidato ao ingresso. Depois, o corpo docente, que poderia significar o diferencial na entrega, em sala de aula, destes cursos aparentemente semelhantes, não se configura. Quase sempre os professores de IES privadas trabalham em muitas instituições com as quais estabelecem uma relação de “horistas”, que em nada contribui para esta desejada diferenciação. Além disso, esta comunicação de massa, feita em grande medida através da propaganda que fala a todos, indistintamente, uma mensagem única e padrão, não considerando, portanto, as especificidades de cada segmento de seus públicos que não são assim tão homogêneos. A excessiva comunicação de itens estruturais, a esta altura, já percebidas como commodities por seus alunos, ainda são o tema central de suas campanhas publicitárias. Decisões de posicionamento envolvem escolhas. Além de escolhas, têm como premissas o estabelecimento de certas condições difíceis de controlar. Mas para todas elas, as mais fáceis e mais difíceis, existem estratégias de marketing capazes de contribuir. Cabe ao bom gestor, conhecedor da disciplina em sua totalidade, convocá-las quando necessário. E para traçar este caminho, entender o que se quer com seu posicionamento é tarefa prioritária. Serão avaliados agora, os aspectos que circundam as decisões de posicionamento. Ries e Trout (2003) consideram a principal decisão na era do posicionamento, a escolha do nome, seja do produto, da instituição, do que quer que venha a ser ofertado. Será este nome que irá ocupar espaço na mente do consumidor e que também será sinônimo de valor. A partir do nome, e de características que este possa apresentar, a relação com aquela marca poderá se modificar. Alguns nomes trazem, em si, noções de valor ou de outras construções que podem funcionar favorável ou desfavoravelmente àquela relação, ali estabelecida. 88 No caso das IES privadas de Salvador, que são a razão de nosso estudo, por exemplo, pode-se rapidamente avaliar e concluir uma despreocupação por parte da maioria das instituições em Salvador em relação a esta questão. O que se vê, em grande parte, é uma confusão de siglas que descaracterizam suas identidades e transformam o setor numa verdadeira “sopa de letras”, como mais comumente os alunos e candidatos referem-se a estas denominações. Adotando estas escolhas, estes mantenedores perderam uma valiosa oportunidade de imprimir às suas instituições identidades diferenciadas, próprias e possivelmente, geradoras de valor. Segundo Kotler (2003, p. 87), ao dar um nome a um produto ou serviço a marca deve possuir as seguintes qualidades: − Sugerir algo a respeito do benefício do “produto”; − Sugerir as qualidades como ação ou como efeito; − Ser fácil de pronunciar, reconhecer e lembrar; − Deve ser singular; − Não deve ter conotações pejorativas em outros idiomas. Em torno deste nome é que serão criadas as associações que darão maior ou menor força de identidade a uma marca, e que serão tratadas um pouco mais adiante. E é a gestão estratégica que será formulada a partir da escolha deste posicionamento que dará à empresa maior ou menor condição de vencer uma batalha pela mente do seu consumidor. A estratégia consiste em criar uma posição exclusiva e valiosa, envolvendo um diferente conjunto de atividades. Se houvesse apenas uma única posição ideal, não haveria necessidade de estratégia. As empresas enfrentariam um imperativo simples – ganhar a corrida para descobrir e se apropriar da posição única. A essência do posicionamento estratégico consiste em escolher atividades diferentes daquelas dos rivais. Se os mesmos conjuntos de atividades fossem os melhores para produzir todas as variedades de produtos, para satisfazer a todas as necessidades e para ter acesso à totalidade dos clientes, as empresas simplesmente se alternariam entre eles e a eficácia operacional determinaria o desempenho. (PORTER, 1999, p. 63). 89 Quando as taxas de crescimento de um setor se alteram, a busca pela sobrevivência é imediata. Segundo Porter (1999, p. 40): O estrategista é capaz de desenvolver um plano de ação que inclui o posicionamento da empresa, de modo que suas capacidades proporcionem a melhor defesa contra as forças competitivas; e/ou a influenciação no equilíbrio das forças através de manobras estratégicas, melhorando desta forma a posição da empresa; e/ou a antecipação de mudanças nos fatores subjacentes às forças e da reação da empresa a essas alterações, na esperança de explorá-las de modo favorável através da escolha de uma estratégia adequada ao novo equilíbrio competitivo antes de seu reconhecimento pelos concorrentes. Para Ries, ter um posicionamento é encontrar um lugar diferenciado para estar presente na mente do consumidor. Tem muito mais a ver com a forma que o seu consumidor percebe a instituição do que propriamente com a forma como a própria instituição se percebe ou quer parecer. Ou seja, além de procurar ser internamente tudo aquilo a que se propôs ser, uma instituição deve buscar desenvolver uma imagem que a ajude conquistar novos consumidores para seus serviços, e ainda reter aqueles que já possui. E este não é um movimento aleatório. Isso se faz com direcionamento no trabalho de comunicação. Não só no trabalho de comunicação, é importante dizer. Toda a estrutura administrativa de uma instituição e até mesmo as suas inter-relações, a forma como os dirigentes lidam com seu corpo docente, discente, com a sociedade civil e com demais públicos com que interage também deve refletir o seu posicionamento. “Além disto, cada estratégia de posicionamento requer uma cultura organizacional e um sistema gerencial diferentes”. (KOTLER, 2003, p. 76). Estes não podem e não devem ser movimentos independentes e autônomos. O posicionamento é uma espécie de liga que une todo corpo institucional em torno de uma causa, que por sua vez está intimamente ligada à sua missão. Para Kotler (2003), posicionar-se é o esforço de introduzir elementos (benefícios e conceitos) diferenciados na mente dos clientes. No caso das IES brasileiras, por exemplo, a FGV – Fundação Getúlio Vargas, o IBMEC – Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais, a FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado, e a ESPM – Escola Superior de Propaganda e 90 Marketing, são exemplos de Instituições associadas aos trabalhos que desenvolvem e rapidamente identificadas por áreas de excelência específicas. Estas instituições, embora sejam hoje amplamente reconhecidas por suas siglas, iniciaram suas atividades no mercado em um outro contexto concorrencial e, portanto, conquistaram suas identidades próprias. Respectivamente, na formação de administradores, na sua ligação com o setor financeiro, em suas ações artísticas e culturais e na sua formação de profissionais de marketing. Cada uma destas instituições escolheu o seu foco e investiu seus recursos no sentido de ser reconhecida pela excelência naquilo que ofertam. Por vezes, posicionar-se significa simplesmente decidir um caminho. Por outras, pode significar inventar, criar, buscar novos caminhos. Em junho de 2004, a CM Consultoria realizou uma pesquisa nas principais cidades do País com 5% das instituições de ensino do país e constatou que a maioria dos gestores educacionais opta por inovações em suas ações apenas depois de vê-las já implementadas com êxito em outras IES. Ou seja, inovar não tem sido palavra muito praticada nas IES privadas brasileiras. Talvez isso explique o fato de tantas instituições estarem posicionadas naquela faixa de disputa por preço. Sem diferencial, a commoditização é inevitável. Embora muitos gestores declarem conhecer as ferramentas de marketing e até possuírem marcas fortes, a realidade do mercado, percebida através de suas dinâmicas de concorrência, aponta uma outra realidade. Este mesmo levantamento apontou que 18,6% dos gestores desconhecem seu mercado e somente 31,4% estudam a concorrência a partir de pesquisas que apontam detalhes de sua operação. As altas taxas de evasão sugerem um desconhecimento de seu próprio público. Isto quer dizer que aqueles alunos que já estão nas instituições, devidamente 91 matriculados, estão sendo pouco considerados no que diz respeito às suas expectativas, desejos ou necessidades. Abaixo, pode-se constatar alguns resultados desta pesquisa. 11,54% Sim Não 88,46% Figura 15: A sua instituição tem algum tipo de planejamento de Marketing? Fonte: CM Consultoria, Pesquisas 2004. 30,77% Sim Não 69,23% Figura 16: Você conhece os conceitos de Marketing de Patrocínio? Fonte: CM Consultoria, Pesqisas 2004. 92 Assessoria de Comunicação sempre acompanhou o trabalho da minha empresa 19,23% Desde quando descobri a possibilidade dessa mídia gratuita 76,92% 3,85% A medida em que a gestão se profissionalizava, detectamos a importância do relacionamento com a imprensa Figura 17: Há quanto tempo você trabalha com Assessoria de Imprensa? Fonte: CM Consultoria, Pesquisas 2004. 12,79% Sim. Tenho todos os meus egressos cadastrados 29,07% 58,14% Não. Tenho apenas informações de alunos mais recentes Não. Tenho apenas as fichas dos meus alunos com dados não digitalizados Figura 18: A IES tem um banco de dados com as informações de todos os seus clientes antigos? Fonte: CM Consultoria, Pesquisas 2004. Sim. Entendemos a importância do valor do nosso nome e focamos nossos planos de comunicação em fortalecer nossa marca. 5,81% 17,44% Sim. Temos uma política de gerenciamento de marca com detalhes definidos em relação a utilização de logo, etc. 76,74% Figura 19: A IES tem uma marca forte? Não. Achamos importante apenas a qualidade do nosso produto 93 Fonte: CM Consultoria, Pesquisas 2004. No estudo da Hoper Educacional, foi mapeada uma caracterização que divide os posicionamentos das IES privadas em determinados blocos: − Na base, as chamadas best price, que se posicionam com base nos preços baixos que ofertam, com pouco compromisso com a qualidade, e, portanto, exclusivamente diplomadoras; − Logo acima, as convenientes, onde se encontra a grande maioria das IES privadas brasileiras, as quais baseiam sua oferta no tripé localização, acesso e preço; − Em seguida, as tradicionais, que existem há já quase duas décadas e que atraem o aluno, fortemente ancoradas nestes valores da tradição; − Na mesma categoria que as anteriores, as segmentadas, que, embora não tenham a tradição, se posicionam na mesma faixa de preços e de qualidade ofertada ou percebida; − Acima, as diferenciadas, que por atuarem em determinado nicho, ou por serem reconhecidas pela excelência com que atuam, são especialmente lembradas; − E por último, no topo da pirâmide, as elitizadas, que, por terem conseguido conquistar e manter uma imagem de excelência por um tempo significativo, praticam preços bem acima da média do mercado. 3.6 MARKETING DE RELACIONAMENTO Não é apenas a situação fortemente concorrencial do setor educacional o maior desafio da gestão de marketing das IES. A manutenção dos seus alunos é, cada vez mais, uma 94 preocupação compartilhada. As taxas de evasão crescem na medida em que crescem as ofertas de novos cursos e novas Instituições. Além de outras abordagens, das quais não se pretende tratar aqui, em se falando de marketing, o gerenciamento do relacionamento com este aluno é ferramenta imprescindível para este tipo de situação problema nas IES. Esta ferramenta pressupõe um conjunto de ações. Uma resposta à questão das evasões poderia ser encontrada [...] no marketing de relacionamento que é uma ferramenta multidisciplinar. Na teoria engloba questões pertinentes ao marketing de serviços, a administração da qualidade, comportamento do consumidor, administração dos recursos humanos e a área de gestão de operações. É uma filosofia organizacional ampla que, para ser implementada em sua essência, necessita de uma revolução nos valores da instituição. Uma tarefa complicada quando estamos buscando resultados imediatos. (MONTEIRO NETO; ALBERGARIA, p. 32). Talvez por isso a constatação feita pela pesquisa realizada pela ABMES em 2004 que verificou que pouco menos da metade das IES entrevistadas (47%) estão adotando o princípio de Marketing de Relacionamento, que considera fator determinante para o sucesso a construção de relacionamentos entre marcas e clientes que permitam a interação destes com a empresa mantendo um elo de ligação ao longo do tempo através de programas voltados para os egressos.Entre as Universidades e os Centros Universitários cerca de 2/3 das IES efetuando alguma ação direcionada aos ex-alunos. Todavia cerca de metade das Universidades da amostra têm programas bem mais complexos, que visam o acompanhamento da situação profissional dos ex-alunos no mercado de trabalho e outras 22% têm programas que visam à inclusão destes novos profissionais no mercado de trabalho. Por certo que a filosofia deste trabalho, bem como as decisões que o compõem, deve estar de acordo com o trabalho de posicionamento que irá legitimar as ações como sendo, de fato, uma identidade institucional. É, pois, matéria de grande relevância na comunicação de uma organização, o seu posicionamento. Se for considerado que a realidade é muito mais o que se percebe do que, propriamente, o que se é, o esforço de comunicação que se faz para desenvolver uma imagem 95 na mente do público em geral se torna relevante, especialmente numa vida feita de escolhas. Já não é este o tempo em que se contava com uma ou duas grandes escolas de reputação para se estudar. Cada vez mais as opções se multiplicam, e faz-se necessário decidir entre as opções existentes. A decisão é fortemente influenciada por esta realidade percebida e mais ou menos compartilhada entre um grupo de pessoas. Com isso não está se dizendo que se sugere parecer aquilo que não é, ou ainda, transmitir uma imagem não correspondente à realidade. Isso sim seria um grave erro de comunicação e, mais propriamente, de marketing. Especialmente em uma instituição de ensino em que o candidato, uma vez que tenha ingressado como aluno, passará ali 4, 5 anos experimentando diariamente aquela promessa e avaliando se vale a pena ou não permanecer com aquela escolha. O marketing não existe para realizar promessas inócuas. Muitas vezes ele é, sim, equivocadamente utilizado de tal forma. Contudo, não é esta a sua missão mister. 3.7 A PROPAGANDA Como foi dito anteriormente, uma vez escolhido o posicionamento, toda a comunicação da instituição precisa estar conectada com esta escolha. Ao utilizar qualquer uma de suas ferramentas, o posicionamento faz-se presente e direciona a mensagem emitida. Uma instituição deve gerenciar todos os pontos de contato com seus públicos a fim de transmitir uma imagem coerente e convergente com este posicionamento estrategicamente definido. Dentre todas as ferramentas de marketing, porém, a propaganda é aquela que ajuda, com maior grau de força e impacto, uma organização trabalhar seu posicionamento e, portanto, sua identidade. Ela possui, por força da forma como é veiculada, normalmente em 96 veículos de massa, uma abrangência consideravelmente maior. E foi exatamente a propaganda a ferramenta mais utilizada pelas IES privadas, passado aquele primeiro momento de implantação, onde o cenário já se configurava de outra forma, com a alta competitividade estabelecida – de um lado, cada vez mais novas instituições se instalando, e do outro, a curva de demanda se estabilizando. As instituições de ensino precisaram, então, estruturar seus modelos de gestão, buscando a eficiência, e, de alguma forma, viabilizando a continuidade de suas atividades frente a uma nova realidade. Foi assim, neste contexto, que as primeiras noções de marketing começaram a ser postas em prática. Imbuídos do desafio de vencer a concorrência e reverter o quadro de diminuição do número de alunos, os gestores destas instituições recorreram ao marketing, utilizando-o apenas como mera ferramenta de divulgação e propaganda, contribuindo para uma equivocada noção de que profissionais desta área teriam pouco a contribuir com uma atividade de caráter social e pouco convergente com estratégias de venda, o que, no senso comum, é a tarefa do marketing. Foi então que, contratando suas agências de propaganda e formando ou não os seus departamentos de marketing, os dirigentes destas instituições lançaram mão de volumosos recursos para fazerem suas divulgações, acreditando que com isso faziam marketing e de certa forma valorizavam a imagem de suas instituições. O público em geral rapidamente assistiu a uma enorme variedade de peças publicitárias de faculdades e universidades, configurando este setor como um dos principais anunciantes do mercado publicitário baiano. Outdoors, televisão, jornais, revistas, mobiliário urbano, todos os tipos de mídia foram utilizados e em grande volume por este setor. Os orçamentos de marketing destas instituições eram orçamentos consideráveis. O que, porém, pode-se observar é que, não obstante os volumes investidos por todo o setor 97 terem sido altamente expressivos, foram concentrados quase todos eles em ações de propaganda. E uma propaganda, vale dizer, muitas vezes ineficaz. Ineficaz porque fez prevalecer, em sua grande maioria, discursos semelhantes que não contribuíram para a geração de um valor comum à atividade e nem, também, significativo. Ou seja, preocupadas em preencher suas vagas, as instituições recorreram às grandes mídias de forma meramente intuitiva e primordialmente preocupadas em gerar caixa para fazer rodar as suas atividades. “A rivalidade entre os concorrentes assume a forma usual de manobras pelo posicionamento – a utilização de táticas como competição no preço, introdução de produtos e combates publicitários”. (PORTER, 1999, p. 39). Ao escolherem as suas mensagens em suas campanhas, estas instituições esqueceram de uma regra básica, que é a de não desprezar todo o sistema de crenças e valores que seu público pode ter acerca daquilo que uma organização oferece. Para completar a crítica construtiva do mau uso da comunicação no setor educacional, destacamos as propagandas [...] onde imperam mensagens artificiais e distantes da seriedade que o ensino necessita transmitir. As agências de publicidade teimam em pasteurizar seus trabalhos sem considerar as peculiaridades do cliente e do setor educacional. (RAINHO, p. 133). O modelo em que a propaganda brasileira está sustentada é o americano, sustentado no trinômio cliente, agência e veículo. Também a Europa Ocidental, a partir mais ou menos de 1950, dele se utiliza. Nele, todo o processo de criação, produção e veiculação de campanhas e, portanto, de suas mensagens publicitárias, são coordenadas por profissionais destas agências que, presumidamente, trabalham em parceria com os seus clientes, a quem cabe encomendar certeiramente o que pretendem aos seus parceiros. Este é um modelo ideal. Muitas vezes, contudo, não é o praticado. A grande maioria das IES privadas de Salvador, por exemplo, durante um longo tempo, confiou às suas agências de publicidade a gestão de sua comunicação, o que pode se caracterizar em um grave erro. Por duas razões: primeiro, porque as competências estabelecidas em uma agência não a credenciam, especialmente numa atividade como esta, a 98 criar planos estratégicos de marketing para seus clientes. Para tanto, seria necessário um pleno conhecimento da atividade e de suas dinâmicas ali estabelecidas, o que se torna inviável devido a todas as atividades às quais um profissional de publicidade e propaganda dedica-se em suas atividades. Em segundo lugar, porque um setor tão peculiar como o educacional, em um momento de rompimento de paradigmas e do estabelecimento de uma nova ordem e uma nova lógica vigente – as públicas deixando de receber a grande maioria de alunos ingressantes no ensino superior – não poderia, jamais, ter desconsiderado os genuínos aspectos de marketing, desde a pesquisa inicial, antes da implantação das atividades, até o verdadeiro conhecimento acerca das motivações deste público. Hoje as Instituições dispõem de inúmeros veículos de comunicação com seus públicos. Prestando informações ou compondo algum plano publicitário de divulgação, estas IES diariamente recorrem a estes canais configurando valiosas oportunidades de fazê-lo via um trabalho estratégico pautado em decisões de posicionamento. Em relação ao uso destes canais, a pesquisa da ABMES aponta: − Percebe-se que as IES privilegiam os meios de menor custo de produção e veiculação como a Internet (83%), os jornais (76%), os catálogos, folders ou panfletos (74%) e outros informativos (54%) para divulgar suas ações junto ao público interno e a comunidade.Na Internet a informação é atualizada diariamente. Nos jornais é comum notícias e/ou anúncios semanais e mensais. − Os catálogos e folders são produzidos com periodicidade que varia de mensal a semestral. − E os informativos/boletins são utilizados com uma tiragem mensal. − A TV e o rádio são meios utilizados por cerca de metade das IES. Todavia, a TV é mais utilizada pelas Universidades (78%) e Centros Universitários (62%), com uma 99 freqüência semestral. E o rádio é utilizado por todas as organizações acadêmicas, contudo de maneiras diferenciadas: entre as Universidades é comum um comunicado diário (60%); já entre as demais organizações acadêmicas a freqüência de utilização do rádio é semestral. 83% Internet 76% 74% Catálagos / Folders /Panfletos 55% 54% Informativos / Boletins 49% Revistas Científicas /Anais 42% 24% Outdoor 10% 15% Não Resposta 12% Figura 20: Meios de comunicação mais utilizados Fonte: Pesquisa ABMES 2004 *Representatividade Individual inferior a 5%. 3.8 A CRÍTICA À PROPAGANDA Tendo em vista este contexto, serão avaliados os efeitos e as causas da utilização maciça da propaganda em geral nos planos de marketing. Para iniciar esta reflexão, uma interessante crítica formulada em um trabalho acadêmico em que o autor, apoiado nos estudos 100 de Adorno, Horkheimer e Habermas, e suas teorias crítica e da ação comunicativa, propõe uma nova forma de comunicação empresarial, que não a propaganda. Se iniciará por aqui não no intuito de entender esta nova proposta, mas para ter-se, desde o início da avaliação, um novo olhar mais aprofundado desta ferramenta que é, ainda hoje, a mais utilizada em todo o mundo quando se trata de construir ou fortalecer marcas. Este novo olhar se impõe, sobretudo, diante da complexa tarefa de que se trata: a de comunicar a oferta de educação superior. O uso maciço da propaganda é marcadamente autoritário porque persuasivo por excelência. Este tipo de discurso, presente na comunicação de massa, cria uma contradição insuperável: a organização empresarial, cada vez mais vista pela sociedade como uma instituição política, engendrada com o objetivo de atender demandas específicas, assume perante o público o papel de uma instituição que tem um fim em si mesma, orientada apenas para o lucro a qualquer preço, sem nenhuma responsabilidade para com o conjunto da sociedade. (LEVY, 2003, p. 11). Esta crítica se baseia na ausência dos princípios que constituem uma orientação voltada para o valor. Ela identifica, por exemplo, a desconsideração, por parte das empresas e de suas agências, das disfunções por vezes existentes nas organizações e deliberadamente descritas numa outra perspectiva em suas propagandas. Que comunicam exatamente o contrário do que se experimenta na realidade. O discurso toma então, a longo prazo, um efeito devastador nas relações estabelecidas com seus públicos, uma vez que estes são orientados, não apenas por aquela reação imediata da propaganda e de sua mensagem em si, mas de toda sua interação, muito mais abrangente e duradoura que os efeitos desta mensagem. Segundo Habermas (apud LEVY, 2003, p. 32), “[...] o resultado da relação do indivíduo com o seu meio-ambiente em todos os três níveis de conhecimento: o técnico, o prático e o emancipatório”. Ou seja, embora a propaganda possa de fato motivar uma compra, despertar um desejo ou chamar atenção a uma necessidade, o que acontece a partir daí, com a compra deste bem ou serviço, e das interações e experiências que se estabeleceram com esta escolha, produzirá um novo conhecimento, que por sua vez irá interagir com as experiências de outra 101 pessoa ou de outros grupos de pessoas que terminarão por reforçar a mensagem da propaganda, ou segundo o autor da crítica, na maioria das vezes, afastar terminantemente este público desta empresa, a partir de então vista com desprezo e antipatia. De fato, são muitos os relatos que cotidianamente ouve-se de consumidores decepcionados com bens ou serviços que consomem. Ou da forma como são tratados por esta ou aquela organização menos comprometida com seus públicos. Notória também neste momento, a forma determinante como estas opiniões agem na mente dos que ouvem as experiências relatadas e, portanto, impossível ignorar que, assim utilizada, esta ferramenta contribuirá para, a longo prazo, destruir esta organização. A verdade é que alimentar a vaidade de anunciantes tem sido técnica de alguns profissionais de marketing para facilitar o próprio trabalho. E o problema é que ignorância e vaidade, quando se juntam, costumam compor uma mistura desastrosa. Podem levar uma afirmação leviana a limites eticamente inaceitáveis. (VIEIRA, 2002) Uma das reflexões que motivaram este trabalho se deu exatamente sobre esta constatação. As IES privadas de Salvador vêm, em suas campanhas, comunicando valores muitas vezes inexistentes em suas instituições, deixando de lado a oportunidade de comunicar aquilo que seria necessário. A inescrupulosa tentativa de conquistar candidatos a qualquer custo contribuirá não apenas para, em médio prazo, determinar o fracasso de alguns projetos, mas também para fragilizar todo um setor e a natureza de suas atividades. E a reflexão tem importância na medida em que se consegue identificar não só os erros cometidos neste período, mas também apontar saídas possíveis e perfeitamente adequadas à realidade do marketing. A propaganda é, sim, uma ferramenta de enorme importância para uma instituição que pretende se comunicar com seus mercados, mas deve ser usada com critério e, principalmente, inspirada nos princípios éticos que regem o marketing. Para início desta reflexão, é bom lembrar que seus objetivos básicos são os de informar, persuadir ou lembrar ao mercado a existência de um produto ou serviço e seus benefícios, diretos ou indiretos, objetivos ou subjetivos, tangíveis ou intangíveis. Assim, 102 parece importante que este objetivo seja conhecido antes da encomenda ou da criação de uma peça de propaganda. Para se comunicar melhor, é recomendável saber a resposta para a seguinte pergunta: o que esta organização pretende alcançar com esta comunicação? Bens ou serviços muito específicos, que demandam, de fato, uma informação mais estruturada e planejada, devem contar com a força da propaganda, mas deve também esperar que esta função esteja sendo contemplada em sua concepção. “À sua capacidade de estabelecer contato e informar, a propaganda alia um poder de persuasão que não se consegue com nenhum outro instrumento de comunicação com o mercado”. (GRACIOSO, p. 126). Sendo apenas mais uma entre as importantes ferramentas de marketing das quais uma instituição pode recorrer para atrair ou reter seus públicos, ela parece sinalizar para o trabalho de marketing em outras direções. Da mesma forma que não adianta veicular uma excelente campanha que não condiz com a realidade institucional, pouco vale ter uma grande instituição sem que a comunidade saiba ou entenda. Aliado a isso se deve considerar a idéia de que a propaganda apenas agrega esforços na criação de valor, e a sua mensagem veiculada deve ter pertinência com o quadro real vivido pelos alunos. “Grande parte do trabalho dos gerentes de marca é construir uma imagem de marca, mas seu trabalho não deve parar aí. Ele precisa assegurar-se de que a experiência com a marca se equipare à imagem da marca.” (KOTLER, 1999, p. 93). É a propaganda a principal força que uma organização conta para disseminar o seu posicionamento. Na medida em que se comunica como fenômeno de massa, ela consegue levar a um maior número de pessoas a mensagem pretendida. Com criatividade, e às vezes também com boa dose de emoção e subjetividade, este instrumento contribui para a aproximação com a mente e o coração de seu público. Por isso é tão relevante cuidar destas oportunidades únicas de emitir uma imagem que pode ficar guardada por muito tempo na cabeça de um número considerável de pessoas. 103 Antes de concluir estas idéias sobre a propaganda, deve-se registrar algumas considerações acerca de suas relações com as demais ferramentas de marketing. Estando todas elas intrinsecamente ligadas e possuindo ainda um alto grau de interdependência, estaria incompleta esta reflexão se estivesse concentrada apenas nas questões relativas à propaganda. O que muitas vezes atribui um grau de assertividade a uma peça publicitária é a inter-relação que se estabelece entre ela e demais ações que se possa empreender. Por exemplo, ao comunicar determinada mensagem na TV, uma instituição deve estar preparada para receber seus candidatos de uma forma que o comportamento ali apresentado seja condizente com toda mensagem emitida naquela peça. A comunicação integrada de marketing requer a identificação de todos os pontos de contato do cliente com a empresa, seus produtos e suas marcas. Cada contato com a marca transmite uma mensagem, seja ela boa, ruim ou indiferente. A empresa deve se esforçar para transmitir uma mensagem sempre coerente e positiva em todas as formas de contato. (KOTLER, 1999, p. 151). Ignorar, portanto, de que forma estas inter-relações se estabelecem nas instituições aqui estudadas, parece prejudicial às conclusões desta pesquisa. Será feito então um breve panorama destes outros elementos para que posteriormente possa-se conectá-los, estabelecendo assim maior fidedignidade com a realidade. A propaganda eficaz traz na sua comunicação valores que compõem o posicionamento de uma instituição, reforçando elementos e associações que irão fornecer ao grande público um conjunto de informações ou sensações que o ajudem na composição da imagem de uma determinada organização. Assim, quanto mais forte for este grupo de associações, quanto mais complexa for esta rede mental que se consiga construir na mente de um consumidor, maior será a sua relação com determinada marca. A força desta relação determinará, por sua vez, a sua lealdade para com aquela marca, e conseqüentemente a dificuldade de migrar para um outro concorrente ofertante daquele produto ou serviço. Se consolidado por anos de um trabalho consistente e sinérgico, esta lealdade pode vir a se constituir inclusive numa forte barreira para novos entrantes 104 futuramente. Se for considerado que a relação de um aluno em uma escola de educação superior não acaba com a sua graduação, ela pode permanecer por anos ainda através de cursos de extensão, pós-graduação. Este é um importante ponto a se considerar. 3.9 BRANDING – GERENCIAMENTO DA MARCA Além do posicionamento, o reconhecimento da marca e a sua imagem compõem o que se chama de branding – o gerenciamento da marca. Uma marca é a representação de uma promessa. Uma promessa que transcende as características físicas de um bem ou de um serviço. E o resultado mais valioso que uma marca pode alcançar é ser a alternativa única, imediatamente lembrada ao se pensar em determinada necessidade. Existem marcas que se transformaram em sinônimos de certo bem. Isto é o resultado de um excelente trabalho de gerenciamento de marca que trabalha o conhecimento e a relevância como caminhos para seu posicionamento. A construção e manutenção de determinada posição é tarefa do branding. E branding deve ser tratado como item estratégico e não tático, na medida em que está sintonizado com a missão institucional e representa um discurso, uma imagem, uma cultura organizacional. E se a marca é a soma das experiências que os consumidores têm com ela, está nas mãos de todos os funcionários de uma instituição, a possibilidade de agregar valor à sua marca. (AAKER, 1998). A secretaria, a central de atendimento, o apoio, o professor, o diretor, o reitor, enfim, todas as pessoas de contato com os alunos e seus demais públicos. Além disso, as ações de branding devem representar, por fim, a comunicação de um valor subjetivo, intangível e próprio da atividade educacional. Do contrário, suas 105 ferramentas, e mais especificamente sua propaganda, serão mais uma dentre tantas mensagens de “venda” às quais todos estão diariamente submetidos, neste mundo da informação. O que em um bem como este se torna, além de arriscado, deveras inadequado. O gerenciamento da marca de uma instituição de ensino superior pode representar sua grande diferenciação no mercado. O conjunto de associações e representações que seus públicos podem desenvolver por uma marca resguarda esta Instituição de possíveis enfrentamentos diretos da concorrência. Outra instituição pode disponibilizar ao público a mesma oferta ou até reduzir preços para ganhar mercado e ainda assim, por lealdade à marca e ao conjunto de valores que representa, seu público estar menos susceptível a estas investidas. Diferentemente das atividades de construção da marca, a maioria das promoções de vendas são facilmente copiadas. De fato, os concorrentes têm que reagir, ou sofrem perdas inaceitáveis. Quando um ciclo de promoção com redução de preços se inicia é muito difícil de parar, porque entanto o consumidor quanto o comércio acostumam-se a este ciclo e começam a planejar as suas compras baseadas nele. O resultado, inevitável, é um grande aumento de destaque ao papel do preço. Há pressão para reduzir qualidade, vantagens e serviços oferecidos. No extremo, a classe do produto começa a se assemelhar a uma commodity (grifo do autor), uma vez que as associações de marca passam a ter menos importância. (AAKER, 1998, p. 11) Quando, porém, esta importante ferramenta de marketing é utilizada para apenas divulgar uma determinada informação, ou ainda, quando se faz uso dela para a veiculação de outras mensagens mais ou menos subjetivas, contudo não convergentes com a forma pela qual o público a percebe, incorre-se em um grave erro de marketing. O prejuízo será sempre significativo se forem consideradas as poucas e caras oportunidades que uma instituição tem para mostrar-se a toda uma sociedade, revelando para ela elementos de sua missão. Neste processo, a ética e a responsabilidade empresarial parecem dar o tom às gestões de marketing que conseguem trilhar uma trajetória bem sucedida em seus planos de ação e estratégico. É um comportamento assim configurado que assegura, a longo prazo, o sucesso de uma gestão de marketing. Nesta perspectiva, curioso observar que quem pode adotar um comportamento não ético é o profissional que se vale de outros caminhos e valores e não propriamente o 106 marketing, a disciplina em si. Pois esta não apresenta caminhos para práticas não recomendáveis. Quem o faz são gestores e profissionais da área movidos ora pela ignorância dos seus conceitos básicos, ora por interesses próprios e comumente prejudiciais à sociedade. A marca também tem um ideal. E é a consistência deste ideal o que lhe assegura a longevidade. “Nenhum plano, por mais tecnicamente justificado, se sustenta sem considerar que toda marca nasce impregnada por um ideal.” Este ideal tem a ver com aqueles propósitos iniciais que levam uma organização a se estabelecer em determinado mercado. (VIEIRA, 2002, p. 16). O marketing figura aí como um catalisador de qualidades, valores, princípios, que congrega toda a comunidade que com ela trabalha em torno de objetivos comuns, gerando sinergia e criando, por fim, um valor diferenciado, um grau de confiabilidade pública, uma imagem consagrada por suas convicções e não por um trabalho técnico dissociado de uma realidade. É, portanto, esta disciplina perfeitamente adequada ao trabalho de instituições educacionais, com ou sem fins lucrativos, ou até mesmo de qualquer outra organização, tenha ela a natureza que tiver. 3.10 O MIX DE MARKETING O mix de marketing pode ser definido por inúmeras atividades. Os pesquisadores, contudo, tentaram estabelecer padrões de classificação. O mais usado é o definido na década de 1960 e atribuído por alguns teóricos ao professor Jereme McCarthy, e por outros a Neil H. Borden, que é o modelo dos 4 p’s. Embora já existam inúmeras revisões de elaboração um pouco diferente. O mix produto, preço, promoção e praça (ou distribuição) constitui os 107 principais componentes do marketing, e pode ser ampliado quando se trata de marketing de serviços. Lovelock e Wright (2001, p.21) propõem a imagem da corrida dos oito, famosa pelas disputas entre Oxford e Cambridge realizadas no rio Tamisa por quase 150 anos. O modelo dos 8 p’s proposto por Booms e Bitner (apud LOVELOCK; WRIGHT, 2001, p. 21) abrange além dos 4 supracitados, os processos, a produtividade/qualidade, as pessoas envolvidas e a evidência física, que tornam o marketing uma matéria ainda mais necessária e encantadora neste mundo competitivo e carente de constantes revisões. Tome-se este mix aplicado a uma instituição de ensino, mais especificamente de educação superior. Os elementos do produto são a razões do seu próprio existir: seus cursos, as grades curriculares, o corpo docente a linha pedagógica. São eles que formatam e dão um matiz diferenciado a cada instituição. O balanceamento dos seus componentes pode tornar uma instituição mais ou menos desejada por seus públicos. O preço muitas vezes revelará diferenciações que determinada escola adotou em sua estrutura. Pode também comunicar, mesmo que não intencionalmente, se uma instituição tem maior ou menor qualidade em suas ofertas. É possível também que sirva muitas vezes de estratégia de entrada em mercados muito competitivos. Em tese, as escolas agregam valor à sua proposta quando conseguem aumentar os benefícios em uma proporção maior do que o aumento de custos. [...] as escolas mais procuradas e desejadas são aquelas que proporcionam maior valor agregado. A mensalidade [...] é avaliada pelo cliente, mas dentro dessa equação, como um de seus elementos e não isoladamente. (DAUD, p. 82). Promoção, ou comunicação, como mais comumente é utilizada, é toda atividade desempenhada com o fim de divulgar à sociedade, em maior ou menor escala, seus feitos. Pode significar desde uma simples informação dos serviços ali prestados, até campanhas de propaganda envolvendo verbas significativas de seus orçamentos. Praça (ou distribuição), embora tenha este nome, define todo local onde o serviço, é entregue. Faz parte também das decisões deste componente se a entrega se faz diretamente 108 ao consumidor. Atualmente, os recursos tecnológicos têm tornado estes espaços cada vez menos definidos, podendo uma instituição de Salvador, na Bahia estar prestando um serviço em Estocolmo, na Suécia, ou em Tobias Barreto em Sergipe, através das redes digitais. Os processos são criados para facilitar a entrega dos serviços aos seus consumidores. Quanto mais eficientes forem suas dinâmicas, mais satisfeitos estarão os consumidores. Da mesma forma, processos mal formulados ou descuidados têm a enorme capacidade de irritar estes clientes, e muitas vezes fazê-los procurar por algum concorrente. Produtividade e qualidade formam uma equação de difícil solução. Manter altos os índices de produtividade, sem pôr em risco a planilha de custos da organização e principalmente não comprometendo a qualidade dos serviços prestados é desafio permanente para organizações que trabalham com a necessidade de realizar constantes investimentos. Pessoas são elementos-chave em um processo de prestação de serviços. Como participam centralmente destas interações, influenciam diretamente a percepção de valor que os compradores atribuem ao interagir com aquela instituição. Em uma instituição de ensino, os professores e o corpo técnico administrativo que interage diretamente com os alunos são altamente responsáveis pela imagem institucional que estes alunos carregam. Finalmente, a evidência física, que apresenta certa tangibilidade nesta troca, pois através de seus elementos físicos demonstra maior ou menor qualidade do serviço prestado. A estrutura de laboratórios, o prédio, as carteiras das salas de aula, os jardins, as placas, os materiais impressos revelam a preocupação com uma estrutura mais fácil de ser avaliada do que outros aspectos envolvidos nesta transação, e por isso possuem uma importância central de diferenciação. O cuidado com cada um destes elementos compõe a gestão de marketing de uma instituição de educação superior. Norteados por uma visão estratégica, permitirá a diferenciação em casos de mercados muito competitivos, inclusive contribuindo para o 109 aumento da qualidade nos serviços prestados por todo o mercado. Fala-se, desta forma, de uma gestão de marketing afinada com os objetivos institucionais e, conseqüentemente, gerador de valor para toda sociedade. As empresas de serviço precisam entender as implicações dos oito componentes da administração integrada de serviços, conforme vimos, para o desenvolvimento de estratégias eficazes. As empresas cujos gerentes conseguirem desenvolver estratégias integradas terão uma chance melhor de sobreviver e prosperar. Aquelas que não conseguirem compreender essas implicações tenderão a ser deslocadas por concorrentes mais aptos a responder às mudanças radicais que afetam a economia de serviços. (LOVELOCK; WRIGHT, 2001, p. 24). 3.11 O MARKETING NAS IES Contudo, como foi dito anteriormente, os primeiros impulsos à criação das áreas de marketing nestas instituições foram dados em razão do enfrentamento da concorrência. Assim, as primeiras iniciativas foram em sua grande maioria motivadas por uma necessidade urgente, e não por uma mentalidade de planejamento ou pensamento a longo prazo. O planejamento de marketing parte do pressuposto de que as instituições de ensino visam à sua longevidade por prazo indeterminado, uma vez que ninguém investiria em um processo de planejamento se pensasse em sua descontinuidade em uma data futura conhecida. (FACÓ, p. 32). Desde então, conforme será visto adiante neste trabalho, os temas de suas campanhas pouco têm variado. Algumas tentativas de retóricas diferenciadas começam a surgir, algumas instituições eventualmente têm investido em pesquisas com seus públicos, porém muito pouco ou quase nada se têm sistematizado neste caminho. A busca da mensagem ideal, bem como o encontro do equilíbrio entre os componentes do mix de marketing, deve ser, hoje, a questão mais recorrente entre os gestores de marketing destas instituições. Quando uma campanha publicitária é criada dentro de um contexto que considera todos estes elementos, e todos eles possuem uma gestão integrada e sinérgica, pode-se dizer que existe, ali, uma gestão estratégica de marketing. Para isso ser possível, porém, e também 110 eficaz, faz-se primordial saber quais as verdadeiras motivações dos principais públicos de uma instituição de educação superior ao escolher aquela onde estudará, em média, por cerca de quatro anos de sua vida. Compartilha-se do pensamento de Theodore Levitt, que afirma que, mesmo comprando um produto, um consumidor busca um serviço. Este é o sentido da célebre e emblemática frase de Charles Revlon, que afirmava vender cosméticos nas farmácias, embora suas compradoras levassem beleza para suas casas. Em toda história do marketing, indústrias vêm gastando bilhões para descobrir o que de fato seus clientes compram quando adquirem seus produtos ou serviços. Quais sentimentos e motivações estão por trás daquele ato de comprar. Normalmente, ao encontrarem suas respostas, baseiam todo o seu sistema de comunicação neste sistema de crenças e de valore,s tornando suas ações mais bem dirigidas e muito mais eficazes. Percebe-se, em outros setores, um movimento semelhante. Quando do nascimento da atividade, todos os players envolvidos buscam a comunicação numa tentativa de garantia da sobrevivência. O que se faz é gerar fluxo de caixa para manter as atividades em operação. Passado este momento, então, é que com a acomodação do mercado, conhecendo-se as iniciativas bem-sucedidas e mal-sucedidas, começa-se a criar um padrão de condução dos negócios. E também torna-se possível descobrir as reais motivações, as mais subjetivas, do público comprador de determinado bem ou serviço. Sobre estas motivações, constroem-se os trabalhos de marketing de longo prazo, seja de um setor ou de uma organização isoladamente. Este trabalho pretende investigar estas motivações e sistematizá-las a fim de disponibilizar um pequeno avanço na revisão crítica das atividades de um setor ainda muito novo. No caso das instituições de educação superior, algumas pesquisas foram feitas no sentido de levantar aqueles pontos de relevância que existem numa escola e que os alunos ou 111 pais valorizam. Contudo, existem questões mais subjetivas, que estão na verdade por trás destas opiniões e que precisam ser investigadas. O ato de escolher uma instituição de ensino é resultante de um comportamento de compra complexo. A teoria cognitiva, segundo a qual o aprendizado realiza-se através do discernimento, explica esse comportamento. Assim, a matrícula será efetivada se a escola for percebida – no seu todo – como a entidade educacional capaz de melhor satisfazer as expectativas do cliente potencial entre todas as outras. (DAUD, p. 79). É sobre um sistema de crenças que se desconhece que vêm sendo direcionadas as comunicações destas IES. Talvez por isso, muitas destas campanhas não tenham produzido os efeitos esperados. Embora possa parecer óbvia a razão da procura de uma IES, por qualquer que sejam seus candidatos, na verdade não o é. O conhecimento é hoje uma moeda e certamente a forma que está se encontrando de lidar com isso é também diferenciada. Este estudo se propõe a investigar alguns aspectos desta relação para, com isso, apontar possíveis caminhos para os gestores de marketing das IES privadas. Além disso, acompanhar sistematicamente o que estas IES vêm realizando, ajudando a construir um trabalho crítico sobre este tema, tendo em perspectiva os resultados da pesquisa aqui realizada. Não se deve perder de perspectiva que aquilo que se consegue construir com um trabalho de marketing transforma-se, em médio e longo prazo, em importantes ativos da instituição. Embora absolutamente intangíveis, estes são valores que já poderiam constar nos seus balanços. Kotler (2003, pág 21) afirma que: [...] as empresas demonstrariam inteligência se começassem a identificar e avaliar seus ativos de marketing como marcas, relacionamento com os clientes, relacionamento com os empregados, relacionamento com canais, relacionamento com fornecedores e capital intelectual. Além disso, também já é perceptível o fato de que a propaganda vem perdendo parte de sua força no poder de construção de uma marca. Ultimamente muito se tem ouvido das repercussões dos debates entre grandes nomes das áreas de marketing e publicidade como, 112 por exemplo, um recente entre Washington Olivetto, defendendo a propaganda, e Al Ries levantando a importância que elementos de relações públicas vêm conquistando cada vez mais nos trabalhos de construção de marcas. Kotler (1999) parece fazer coro com Ries quando exalta as ferramentas classificadas sobre o acrônimo de PENCILS – publicações, eventos, notícias, causas comunitárias, identidade visual, lobby e social. Cada uma destas ferramentas desdobra-se em inúmeras outras, o que parece ganhar especial força em ambientes como a academia, na qual a força do conhecimento e a sua disseminação são veículos fortes de mensagens subjacentes à cultura organizacional. “Ao falar-se de cultura, refere-se tipicamente ao padrão de desenvolvimento refletido nos sistemas sociais de conhecimento, ideologia, valores, leis e rituais quotidianos.” ( MORGAN, 1996, p. 115). Anteriormente falou-se sobre o pouco conhecimento que as instituições têm de seus alunos. Muito se faz para conquistar novos alunos, mas muito pouco esforço tem sido feito no sentido de reter ou de aumentar o nível de satisfação de seus atuais. Na contramão deste movimento, no entanto, algumas IES vêm adotando ouvidorias como uma forma de estabelecer um canal eficiente de comunicação com seus públicos, externo e interno. Como estas áreas trabalham com valores como confiança e credibilidade, esta é uma ação que contribui e muito, para o sucesso das instituições educacionais. Esta é uma possibilidade de mostrar ao aluno que a instituição se preocupa com as suas percepções, as suas opiniões, não necessariamente estando obrigadas a atendê-los no que demandam, mas de, certamente, oferecer uma resposta que dialogue e provoque até um debate, ou mesmo uma possibilidade de aprendizagem e de formação. O que se discute aqui é que, muitas vezes, as organizações investem um enorme tempo e esforço para criarem as melhores estruturas. Numa IES, por exemplo, vai-se em busca dos melhores pesquisadores, do melhor corpo docente. Excelentes grades curriculares 113 são propostas e cursos altamente especializados são desenvolvidos. Mas, não raramente, se negligencia a forma como a sociedade está percebendo isso. É importante que se certifique de que esta sociedade será capaz, munida das informações que possui, de formar uma imagem ou atribuir o valor devido àquele trabalho. Na grande maioria das vezes, até mesmo por se posicionar, de certa forma, acima do mundo real e prático, a academia perde valiosas oportunidades de dialogar com a comunidade na qual está inserida e devolver a ela todo o valor que é capaz de fazê-lo. Para que um plano de marketing seja integrado e, além de integrado, eficaz, é imprescindível que se conheçam as motivações do comprador de determinado bem ou serviço. Suas necessidades, seus desejos, seus sistemas de crenças e toda a subjetividade inerente ao seu comportamento no momento da decisão da compra. Grande parte das possibilidades de sucesso de determinada formulação de um plano de marketing reside em se compreender profundamente a atividade para a qual se trabalha. Os principais públicos, os concorrentes, os fornecedores, as causas implicadas, os princípios, os valores e a missão são itens dos quais o marketing jamais poderá estar dissociado. Exatamente por conta disso, deve dialogar constantemente com outras áreas de conhecimento, como a sociologia, a antropologia e a filosofia, por exemplo. Numa atividade tão específica e própria como a educação superior, o acesso e a compreensão acerca da cultura acadêmica e de suas especificidades é desafio constante ao profissional de marketing que deseje trabalhar nesta disciplina com rigor e respeito aos seus princípios. 3.12 O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 114 Estudar o comportamento do consumidor é uma das etapas que requer mais sensibilidade e concentração por parte de um profissional de marketing. A investigação pode se dar de forma objetiva ou não, e as respostas que se obtém podem, igualmente, chegar de forma mais ou menos objetiva. Por vezes, é necessário saber ler nas entrelinhas, além de fazer a pergunta certa e interpretar corretamente o que está muitas vezes implícito por trás de poucas palavras. Por isso é um campo tão complexo. É também interdisciplinar, ressaltando aspectos da Psicologia, da Economia, da Sociologia e da Antropologia Social. Neste campo, a pesquisa é ferramenta preponderante. Mapear as motivações de um consumidor tem a ver com interpretar um modelo psicológico inerente a cada indivíduo. Além disso, os processos de escolha são diretamente afetados por fatores conjunturais ou estruturais, que dizem respeito a um conjunto de crenças, de valores e de componentes culturais do quais nem sempre o indivíduo se dá conta. RECONHECIMENTO DE NECESSIDADES NÃO SATISFEITAS Motivação (Movimentos, Impulsos, Desejos) BUSCA DE ALTERNATIVAS PARA REDUZIR A TENSÃO AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS (OFERTAS EXISTENTES) Cognição SELEÇÃO DE UM CURSO DE AÇÃO (DECISÃO DE COMPRA) IMPLEMENTAÇÃO (ATO DE COMPRA/CONSUMO) Aprendizagem Figura 21: Esquema Psicológico do consumidor Fonte: ROCHA; CHRISTENSEN, 1999, p. 57. Além do mapa psicológico individual, existem esferas sociais de influência no comportamento do consumidor. São estas os grupos: primário – familiares, vizinhos, amigos, 115 colegas de trabalho; de referência – personalidades, figuras de projeção social; e cultural – costumes e valores sociais. Jung apontou diferenças entre os extrovertidos e introvertidos baseando-se nos processos mentais e nas funções psíquicas que eles utilizavam para perceber o mundo e tomar decisões. As funções perceptivas são sensação e intuição e as funções de julgamento – pensamento e sentimento. (LESSA, p. 56). Assim, são muitas as variáveis a serem consideradas numa investigação de qualquer público, e todas elas precisam ser consideradas, pois interferem no comportamento de compra de qualquer indivíduo. Isto reforça a idéia de Habermas, com a sua teoria da ação comunicativa, citada anteriormente. Habermas define três níveis no processo de comunicação entre as pessoas [...] No nível mais baixo, mais íntimo, da consciência dos indivíduos, estão as evidências culturais não discutidas, enraizadas, como a posição em relação à pena de morte, à moral sexual, à religião e os preconceitos [...] No nível intermediário encontram-se as experiências fundamentais pouco discutidas, como a atitude em relação à guerra e a determinados desejos de segurança social [...] No nível mais elevado discutem-se, com freqüência, as impressões resultantes da ação da indústria cultural, como o último capítulo da novela, as propagandas mais cômicas, o filme da semana no cinema ou o jogo da final do campeonato. [...] Dessa forma, a opinião pública, em seu sentido literal, ou seja, aquele conjunto de idéias, princípios e valores comuns ao público em geral, será sempre aquilo que mais se aproximar do nível mais íntimo da consciência das pessoas. (LEVY, 2003). Será o conjunto destas informações que dará ao profissional de marketing a capacidade de projetar cenários, de identificar oportunidades e principalmente de usar a comunicação adequada com seus principais públicos. “O que deve ser comunicado é determinado basicamente quando as necessidades e preferências dos consumidores-alvos são conhecidas”. (MACARTHY, p. 786). Sem a pesquisa, isto é impossível. Embora muitos profissionais, gestores e proprietários de organizações pensem ter certeza sobre o que seus públicos desejam, eles quase sempre estão errados. Além disso, o que o consumidor compra raramente é o que está sendo vendido, e nem sempre os principais concorrentes são aqueles que aparentemente oferecem o mesmo bem que o seu. Muitas vezes, produtos e serviços concorrem com outra natureza bem diversa de produto. 116 Há, ainda, na pesquisa, uma variável que não se pode deixar de levar em conta. A subjetividade implícita aos dados objetivamente organizados. Isto significa que, embora disponibilizadas através de dados quantificáveis e classificatórios, estes relatórios carecem de um olhar criterioso e cuidadoso em suas avaliações, se for considerada a complexidade do ser humano e a crescente dificuldade de se estabelecer padrões pautados em faixa etária, gênero ou classe social. Estas fronteiras estão cada vez menos definidas e os hábitos, gostos e necessidades destas pessoas cada vez mais difusas, misturadas, pouco estereotipadas. Nem idade, nem sexo, nem faixa de renda são capazes, neste mundo tão complexo, de determinar como vive uma pessoa. Como, porém, a pesquisa precisa atender a determinadas etapas que de fato a viabilizam enquanto instrumento ferramental de trabalho, caberá ao gestor de marketing, que a interpretará, considerar esta complexidade, avaliando os resultados obtidos com o recorte necessário. Antigamente, para se obter os efeitos que queríamos, agregávamos os consumidores em grandes blocos de perfis disso e daquilo. [...] Se alguém entrava num certo bloco, automaticamente iria se comportar segundo um padrão típico. Era simples, desenhávamos uma ‘comunicação’ direcionada a cada padrão e pronto. Fazer isso com competência continua crucialmente importante, só que cada vez determina menos o sucesso, porque há um repertório cada vez maior de possibilidades a considerar. (NÓBREGA, p. 9). Num setor como o de educação, tão complexo e cheio de especificidades, falar de marketing, e mais, fazer marketing, compõem desafio tão complexo e tão arriscado. Além de um saber global e integrado, há de se desenvolver uma grande capacidade de lidar com todos estes componentes de forma prática e eficaz. Além disso, considerar com sensibilidades as idiossincrasias desta atividade. Considerar o sistema de crenças e valores, os mais subjetivos, que estão por trás de cada mente de cada estudante e todas a suas esferas sociais de influência parecem ser condição sinequanon para formular planos de ação bem sucedidos e contribuir, ao final, para o crescimento de um setor inteiro. 117 A seguir, serão apresentados os resultados de nossas pesquisas, a metodologia, os instrumentos, o modelo de análise utilizado e, por fim, nossas conclusões diante de todo o exposto aqui. 118 IV APRESENTAÇÃO DA PESQUISA - ESTRATÉGIA METODOLÓGICA DE PESQUISA E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS A escolha de uma universidade ou faculdade é uma decisão de grande importância na vida de um estudante, e normalmente este processo de escolha se dá de forma bastante complexa. Além de todo sistema de crenças, valores, desejos e necessidades próprios, o candidato a uma vaga no ensino superior está sujeito a inúmeros fatores de influência em sua decisão, dentre eles, as percepções compartilhadas com os grupos sociais com os quais convive. Levantou-se no início do trabalho, que particularmente na história de nosso país, esta é uma esfera de discussão cercada de posições, construções e imagens que possuem uma perspectiva histórica e, portanto, bastante arraigada na compreensão de grande parcela da sociedade. Assim, esta investigação buscou reconhecer nos principais grupos de interesse, quais são as aspirações consideradas na avaliação de uma Instituição de ensino superior, a fim de identificar a aproximação dos trabalhos de comunicação e marketing com estas aspirações. Optou-se pelo método hipotético-dedutivo (LAKATOS, 1992, p. 106): [...] que se inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos acerca da qual formula hipóteses e pelo processo de inferência dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese. 119 Estes testes se deram através da formulação de uma pesquisa de mercado, conduzida pela empresa baiana PAINEL BRASIL e delineada a partir das questões norteadoras do trabalho. Importante ressaltar que este instrumento de pesquisa foi encomendado pelas Faculdades Jorge Amado,4 a partir das premissas e questões apresentadas neste trabalho. Portanto, todos os direitos estão reservados a esta Instituição que prestou uma grande contribuição ao avanço desta reflexão no âmbito proposto. Além de não constituir objeto de investigação deste trabalho, as percepções acerca das Instituições baianas, bem como os percentuais por elas obtidos nas diversas questões levantadas no processo de pesquisa, por questões de ética, não serão reveladas. Além da documentação indireta (LAKATOS, 1992) que abrange toda pesquisa documental e bibliográfica, as técnicas utilizadas para coleta de dados foram: − A observação direta intensiva, através da observação – uma vez que a autora é profissional da área e acompanha alguns de seus movimentos enquanto observadora de seus principais fenômenos - e também através de entrevistas, realizadas no momento de exploração do tema, com alguns gestores da área; − A observação direta extensiva, utilizando as técnicas de formulário, pesquisa de mercado e grupos de discussão. Como o estudo trata de uma questão que envolve um setor, o universo foi delimitado considerando especialmente a condição atual de ingresso no Ensino Superior através de processos seletivos ou vestibulares. Isto porque é este o momento da escolha de um candidato por uma Instituição e é neste momento que todas as influências e percepções próprias configuram o seu grau de disponibilidade em decidir entre as opções existentes. 4 A Faculdade Jorge Amado, fundada em 1999, é uma das maiores IES privadas da Bahia e oferece atualmente 30 cursos de bacharelados e licenciaturas, 3 cursos de graduação tecnológica, além de cursos de pós-graduação e extensão. Além disso, desenvolve projetos de extensão com forte atuação nas comunidades vizinhas. 120 Teoria e realidade de mercado se unem aqui, para traçar um cenário real sobre o Ensino Superior Privado e sua gestão de marketing. Sem se descolar da história, observa-se como os principais públicos de uma IES estão vendo as suas Instituições, em que medida são atingidos por suas campanhas de comunicação de massa e finalmente o que consideram, de fato, no momento em que precisam decidir. Estas são informações vitais para um gestor de marketing tomar suas decisões. Na realidade, esta é a gênese da formulação de qualquer plano de ação de marketing que pretenda ser bem sucedido, pois considera o público para quem se refere, e este é um postulado básico da comunicação social, que estuda os fenômenos da emissão e recepção de mensagens, ampliada logicamente pela lente complexa das inter-relações de mercado às quais as organizações estão sujeitas. A escolha das amostras foi, portanto, item de grande relevância nesta investigação. Para Kerlinger (1979, p. 170) “nos levantamentos, pequenas e grandes populações são estudadas através de amostras para descobrir a incidência relativa, a distribuição e interrelações de variáveis psicológicas e sociológicas.” Neste estudo, será também investigado de que forma as percepções compartilhadas por estes grupos interferem nas escolhas feitas quando da decisão por uma IES e em que medida se relacionam com os esforços de comunicação e marketing que estas Instituições vêm fazendo. A definição de cada amostra e metodologia foi feita na perspectiva de obter os dados mais relevantes para as questões norteadoras. E será desta forma, ordenadas por questões, que as conclusões mais adiante serão apresentadas. 121 4.1 PESQUISAS QUALITATIVAS Para atender aos objetivos definidos anteriormente para essa etapa do Projeto de Pesquisa, adotou-se a metodologia qualitativa5 com a técnica de discussão em grupo (focus group). A pesquisa qualitativa parte da compreensão de episódios vivenciados pelas pessoas, e da interação observada entre a experiência e modelos amplos de comportamento. A experiência e o senso comum como matéria prima do conhecimento. No que se refere às DG’s (discussões em grupos),6 considera-se importante salientar que, como toda pesquisa qualitativa, sua função, como nos diz Meirelles Reis (1994, p. 3), é: “[...] tecnicamente [...] identificar a presença ou ausência de alguma coisa, enquanto a pesquisa quantitativa envolve o grau com que isto está presente”. Do ponto de vista do solicitante, as DG’s se constituem como uma oportunidade ímpar de ver / ouvir o próprio cliente (ou potencial) tecer considerações a respeito de determinadas questões.7 5 A pesquisa qualitativa é um método de apreensão da realidade que procura entender o comportamento a partir de características pessoais (atitudes, motivos e traços de personalidade) e fatores situacionais externos (cultura, sociedade, fatores do ambiente e fatores de marketing). Ela é composta de termos, ou de linguagem, que as pessoas usam para dar sentido ao seu dia-a-dia. 6 Os principais meios para se conseguir as informações desejadas em uma pesquisa qualitativa são as entrevistas em profundidade ou as discussões em grupo. Para as discussões em grupo, as pessoas (entorno de 8) são convidadas para um bate-papo realizado em salas especiais com gravação em áudio e vídeo e com espelho do tipo “one way” para acompanhamento do cliente. As entrevistas em profundidade são pré-agendadas com os entrevistados e a sua aplicação é individual, em local reservado. Tal procedimento garante a concentração do respondente. (IBOPE) 7 Sugere-se fortemente que os interessados estejam presentes, pois a interatividade inerente à técnica (contato direto entre observadores e entrevistados via ponto eletrônico) permite a intervenção dos observadores em qualquer momento da reunião. 122 Do ponto de vista da natureza das informações obtidas, as DG’s têm as seguintes vantagens: − a interação entre os membros do grupo estimula novas idéias a respeito do assunto em discussão. As presenças de diversas opiniões estimulam os participantes a buscarem argumentos que normalmente não seriam lembrados caso estivessem dando um depoimento isolado. − permitem observar uma simulação bem próxima do real de uma situação social natural; − a discussão provoca interação e espontaneidade já que, pelo fato de as pessoas não se conhecerem e estarem descontextualizadas de suas referências sociais e familiares, elas se colocam na posição de anônimos, o que lhes permite liberdade de expressão pois tudo o que for dito encerra-se naquele momento, inexistindo quaisquer compromissos futuros. − por serem emocionalmente provocativas, em função da troca de experiências e posturas entre os participantes, as DG’s permitem aflorar reações emocionais que minimizam posturas racionalizadoras ao estilo do politicamente correto. Assim sendo, neste estudo não se mede a intensidade da ocorrência dos elementos / atributos / variáveis que se procura. O papel está em criar as circunstâncias / condições necessárias para que os mesmos surjam e possam ser captados. Esta metodologia foi aplicada nas seguintes amostras: 123 a) Estudantes do ensino médio (2º e 3º anos) de escolas e cursinhos de Salvador8 − Objetivo principal: investigar o processo de decisão de escolha do curso e da instituição, imagem, avaliação das propagandas, dentre outros; − Metodologia: qualitativa a fim de avaliar as percepções, sentimentos e expectativas em relação às IES, utilizando a técnica de discussão em grupo (focus group); Grupo I: Estudantes de 2º ano do ensino médio, cursando escolas particulares; Grupo II: Estudantes de 3º ano do ensino médio e cursos pré-vestibulares em escolas particulares. b) Pais de estudantes do ensino médio e de cursinhos Foram realizadas 2 discussões em grupo com pais de alunos de instituições privadas. Estes alunos cursam a partir do segundo ano do ensino médio e cursos prévestibulares. − Objetivo principal: percepção do setor educacional, conhecimentos e experiências com as IES, preferência ou rejeição às instituições e razões, percepção e avaliação da comunicação institucional; − Metodologia qualitativa utilizando a técnica de discussão em grupo (focus group), com dois grupos distintos. 8 Vide lista de escolas, bem como sua natureza – pública ou privada – no anexo D. 124 4.2 PESQUISAS QUANTITATIVAS Esta metodologia foi aplicada nas seguintes amostras: c) Estudantes do ensino médio (2º e 3º anos) de escolas e cursinhos de Salvador Considerando o universo finito, com tamanho aproximado de 80.000elementos, um nível de confiança de 90%, erro amostral de 5% e variância máxima, a dimensão amostral é de 271 entrevistas (distribuídas ponderadamente entre os perfis das escolas e cursinhos). d) Estudantes de graduação de IES particulares de Salvador - Jorge Amado, Unifacs, Ruy Barbosa, FTE, FTC, FIB, UCSAL, UNIME − Objetivo principal: processo de decisão da escolha do curso e da instituição, imagem, nível de satisfação, dentre outros; − Metodologia quantitativa através de entrevistas pessoais diretas,considerando o universo finito de 30.000 elementos, um nível de confiança de 90%, erro amostral de 5% e variância máxima, a dimensão amostral é de 533 entrevistas. 125 4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS − Entrevistas – através de questionários , os seguintes públicos irão ser pesquisados conforme modelo de análise propõe, gerando dados de ordem quantitativos; − Focus group – com este instrumento, será possível coletar dados qualitativos e mais abertos sendo possível avançar na análise das reais percepções de cada um destes atores. 126 V 5.1 DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ELEMENTOS CONSIDERADOS PARA ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS Quadro 02: Elementos considerados para análise dos dados obtidos ASPECTOS NORTEADORES O processo de escolha de uma IES é altamente complexo, dada a natureza da atividade da educação; RFERÊNCIAS DE BASE PARA ANÁLISE - O Direito à Educação, o Público e o Privado - Revisão histórica da Educação no Brasil. Os gestores educacionais se utilizam do marketing em sua superficialidade, ignorando valiosas ferramentas de que dispõem para contribuir com a interação das organizações com seus diversos públicos; - Marketing – discussão inicial - 8 p’s do mkt de serviços - Marketing de relacionamento Estas disfunções contribuíram para gerar, na opinião pública, uma fragilidade no que concerne à imagem das Instituições Privadas de Ensino Superior; - O ensino privado no Brasil: contexto histórico - Equívocos e críticas ao MKT. O desconhecimento das reais aspirações de seus públicos, além da desconexão com esta perspectiva histórica e social compartilhada por toda a sociedade, contribuiu para a não geração de valor de todo o setor; Estas aspirações, além de serem complexas, mudam na dinâmica das grandes transformações pelas quais a nossa sociedade vem passando, tendo aí em vista a revolução tecnológica e comunicacional que reconstruiu um novo mundo ainda cheio de velhos conceitos; - Os planos de ação de marketing devem contemplar toda esta rede complexa de interações para que estas Instituições possam efetivamente se aproximar de seus principais públicos. Fonte: Elaborada pela autora. - A atuação das IES privadas no Brasil - A propaganda - A crítica à propaganda - Marketing nas IES. - Comportamento do consumidor. - A crítica à propaganda - Orientação de Marketing. - Posicionamento - Branding INDICADORES USADOS NA INVESTIGAÇÃO - Processo decisório de escolha de uma IES; -Aspectos considerados na decisão; - Influências externas no processo de escolha. - Impactos de estratégias de comunicação ou marketing utilizadas pelas IES - Percepção sobre aspectos positivos e negativos das IES públicas e privadas; - Percepção sobre o processo seletivo para ingresso nas IES. - Faculdades x universidades; - Surgimento de novas faculdades; - Concorrência entre IES’s - Percepção sobre responsabilidade social das IES privadas. - Processo decisório para escolha de uma profissão ou curso; - Informações relevantes para a escolha do curso. - Estratégias de comunicação - Campanhas registradas na memória. 127 5.2 PESQUISA QUALITATIVA Os primeiros grupos investigados foram os de estudantes do ensino médio, de escolas privadas e públicas de Salvador, de cursinhos preparatórios para o vestibular e também os pais destes alunos. A metodologia utilizada, conforme dito anteriormente, foi a de pesquisas qualitativas. Ver-se-á abaixo o que pensam estes alunos em relação a cada um dos itens apresentados. Todos os itens apresentados, do mais freqüente ao menos freqüente, se encontram disponibilizados nas respostas obtidas. 5.2.1 Percepção sobre aspectos positivos e negativos das instituições públicas e privadas Entre os grupos de alunos, percebe-se que os principais pontos citados como positivos das instituições públicas referem-se às questões de qualidade, imagem e reputação, enquanto que das privadas tocam, em sua maioria, nos itens de estrutura e serviços. Em uma freqüência significativa também aparecem dúvidas quanto aos reais propósitos das privadas, bem como a ausência de tradição. Todos os dados apresentados nas tabelas abaixo encontram-se ordenados da maior para menor freqüência nas respostas dadas pelos grupos pesquisados. 128 Quadro 03: Aspectos positivos e negativos das instituições públicas e privadas – Alunos GRUPO I GRUPO II INSTITUIÇÕES PÚBLICAS INSTITUIÇÕES PRIVADAS ☺ ☺ Gratuidade; Tradição; Percepção de maior facilidade de inserção no mercado de trabalho. Gratuidade; Tradição; Status; Melhor remuneração; Nível dos alunos. Greve; Falta de segurança; Horários incompatíveis com outras atividades; Diferentes e distantes locais de aulas. Precariedade na estrutura; Precariedade de material de estudo – aulas práticas. Não ter greve; Boa estrutura; Conclusão do curso no tempo determinado. Não ter aprovação do MEC; Não ter tradição, ser desconhecida; Altas mensalidades. Segurança; Disponibilidade de material; Canalização direta para estágio; Bons profissionais; Prestar serviços à sociedade. Dúvidas sobre a qualidade do ensino. Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. Os pais conseguem definir os aspectos positivos e negativos que atribuem às instituições de ensino superior, públicas e privadas. As instituições públicas teriam como principais aspectos positivos a sua solidez e certeza da legalidade do diploma no futuro, em contrapartida às dúvidas quanto à legalidade das privadas e o fato de serem voltadas para o lucro. Destacaram como aspectos negativos das faculdades/universidades públicas as greves, falta de segurança, locais distantes e diferentes das aulas e horários que não permitem que os alunos trabalhem. Teriam como aspectos positivos o fato de incentivarem a pesquisa e a qualidade do ensino. Para os pais, as faculdades privadas possuem diversos aspectos positivos, quais sejam: a boa estrutura física; laboratórios; garantia de conclusão no tempo determinado; viabilização de transporte particular; e a facilidade no vestibular que deu oportunidade a muitas pessoas que não tinham acesso a um curso superior. Referências à tradição e incentivo à pesquisa também aparecem: 129 Quadro 04: aspectos positivos e negativos das instituições públicas e privadas – Pais INSTITUIÇÕES PÚBLICAS ☺ GRUPOS DE PAIS Solidez; Incentivo à pesquisa; Certeza da legalidade; Qualidade do ensino. INSTITUIÇÕES PRIVADAS ☺ Greves; Falta de segurança; Locais distantes e diferentes para as aulas; Horários que não permitem que os alunos trabalhem. Estrutura física; Laboratórios; Garantia de conclusão no tempo determinado; Viabilização de transporte particular; Facilidade no vestibular/ oportunidade a quem não tinha acesso. Dúvidas quanto à legalidade/autorização para funcionar; Voltada ao lucro. Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. 5.2.2 Processo decisório da escolha da instituição de ensino superior Entre os estudantes do ensino médio (Grupos I e II), o processo de escolha ainda se baseia no imaginário de que a instituição de ensino superior federal é o mais almejado, não obstante a consciência de que as greves e os horários díspares prolongam a permanência nos bancos escolares. As questões citadas como mais vantajosas para a preferência pela Universidade Federal estão relacionadas à gratuidade, tradição, valorização do diploma pelo mercado de trabalho, prestígio diante da família/sociedade. O Grupo II ressalta a qualidade dos alunos da UFBA, considerados mais preparados do que aqueles que ingressam em faculdades/universidades particulares, como grande diferencial qualificador da Universidade. Alguns estudantes do Grupo I se referiram espontaneamente a faculdades privadas, considerando questões como espaço, qualidade de ensino e tradição. Existiu no 130 grupo a percepção de que as faculdades particulares, de uma maneira geral, “não prestam”. Vale destacar que a Universidade Católica é percebida de forma positiva pela sua tradição. Embora admitam que a UFBA ainda é vista como um grande objetivo, os pais são firmes ao reconhecerem que não é a única opção e questionam a sua real “superioridade”, uma vez que as greves são constantes e acabam “atrasando” a vida dos estudantes. Além desse aspecto, não consideram os cursos atuais tão bons quanto no passado, e acham que existem faculdades particulares excelentes. A preferência pela UFBA, em alguns casos, estaria nos (as) próprios (as) filhos (as), que acreditam na sua superioridade. Para os pais, esse comportamento pode ser em decorrência da influência dos cursinhos que tendem a valorizá-la, em detrimento das outras faculdades. 5.2.3 Aspectos considerados no processo de decisão da IES Para os pais, a escolha da instituição de ensino superior que os filhos cursarão passa pela consideração de alguns aspectos. Grande parte dos pais manifestou preocupação com a legalidade das novas instituições privadas, com o fato de serem ou não aprovadas pelo MEC. Um outro aspecto considerado importante é a qualidade do ensino, que passa por um projeto pedagógico consistente, pelo bom nível do corpo docente e pela infra-estrutura (laboratórios, biblioteca, etc.). 131 Quadro 05: Aspectos considerados no processo de decisão da IES – Alunos Grupo II Grupo I Estrutura / espaço; Qualificação dos professores e funcionários; Qualidade do Ensino; Localização / acessibilidade; Bairro Seguro; Laboratório; Conforto; Organização; Processo seletivo concorrido / ”vestibular difícil”; Nível dos alunos. Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. O nome é importante; Estrutura; Laboratório; Qualificação dos professores; Premiações; Mensalidade acessível; Qualidade de ensino; Núcleos de prática profissional interno. Consideram importante, também, o incentivo à pesquisa e a cobrança de valores acessíveis das mensalidades (entre 400 e 600 reais), além de viabilizarem estágios para os alunos. A estrutura é considerada importante e significa a disponibilização, para os alunos, de bons laboratórios, sala de informática e bibliotecas atualizadas. A ausência de greves, boa localização e facilidade de transporte são importantes, assim como o fato de possuírem um nome / referência. Quadro 06: Aspectos considerados no processo de decisão da IES – Pais Grupos de pais Nível do corpo docente; Legalidade da instituição / autorização dos cursos; Incentivo à pesquisa; Laboratórios / biblioteca / informática; Ausência de greves; Projeto pedagógico consistente; Localização; Facilidade de transporte; Nome / referência; Boa estrutura; Preço acessível; Viabilização de estágios. Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. 132 5.2.4 Influências externas no processo de escolha Fica claro, nos dois grupos, o papel exercido pelos professores ao influenciar a escolha da profissão e da instituição de ensino superior. Ambos os grupos destacam que os professores são uma referência importante na obtenção dessas informações. Fica claro, nos grupos de pais, o papel exercido pela família e pessoas próximas na escolha da profissão dos filhos. Um dos membros do grupo citou o resultado de um teste vocacional como determinante na escolha. 5.2.5 Percepção sobre Faculdades X Universidades Utilizou-se, como técnica para inferir sobre a percepção dos alunos do ensino médio sobre as diversas faculdades / universidades em Salvador, a associação livre, onde uma palavra desencadeia o fluxo espontâneo de pensamento, sem censura, normalmente determinado por conexões significativas e não causais. A tabela abaixo demonstra, de forma didática, os pensamentos evocados por cada universidade / faculdade isoladamente, quantificando-os de acordo com o número de vezes em que foram citados (explicitado pelo símbolo +). A partir da análise qualitativa do quadro, fica claro que a UFBA e a UCSAL são as universidades com maior prestígio / tradição entre os alunos do ensino médio, representando o ideal a ser alcançado, embora reconheçam a grande dificuldade de alcançar este objetivo devido ao nível de exigência do processo seletivo e da concorrência. 133 Observa-se que existem algumas faculdades privadas no imaginário dos alunos de ensino médio relacionadas positivamente, principalmente em relação à sua infra-estrutura. Existem, contudo, algumas IES privadas citadas de forma pejorativa em função da fragilidade de seu processo seletivo, que desperta nos alunos uma imagem desqualificada dessas instituições. De maneira geral, essas faculdades são percebidas como de “péssima reputação”, tendo-lhes atribuído, em sua maioria, conceitos negativos no processo de associação livre. Percebe-se que grande parte das instituições de ensino superior particulares é desconhecida pela maioria dos alunos participantes da pesquisa. Alguns alunos não chegam sequer a reconhecer os nomes destas Instituições. Para os pais de alunos do ensino médio, utilizou-se, como técnica para inferir sobre as suas percepções quanto às diversas faculdades / universidades em Salvador, a associação livre onde uma palavra desencadeia o fluxo espontâneo de pensamento sem censura, normalmente determinado por conexões significativas e não causais. A partir da análise qualitativa do quadro, fica claro que as instituições públicas são as de maior prestígio / tradição entre os pais de alunos do ensino médio. Além destas, algumas privadas aparecem com uma grande quantidade de referências apenas positivas. Parte das instituições de ensino superior particular é desconhecida pela maioria dos pais de alunos participantes da pesquisa. 5.2.6 Percepção sobre o vestibular Ao serem estimulados a utilizar a técnica de associação livre para evocar impressões e sentimentos despertados ao ouvirem a palavra VESTIBULAR, os alunos do 2º e 134 3º ano destacaram espontaneamente os seguintes aspectos, ordenados de acordo com a freqüência em que foram citados: Quadro 07: Percepção sobre o vestibular – Alunos Grupo I Grupo II Decisão / escolha; Responsabilidade; Estresse; Pressão; Medo; Preocupação. Dedicação / preparação; Injusto; Futuro; Pressão; Estudo; Insegurança; Emocional; Preocupação com as cotas. Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. As respostas do Grupo I evidenciam a consciência dos alunos a respeito da importância da escolha do curso enquanto repercussão direta no futuro, e a responsabilidade desse processo decisório, circunscritos em um ambiente externo de muita pressão (amigos, família, sociedade), o que desperta reações como medo e estresse. O Grupo II manifesta claramente a plena consciência sobre a necessidade de dedicação intensa e preparação. No entanto, reconhecem que o vestibular, enquanto processo seletivo, gera algumas injustiças, uma vez que desafia todo um acúmulo de conhecimento construído durante uma vida escolar em um único momento, no qual o equilíbrio emocional se mostra como fator decisivo. Um dos participantes atribui ao sistema de cotas uma das fontes de injustiça. Da mesma forma que o Grupo I, o Grupo II percebe que o vestibular está relacionado diretamente com o futuro, e que é preciso saber enfrentar o momento de pressão. Quando questionados sobre o momento efetivo em que começam a pensar no vestibular, os grupos I e II destacam que vários elementos ao seu redor começam a pautar a questão indiretamente, como comentários sobre pessoas que passaram no vestibular, 135 questionamentos a respeito de suas escolhas, e, fundamentalmente, a estrutura escolar (professores) que passa a ter como objetivo principal a preparação para este momento. Os dois grupos concordam que no 3º ano as cobranças, que eram sutis e indiretas, tornam-se urgentes e incisivas. Ao serem estimulados a dizer ao que associam à palavra VESTIBULAR, os pais de alunos do ensino fundamental destacaram espontaneamente os seguintes aspectos: Quadro 08: Percepção sobre o vestibular – Pais Grupos de pais Medo; Expectativa; Ansiedade; Futuro; Preocupação; Insegurança; Incerteza; Muito empenho; Sofrimento; Desgaste emocional. Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. Fica evidenciado que os pais associam o vestibular a sentimentos negativos/ difíceis, possivelmente por estarem na iminência de vivenciarem essa experiência, pela proximidade de conclusão do ensino fundamental dos filhos. As sensações estão ligadas a duas preocupações principais, quais sejam; o medo de não passar na universidade / faculdade desejada; e a apreensão quanto ao mercado de trabalho. Existiram também associações positivas, ligadas a uma possibilidade de futuro próspero, ao alcance de objetivos. Quando questionados sobre o momento efetivo em que um estudante começa a pensar no vestibular, os pais relatam experiências pessoais, de vivência com os próprios 136 filhos. Parte dos pais disse que seus filhos no 2º ano do ensino fundamental já pensavam no vestibular e já tinham até uma opção de curso definida. Outra parte dos pais relata que seus filhos só no 3º ano começaram a pensar no vestibular, pela proximidade do processo seletivo, que os impele a pautarem o tema nas suas vidas. 5.2.7 Estratégias de comunicação As questões sobre comunicação foram introduzidas com um questionamento sobre lembranças dos estudantes em relação a propagandas voltadas para o processo seletivo / vestibular. O Grupo I foi enfático ao manifestar a opinião de que as propagandas falam apenas de questões práticas, tais como datas de inscrições, e citou espontaneamente apenas a Faculdade Hélio Rocha. O Grupo II citou espontaneamente instituições que promoveram campanhas de doação de livros e latas de leites como “pagamento” da inscrição para o vestibular. As opiniões sobre essa estratégia foram bastante divergentes: alguns consideram uma forma apelativa; outros, uma forma de ajudar; e alguns, como algo inteligente por seduzir (pela facilidade da inscrição) pessoas sem muita pretensão, e que acabam passando e permanecendo na instituição. As questões sobre comunicação foram introduzidas com um questionamento sobre lembranças em relação a propagandas voltadas para o processo seletivo / vestibular. De acordo com os pais, os comerciais não são muito divulgados, deveriam ser veiculados em horário nobre na TV. Sugerem o busdoor como meio muito eficiente de comunicação e a 137 confecção de um “livrinho” a ser distribuído nas escolas, com informações sobre os cursos, professores e valores. 5.2.8 Campanhas registradas na memória Ao serem estimulados a lembrar de forma espontânea das propagandas de faculdades particulares, os grupos manifestaram-se da seguinte forma, associando a faculdade à mensagem residual. Vale destacar que uma propaganda foi especialmente criticada e aparece em vários momentos da discussão em grupo. Consideram a temática desapropriada (skatistas, surfistas...) para uma instituição de ensino, e a qualificam como apelativa e “nada a ver”. As campanhas de vestibular, de acordo com os estudantes, costumam ser vistas na televisão, outdoor, panfletos e outdoor. No período do vestibular, o Grupo I acredita que, para sensibilizar os alunos, devem ser veiculadas propagandas na TV, divulgar perto de colégios, outdoors coloridos e utilizar a internet como instrumento de diálogo e comunicação. No entanto, concluem as suas observações afirmando que o que faz realmente uma faculdade obter o respeito dos alunos é a dificuldade no vestibular. O fato de “qualquer um” passar diminui o seu valor. 138 5.2.9 Opinião sobre o surgimento de novas faculdades Os alunos analisam o surgimento de novas faculdades no mercado sob dois aspectos: O Grupo I compreende que o ensino pode ficar melhor e a concorrência motivar a redução das mensalidades; e alunos do Grupo II receiam a saturação do mercado de trabalho, com grande número de profissionais formados pelas novas faculdades. Comentam ainda que as novas faculdades enfrentam um grande preconceito no processo de inserção na Bahia. Quando questionados sobre o surgimento de novas faculdades, os pais de alunos do ensino fundamental comentam que a maioria das escolas de nível médio está se tornando Faculdade. Sobre esse fato, existe a percepção de que os colégios passariam a desviar o foco de “preparar os alunos” para o ingresso na Universidade e passariam a ter a preocupação em “manter” os alunos do colégio na sua própria Faculdade. Por outro lado, quando aprovam o ensino do colégio, esse fato pode ser um diferencial positivo. 5.2.10 Responsabilidade social Pelo depoimento dos alunos entrevistados, observa-se que eles possuem poucos conhecimentos a respeito do que seja Responsabilidade Social, relacionam com filantropia, “algo pelo social”. No entanto, valorizam iniciativas como disponibilização de bolsas de estudos, projetos sociais, inscrições gratuitas para o vestibular e oferecimento de serviços (acompanhamento jurídico, atendimento psicológico, médico e odontológico, etc). Citam espontaneamente apenas 3 instituições privadas como instituições que levam em consideração esse aspecto. Aí não aparece nenhuma instituição pública. 139 Observa-se que eles possuem poucos conhecimentos a respeito do que seja Responsabilidade Social. Reduzem-na ao fato de faculdades oferecerem serviços gratuitos para a comunidade como forma de formação / estágio dos alunos. Sob esse aspecto, existe uma grande aceitação / valorização, uma vez que acreditam que essas iniciativas despertam valores positivos e humanizados nos alunos, contribuindo para a sua formação. Citam espontaneamente algumas IES privadas como instituições que levam em consideração esse aspecto. 5.2.11 Processo decisório escolha da profissão / curso – aspectos considerados Em relação aos aspectos considerados no momento de escolha da profissão e curso de nível superior, os estudantes do ensino médio destacaram os seguintes atributos: Quadro 09: Escolha da profissão / curso – Alunos Grupo I Grupo II Fazer o que gosta; Mercado de trabalho; Influência da família. Fazer o que gosta / prazer; Mercado de trabalho; Influência da família; Remuneração; Prestígio social / status; Vocação; Relevância Social. Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. As respostas dos Grupos convergem nos seguintes aspectos: a importância de escolher uma profissão onde se obtenha prazer como pré-requisito para um bom exercício profissional; a existência de um mercado de trabalho favorável; e a concordância sobre a influência que a família exerce nessa escolha. − Fazer o que gosta / Prazer: 140 − Mercado de Trabalho: − Influência da Família: O Grupo II, possivelmente pela maior proximidade do momento de inserção no mercado de trabalho, elenca questões mais práticas que não foram citadas pelo Grupo I, tais como: a importância da remuneração e do prestígio social de determinadas carreiras; e a vocação. Um dos estudantes do Grupo II trouxe um aspecto diferenciado: a relevância social da escolha de uma carreira e a conseqüente contribuição para um mundo melhor. Em relação aos aspectos destacados sobre o momento de escolha da profissão e curso de nível superior dos respectivos filhos, os pais de estudantes do ensino médio destacaram os seguintes atributos: Quadro 10: Quadro 08: Escolha da profissão / curso – Pais Grupos de pais Importância de fazer o que gosta / vocação; Preocupação com a indecisão dos (as) filhos (as); Adequação ao mercado de trabalho; Influência da família / negócios familiar; Tentativa de não interferir na escolha; Escolha de um curso viável financeiramente; Preocupação com a concorrência. Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. Observa-se, claramente, uma consciência de que é preciso que os (as) filhos (as) gostem da profissão a ser seguida. No entanto, existe a clareza de que a adequação ao mercado de trabalho é de extrema importância nessa escolha. Buscam não interferir nas escolhas profissionais dos filhos, mas admitem a influência da família, principalmente quando isso representa a possibilidade de continuidade de negócios familiares. A preocupação com a concorrência do processo seletivo e de que o curso seja viável financeiramente está presente no discurso dos pais, aliado à apreensão quanto à grande indecisão dos filhos. Atribuem essa 141 indecisão à imaturidade, ao fato de pertencerem a uma geração “pouco centrada” e a diversas facilidades que os filhos desfrutam produzindo um comportamento de pouca dedicação aos estudos. Questionados sobre o que justifica essa indefinição alegam imaturidade / geração pouco centrada / muita facilidade / pouca dedicação. − Adequação ao mercado de Trabalho: − Influência da família/negócios familiares: − Tentativa de não interferir na escolha dos filhos: − Escolha de um curso viável financeiramente: − Preocupação com a concorrência: 5.2.12 Informações relevantes para o processo de escolha do curso Para o processo decisório da escolha da profissão / curso, o Grupo I indica que busca informações a respeito da concorrência no vestibular e através de pessoas conhecidas que já exerçam a atividade. O Grupo II costuma buscar informações na Internet, programa “Aprovado” e com amigos. Quando estimulados a manifestar opinião sobre as informações que gostariam de obter a respeito de cursos que colaborariam para o processo decisório, o Grupo I citou a grade curricular, a rotina e os horários do curso, concorrência no mercado de trabalho, duração do curso e mensalidade como itens importantes. Já o grupo II focou suas respostas na necessidade de maiores informações sobre o funcionamento efetivo dos cursos e a prática cotidiana dos profissionais. Foram além do 142 solicitado, sugerindo estratégias para o repasse dessas informações, tais como: palestras; visitas a locais de trabalho; autorização para assistir aulas como aluno ouvinte; e seminários. Para o processo decisório da escolha da profissão / curso, os pais indicam que a grande fonte de informações é a Internet. E, como informação mais relevante, observa-se o interesse em saber quais as faculdades, os cursos e respectivos preços. A feira anual no Shopping Barra é citada também como possibilidade de obtenção de informação. 5.3 PESQUISAS QUANTITATIVAS Das 276 entrevistas realizadas com alunos do ensino médio nessa investigação, a maioria foi feita com alunos da terceira série do ensino médio (46,0%), enquanto 28,6% das entrevistas foram realizadas com alunos de cursinhos pré-vestibulares e 25,4% com alunos da segunda série do ensino médio. A maioria das entrevistas (72,8%) foi, ainda, realizada com alunos de escolas e/ou cursinhos pré-vestibulares da rede privada, enquanto 27,2% o foram com alunos da rede pública. As entrevistas com estudantes matriculados em alguma IES privada foram realizadas com alunos das Faculdades: Jorge Amado, Unifacs, Ruy Barbosa, FTE, FTC, FIB, UCSAL, UNIME. Dentre os respondentes, a maioria entrou na faculdade a partir de 2004. A amostra de alunos que respondeu à pesquisa está bastante pulverizada entre os cursos oferecidos pela IES, com uma pequena predominância de alunos dos cursos de Administração (21,6%), Direito (12,1%) e Fisioterapia (11,0%). 143 Quadro 11: Dados da pesquisa quantitativa Público-alvo Ensino médio Estudantes de escolas públicas e privadas de SSA Amostra Período de coleta Forma de Coleta 276 entrevistas Março/2006 Entrevistas pessoais diretas 90% Nível de confiança 5,0% Erro amostral Máxima Variância Fonte: Elaborada pela autora 5.3.1 Alunos matriculados em IES privadas de Salvador Estudantes dos cursos de graduação das faculdades Jorge Amado, Ruy Barbosa, UNIFACS, UCSAL, FTE, FIB, FTC, UNIME. 532 entrevistas 06 a 11 de Março 2006 Entrevistas pessoais diretas, realizadas com os estudantes nas próprias faculdades. 90% 4,5% Máxima Perfil dos entrevistados e uso da Internet – alunos do ensino médio e matriculados em IES privadas de Salvador9 Os estudantes do ensino médio que fizeram parte da amostra têm entre 15 e 19 anos. Sua renda mensal é bastante dispersa, situando-se um pouco mais concentrada na faixa entre R$ 501,00 e R$ 4.500,00. Estes estudantes possuem computador e utilizam Internet. Ao observar a faixa etária dos matriculados em IES, constata-se que 85,8% possuem menos de 30 anos, com uma maior concentração na faixa etária de 21 a 25 anos (41,0%). Ao observar as respostas quanto ao uso da Internet, pode-se inferir o quanto esse instrumento de comunicação está disseminado entre os estudantes de graduação em Salvador, uma vez que quase a totalidade da amostra respondeu afirmativamente a essa questão. 9 Vide anexo lista de escolas de ensino médio. 144 5.3.2 Sentimentos relativos ao vestibular – alunos do ensino superior Ao observar as respostas quanto aos sentimentos evocados pelo processo seletivo, conclui-se que há uma grande expectativa por parte dos estudantes do ensino médio de Salvador, uma vez que apresentam basicamente sentimentos negativos quanto ao vestibular, tais como: preocupação, ansiedade, nervosismo, medo e insegurança. 25,0% Preocupados 25,7% Ansiosos 10,9% Nervosos 6,5% Com medo 6,2% Inseguros 4,7% Responsáveis 3,6% 2,9% Pressionados Obrigados a estudar 2,9% 2,9% Alegres e felizes Orgulhosos 7,6% Outros 1,1% Não sabe 0% 6% 12% 18% 24% 30% Figura 22: Sentimentos negativos quanto ao vestibular Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. 5.3.3 Estudar em IES Públicas ou Privadas? 80,8% Pública 17,8% Privada NS 0% 1,4% 18% Figura 23: Escolha entre IES Pública ou Privada Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. 36% 54% 72% 90% 145 A maioria dos alunos do ensino médio soteropolitano prefere estudar numa universidade pública. As principais justificativas envolvem aspectos tais como diploma mais valorizado (inclusive pela família), qualidade de ensino (mencionando professores qualificados), gratuidade e tradição. É interessante mencionar que o aspecto da gratuidade não foi o primeiro a ser considerado para a decisão da universidade pública, e sim a valorização do diploma. 43,0% 39,5% DIPLOMA É MAIS VALORIZADO 34,5% É GRATUITO 26,9% 24,7% PROFESSORES SÃO MAIS QUALIFICADOS 10,8% 10,3% ALUNOS SÃO MAIS INTERESSADOS TEM MAIS / MELHOR ESTRUTURA SE FORMA MAIS RÁPIDO VOCÊ SÓ ESTUDA EM UM LOCAL 2,7% 1,3% 0,9% 0,4% 0,4% 0,4% 0,4% 0% 10% 20% 30% 40% 50% Figura 24: Escolha por uma Universidade Pública Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. Quanto à decisão de estudar numa IES privada, esta se baseia na falta de greves (mencionando a formatura mais rápida) e à qualidade do ensino. Esse último aspecto pode ser inferido como fruto da percepção de que, apesar de considerar o ensino superior público de boa qualidade, esse estudante admite que pode haver qualidade na IES privada, inclusive mencionando a qualidade docente. 146 44,9% NÃO TEM GREVES 38,8% 34,7% PROFESSORES SÃO MAIS QUALIFICADOS 20,4% 12,2% 12,2% 12,2% 8,2% 8,2% 6,1% ALUNOS SÃO MAIS INTERESSADOS VOCÊ SÓ ESTUDA EM UM LOCAL TEM MAIS / MELHOR ESTRUTURA DIPLOMA É MAIS VALORIZADO 2,0% 2,0% 0% 10% 20% 30% 40% 50% Figura 25: Escolha por uma Universidade Privada Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. Comparando as duas opções, a IES pública é considerada mais valorizada e a privada é considerada mais segura quanto à certeza do período de conclusão do curso, que remete à falta de greves. A qualidade foi mencionada para ambas as opções, não sendo um item que as diferencia de acordo com a percepção da amostra. Quando questionados se poderiam abrir mão de uma instituição pública, optando pela IES privada, a maioria dos entrevistados respondeu que sim, principalmente devido ao receio das greves. Houve menção também, em relação às IES privadas, quanto ao processo seletivo mais fácil, aos cursos ofertados e aos horários mais adequados. ABREM MÃO DE IES PÚBLICA 66,3% NS 8,0% NÃO ABREM MÃO DE IES PÚBLICA 25,7% Figura 26: Troca da IES Pública por uma IES Privada Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. 147 MELHOR QUALIDADE DE ENSINO 28,2% PROFESSORES MAIS QUALIFICADOS 21,1% 15,5% CURSOS OFERECIDOS PROFESSORES SÃO MAIS DEDICADOS PROCESSO SELETIVO É MAIS FÁCIL 14,1% 1,4% 18,7% NÃO SABE 0% 7% 14% 21% 28% 35% Figura 27: Motivos para a troca da IES Pública por uma IES Privada Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. Os estudantes que não optaram pelas privadas referiram-se à qualidade do ensino, à qualidade do corpo docente, este mais dedicado, e aos cursos oferecidos pelas públicas que, de acordo com as suas percepções, são melhores que os das privadas. 28,2% MELHOR QUALIDADE DE ENSINO 21,1% PROFESSORES MAIS QUALIFICADOS 15,5% CURSOS OFERECIDOS 14,1% PROFESSORES SÃO MAIS DEDICADOS PROCESSO SELETIVO É MAIS FÁCIL 1,4% 18,7% NÃO SABE 0% 7% 14% Figura 28: Motivos para não trocar a IES Pública por uma IES Privada Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. 21% 28% 35% 148 5.3.4 Aspectos evocados para a escolha de IES privada – alunos do ensino médio e matriculados em IES privadas de Salvador Para os alunos do ensino médio, o conjunto de cursos ofertados é considerado o principal atrativo das instituições mais procuradas. Outros aspectos importantes são: imagem projetada de reconhecimento no mercado e MEC, e qualidade do ensino (referindo-se à qualificação dos professores como ponto importante para este aspecto), além da estrutura física que desperta a percepção de segurança. Para os alunos matriculados em IES, a qualidade do ensino foi o mais citado com menções de 64,4% dos estudantes. O segundo aspecto mais citado foi o reconhecimento pelo MEC (33,6%). 5.3.5 Meios de comunicação utilizados – alunos de ensino médio e alunos matriculados Ao responderem onde buscam informações sobre a IES, os alunos de ensino médio disseram que as fontes principais de referência são a internet, parentes e amigos e jornais. 149 59,1% Internet 55,4% Parentes / amigos 27,2% Jornais 11,2% Televisão 10,5% Escolas Professores 6,2% Pais 6,2% 5,8% Revistas 1,4% Faculdades 0,4% Rádio 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Figura 29: Busca de informações sobre as IES’s Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. A internet foi apontada por 58,2% dos estudantes das IES’s como forma de pesquisa. A indicação de parentes foi a segunda fonte mais citada, 38,8%. Obtiveram também percentuais relevantes de menções os jornais (7,5%) e os professores do ensino médio (13,3%). 5.3.6 Motivação e resistência para com as IES´s – alunos do ensino médio e matriculados em IES privadas de Salvador Para os estudantes do ensino médio entrevistados, os dois aspectos mais importantes que uma IES deve ter são: qualidade de ensino e ser reconhecida pelo MEC. 150 40,9% QUALIDADE DE ENSINO 23,9% RECONHECIDA PELO MEC 9,4% CURSOS MODERNOS 8,0% QUALIFICAÇÃO DOS PROFESSORES RECONHECIMENTO DO MERCADO 6,9% 6,2% TRADIÇÃO PREÇOS ACESSÍVEIS 3,6% ESTRUTURA FÍSICA MODERNA 3,6% BOA LOCALIZAÇÃO SERVIÇOS EXTRA-CLASSE ACESSO FÁCIL 0% 1,4% 0,4% 0,4% 10% 20% 30% 40% 50% Figura 30: Características que uma IES deve possuir Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. Além disto, foi mencionado que devem ter cursos modernos, professores qualificados, reconhecimento do mercado e tradição. Para os matriculados em IES’s, a qualidade de ensino também é o aspecto mais importante para atrair um aluno (54,5%). O segundo aspecto mais importante é a qualificação dos professores, que apresenta 17,4% das respostas. Aparecem ainda como aspectos importantes para esse público a estrutura física moderna e o reconhecimento do MEC. Os entrevistados citam, além desses aspectos, o reconhecimento do mercado, a tradição da IES e a modernidade do curso. 5.3.7 Melhor IES privada para se estudar – alunos matriculados em IES Ao justificarem suas escolhas da melhor IES privada de Salvador, os entrevistados alegam, principalmente, a qualidade do ensino. Os alunos citam ainda, pela ordem, a 151 qualificação dos professores, a estrutura física moderna, o reconhecimento pelo MEC e a tradição como justificativas. 5.3.8 Colaboração / influência dos professores – alunos do ensino médio e alunos matriculados em IES Quanto à influência dos professores para a escolha do curso, 23,6% dos alunos do ensino médio entrevistados afirmaram que os professores exercem influência no processo decisório. Os professores falam para eles fazerem o que têm prazer, para seguirem suas vocações e para estarem atentos ao mercado de trabalho. 59,6% PARA FAZER O QUE TEMOS PRAZER 28,8% PELA VOCAÇÃO 22,1% FICAR ATENTO AO MERCADO DE TRABALHO 10,6% VERIFICAR SE O CURSO ESTÁ APROVADO PELO MEC PROFISSÃO PROMISSORA FINANCEIRAMENTE 9,6% 7,7% PROFISSÃO DO MOMENTO CONCORRÊNCIA BAIXA OUVIR NOSSOS PAIS STATUS 1,9% 1,9% 0,0% É FÁCIL PASSAR NO VESTIBULAR 0% 13% 26% 39% 52% 65% Figura 31: Influência dos professores para a escolha do curso Fonte: PAINEL BRASIL, 2006. Entre os já matriculados em alguma IES, 30,1% responderam que receberam influência dos professores no momento da escolha. Além disso, afirmam que o que mais os professores comentam sobre a escolha da IES é indicando uma Instituição pública (14,3%), 152 alertam para a qualidade do ensino e pelo reconhecimento do MEC, com 7,1% e 7,2% das respostas respectivamente. 5.3.9 Comunicação e o Processo seletivo – alunos de ensino médio e matriculados em IES privadas de Salvador Quanto ao processo de comunicação sobre o vestibular, para 38,1% dos entrevistados, as propagandas exercem influência para a decisão de escolha da IES. Quando provocados sobre a lembrança de esforços de comunicação, 14,3% resgataram lembranças positivas de propagandas realizadas por algumas instituições. Ao serem questionados sobre os efeitos positivos das propagandas dos processos seletivos, 12,7% dos entrevistados responderam afirmativamente, enquanto 79,3% alega que tal efeito não ocorreu. Quando provocados sobre a lembrança positiva de esforços de comunicação, 14,3% resgataram lembranças positivas de propagandas. No sentido oposto, ao serem argüidos se houve influência negativa de campanha de comunicação dos processos seletivos na escolha da IES, 7,6% dos entrevistados responderam que sim e 85,5% responderam negativamente a esta questão. Entre os já matriculados, ao responderem sobre o grau de influência das propagandas na decisão de participar ou não do processo seletivo de uma IES, a maioria respondeu que não recebeu influência. No entanto, 36,2% dos alunos das faculdades alegaram terem sido influenciados pela comunicação das IES’s para participar de seu vestibular. 153 VI CONCLUSÕES Aversão às IES Privadas Aversão ao Marketing Opinião Publica não é trabalhada Instalação das IES Privadas em Escala Ações Equivocadas de Marketing Situação Concorrência Intensa Figura 32: Ciclo vicioso da gestão praticada atualmente Fonte: Elaborada pela autora Relembrando o problema de pesquisa e as principais questões norteadoras deste trabalho, apresentar-se-á as nossas principais conclusões: 154 Quais aspectos são considerados relevantes no processo de escolha de uma Instituição de Ensino Superior, e em que medida as suas ações de marketing são orientadas ao atendimento das aspirações dos candidatos? A visão da comunicação é tomada, neste trabalho, como um caminho possível e factível para a construção dos significados que um homem ou uma sociedade fazem de seus objetos e suas interações. Podem, neste espaço, exercer sua visão crítica, ratificando os seus conceitos, ou, por outro lado, modificá-los na medida dos interesses trazidos por suas interações e leituras próprias. Compreender o processo de comunicação sob esta perspectiva permite-nos refletir sobre o direcionamento de trabalhos desenvolvidos pelas organizações que tratam esta dimensão – a da comunicação com seus públicos – como estratégica. Gestão de comunicação é, portanto, matéria de escopo abrangente e dinâmico, e por isso mesmo, carece de revisões diárias, além de uma capacidade permanente de estabelecer diálogos com outras importantes disciplinas. A mera aplicação de conceitos formulados de comunicação ou de marketing reduz sobremaneira a sua função e induz, não raramente, o gestor, a equívocos muitas vezes irreversíveis do ponto de vista de suas conseqüências. Este tentou refletir sobre questões relativas à comunicação e propaganda em Instituições de Ensino Superior e suas relações com a gestão integrada de marketing. Também seus pontos de convergência e em que medida interagem, no sentido de gerar valor, com as aspirações e desejos dos candidatos a uma vaga no ensino superior. Isto para traçar um desenho que se inicia, na perspectiva do candidato, no momento da escolha por uma Instituição, indo até o momento da retro-alimentação causada pela experiência real de se sentir parte de uma delas. Este “fazer parte” muda fatalmente a sua percepção e a sua apreensão das mensagens centrais de uma IES. 155 Também por esta razão, foi relevante a opção por investigar alunos aspirantes a uma vaga no ensino superior, alunos já matriculados em instituições, além de pais e professores, considerados, aqui, como os principais influenciadores desta decisão. Interessante notar as diferenças existentes nas respostas apresentadas pelos grupos. Percebe-se, por exemplo, que entre os aspirantes a uma vaga – alunos do ensino médio – e os já matriculados em uma IES, as percepções, desejos e expectativas variam bastante. Isto provavelmente ocorre devido à experimentação que este último grupo faz da experiência universitária, que modifica e retro-alimenta expectativas trazidas por eles quando do seu ingresso. Assim, considerando alguns aspectos importantes para esta pesquisa – como a perspectiva histórica do desenvolvimento do setor, as discussões sobre público e privado, a utilização do marketing nos planos de gestão, as questões de posicionamento, o comportamento do candidato no momento da escolha – tentou-se responder às principais questões norteadoras. Estas conclusões serão apresentadas agora, bem como os limites encontrados ao longo do trabalho de pesquisa. 1) O processo de escolha de uma IES é altamente complexo, dada a natureza da atividade da educação e todo o imaginário e construção social presente nas percepções dos grupos de candidatos e de seus principais públicos influenciadores; Pública ou privada, uma escola é uma Instituição Social. Além disso, por ser um local onde grande parte da população passa parte significativa de sua vida, falar sobre ela é dialogar com um conjunto de idéias e conceitos que qualquer um tem sobre o tema, seja este conhecimento aprofundado ou superficial, político ou apolítico, socialmente engajado ou apenas componente de uma memória própria de algo experimentado. 156 Nem todas as pessoas que ingressam no ensino superior estão saindo do ensino médio. Atualmente, uma grande parcela da população retorna à escola muitos anos depois de concluída esta etapa da vida escolar. Para este grupo de pessoas esta escolha também é significativa, mas através de dados secundários sabe-se que levam mais em consideração itens como estrutura, localização e conveniência. Na grande maioria das vezes, já possui uma ocupação no mercado de trabalho. Para quem está na fase de decidir uma profissão, a escolha pela instituição é mais difícil e complexa. Além de todas as dúvidas próprias do momento e das circunstâncias, as influências de pais, professores e colegas são muito importantes nesta decisão. Nos resultados da investigação, percebe-se esta influência através das falas em que emitem opiniões ouvidas de outros grupos. Estas opiniões são mais consideradas por estes alunos do que as campanhas publicitárias feitas pelas IES’s. Nota-se também que os aspectos atribuídos às públicas se concentram, notadamente, nos aspectos de gratuidade, tradição, status e acesso ao mercado. Este público não aponta a qualidade como um item relevante nestas instituições. Do lado oposto estão as privadas, reconhecidamente donas de melhores estruturas, porém com grande desconfiança quanto à legalidade dos seus cursos, bem como quanto à ausência de tradição. Em sua grande maioria, o público nutre uma desconfiança quanto ao papel desempenhado por estas instituições, tratando-as em determinados momentos de uma forma única. Como se o grupo das privadas assumisse características compartilhadas. 157 2) Os gestores educacionais se utilizam do marketing em sua superficialidade, ignorando valiosas ferramentas de que dispõem para contribuir com a interação das organizações com seus diversos públicos; A marca transcende o produto ou o serviço. Isto porque produtos e serviços podem ser fácil e rapidamente copiados. Os valores de uma marca não. Algumas vezes até, em determinados mercados, o produto ou serviço ofertado dificilmente pode sofrer uma diferenciação muito grande, dados os seus atributos. Mas uma marca pode, sim, diferenciar produtos absolutamente iguais, simplesmente pelo valor subjetivo que conseguiu construir na mente de seus públicos. Esta construção requer tempo, investimento e especialmente formulação estratégica. Ser percebido de forma diferenciada é objetivo principal do gerenciamento de marca, e permite às organizações alcançarem uma maior longevidade e maiores resultados com seus trabalhos. A defesa desta utilização estratégica e integrada do marketing nas Instituições Educacionais se dá em grande parte por dois motivos. Primeiro porque o serviço ofertado é muito específico quanto à sua natureza, e assim sendo não pode desconsiderar este dado em sua comunicação. Segundo, porque a altíssima concorrência instalada aponta esta diferenciação como um dos poucos caminhos para sua sobrevivência. Os grupos de alunos investigados responderam às questões formuladas com o objetivo de se aferir se existiam ou não aplicações das diversas ferramentas de marketing em suas Instituições e o grau de aprofundamento em sua utilização. O que se conclui é que muito pouco se percebe deste trabalho entre os alunos que estão matriculados em uma IES privada. 158 3) Estas disfunções contribuíram para gerar, na opinião pública, uma fragilidade no que concerne à imagem das Instituições Privadas de Ensino Superior; O ingresso em maior escala de alunos advindos de Instituições de Ensino Superior Privadas no mercado de trabalho se dá a partir do ano de 2001. É, portanto, relativamente nova a idéia que esta sociedade compartilha acerca da qualidade de suas Instituições. Ainda não houve tempo para se formar opiniões diferenciadas acerca das instituições. Percebem-se, sim, pequenos destaques que, contudo, não chegam a caracterizar uma imagem própria e solidificada, exceto aquelas que atuam há maior tempo no mercado. Dentre as IES mais recentes, duas ou três despontam como gozadoras de uma identidade própria. No entanto, freqüentemente ainda aparecem na lista do “grupo das escolas privadas”. O trabalho desempenhado pelo setor, através do conjunto de suas ações, em momento algum é citado. A estrutura, a capacidade de conclusão do curso em tempo determinado e a segurança são os principais atributos lembrados. Muitas vezes, nem os próprios alunos das Instituições reconhecem as ações que estas desempenham. Além disso, também por se constituir em um direito inerente a qualquer cidadão e constitucionalmente garantido por lei, a educação suscita invariavelmente a idéia de que deve ser gratuita. E mesmo o governo não tendo as condições necessárias para assegurar com qualidade este direito a toda a população, e, por esta razão, ser esta uma prerrogativa também credenciada às Instituições Privadas, é presente também uma compreensão do público de que estas existem com o intuito exclusivo de gerar lucro aos seus sócios mantenedores. O ensino privado assume parcela importante deste papel de universalizar o acesso à educação superior e cumpre papel relevante na democratização do ensino que possibilita ao país uma nova condição de competitividade e colocação nesta economia globalizada. Mas 159 ainda não conseguiu comunicar isto à sociedade. Em sua grande maioria, não é esta a compreensão que os grupos sociais fazem de sua atuação. 4) O desconhecimento das reais aspirações de seus públicos, além da desconexão com esta perspectiva histórica e social compartilhada por toda a sociedade, contribuiu para a não geração de valor de todo o setor; Para Breton e Proulx (2002, p. 226): O receptor interpreta a mensagem em razão de seus conhecimentos, de seus interesses, daquilo que lhe disseram aqueles em que confia. A mensagem é assim recomposta no contexto de uma percepção dinâmica... A mensagem emitida encontra eco nas idéias políticas prévias do cidadão e se articula com seu próprio sistema de valores. A perspectiva histórica levantada neste estudo pretendeu identificar processos de construção de uma imagem compartilhada por grande parte da população em relação ao ensino público e privado. Isto para perceber se esta perspectiva tem sido mantida nas formulações dos planos de comunicação destas Instituições. Percebe-se que as ferramentas de marketing são utilizadas de forma superficial por seus gestores. Contudo, existem limites nesta questão, impostos pelo fato de não termos entrevistado estes gestores. Não se pode aferir, portanto, se a ausência da aplicação das ferramentas de marketing – percebida nos resultados das pesquisas com seus alunos – se dá por desconhecimento, por falta de visão estratégica quanto à ciência e suas possibilidades de atuação, ou por limitações de alguma outra ordem. O que se pode concluir através de suas campanhas é que, em sua grande maioria, se restringem à sua função informativa. E, ainda nesta condição, à condição de prestar informações estruturais e de titulação de seu corpo docente, o que parece já ser compreendida pelo público como parte da tarefa central institucional, não merecendo, portanto, ser comunicada como fator de diferenciação. 160 5) Estas aspirações, além de serem complexas, mudam na dinâmica das grandes transformações pelas quais a nossa sociedade vem passando, tendo aí em vista a revolução tecnológica e comunicacional que reconstruíram um novo mundo ainda cheio de velhos conceitos; Não é mais questionável que a sociedade da informação seja um dos fenômenos mais impactantes do fim do século XX, criando novas formas de socialização e, até mesmo, novas definições e novos arranjos de identidades, individual e coletiva, face às constantes revoluções tecnológicas que propõe. A criação de novas redes, as diferentes formas de emissão e recepção da mensagem, o uso maciço da tecnologia impactaram decisivamente a inserção do indivíduo no mundo e a sua perspectiva de futuro. Não se pode, contudo, identificar em que níveis isto impacta nas decisões e percepções aqui estudadas. Não se pode, então, confirmar as causas ou conseqüências destas mudanças que, no entanto, revelam-se como postas. A decisão por uma carreira sofre influência das mais diversas ordens. De macro-tendências mundiais, que aos poucos vão desenhando novos caminhos para a humanidade e, portanto, fazem emergir inúmeras novas profissões e atividades até então desvalorizadas ou pouco desejadas, até aspectos sociais regionais que atribuem conceitos de grande aceitação ou da oferta de bons salários, o que provoca uma corrida a determinados cursos em momentos específicos da história do país. Há que se considerar, porém, que a inserção desta revolução tecnológica e comunicacional já provocaram, de forma veemente, mudanças nas relações entre organizações e mercados que, por sua vez, já não se comportam dentro de uma perspectiva pautada em valores muito antigos. E sendo o marketing a disciplina que possibilita a 161 aproximação com estes públicos, deve ser enquadrada adequadamente para que cumpra suas funções essenciais. 6) Os planos de ação de marketing devem contemplar toda esta rede complexa de interações para que estas Instituições possam efetivamente se aproximar de seus principais públicos; Postulados básicos da comunicação nos revelam que, para se comunicar de forma eficaz, os emissores devem ter habilidade em codificar mensagens que alcancem a capacidade de decodificação de sua audiência–alvo. Os planos integrados que consigam enxergar seus públicos, de forma a torná-los parte atuante de uma ação, possuem maiores chances de se tornarem bem sucedidos. Durante muito tempo, grande parte dos estudantes no ensino superior era atendida pelo governo, através das instituições públicas e, portanto, gratuitas para o aluno. Este fato contribuiu para que fosse criada uma idéia de que sendo gratuito para o aluno, o ensino público era popular e acessível a grande parte da sociedade. Do outro lado, as privadas seriam responsáveis por elitizar o ensino, na medida em que se constituem enquanto empresas prestadoras de serviço, e, portanto, com objetivos lucrativos. São muitas as distorções neste pensamento. Em primeiro lugar, ser gratuito para o aluno não significa necessariamente ser gratuito para a sociedade. Muito pelo contrário, este é um serviço bastante caro. Em segundo lugar, que durante décadas, foi exatamente a elite do país quem conseguia o acesso ao ensino superior. Paradoxalmente, foi o advento das privadas que contribuiu para a deselitização do ensino, na medida em que ampliou sobremaneira o número de vagas ofertadas, permitindo, aí sim, o acesso de camadas menos favorecidas ao ensino superior. 162 O recorte dado neste trabalho, entre os anos de 1997 e 2005, se deve ao fato de ter sido este o período em que ocorreram as principais mudanças políticas e sociais que ocasionaram a abertura deste mercado em maior escala, mudando radicalmente o panorama de ingresso dos estudantes nas Instituições de Ensino Superior, públicas e privadas. Por sua vez, a sociedade assistiu a este fenômeno, de certa forma, marginalizada do processo, pois nem o governo, nem os novos dirigentes educacionais, à época, se preocuparam em formar na grande opinião pública uma idéia das razões pelas quais este fenômeno acontecia, tampouco dos ganhos sociais que seriam gerados a partir daquele momento. Esta falta de percepção foi um dos grandes causadores do que é hoje configurado como um desconhecimento geral e, em certa medida, um preconceito em relação à atividade destas Instituições. Enquanto estas organizações se multiplicavam, os seus gestores permaneciam enormemente concentrados nos movimentos de mercado que aconteciam em suas praças, esquecendo-se por completo de formularem um pensamento estratégico de longo prazo. A lei da oferta e procura, naquele momento, serviu de uma grande armadilha para aqueles que desprezavam todo este conteúdo a ser publicado e socializado. Isto só se torna perceptível anos depois, quando reduzidas as taxas de candidatos em busca de vagas em suas escolas, e postas as dificuldades de dialogar com uma sociedade que, a esta altura, compreende equivocadamente os seus objetivos. Além disso, quando, oportunamente, estas instituições criaram suas estruturas de marketing, as criaram sob a forma de assessorias com caráter meramente operacional, o que as tornava incapazes de formular e gerir um plano estratégico de atuação. Não fazendo parte do corpo diretivo, e, portanto, sem participar das principais decisões institucionais, estas 163 estruturas não viabilizaram o correto desenvolvimento dos seus trabalhos. Especialmente no momento de nascimento de um novo setor, isto foi particularmente prejudicial. Ignorar, em absoluto, aquele momento como um momento de nascimento de uma nova lógica contribui para que, até hoje, estejam presentes em grande parte da população os antigos paradigmas. Esta falta de visão estratégica e a atuação meramente operacional destas áreas e departamentos fizeram com que acontecesse uma corrida exagerada ao uso da propaganda, creditando a esta ferramenta todo o poder de comunicação que esperavam alcançar. Esta formulação, além de se constituir em um equívoco, trouxe prejuízos de imagem consideráveis ao setor. Na verdade, o que se viu ao longo destes oito anos (1997-2005), e que foi estudado aqui, foram posicionamentos de comunicação equivocados, que, muitas vezes, não só não contribuíram para o preenchimento das vagas ofertadas, mas dificultaram todo o entendimento que o grande público deve ter deste importante espaço que as instituições privadas ocuparam, e que possui grande relevância para o desenvolvimento da sociedade. De repente, toda a população acompanhou, através destas campanhas publicitárias, o surgimento de novas instituições de educação superior, sem entender muito quem eram, que propostas tinham, que valores entregariam para a sociedade, e nem mesmo de que forma seus filhos e netos poderiam, ingressando em uma destas instituições, transformarse em cidadãos e profissionais de um mundo em constante transformação e, portanto, cheio de desafios. Este trabalho prestou-se a levantar uma reflexão sobre a amplitude de aspectos a serem considerados nas formulações de marketing destas Instituições. Estas conclusões indicam novos caminhos para o aprofundamento de novas questões que despontam. 164 Recomenda-se, a partir daí, investigações que podem ser muito úteis no avanço desta discussão, como abordagens – de discurso e estéticas – utilizadas nas peças de comunicação desenvolvidas para estas IES, estágio atual da gestão de marketing nas IES públicas, aprofundamento das estratégias de marketing fundamentadas em outras ferramentas que não a propaganda, decisões de posicionamento e de gerenciamento de marca, enfim, um universo de questões relacionadas às áreas de comunicação, marketing e também gestão estratégica. Os cenários e perspectivas traçados para este setor nos próximos anos indicam terreno bastante fértil para estudos e experiências que podem se constituir num novo discurso, e, consequentemente, no despontar de um novo comportamento social, no tocante à imagem da educação superior. E, na medida em que estas formulações demandam um eco interno nas ações institucionais, é possível, também, que a força da comunicação tenha capacidade de atingir as esferas pedagógicas e didáticas que já sofrem transformações impulsionadas pelos avanços tecnológicos. Hoje, já restam poucas dúvidas quanto à reinvenção que as escolas terão que passar para estarem pertinentes e coerentes com uma geração que surge nos bancos escolares trazendo novas e múltiplas linguagens. Espera-se que, neste processo, a relação com seus públicos alcance novo grau de profissionalismo, conhecimento e ética, para que, de fato, o Brasil possa ter um conjunto diferenciado de Instituições de educação superior, e, por conseqüência, de profissionais formados para a viabilização das transformações que o país precisa e merece sofrer. 165 REFERÊNCIAS AAKER, David A., Marcas: brand equity, gerenciando o valor da marca. São Paulo: Negócio Editora, 1998. ABMES – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MANTENEDORES DO ENSINO SUPERIOR. Dados da pesquisa sobre a atuação das IES hoje. 2004. ________. Números do ensino superior particular no brasil. Brasília, 2004. ALBERGARIA, Rafael Villas Boas. Mas afinal, o que anunciar? Revista Aprender Virtual, ano 4, n. 1, ed. 16, p. 22. ALDERSON, Wroe & HALBERT, Michael H. Homens, motivos e mercados. São Paulo: Atlas, SP. ANSOFF, Igor. Corporate Strategy: an analytical approach to business policy for growth and expansion. Mc Graw Hill, 1965. 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Segundo levantamento da HOPER Educacional (2005), 57% das IES privadas surgiram nos últimos 6 anos. Considerando também os professores, as IES particulares foram responsáveis em 2004 por cerca de 400 mil postos de trabalho. Programa de Capacitação dos professores Com relação à subvenção de cursos de especialização, mestrado, doutorado e pósdoutorado, 50% das IES dispõem de algum tipo de incentivo. Todavia, é nas Universidades que o investimento na capacitação docente é mais expressivo: 78%. Entretanto, cerca de três em cada quatro IES mantêm esses professores com subvenção parcial nos seus estudos. Em 2004, as IES particulares que responderam a esta pesquisa beneficiaram 2.988 professores com incentivos para o aprimoramento nos seus estudos, sendo: − 885 na especialização: 339 com subvenção total e 546 com subvenção parcial; − 1.242 no mestrado: 375 com subvenção total e 867 com subvenção parcial; − 832 no doutorado: 210 com subvenção total e 622 com subvenção parcial; − e 29 no pós-doutorado: 21 com subvenção total e 8 com subvenção parcial. Programas que beneficiam alunos As IES que têm programas de apoio psicopedagógico aos alunos que apresentam dificuldades de aprendizado (40%) beneficiaram 11.810 alunos em 2004, o que remete a uma projeção nacional de 89.234 alunos beneficiados. PROUNI O ProUni – Programa Universidade para Todos – é um programa de bolsas de estudo criado pelo Governo Federal em 2004 e institucionalizado pela Lei nº 11.096, de 13 de janeiro de 2005. Os resultados da pesquisa apontaram que 58% das IES aderiram ao 175 programa, disponibilizando 19.127 vagas. Extrapolando estes resultados para o universo de IES, estima-se que 1.102 IES aderiram ao programa, disponibilizando 128.489 vagas. Atividades de Pesquisa e Iniciação Científica No que diz respeito à realização de Pesquisa e Iniciação Científica, deve-se destacar a obrigatoriedade dessa prática para a regulamentação das Universidades. O desenvolvimento de pesquisa pelas Universidades implica em grandes investimentos por parte das instituições particulares, pois cerca de metade dos projetos não conta com o apoio de nenhum órgão de fomento. As áreas que receberam maior incentivo de fomento em 2004 foram a de Relações Internacionais (67%) e a de Ciências Exatas e da Terra (56%). E a área que menos recebeu apoio financeiro foi a de Lingüística, Letras e Artes (12%). Programas de Responsabilidade Social Responsabilidade social consiste em ter uma [...] [...] postura ativa e um comprometimento da empresa em não apenas ser ética e assumir a responsabilidade pelo bem-estar de seus funcionários, como também em promover o desenvolvimento da comunidade em que atua, em termos econômico, social, ambiental, cultural, político, educacional, de forma integrada com o dia-a-dia de seu negócio. (REIS, 2003, p. 10). A Lei nº 10.861/2004, que rege o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), no seu artigo 3°, estabelece 11 dimensões que devem ser o foco da avaliação institucional e que garantem, simultaneamente, a unidade do processo avaliativo em âmbito nacional e a especificidade de cada instituição. Uma dessas dimensões (3ª) é a responsabilidade social da instituição, considerada especialmente no que se refere à sua contribuição em relação à inclusão social, ao desenvolvimento econômico e social, à defesa do meio ambiente, da memória cultural, da produção artística e do patrimônio cultural. Segundo essa lei, a responsabilidade social contempla o compromisso social da instituição enquanto portadora da educação como bem público e expressão da sociedade democrática e pluricultural, de respeito pela diferença e de solidariedade, independente da configuração jurídica da IES. 176 Das 211 IES que responderam à pesquisa, 199 (94%) desenvolvem pelo menos uma ação de responsabilidade social. Essas IES têm vários serviços que beneficiam a comunidade na qual estão inseridas. E muitos, inclusive, extrapolam seu alcance para municípios das regiões metropolitanas. Clínicas-Escola De maneira geral, 27% das IES particulares têm algum tipo de clínica-escola que atende à comunidade. Todavia, entre as Universidades, 96% prestam algum tipo de atendimento à comunidade. E entre os Centros Universitários, 77%. É um serviço praticamente inexistente nas Faculdades Integradas (4,5%) e nas Faculdades (11%), e nenhum Instituto Superior de Educação que respondeu a esta pesquisa presta atendimento à comunidade na área clínica. Juntando todos os atendimentos prestados em clínicas-escola pelas IES particulares, tem-se o seguinte resultado: − 3.162 profissionais envolvidos, o que num cenário nacional representa 14.136 profissionais; − 26.877 alunos exercendo a prática de suas atividades profissionais e beneficiando a comunidade. No cenário nacional representam 127.206 alunos; − 1.274.923 atendimentos prestados à comunidade, o que corresponde a 5.382.114 pessoas beneficiadas no cenário nacional pelas IES particulares. Escritórios-Modelos e Núcleos A prestação de serviços à comunidade por meio dos escritórios modelos e núcleos das IES é uma prática comum em 42% das IES que participaram da pesquisa. Os serviços mais comuns oferecidos pelas IES são: advocacia/prática jurídica; publicidade/propaganda; turismo; administração; jornalismo; marketing/pesquisa de mercado; e arquitetura. Juntando todos os atendimentos prestados em escritórios e núcleos pelas IES particulares, tem-se o seguinte resultado: − 1.916 profissionais envolvidos, o que num cenário nacional representa 11.296 profissionais; 177 − 26.165 alunos exercendo a prática de suas atividades profissionais e beneficiando a comunidade. No cenário nacional representam 124.939 alunos; − 356.593 atendimentos prestados, o que corresponde a 1.519.054 pessoas/empresas beneficiadas no cenário nacional pelas IES particulares. Atendimento Psicopedagógico Duas em cada cinco IES que participaram da pesquisa têm algum tipo de atendimento Psicopedagógico extensivo à comunidade. Os serviços mais comuns oferecidos pelas IES são: acompanhamento psicopedagógico; avaliação psicopedagógica; e orientação educacional/ vocacional. Juntando todos os atendimentos psicopedagógicos prestados em 2004, tem-se o seguinte resultado: − 637 profissionais envolvidos, o que num cenário nacional representa 4.208 profissionais; − 24.682 alunos exercendo a prática de suas atividades profissionais e beneficiando outros alunos, professores, funcionários das IES e a comunidade em geral. No cenário nacional representam 172.058 alunos; − 64.884 atendimentos prestados, o que corresponde a 464.423 pessoas beneficiadas no cenário nacional pelas IES particulares. Programas de Alfabetização para Jovens e Adultos Uma em cada quatro IES desenvolveu em 2004 algum programa de alfabetização de jovens e adultos. Pouco mais da metade das IES (56%) são responsáveis por todo o financiamento dos programas voltados para a alfabetização. Outros 42% trabalham em parceria com outras instituições. Os cursos de Pedagogia e Letras são os mais envolvidos nesse tipo de programa, mas outros 38 cursos foram citados como colaboradores. Algumas IES explicaram no questionário que estas atividades são voluntárias e que envolvem qualquer aluno que tenha vontade de ajudar a alfabetizar alguém. 178 Programas de Voluntariado Pouco mais da metade (56%) das IES desenvolveram programas de voluntariado, ou aderiram a programas desenvolvidos por outras entidades. O maior engajamento ocorreu para ações de: − Assistência Social: 33% desenvolveram programas e 16% participaram de programas já existentes; − Educação Gratuita: 24% desenvolveram programas e 7% foram participantes; − Promoção da Cultura: 19% desenvolveram programas e 9% participaram de programas desenvolvidos por outras entidades. 179 ANEXO B – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA (GRADUAÇÃO) Bom dia / Boa tarde. Meu nome é... No momento estamos realizando uma pesquisa sobre o ensino superior em Salvador. Gostaríamos de ouvir suas percepções, expectativas, críticas e sugestões sobre o tema. Nossa entrevista será bastante breve. É importante ressaltar que em nenhum momento os nomes das pessoas que colaborarem com os estudo serão identificados. Os resultados representarão a opinião de toda a população. De acordo com o código de ética que rege nossa atividade, o anonimato do respondente é totalmente garantido. Podemos iniciar? Caso positivo procure saber o nome do entrevistado para facilitar o contato. ORIGEM DOS ESTUDANTES: FACULDADE E CURSO 1) Instituição de ensino superior privada de Salvador que você está cursando? (EST-RU) - (99) NQR (1) UCSAL (2) UNIFACS (3) JORGE AMADO (4) FTC (5) FTE (6) FIB (7) RUY BARBOSA (8) UNIME 1.1) Qual o curso de ensino superior que você está fazendo? (EST-RU) - (99) NQR (1) Direito (4) Administração (7) Engenharia (10) Psicologia (13) Medicina (16) Odontologia (2) Contabilidade (5) Veterinária (8) Computação (11) Arquitetura (14) Sociologia (17) Turismo (3) Enfermagem (6) Economia (9) Comunicação (12) Secretariado (15) Educação Física ( ) Outro: _______________)______ I__I CÓD 1.2) Em que ano você iniciou o curso nesta faculdade? (ESP-RU) - (99) NS/NL/NQR (1) 2006 (2) 2005 (3) 2004 (4) 2003 (5) 2002 (6) 2001 (7) 2000 ou antes ESCOLHA DO CURSO E DA FACULDADE 2) Quais os 3 (três) principais aspectos que você considerou na hora de escolher este curso de graduação que está freqüentando? (ESP – RM – Registrar em ordem de citação numerando cada menção.) (99) NS/NL/NQR ( ) Mensalidade mais barata. ( ) Escolhi a faculdade / universidade porque é a melhor da região. ( ) Meus pais me ajudaram a decidir. ( ) Por que meus professores indicam. ( ) Por que meus amigos todos escolheram. ( ) É a profissão do meu pai / mãe. ( ) É minha vocação ( ) Proximidade de minha casa. ( ) É uma profissão promissora / atraente financeiramente. ( ) Já trabalho na área. #Outro 1____________________________________________________ I_I_I CÓD #Outro 2____________________________________________________ I_I_I CÓD 2.1) Quais os 3 (três) principais aspectos que você considerou na hora de escolher esta instituição privada para estudar? (ESP – RM – Registrar em ordem de citação numerando cada menção.) (99) NS/NL/NQR ( ) Cursos oferecidos ( ) Estrutura Física adequada ( ) Amigos/Parentes estudam e indicam ( ) Tradição ( ) Preços mais acessíveis ( ) Horários diferenciados ( ) Próximo da residência / trabalho ( ) O ensino é bom ( ) Reconhecimento do mercado ( ) Qualificação dos professores ( ) Os professores aconselham ( ) Indicação dos pais ( ) Acesso fácil com transportes públicos ( ) Reconhecida pelo MEC # Outro 1: _______________I_I CÓD# Outro 2: ___________I_I_I CÓD 180 2.2) Onde você procurou / obteve informações sobre o curso / faculdade? (ESP – RM – Registrar em ordem de citação numerando cada menção.) (99) NS/NL/NQR ( ) Jornais ( ) Televisão ( ) Amigos/Parentes ( ) Rádio ( ) Internet ( ) Na própria faculdade ( ) Propaganda ( ) Revistas ( ) No meu trabalho ( ) Meus professores aconselharam # Outro 1: __________________________________________________________ I_I_I CÓD # Outro 2: __________________________________________________________ I_I_I CÓD O QUE ESPERAM DE UMA IES – PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS - MOTIVAÇÕES / RESISTÊNCIAS 3) Qual o aspecto MAIS IMPORTANTE que uma faculdade privada deve ter, PARA ATRAIR um estudante como você para um curso de graduação? (ESP – RU) (99) NS/NL/NQR ( ) Cursos modernos ( ) Estrutura física moderna ( ) Tradição ( ) Preços acessíveis ( ) Status ( ) Qualidade de ensino ( ) Boa localização ( ) Serviços extra classe ( ) Proximidade da residência / trabalho ( ) Horários diferenciados ( ) Excelentes professores ( ) Reconhecimento do mercado( ) Reconhecida pelo MEC# Outro 1: ________________________________________________________________ I_I_I CÓD# Outro 2: _________________________________________________________________ I_I_I CÓD# 3.1) E qual o aspecto MAIS NEGATIVO que uma faculdade / universidade DEVE EVITAR ter, para atrair um estudante de graduação como você? O que ela não pode ser? (ESP – RU) (99) NS/NL/NQR ( ) Ultrapassada ( ) Boa Localização ( ) Horários diferenciados ( ) Barata ( ) Serviços extra classe ( ) Excelentes professores ( ) Cara ( ) Péssima localização ( ) Péssima estrutura ( ) De fachada ( ) Sem tradição ( ) Não se preocupa como o projeto pedagógico ( ) Fragilizada ( ) Retrógrada ( ) Não vale o que se paga ( ) Péssima qualidade ( ) Bagunçada ( ) Não liga para a qualidade dos professores de Ensino #Outro1: ________________________________________________________________ I_I_I CÓD # Outro 2: _______________________________________________________________ I_I_I CÓD 3.2) Pensando em graduação, qual a faculdade privada de Salvador que mais lhe atrai? (ESP – RU) NS/NL/NQR # BAIANA #ÁREA 1 #UCSAL #UNIFACS # JORGE AMADO #FTC # FTE # FIB #RUY BARBOSA # UNIME #UNIVERSO # CAIRU # Outro 1: _______________________________________________________________ I_I_I CÓD # Outro 2: _______________________________________________________________ I_I_I CÓD (99) 3.2.1- Por que? _________________________________________________________ _ I_I_I CÓD 3.3) Agora gostaria que dissesse uma faculdade privada que você NUNCA estudaria na graduação? (ESP – RU) (99) NS/NL/NQR #UCSAL #UNIFACS # JORGE AMADO #FTC # FTE # FIB #RUY BARBOSA# UNIME #UNIVERSO # CAIRU # BAIANA #ÁREA 1 #HÉLIO ROCHA # CASTRO ALVES # UNIRB # IBES # Outro 1: __________________________________________________________________ I_I_I CÓD # Outro 2: __________________________________________________________________ I_I_I CÓD 181 3.3.1- Por que? _____________________________________________________________ I_I_I CÓD 3.4) Agora gostaria que você tentasse lembrar de alguma faculdade privada que tenha projetos sociais? (ESP – RU) (99) NS/NL/NQR 3.4.1) Faculdade: ________________________I_I_I CÓD Projeto: _______________ I_I_I CÓD 3.4.2) Faculdade: _________________ _____ I_I_I CÓD Projeto: ____________ ___I_I_I CÓD 3.4.3) Faculdade: _______________________ I_I_I CÓD Projeto:________________I_I_I CÓD A MELHOR E A PIOR IES 4.1) Na sua opinião, qual a MELHOR faculdade privada de Salvador? (ESP – RU) (99) NS/NL/NQR BAIANA #UCSAL #UNIFACS # JORGE AMADO #FTC # FTE #ÁREA 1 # FIB #RUY BARBOSA # UNIME #UNIVERSO # CAIRU # Outro 1: ________________________________________________________________ I_I_I CÓD # Outro 2: ________________________________________________________________ I_I_I CÓD # 4.1.1-Por quê? ____________________________________________________________I_I_I CÓD 4.2) Quais os 3 (três) principais motivos desta escolha? (ESP – RM – Registrar em ordem de citação numerando cada menção.) (99) NS/NL/NQR # Cursos Modernos #Estrutura Física Moderna # Tradição #Preços acessíveis # Status # Qualidade de Ensino # Boa Localização # Serviços extra classe # Proximidade da residência / trabalho # Horários diferenciados #Excelentes professores # Outro 1: ________________________________________________________________ I_I_I CÓD # Outro 2: ________________________________________________________________ I_I_I CÓD 4.3) Na sua opinião, qual a PIOR faculdade privada de Salvador? (ESP – RU) (99) NS/NL/NQR #UCSAL #UNIFACS # JORGE AMADO #FTC # FTE # FIB #RUY BARBOSA # UNIME #UNIVERSO # CAIRU # BAIANA #ÁREA 1 #HÉLIO ROCHA # CASTRO ALVES # UNIRB # IBES# #Outro 1: _________________________________________________________________ I_I_I CÓD #Outro2:__________________________________________________________________ I_I_I CÓD 4.3.1-Por que? _____________________________________________________________I_I_I CÓD IMAGEM INSTITUIÇÕES PRIVADAS 5) Agora vou citar algumas frases e gostaria que você avaliasse se a frase se aplica ou não às instituições de ensino superior de Salvador que estão contidas no cartão (entregar cartão). Caso NÃO SE APLIQUE POR COMPLETO, DÊ NOTA 1. Caso SE APLIQUE PERFEITAMENTE DÊ NOTA 5. Notas intermediárias podem ser dadas. Não existem respostas certas ou erradas. Caso não saiba responder registre NS. Todas as instituições do cartão devem ser avaliadas. (RU- EST - Apresentar Escala) 5.1) Fornece um ensino de excelente qualidade. 5.2) É uma faculdade pioneira em suas iniciativas. 5.3) Tem cursos totalmente adequados ao mercado de trabalho. 5.4) É uma instituição de forte tradição. 182 5.5) É uma faculdade moderna. 5.6) É uma faculdade muito organizada. 5.7) É uma faculdade muito conhecida. 5.8) É uma faculdade muito respeitada. 5.9) É uma faculdade totalmente desconhecida. 5.10) É uma faculdade com preços totalmente adequados à realidade da população soteropolitana. 5.11) É uma faculdade com estrutura totalmente adequada ao processo de ensino aprendizagem. 5.12) É uma faculdade que tem professores de excelente qualidade. 5.13) É uma faculdade com estrutura de serviços de excelente qualidade. 5.14) É uma faculdade muito bem localizada. 5.15) É uma faculdade com excelente imagem junto à sociedade soteropolitana. 5.16) É uma faculdade que gera confiança. 5.17) É uma faculdade cujo diploma vale muito no mercado de trabalho. 5.18) É uma faculdade que encaminha o aluno para o mercado de trabalho. 5.19) É uma faculdade que tem credibilidade no mercado de trabalho. 5.20) É uma faculdade que tem projetos de responsabilidade social. ITEM UCSA UNIFA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) JORG FTC FTE AMAD ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) FIB ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) RUY UNIM UNIVER BARBO ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) CAIRUBAIAN ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) 183 SATISFAÇÃO GERAL E ESPECÍFICA (ATRIBUTOS) 7) Considerando uma escala na qual a NOTA 1 significa que você está TOTALMENTE INSATISFEITO(A) e a NOTA 10 que você está TOTALMENTE SATISFEITO(A), qual a nota que melhor representa o seu GRAU DE SATISFAÇÃO GERAL com a experiência de ser um estudante de graduação desta faculdade (____________________ I__I__I CÓD)? Você pode dar uma nota intermediária caso deseje. (ESP- RU) Muito Muito Insatisfeito Neutro Satisfeito 1 2 3 4 5 6 7 NOTA DA SATISFAÇÃO GERAL 8 ( 9 10 ) 7.1) Agora dê sua nota para aspectos mais específicos tais como: 7.1.1) CURSO – ( ) 7.1.11) ORGANIZAÇÃO – ( ) 7.1.2) LOCALIZAÇÃO – ( ) 7.1.12) SECRETARIA – ( ) 7.1.3) QUALIDADE DOS PROFESSORES – ( ) 7.1.13) LABORATÓRIOS DE INFORMÁTICA – ( ) 7.1.4) ESTRUTURA FÍSICA – ( ) 7.1.14) SERVIÇOS PELA INTERNET – ( ) 7.1.5) SERVIÇOS – ( ) 7.1.15) ATENDIMENTO TELEFÔNICO – ( ) 7.1.6) BIBLIOTECA– ( ) 7.1.16) ORIENTAÇÒES PROFISSIONAIS – ( ) 7.1.7) HORÁRIOS – ( ) 7.1.17) EVENTOS ACADÊMICOS – ( ) 7.1.8) CUSTO BENEFÍCIO: PREÇOS x RETORNO – ( 7.1.18) EQUIPAMENTOS MULTIMÍDIA – ( ) 7.1.9) PROJETO PEDAGÓGICO – ( ) 7.1.19) LIMPEZA – ( ) 7.1.10) COORDENAÇÃO – ( ) 7.1.20) SEGURANÇA – ( ) Caso deseje dê notas a outros aspectos que considere importante: 7.1.21 - ___________________________________ I_I_I CÓD 7.1.22 - ___________________________________ I_I_I CÓD 7.1.23 - ___________________________________ I_I_I CÓD NOTA – ( NOTA – ( NOTA – ( ) ) ) 7.2) Qual o aspecto que mais lhe satisfaz nesta instituição de ensino? (99) NS / NL / NQR Resp.: ____________________________________________________________ I_I_I CÓD 7.3) O que mais lhe incomoda nesta instituição de ensino? (99) NS / NL / NQR Resp.: __________________________________________________________ __I_I_I CÓD 7.4) Qual o aspecto que se pudesse mudaria nesta instituição de ensino? (99) NS / NL / NQR Resp.: ___________________________________________ I_I_I CÓD 184 COMUNICAÇÃO 8) Qual sua opinião a respeito das campanhas de comunicação que as faculdades privadas fazem durante o período de vestibular? (ESP – RU) (99) NS / NL / NQR 8.1) Resp.: _______________________________________________________________ I_I_I CÓD 8.2) Por que? ___________________________________________________________ _ I_I_I CÓD 9) Houve alguma campanha de comunicação em especial que tenha ficado registrada em sua memória positivamente? (ESP – RU) (99) NS / NL / NQR # Sim # Não 9.1- Qual? ________________________________________________________________ I_I_I CÓD 9.2- O que mais lhes chamou a atenção nela? __________________________________ I_I_I CÓD 10- Houve alguma campanha de comunicação em especial que tenha ficado registrada em sua memória negativamente? (ESP – RU) (99) NS / NL / NQR # Sim # Não 10.1- Qual? _______________________________________________________________ I_I_I CÓD 10.2- O que mais lhes chamou a atenção nela? _________________________________ I_I_I CÓD 11- Como você acha que uma instituição de ensino superior deve se posicionar no período do vestibular? (ESP – RU) (99) NS / NL / NQR Resp.: ___________________________________________________ I_I_I CÓD PERFIL P1) Bairro Residencial: _____________________________________________________ I_I_I CÓD P2) Gênero) 1) Feminino (2) Masculino P3) Estado Civil: (1) Solteiro (2) Casado (3) Divorciado (4) Viúvo (99) NS/NQR/NL P4) Idade: (1)-De 16 a 18 (2)-De 18 a 20 (3)-De 21 a 25 (4)-De 26 a 30 (5)-De 31 a 35 (6)-De 36 a 45 (7)-De 46 a 55 (8)-Acima de 55 (99) NS/NQR/NL P5) Renda Mensal Familiar: (1)até R$ 350,99 (2)de R$ 351,00 a R$ 500,99 (3)- de R$ 501,00 a R$ 1.700,99 (4)- de R$ 1.701,00 a R$ 2.999,99 (5)- de R$ 3.000,00 a R$ 4.500,99 (7)-R$ 7.201,00 ou mais (99) NS/NQR/NL P6) Tem computador em casa ? (ESP-RU) (1) Sim P7) É usuário de internet? (ESP-RU) (1) Sim (2) Não (2) Não P8) Atualmente você está trabalhando? (ESP-RU) (1) Sim P9) Você possui automóvel ? (ESP-RU) (1) Sim (2) Não (6)- de R$ 4.501,00 a R$ 7.200,99 (99) NS / NL / NQR (99) NS / NL / NQR (2) Não (99) NS / NL / NQR (99) NS / NL / NQR Entrevistado: ____________________ . Telefone: _____________________________________ . Endereço: ______________________________________________________________________ . Entrevistador: _____________________________ . Encerre e agradeça a colaboração. 185 ANEXO C - QUESTIONÁRIO DA PESQUISA (ENSINO MÉDIO) Bom dia / boa tarde / boa noite, meu nome é ....... No momento estamos realizando uma pesquisa para identificar a percepção sobre o ensino superior em Salvador. Nossa entrevista será bastante breve! Podemos começar? FILTRO QUALIFICADOR: Entrevistar estudantes matriculados em escolas particulares e públicas do ensino médio, que estejam no 2º. e 3º. anos. Caso seja necessário encerrar a entrevista, agradeça e explique que a condição para responder à pesquisa é ser estudante do ensino médio. Agradeça a atenção da pessoa. 1.1) Você é estudante do ensino médio (2o. grau) ou de cursinho pré-vestibular? (ESP-RU) (1) Sim (2) Não (encerre) (99) NS/NL/NQR 1.2) Você está cursando que série? (ESP-RU) Cursinho (1) Primeira (encerre) (2) Segunda (3) Terceira (4) 1.3) A escola / colégio que você estuda é pública ou particular? (EST – RU) (1) Pública (2) Particular (99) NS/NL/NQR 1.4) Na sua opinião, como se sentem os vestibulandos que conhece? (ESP – RU) - (99) NS/NL/NQR (1) Alegres/Felizes (4) Com Medo (7) Preocupados (9) Ansiosos (11) Nervosos (13) Satisfeitos (2) Orgulhosos (5) Tranqüilos (8) Despreocupados (10) Aliviados (12) Pressionados (14) Inseguros (3) Responsáveis (6) Obrigados a estudar( ) Outro:_________________________________ . COD I___I 1.5) Na sua opinião, é melhor estudar numa faculdade / universidade pública ou privada? (EST – RU) (1) Pública (2) Privada (99) NS/NL/NQR 1.6) Por que? (ESP – RM) (99) NS/NL/NQR ( ) Professores são mais qualificados ( ) Não tem greves ( ) É gratuito ( ) Tem mais / melhor estrutura ( ) Você só estuda em um local (campus) ( ) Se forma mais rápido ( ) Tem mais tradição ( ) O diploma é mais valorizado ( ) Localização / Acessibilidade ( ) Qualidade do Ensino ( ) Núcleos de prática profissional ( ) Horários mais adequados( ) Os alunos são mais interessados /inteligentes ( ) Mais prestígio diante da família / sociedade ) Outros: _____________________ . COD I___I 1.7) Na sua opinião, têm estudantes que de forma clara optam em primeiro lugar por faculdades / universidades privadas de Salvador, abrindo mão das instituições públicas? (ESP – RU) (1) Sim (2) Não (99) NS/NL/NQR 1.8) O que mais justifica este comportamento? (ESP – RM) ( ) Não querem enfrentar greves. ( ) Na pública tem ficar pulando de um local para outro. ( ) As públicas estão sem estrutura (laboratórios, prédios, etc).( ) Os professores são mais dedicados / qualificados. ( ) Se forma mais rápido. ( ) O processo seletivo (vestibular) é mais fácil. ( ) A estrutura das particulares é melhor. ( ) Melhor qualidade do ensino ( ) Professores mais dedicados / qualificados. ( ) Cursos oferecidos ( ) Horários mais adequados ( ) Outro: _______________ . COD I___I 186 2.1) Considerando suas amizades, qual a faculdade/ universidade PARTICULAR de Salvador mais desejada? (ESP – RU) (1) UCSAL (2) UNIFACS (3) JORGE AMADO (4) FTC (5) FABAC (6) FTE (7) FIB (8) RUY BARBOSA (9) HÉLIO ROCHA (10) CASTRO ALVES (11) UNIBAHIA (12) UNIME ( ) Outra: _________________________ COD I___I (99) NS/NL/NQR 2.2) O que justifica esta preferência? (ESP – RM) - (99) NS/NL/NQR ( ) Cursos oferecidos ( ) Estrutura Física adequada ( ) Amigos/Parentes estudam e indicam ( ) Tradição ( ) Preços mais acessíveis ( ) Horários diferenciados ( ) Próximo da residência / trabalho ( ) O ensino é bom ( ) Reconhecimento do mercado ( ) Qualificação dos professores ( ) Os professores aconselham ( ) Indicação dos pais ( ) Acesso fácil com transportes públicos ( ) Reconhecida pelo MEC ( ) Grades Curriculares ( ) Quantidades de horas ( ) Instituição voltada para o trabalho social ( ) Outro: _____________________________________ . COD I___I 2.3) Onde você costuma obter informações sobre as faculdades? (ESP – RM) (99) NS/NL/NQR ( ) Jornais ( ) Revistas ( ) Internet ( ) Parentes / Amigos ( ) Rádio ( ) Televisão ( ) Professores ( ) Pais / Mães ( )Na escola ( ) Nas faculdades ( ) Outro: __________________ . COD I___I 2.4) E qual a faculdade/ universidade PARTICULAR de Salvador MAIS REJEITADA? (ESP – RU) (1) UCSAL (2) UNIFACS (3) JORGE AMADO (4) FTC (5) FABAC (6) FTE (7) FIB (8) RUY BARBOSA (9) HÉLIO ROCHA (10) CASTRO ALVES (11) UNIBAHIA (12) UNIME ( ) Outra: _________________________ COD I___I (99) NS/NL/NQR 2.5) O que justifica esta resistência? (Esp. – Resposta Múltipla) (99) NS/NL/NQR ( ) Poucos cursos oferecidos ( ) Sem estrutura física adequada ( ) Sem Tradição ( ) Sem horários diferenciados ( ) O ensino não é bom ( ) O nível do aluno é ruim ( ) Professores desqualificados ( ) Os professores falam mal ( ) Os pais não querem ( ) Não é reconhecida pelo MEC ( ) Não é reconhecida pelo mercado ( ) Preços são altos ( ) Não paga o salário dos professores ( ) Pago passou ( )Outro: ________________ . COD I___I 3.1) Quais os aspectos (informações) que você está considerando para decidir O CURSO para o qual vai prestar o vestibular? (ESP – RM) (99) NS / NL / NQR ( ) Os pais indicam /decidem ( ) Os professores indicam ( ) Optam pela profissão do pai e/ou mãe ( ) Porque os amigos escolheram ( ) Pela vocação ( ) Concorrência baixa ( ) Profissão promissora financeiramente ( ) Profissão do momento ( ) É fácil passar no vestibular ( ) Instituição voltada para o trabalho social ( ) Status ( ) Outro: _______________. COD I___I 3.2) Qual é a sua PRIMEIRA opção de curso para o vestibular? (ESP – RM) – (99) NS / NL / NQR (1) Direito (4) Administração (7) Engenharia (10) Psicologia (13) Medicina (16) Odontologia (2) Contabilidade (5) Veterinária (8) Computação (11) Arquitetura (14) Sociologia (17) Turismo (3) Enfermagem (6) Economia (9) Comunicação (12) Secretariado(15) Ed. Física (18) Ainda não decidi. ( ) Outro: ____________________ I___I CÓD 187 3.3) E a SEGUNDA opção de curso para o vestibular? (ESP – RM) – (99) NS / NL / NQR (1) Direito (4) Administração (7) Engenharia (10) Psicologia (13) Medicina (16) Odontologia (2) Contabilidade (5) Veterinária (8) Computação (11) Arquitetura (14) Sociologia (17) Turismo (3) Enfermagem (6) Economia (9) Comunicação (12) Secretariado (15) Ed. Física (18) Só primeira. ( ) Outro: ____________________ I___I CÓD 4.1) Qual o grau de colaboração que os seus professores têm / tiveram na sua escolha do CURSO a ser perseguido no vestibular? (ESP – RU) - (99) NS / NL / NQR (1) Muita colaboração (2) Razoável colaboração (3) Pouca colaboração (4) Nenhuma colaboração (Vá p/ 4.3) 4.2) De que forma os professores contribuem, o que eles falam? (ESP – RU) ( ) Para fazer o que temos prazer ( ) Ficar atento ao mercado de trabalho ( ) Verificar se o curso está aprovado pelo MEC ( ) Ouvir nossos pais ( ) Pela vocação ( ) Concorrência baixa ( ) Profissão do momento ( ) É fácil passar no vestibular ( ) Profissão promissora financeiramente ( ) Status ( ) Outro: ___________________________ . COD I___I 4.3) Qual o grau de colaboração que os seus professores têm / tiveram na sua escolha da FACULDADE/UNIVERSIDADE para onde vai prestar o exame do vestibular? (ESP – RU) - (99) NS / NL / NQR (1) Muita colaboração (2) Razoável colaboração (3) Pouca colaboração (4) Nenhuma colaboração (Vá p/ 5.1) 4.4) De que forma os professores contribuem, o que eles falam? (ESP – RU) - (99) NS / NL / NQR Resp.: ____________________________________________________________________ I___I CÓD 5.1) Qual das faculdades / universidades citadas você considera a MELHOR? (Estimulada – RU) - (99) NS/NL/NQR (1) UCSAL (2) UNIFACS (3) JORGE AMADO (4) FTC (5) FTE (6) FIB (7) RUY BARBOSA (8) UNIME 5.2) Quais os TRÊS principais motivos que lhe fazem considerar esta como a melhor faculdade / universidade? (Espontânea – Resposta Múltipla) - (99) NS/NL/NQR ( ) Cursos Modernos ( ) Serviços extra classe ( ) Acesso fácil com transportes públicos ( ) Estrutura Física ( ) Proximidade da residência / ( ) Instituição voltada para o trabalho Moderna trabalho social ( ) Tradição ( ) Horários diferenciados ( ) Qualificação dos professores ( ) Preços acessíveis ( ) Reconhecida pelo MEC ( ) Os professores aconselham ( ) Status ( ) Indicação de amigos / parentes ( ) Grades Curriculares ( ) Qualidade de ( ) Reconhecimento do mercado ( ) Quantidades de horas Ensino ( ) Boa Localização ( ) Outro: ___________ . COD I___I 5.3) Qual das faculdades / universidades citadas você considerada a PIOR? (Est. – Resposta Única) (99) NS/NL/NQR (1) UCSAL (2) UNIFACS (3) JORGE AMADO (4) FTC (5) FTE (6) FIB (7) RUY BARBOSA (8) UNIME 188 5.4) Quais os TRÊS principais motivos que justificam sua percepção? (Esp. – Resp. Múltipla) - (99) NS/NL/NQR ( ) Poucos cursos oferecidos ( ) Sem estrutura física adequada ( ) Sem Tradição ( ) Sem horários diferenciados ( ) O ensino não é bom ( ) O nível do aluno é ruim ( ) Professores desqualificados ( ) Os professores falam mal ( ) Os pais não querem ( ) Não é reconhecida pelo MEC ( ) Não é reconhecida pelo mercado ( ) Preços são altos ( ) Não paga o salário dos professores ( ) Pago passou ( )Outro: ______________ . COD I___I 6.1) Considerando o que você conversa e ouve no seu círculo de amizades, qual o aspecto MAIS POSITIVO que uma faculdade / universidade deve ter, PARA ATRAIR um estudante como você? (Esp. – R.Única) (99) NS/NL/NQR ( ) Cursos Modernos ( ) Serviços extra classe ( ) Acesso fácil com transportes públicos ( ) Estrutura Física ( ) Proximidade da residência / ( ) Instituição voltada para o trabalho Moderna trabalho social ( ) Tradição ( ) Horários diferenciados ( ) Professores Qualificados ( ) Preços acessíveis ( ) Reconhecida pelo MEC ( ) Quantidades de horas ( ) Status ( ) Boa Localização ( ) Grades Curriculares ( ) Qualidade de Ensino ( ) Reconhecimento do mercado ( ) Outro: __________________________________________________ . COD I___I 6.2) Considerando o que você conversa e ouve no seu círculo de amizades, qual o aspecto MAIS NEGATIVO que uma faculdade / universidade DEVE EVITAR ter, para atrair um estudante como você? (RU) (99) NS/NL/NQR ( ) Ultrapassada ( ) Péssima Localização ( ) Horários inflexíveis ( ) Barata ( ) Falta de serviços ( ) Péssima qualificação dos professores ( ) Cara ( ) Sem projetos sociais ( ) Péssima estrutura ( ) De fachada ( ) Sem tradição ( ) Não se preocupa como o projeto pedagógico ( ) Fragilizada ( ) Retrógrada ( ) Não vale o que se paga ( ) Péssima qualidade de ( ) Bagunçada ( ) Não liga para a qualidade dos Ensino professores ( ) Outro: __________________________________________________ . COD I___I 7) Agora vou citar o nome de algumas faculdades / universidades privadas de Salvador e peço-lhe a gentileza de mencionar a primeira palavra que lhe ocorrer sobre cada uma delas. Podemos começar? UCSAL: ________________________________ I__I CÓD UNIFACS: _______________________________ I__I CÓD FIB: ____________________________________ I__I CÓD JORGE AMADAO: ________________________ I__I CÓD UNIME: ________________________________ I__I CÓD FTC: ____________________________________ I__I CÓD RUY BARBOSA: _________________________ I__I CÓD UNIVERSO: ______________________________ I__I CÓD FTE: ___________________________________ I__I CÓD 189 Agora vou citar algumas frases e gostaria que você avaliasse se a frase se aplica ou não às instituições de nível superior de Salvador que estão contidas no cartão (entregar cartão). Caso NÃO SE APLIQUE POR COMPLETO, DÊ NOTA 1. Caso SE APLIQUE PERFEITAMENTE DÊ NOTA 5. Notas intermediárias podem ser dadas. Não existem respostas certas ou erradas. Caso não saiba responder registre NS. (Resposta Única. Estimulada. Apresentar Escala). 8.1) Fornece um ensino de excelente qualidade. 8.2) É uma faculdade / universidade pioneira em suas iniciativas. 8.3) Tem cursos totalmente adequados ao mercado de trabalho. 8.4) É uma instituição de forte tradição. 8.5) É uma faculdade / universidade moderna / inovadora. 8.6) É uma faculdade / universidade muito organizada. 8.7) É uma faculdade / universidade muito conhecida. 8.8) É uma faculdade / universidade muito respeitada. 8.9) É uma faculdade / universidade totalmente desconhecida. 8.10) É uma faculdade / universidade com preços totalmente adequados à realidade da população soteropolitana. 8.11) É uma faculdade / universidade com estrutura totalmente adequada ao processo de ensino aprendizagem. 8.12) É uma faculdade / universidade que tem professores de excelente qualidade. 8.13) É uma faculdade / universidade com estrutura de serviços de excelente qualidade. 8.14) É uma faculdade / universidade muito bem localizada. 8.15) É uma faculdade / universidade com excelente imagem junto à sociedade soteropolitana. 8.16) É uma faculdade que tem credibilidade no mercado de trabalho. 8.17) É uma faculdade que tem projetos de responsabilidade social. ITEM UCSAL UNIFACSJORGE FTC AMADO 1 ( ) ( ) ( ) ( ) 2 ( ) ( ) ( ) ( ) 3 ( ) ( ) ( ) ( ) 4 ( ) ( ) ( ) ( ) 5 ( ) ( ) ( ) ( ) 6 ( ) ( ) ( ) ( ) 7 ( ) ( ) ( ) ( ) 8 ( ) ( ) ( ) ( ) 9 ( ) ( ) ( ) ( ) 10 ( ) ( ) ( ) ( ) 11 ( ) ( ) ( ) ( ) 12 ( ) ( ) ( ) ( ) 13 ( ) ( ) ( ) ( ) 14 ( ) ( ) ( ) ( ) 15 ( ) ( ) ( ) ( ) 16 ( ) ( ) ( ) ( ) 17 ( ) ( ) ( ) ( ) FTE FIB ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) RUY BARBOS ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) UNIME ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) 9.1) Na sua opinião, qual o grau de influência das propagandas das faculdades no processo de decisão de escolha dos vestibulandos? (ESP – RU) - (99) NS / NL / NQR (1) Muita influência (2) Razoável influência (3) Pouca influência (4) Nenhuma influência 190 9.2)Por que? ______________________________________________________________I___I CÓD 8.3) Houve alguma propaganda falando sobre o vestibular que tenha ficado registrada em sua memória POSITIVAMENTE? (ESP – RU) (1) Sim (2) Não (Vá p/ 9.6) (99) NS / NL / NQR 9.4)Era de que faculdade?_________________________________________________ I___I CÓD 9.5) O que mais lhes chamou a atenção nela? _________________________________ I___I CÓD 9.6) Houve alguma propaganda falando sobre o vestibular que tenha ficado registrada em sua memória NEGATIVAMENTE? (ESP – RU) (1) Sim (2) Não (Vá p/ 9.9) (99) NS / NL / NQR 9.7) Era de que faculdade?_________________________________________________ I___I CÓD 9.8) O que mais lhes chamou a atenção nela? __________________________________ I___I CÓD 9.9) O que uma faculdade deve fazer no período do vestibular para que você se sinta estimulado a conhecê-la melhor? (Esp–RU) (99) NS/NL/NQR Resp.: ___________________________________________________________________ I___I CÓD Nome da escola: ___________________________________ I___I CÓD Bairro da Escola: ______________________ I___I CÓD Sexo: (1) Feminino (2) Masculino Bairro do Entrevistado: ___________________ I___I CÓD Idade: (1) Menos de 14 (2) 14anos (3) 15anos (4) 16anos (5) 17anos (6) 18anos (7) 19anos (8) 20 ou mais (99) NQR Renda Mensal Familiar: (1)-até R$ 350,99 (2)-de R$ 351,00 a R$ 500,99 (3) de R$ 501,00 a R$ 1.700,99 (4)- de R$ 1.701,00 a R$ 2.999,99 (5)- de R$ 3.000,00 a R$ 4.500,99 (6)- de R$ 4.501,00 a R$ 7.200,99 (7)-R$ 7.201,00 ou mais (99) NS/NQR/NL Tem computador em casa ? (ESP-RU) (1) Sim (2) Não (99) NS / NL / NQR É usuário de internet? (ESP-RU) (1) Sim (2) Não (99) NS / NL / NQR Entrevistado: ____________________ . Telefone: _____________________________________ . Endereço: _____________________________________________________________________________ . Entrevistador: _____________________________ . Encerre e agradeça a colaboração 191 ANEXO D – LISTA DAS ESCOLAS DO ENSINO MÉDIO Contagem de No. QUESTIONÁRIO NOME DA ESCOLA COLÉGIO SÃO PAULO MARISTA CENTRAL DOIS DE JULHO ODORICO TAVARES ICEA LUIS VIANA STATUS THALES DE AZEVEDO ANTONIO VIEIRA PHD GRANDES MESTRES ACADÊMICOS MENDEL ADVENTISTA SARTRE ANCHIETA SACRAMENTINA SÃO JOSÉ SARTRE COC ATUALIZE CONEXÃO MERCÊS MÓDULO Total Global Total 20 18 17 16 15 15 15 15 14 14 14 14 14 12 11 10 10 7 7 6 5 5 1 1 276 7,2% 6,5% 6,2% 5,8% 5,4% 5,4% 5,4% 5,4% 5,1% 5,1% 5,1% 5,1% 5,1% 4,3% 4,0% 3,6% 3,6% 2,5% 2,5% 2,2% 1,8% 1,8% 0,4% 0,4%